Vou contar pra vocês um sonho que tive após ler um livro infantil

Diário, às vezes eu tenho uns pesadelos. Geralmente é por causa de alguma coisa que eu vi no Jornal Nacional, na Foice de S.Paulo ou nO Globo (que, um dia, ainda vai mudar seu nome para A Terra Plana). Mas, dessa vez, foi por causa de um livro infantil.

O nome dele é “As roupas novas dos reis”. Encontrei o treco no banheiro, quando estava, como dizem os meus inimigos, “jogando o presidente na piscina”. Não sei se quem largou lá foi a Laurinha, que é criança, ou o Carluxo, que adora roupa nova.

Bom, eu peguei o livro pensando que era aquela história que todo mundo conhece. Mas não! Tinha umas dez versões e nenhuma era que nem a que eu tinha escutado quando criança. Isso é “fake news”, pô! Ou, no caso, “fake olds”, porque essa história é antiga pra dedéu.

Bom, nem vou falar do livro, que livro sempre é perda de tempo. Vou é contar como foi o sonho que eu tive depois de ler aquela porcaria.

Eu era o rei. Então chegaram dois alfaiates (um era a cara do Paulo Guedes e outro era tão boca suja quanto o Olavo de Carvalho) dizendo que iam me fazer a roupa mais fantástica do mundo, mais macia do que seda.

Dei um saco de ouro pra cada um e eles foram para a sala de costura. Ficaram lá um tempão. De vez em quando eu botava a orelha atrás da porta e ouvia umas risadas. Mas nada de barulho de máquina de costura.

Quando chegou o dia do desfile, 7 de setembro, eles me trouxeram uma roupa invisível que realmente era a mais leve que eu já tinha visto. Ou não visto, porque eu não enxerguei nada.

Mas eles explicaram que só quem podia ver essa roupa eram os comunistas. Aí eu entendi. Gostei tanto que mandei que eles fizessem o mesmo modelo pros meus assessores diretos, tipo o general Heleno, o Braga Neto, meus filhos e o Ciro Nogueira.

Montaram dois imensos cercadinhos para o povo do lugar, um de cada lado da rua, e saímos no maior orgulho. No cercadinho da direita, todo mundo bateu palmas. Mas a turma da esquerda ficou quieta, muda, de boca aberta, até que uma menina gritou “O rei está nu! E toda a turma dele também!”

As pessoas da esquerda começaram a rir da gente, mas aí as da direita disseram que, se eu estava nu, todo mundo tinha que ficar. Então tiraram as suas roupas, atravessaram a rua e começaram a rasgar as dos que não queriam ficar pelados. Foi uma tremenda briga.

Infelizmente tinha mais vestidos que pelados, e os inimigos foram ganhando terreno. Então fui cercado por uns caras usando macacões vermelhos, que pularam em cima de mim e me puseram uma camisa de força à força.

Foi nessa hora que eu acordei todo suado. Até levantei o lençol para ver se eu estava pelado ou vestido. Ufa! Estava como sempre: nu. Ou quase. Usava só a faixa presidencial.

José Roberto Torero

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Sinal vermelho contra a violência doméstica

Foi publicada a lei 14.188/2021 que cria o programa de cooperação Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica, como uma das medidas de enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher previstas na lei Maria da Penha.

Esse programa tem a finalidade de viabilizar a assistência e segurança à vítima, a partir do momento em que houver sido efetuada a denúncia por meio do código “sinal em formato de X”, preferencialmente feito na mão e na cor vermelha.

A identificação desse código poderá ser feita pela vítima pessoalmente em repartições públicas e entidades privadas de todo o País e, para isso, deverão ser realizadas campanha informativa e capacitação permanente dos profissionais pertencentes ao programa para o encaminhamento da vítima ao atendimento especializado na localidade.

Além de definir esse código à vítima agredida ou ameaçada, a nova lei cria o crime de violência psicológica contra a mulher.

Responderá pelo crime o agressor que causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação.

A pena é de reclusão, de seis meses a dois anos, e multa, se a conduta não constituir crime mais grave. Outra novidade é que se for verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psicológica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida.

As penas no Brasil ainda são brandas se comparadas com os países europeus. Isso decorre do processo histórico da escravidão e, principalmente, da cultura machista que ainda impera no país.

Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2021/Lei/L14188.htm

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Lilac_skies. © IShotMyself

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Fraga

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Ressequida radicalidade e o fascismo de todo dia

Após mais um dia de afrontas grosseiras de Jair Bolsonaro ao Ministro Luiz Roberto Barroso e, como tal, extensivas ao demais integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e mesmo a todo o Poder Judiciário, o Presidente da Corte respondeu com ressequida radicalidade.

No esperado discurso que abriu os trabalhos do segundo semestre, Luiz Fux escolheu palavras curingas, aquelas que se aplicam tanto para agredir como para se defender de alguma coisa ou de alguém. Em um dos trechos mais enfáticos, alertou: “A História nos ensina: a democracia nos liberta do obscurantismo, da intolerância e da inverdade” e, sem mencionar o nome do Presidente da República uma única vez, terminou o vago sermão vaticinando que “o tempo é o melhor juiz de nossas trajetórias”.

Haja temperança, Ministro Fux.

No fim da noite, melhor resposta veio do próprio Ministro Barroso, o inimigo da vez, que mesmo sem citar Bolsonaro fez duras críticas às ameaças antidemocráticas e defendeu a integridade do sistema eleitoral brasileiro. Não mencionou o nome do ofensor, mas não deixou dúvida de que dele se tratava, ainda mais porque a resposta veio acompanhada de ações concretas.

Carol Proner

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Obras paralisadas em debate no Direito da PUCPR

No dia 02 de agosto o Prof. Dr. Cláudio Henrique de Castro apresentou trabalho de pós-doutorado na pós-graduação de Direito da PUCPR.  O trabalho investigou a nova Lei de Licitações 14.133/2021, analisou o modelo de contratação das grandes obras de engenharia e infraestrutura e as obras paralisadas no Brasil.

O destaque da pesquisa foi para o fato de que, atualmente, há mais de 100 bilhões de reais em obras paralisadas no país. A trabalho foi debatido pelos consagrados juristas: Alexandre Aragão da UERJ, Carlos Frederico Marés de Souza Filho e Vladimir Passos de Freitas da PUCPR e Sérgio da Silva Cristóvam da UFSC.

A supervisão ficou a cargo do Prof. Dr. Luiz Alberto Blanchet que ressaltou o ineditismo do trabalho e as conclusões quanto às obras paralisadas no Brasil e suas possíveis soluções pelo Direito Administrativo.

A pesquisa intitula-se “As obras de grande vulto de infraestrutura propulsoras do desenvolvimento e a sustentabilidade de sua modelagem de contratação” e, em breve, será publicada em livro.

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Bolsonaro ameaça dar último recado ao presidente do TSE

Em conversa com apoiadores na frente do Palácio da Alvorada, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro criticou na manhã desta terça-feira (3) o inquérito aberto nessa segunda-feira |(2) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para investigar seus ataques às eleições de 2022.

Bolsonaro prometeu dar um “último recado ao presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, se ele continuar sendo “insensível”. Disse o presidente: “Se o ministro Barroso continuar sendo insensível como parece que está sendo insensível, quer um processo contra mim, se o povo assim o desejar, porque eu devo lealdade ao povo brasileiro, uma concentração na Paulista para darmos um último recado para aqueles que ousam açoitar a democracia… Repito, o último recado, para que eles entendam o que está acontecendo e passem a ouvir o povo, passem a entender que o Brasil tem 8,5 milhões de milhões de quilômetros quadrados e não apenas um pedacinho dentro do DF, eu estarei lá.”

Bolsonaro disse que Barroso trabalha contra a transparência nas eleições: “Por que, senhor Barroso, essa vontade enorme de dizer que você está certo? Você vale mais que milhões de pessoas que se manifestam por um sistema eleitoral limpo, democrático? Por que ele quer que essa sombra de dúvidas permaneça entre nós? O que ele teme? Está a serviço de quem?”

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A alma do negócio

cueca-cuela-2© LePress

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Cláudio Paiva

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Bolsonarista pifou

Jair Bolsonaro planejou fazer uma demonstração de força neste domingo e acabou mostrando que não está conseguindo conter a erosão do falso mito. A manifestação bolsonarista pifou no tradicional termômetro da política nas ruas, que revela-se na concentração de gente na Avenida Paulista, em São Paulo.

O prestígio do presidente não é suficiente nem para preencher de seguidores o espaço entre o Masp e a Fiesp. Em São Paulo o bolsonarismo não tem força para ocupar duas quadras, em outros estados a coisa vai ainda mais mal.

O teste de mobilização política colocado em prática a mando do próprio Bolsonaro serve para avaliar como poderá ser o cenário no ano que vem para a sustentação política do candidato à reeleição.

Não falta dinheiro para Bolsonaro, um numerário que, aliás, já deveria estar sendo investigado por órgãos responsáveis pelo controle do sistema eleitoral, na sua origem e a devida aplicação. Manifestações em todo o país não saem barato. E existem regras jurídicas claras sobre isso.

Bolsonaro está no poder, o que lhe garante farto apoio material, como garantiria a qualquer outro, mas é óbvio que no seu entorno existe um tremendo vazio de liderança e organização. Na sua incompetência, ele não criou bases de sustentação, em recursos humanos para a articulação com a sociedade civil, na criatividade política e na capacidade logística.

Ao contrário de Lula ou outro candidato que o PT resolver colocar na disputa, o líder direitista não conta com instituições civis como suporte eleitoral, tampouco conquistou o apoio de sindicatos, da área da cultura, da educação, de jornalistas, além de tantas outras categorias sociais organizadas, que costumam servir ao PT até mesmo para criar complicações aos adversários.

Mesmo com este suporte histórico, a última manifestação da esquerda comprovou que o limite de adesão popular do PT está muito abaixo do que sempre foi. Porém, ainda que demonstre dificuldade de ampliação do apoio nas ruas, o partido de Lula conta com uma estrutura material historicamente ligada ao seu interesse. Com isso, o petismo garante pelo menos umas quadras da Paulista.

Não é o que acontece com Bolsonaro, isolado politicamente de tal forma, que só poderia obter apoio de massa se isso ocorresse como um fenômeno espontâneo, que é ilusão criada pela propaganda. Por mais que Bolsonaro tenha sido favorecido na sua eleição por componentes de fato espontâneos, eles foram devidamente induzidos e espertamente explorados.

O problema é que movimentações espontâneas da sociedade não costumam se repetir, muito menos em torno da mesma personalidade política.

Tampouco existe a possibilidade de estimular a adesão do povo com bandeiras pífias como voto impresso, ainda mais numa situação de pandemia, que se juntou aos problemas na segurança, com a falta de empregos, na falência econômica, com a desestabilização social, na corrupção generalizada e a impunidade garantida de volta.

São as questões dramáticas que lá atrás elevaram Bolsonaro a um papel de dimensão acima demais da sua mediocridade política e pessoal, com variados problemas, da maior gravidade, que no entanto não foram atacados como prometido.

A Avenida Paulista só encheria de ponta a ponta com Bolsonaro se apresentando como alguém que tocou com seriedade e de forma efetiva nesses problemas. Mas acontece que a situação atual não permite mais crescer nas ruas apontando culpados, até porque agora é ele o responsável por essas tantas desgraça.

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Uiara Bartira comemora 40 anos de trajetória com mostra e eventos

© Isabela Milita

A artista Uiara Bartira inaugura a exposição “O Silêncio e a Eroticidade da Gravura”, dia 10 de agosto, terça, das 10 às 18h, no Museu Municipal de Arte (MuMA),  e celebra a história de 40 anos de sua trajetória. Várias atividades estão previstas para marcar a data.

Por conta da pandemia não haverá evento de abertura da exposição. O momento de confraternização se dará no dia da mesa redonda e lançamento do livro que acontecerá no dia 30 de setembro, quando então, a maioria da população já estará vacinada, em horário ainda a ser determinado de acordo com a bandeira em Curitiba.

A mostra apresenta cerca de 150 gravuras que pontuam os mais de 40 anos da sua trajetória artística – parte do acervo do Museu da Gravura Cidade de Curitiba e da coleção particular da artista, além de obras atuais, com técnicas de Gravura em metal, Litografia, Xilogravura, Monoprint e Fotogravura.

Além da mostra, será lançado um livro que documenta e celebra sua trajetória – que caminha junto à história da arte paranaense- com registros de obras vindas dos acervos dos Museus de Arte Contemporânea do Paraná e de São Paulo (MAC-PR e MAC-SP), Museu Oscar Niemeyer (MON), Museu de Arte Brasileira (FAAP), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), Museu de Arte de Santa Catarina (MASC), Museu de Arte do Espírito Santo (MAES), Museu de Arte Latinoamericana da Universidade de Essex, na Inglaterra, National Gallery of Camberra, na Austrália e também obras relevantes de coleções particulares.

A publicação conta também com fragmentos de textos críticos já existentes, descrição dos diferentes processos de produção, poemas, etc, além do texto do crítico Agnaldo Farias e texto de apresentação de Margarita Sansone.

Tanto a exposição como o livro ressaltam a importância do trabalho de Uiara Bartira para a gravura brasileira, assim como solidifica toda uma geração pós-moderna que abre o caminho da Arte Contemporânea no Paraná com um legado de rompimento de limites para as novas gerações.

De acordo com o professor José Roberto Teixeira Leite em seu livro “Gravuras do Paraná”, Uiara é a primeira mulher mestra da gravura local, conforme a ordem descrita por ele: Guido Viaro, Poty Lazzarotto, Fernando Calderari, Uiara Bartira e Denise Roman, o que coloca Curitiba como polo da gravura no Estado do Paraná e assim, rompe o eixo Rio/São Paulo nos anos 1980.

Algumas atividades estão programadas durante o período expositivo, de 10 de agostoa 10 de novembro, como visita guiada pela exposição, mesa redonda com convidados, lançamento do livro e palestra, que serão divulgados posteriormente.

A artista Uiara Bartira nasceu em Curitiba e formou-se em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP). Estudou Gravura e Pintura com Fernando Calderari e depois concluiu uma especialização em Gravura de Metal e Desenho na The Art Students League e outra em Fotogravura no Bob Blackburn Workshop, em Nova Iorque. Pós-graduou-se em Fotografia e Processos de Construção de Imagens na Universidade Tuiuti do Paraná. Implantou e dirigiu o Museu da Gravura em Curitiba entre 1989 e 1992. Participa de diversas exposições individuais e coletivas e como professora dedica-se a diferentes cursos de teoria e práticas artísticas.

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Mural da História

6 de setembro – 2009

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O livro eterno

Comemoramos, na semana, gentil leitor, o Dia do Livro. Com direito a carreatas, passeatas e o testemunho em TV de algumas figuras carimbadas da city. Não estou insinuando que o livro não mereça até mesmo carro alegórico, quanto mais eventos que lhe festejem o dia. Tudo soma ao que o livro necessita, e com urgência: difusão, investimentos oficiais, empenho de professores nas salas de aula.

É que ler vai ficando cada vez mais raro. E cada vez mais caro! Aliás, bem a propósito, o meu amigo Luiz Zanin Oricchio, o impávido colosso editor do suplemento Cultura, do Estadão, me encomendou uma ampla reflexão sobre o último título de Alberto Manguel publicado no Brasil, A cidade das palavras. O conhecido autor argentino-canadense realiza ali nada mais, nada menos, do que um sacudido hino de amor ao livro e à sua eternidade.

Das primeiras tabuletas de argila onde, em caracteres cuneiformes, foi para sempre inscrita a fábula babilônica do rei Gilgamesh, ao mega-computador Hall, de 2001, Uma Odisséia no Espaço, a anunciar o futuro, presente hoje nos e-books e na internet, o livro só fez até aqui reafirmar sua perenidade. Talvez o mais mítico objeto já criado pelo homem, seja no papiro ou na tipografia. Mais que a roda e a pólvora! Por ser, sobretudo, o único e indestrutível guardião do imaginário humano. Nada neste mundo conseguiu e possivelmente nada conseguirá substituir a “função”, digamos, do livro. A tarefa quase misteriosa de seu destino – a de cifrar sabor e saberes; e de aprisionar nas páginas, feito imprevista armadilha, as histórias que o homem conta. E que, sem contá-las, pereceria.

Um quadro subsiste sem moldura, o teatro dispensa o palco, a música acontece mesmo quando soprada pelo vento, mas não haveria jamais onde guardar a fábula, a não ser na perecível memória humana e, mesmo esta, ao retransmiti-la, contaria nova fábula, nunca a original. O livro, não! Guarda a sílaba e a vírgula; o parágrafo e a reticência – inalteráveis.

E quando falo de livro, falo de “transmissão” escrita. Não importa o meio, a mídia, se as tabuletas mesopotâmicas ou as inscrições no papiro, se os caracteres góticos na oficina de Gutemberg ou os arremedos de jornais d’antanho. Tudo é o livro e a sua permanência de livro. O livro-livro, o livro-lauda, o livro-tiro, o livro-lume, o livro-sombra, o livro-ludo, o livro-tudo, o livro-nada.

Isso aí só para reverenciar um dos marcos da modernidade brasileira – o antológico Galáxias, de Haroldo de Campos, e ainda Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, e Catatau, de Paulo Leminski, livros que na história recente do Brasil souberam honrar o livro que vestem.

 02|11|2008|O Estado do Paraná

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Fraga

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