Ricardo Ricardo- 1952|2019

Boechat, ao longo de uma carreira iniciada na década de 1970, esteve em jornais como “O Globo”, “O Estado de S. Paulo”, “Jornal do Brasil” e “O Dia”. Na década de 1990, teve uma coluna diária no “Bom Dia Brasil”, na TV Globo.

O perfil de Boechat no site da Band News FM informa que ele era o recordista de vitórias no Prêmio Comunique-se – e o único a ganhar em três categorias diferentes (Âncora de Rádio, Colunista de Notícia e Âncora de TV). Em pesquisa do site Jornalistas & Cia em 2014, que listou cem profissionais do setor, Boechat foi eleito o jornalista mais admirado. Boechat lançou em 1998 o livro “Copacabana Palace – Um hotel e sua história” (DBA).

Ricardo Eugênio Boechat nasceu em 13 de julho de 1952, em Buenos Aires.

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2022 já começou

O que os possíveis adversários de Bolsonaro esperam para botar o bloco na rua?

Lula está certo ao lançar o nome de Fernando Haddad como pré-candidato do PT à Presidência. Mesmo que seja sem convicção. Ainda que seja apenas para se posicionar e deixar claro que frente ampla só se for com o PT na comissão de frente. Só não vê quem não quer: 2022 já começou.

É bom lembrar que Jair Bolsonaro começou sua campanha para 2018 anos antes, quando se desfiliou do PP e disse sonhar ser presidente. Em novembro de 2016, ao prestar depoimento num processo contra o então deputado Jean Wyllys por quebra de decoro, voltou a afirmar que seria candidato “quer gostem ou não”.

Eleito e empossado, Bolsonaro se dedica com afinco a apenas duas atividades. Uma delas é tirar férias. Em plena pandemia, o presidente foi descansar no litoral paulista no fim do ano. Agora vai curtir o Carnaval em Santa Catarina, para pescar, quando o país chega a 235 mil mortes.

A outra prioridade é fazer campanha, desta vez para 2022. As pautas de “costumes” que o governo defende no Congresso, por exemplo, são na maioria das vezes apenas combustível para Jair animar sua torcida a fazer barulho. Gostem ou não, o presidente já está em vantagem. O que os possíveis candidatos à Presidência esperam para colocar o bloco na rua? Há quem diga que é muito cedo, que o normal seria esperar o ano eleitoral. O Brasil não é um país normal, não vivemos um momento normal, não temos uma democracia normal.

O eleitor quer saber quais são as alternativas, quem vai se juntar com quem, se tem frente ampla, qual alternativa à esquerda à intransigência de Lula de insistir em ser a única força com chances de segundo turno. O que pode parecer cedo, talvez seja necessário. Sem impeachment, ter o debate desde já coloca os presidenciáveis na mesma página. E nos traz um pouco de esperança de já pensar num possível cenário pós-Bolsonaro.

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Fraga

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A casinha pequenina dela

© Roberto José da Silva

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Como pude ser tão ingênuo?!

Imaginem vocês que, até a entrada em cena do ínclito e operoso procurador geral da República, doutor Augusto Aras; dos vigilantes bacharéis do grupo Prerrogativas e até da recente manifestação do meu querido amigo e velho companheiro Mário Montanha Teixeira Filho, aqui mesmo no Zé Beto, eu achava que a denominada Operação Lava-Jato havia sido a maior iniciativa de combate à corrupção e lavagem de dinheiro da história do Brasil. Iniciada em março de 2014, com a investigação perante a Justiça Federal em Curitiba de quatro organizações criminosas lideradas por doleiros, apontara irregularidades na Petrobras, maior estatal do país, bem como em contratos vultosos, como o da construção da usina nuclear Angra 3. Passou a ter desdobramentos no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Distrito Federal, além de inquéritos criminais junto ao Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça.

Em quase sete anos de atividade, que seriam completados em março, a operação foi dividida em 79 fases, durante as quais foram realizadas 1.343 buscas e apreensões, 130 prisões preventivas, 163 prisões temporárias e 130 denúncias. Quinhentas pessoas foram acusadas, 52 sentenças dadas e 278 condenações aconteceram, a 2.286 anos e 7 meses de pena. Em ação estiveram 4.220 policiais. Além disso, foram propostas 38 ações civis públicas, sendo o recorde delas em 2019 (12), incluindo ações de improbidade administrativa contra 3 partidos (PSB, MDB e PP).

Por outro lado, mais de R$ 4 bilhões foram recolhidos aos cofres públicos por meio de 185 acordos de colaboração e 14 acordos de leniência, nos quais se ajustou a devolução de cerca de R$ 14,3 bilhões. Só de valores repatriados foram R$ 745.100.000,00.

Do valor recuperado, R$ 3.023.990.764,92 foram destinados à Petrobras, R$ 416.523.412,77 aos cofres da União e R$ 59 milhões para a 11ª Vara da Seção Judiciária de Goiás – decorrente da operação que envolveu a Valec. Também já reverteram em favor da sociedade R$ 570 milhões utilizados para subsidiar a redução dos pedágios no Paraná.

Com isso, a Lava Jato abalou as estruturas do sistema político brasileiro, colocou no banco dos réus e mandou para a cadeia por corrupção, lavagem de dinheiro, associação criminosa, evasão de divisas e ocultação de patrimônio, dirigentes partidários, doleiros, lobistas, parlamentares, ex-ministros, executivos das maiores empreiteiras do país, dirigentes da Petrobras, dirigente do Banco do Brasil e um ex-presidente da República. Organizações empresariais, que dominavam a administração pública nacional praticamente desde a proclamação da República – como Galvão Engenharia, Camargo Corrêa, Construtora OAS, Mendes Júnior, Engevix e Norberto Odebrecht –, foram desnudadas em praça pública. E recolhidos aos costumes os estrelados Alberto Youssef, José Dirceu, Marcelo Odebrecht, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco, Renato Duque, Gerson Almada, Ricardo Pessoa, Luiz Argolo, Pedro Corrêa, João Vacari Neto, Eduardo Cunha, Delcídio do Amaral, Nestor Cerveró, André Esteves, José Carlos Bumlai, João Santana, Delúbio Soares, Eike Batista, Antônio Palocci, Joesley Batista e Luiz Inácio Lula da Silva.

Eis que, de repente, sou informado que tudo não passou de encenação. Pior: de uma tramoia maquiavelicamente urdida pelo ex-juiz maringaense Sérgio Fernando Moro e pelo procurador da República pato-branquense Deltan Martinazzo Dallagnol e de seus colegas da Procuradoria da República no Paraná, com o apoio do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, para atingir e criminalizar figuras não apenas inocentes e probas, mas da maior dignidade da vida pública nacional.

O verdadeiro objetivo, segundo o Padre João, deputado federal pelo PT, foi, tão-somente, acabar com Lula e com o Partido dos Trabalhadores. Para que? “Para servir os interesses do capital internacional, sobretudo do Estados Unidos” – esclarece o bem informado parlamentar.

Então, o zeloso procurador geral da República deu o golpe de misericórdia na Lava-Jato (especialmente na de Curitiba), extinguindo a operação e a força-tarefa envolvida, agregando a atividade aos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) dos Estados, e fingindo que tudo continuaria igual.

Já o estimado Mário lamenta que a bandeira de combate à corrupção, “de aparência nobre e edificante, tenha sido apropriada, desde sempre, por malandros incorrigíveis, golpistas convictos e heróis de mentira”. E garante que coube a Moro e a Dallagnol, “dois expoentes da ‘nova’ ordem jurídica brasileira”, em “ações espetaculares executados por agentes da Polícia Federal”, “realizar a vingança em nome do ‘povo’”.

Pois é, meu bom “Da Montanha”, graças à decisão do diligente doutor Aras, a gente perdeu a ingenuidade, a ordem foi restaurada, Moro e Dallagnol viraram criminosos passíveis de punição, atos jurídicos poderão ser derrubados e o Judiciário voltará ao seu velho e tradicional ritmo, que nós, ex-funcionários do Poder, conhecemos muito bem.

Os bandidos comemoram com justificada alegria.

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A imprensa perdeu as janelas por culpa dela própria

Como publicado, a imprensa perdeu a sala que ocupava no Câmara desde 1960. Foi transferida para outra no subsolo, sem janelas e longe do plenário. A sala antes destinada aos jornalistas que cobriam o trabalho de deputados e senadores se tornará o gabinete de Arthur Lira, o réu que virou presidente da Câmara com a bênção de Jair Silvério dos Reis Bolsonaro, braço do Centrão no Palácio do Planalto (como cantarolou o General Heleno quando era o General Heleno, “se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão”).

Esta é uma boa metáfora: jornalistas colocados numa sala no subsolo, sem janelas e longe do plenário. Metáfora do que fez boa parte da imprensa tradicional, com exceções nesse ou naquele ponto, desde a campanha de 2018. Quem a pôs na sala aviltante não foi Arthur Lira, mas ela própria. A imprensa  tradicional começou a perder as janelas ao tentar deslegitimar a candidatura de Jair Bolsonaro e legitimar a do poste de um condenado por corrupção e lavagem de dinheiro e que tinha no prMarioograma de governo inicial controlar a imprensa e o Judiciário. Era tudo o que Bolsonaro queria: ter justificativa para atacar os jornais, colocando o noticiário verdadeiro no mesmo saco das fake news. O restante das janelas foi fechado quando a grande imprensa aderiu ao crime e publicou as mensagens roubadas da Lava Jato, com o cálculo de enfraquecer Bolsonaro por meio do ataque frontal ao então ministro Sergio Moro e libertar Lula, esse democrata que virá como Deus ex machina para nos salvar do sociopata.

O tiro saiu outra vez pela culatra, o que faz pensar que no Brasil a culatra é o caminho certo das balas, dado que elas quase sempre saem por ali, O maior beneficiado com os ataques a Moro foi Silvério dos Reis Bolsonaro, veja só, que nem se deu ao trabalho de fingir repulsa com a vergonha protagonizada ontem na Segunda Turma do STF — tribunal fiscalizado somente pela Crusoé. O mais recente traidor da Pátria provavelmente terá o adversário dos seus sonhos nas eleições de 2022, se nada ocorrer até lá: um PT absolvido.

Enquanto a maior parte da grande imprensa preocupava-se mais com solapar a credibilidade da Lava Jato, o Centrão avançava na Câmara e no Senado, sem que a indignação jornalística aumentasse na mesma proporção. Os acordões do Centrão com Silvério dos Reis Bolsonaro foram tratados, no mais das vezes, como assunto trivial por repórteres, analistas e editorialistas, como se Rodrigo Maia — o Botafogo, senhores — fosse capaz de fazer frente ao monstro que ele também ajudou a criar. A maior preocupação era registrar as falas delinquentemente diversionistas do traidor da Pátria, sobre a pandemia. Enquanto tudo dava errado para o país, a coisa dava certo para os suspeitos habituais. Como revelou Diego Amorim, jornalistas de grandes redações até aceitaram jantar no apartamento funcional do réu Arthur Lira, no início da campanha dele à presidência da Câmara, para tê-lo como fonte. Toparam ir ao subsolo. Quando se viu, era tarde demais. Quem se afastou da sua verdadeira tarefa no plenário da Câmara, portanto, foi a própria imprensa.

Subsolo, sem janelas e longe do plenário: ao réu Arthur Lira coube apenas fazer a metáfora de uma culpa que não é dele. Arthur Lira não vale nada, mas nunca disse que valia. Ele cumpre o seu papel.

Mario Sabino

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STF fala demais

O comportamento dos ministros do STF dá pouca esperança ao Brasil de contar com este tribunal para manter um equilíbrio que ajude no encontro de um caminho mais organizado e produtivo para este desconsolado país.

O STF ficou muito parecido com esses programas de rádio onde junta-se uma porção de gente conversando fiado sobre os acontecimentos, cada um tentando dar sua lacradinha para fazer sucesso nas redes sociais.

Bem, se for avaliar com o rigor necessário as intromissões indevidas de várias figuras da nossa mais alta corte na vida nacional, a verdade é que se fizessem como youtubers ou escrevendo no Twitter o que fazem como juízes, há muito tempo já teriam tido suas páginas canceladas.

E nem cabe fazer juízo de valor quanto ao teor político de cada opinião, pouco me interessando também se uma ou outra apreciação está de acordo com o que eu penso.

O que importa é a impropriedade de juízes dando opinião o tempo todo, sobre qualquer assunto, em contradição com a função pública que exercem e se metendo em questões fora da sua competência.

A verdade é que juiz brasileiro fala demais. Não se vê isso na França ou na Alemanha, nem mesmo na Itália, com sua cultura nacional aparentemente mais aberta à emoções descontroladas.

Esse é o tipo de coisa que não se vê nem na Espanha, que hoje em dia está diante até mesmo de um acirrado debate sobre a unidade nacional, com forças a favor do separatismo. Juízes não se metem a opinar em meio ao bate-boca às vezes violento da política espanhola.

Não se vê isso mesmo nos Estados Unidos, onde poucos meses antes da insana invasão do Capitólio feita por seus seguidores e atiçada por ele, Donald Trump havia nomeado a juíza Amy Barrett para ocupar uma cadeira na Suprema Corte do país.

A juíza tem um histórico de posições de direita, combinando muito bem com bandeiras políticas reacionárias exploradas eleitoralmente por Trump.

Porém, AmySTF fala demais Barret não opinou sobre a invasão. Nem ela ou qualquer outro juiz se meteram nas polêmicas criadas por Trump, nas suas maquinações para tentar reverter a derrota para Joe Biden.

Numa situação parecida no Brasil é óbvio que apareceriam juízes da Suprema Corte apoiando as manipulações do então presidente americano ou opinando a favor dos democratas.  Nossa mais alta corte tem boquirrotos além do suportável. É um STF que fala demais. E este vozerio vem sufocando seu papel jurídico e constitucional.

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Nós aos olhos dos outros

A crueldade, o crime, a mentira, o hábito doentio de corromper. É o que temos para o momento

O Brasil ignorado lá fora? Nem pensar. Com Deus acima de todos e Bolsonaro acima de tudo, o mundo não tira o olho de nós. Se duvida, eis algumas manchetes recentes:

Brasil fez a pior gestão do mundo na pandemia, diz OMS“. “Com Bolsonaro, Brasil mantém recorde em índice de corrupção na Transparência Internacional”. “Biden convoca cúpula do clima em abril e coloca em xeque posição do Brasil”. “Corte Interamericana de Direitos Humanos vai julgar o Brasil por omissão na proteção de mulheres e embriões”. “Com um assassinato a cada oito dias, Brasil ocupa segundo lugar em ranking da ONU sobre morte de ativistas”.

“EUA [leia-se ainda sob Trump] barram tentativa do Brasil de avanço na OMC”. “Bolsonaro expõe o Brasil ao ridículo ao ameaçar EUA com pólvora”. “Biden ri ao ser perguntado sobre conversar com Bolsonaro”. “China felicita Biden e reduz grupo de países fiéis a Trump; Brasil é um deles”. “OCDE freia entrada do Brasil em grupo ambiental por política de Bolsonaro para a área”.

“Brasil está no topo do ranking de fraudes com dados de cartões”. “Brasil quer doar 1 milhão de testes de Covid quase vencidos ao Haiti. Hospitais brasileiros se recusam a receber testes prestes a vencer”. “Brasil deve R$ 10,1 bi a organismos mundiais. Itamaraty alerta para risco de sanções por atrasos”.

Uma vergonha? Nem tanto. Afinal, as manchetes sobre nossos assuntos domésticos são: “‘Finalzinho’ de pandemia tem alta de casos em 21 estados. Declaração de Bolsonaro ignora UTIs lotadas em sete capitais”. “Governo foi avisado com duas semanas de antecedência sobre possível tragédia em Manaus”. “Bolsonaro usou cinco ministérios, militares e estatal para difundir cloroquina”. “Presidente manda imprensa enfiar latas de leite condensado no rabo”. Etc. Você escolhe: a estupidez, a mentira, o hábito doentio de corromper, a crueldade, o crime. É o que temos para o momento.

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Flagrantes da vida real

Faça propaganda e não reclame. © Maringas Maciel

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Fraga

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Réquiem para a Lava Jato

Aras oficializou a morte simbólica da operação

Se eu fosse um político corrupto, estaria celebrando. A sangria foi finalmente estancada. Ao não renovar o mandato da força-tarefa de Curitiba, o procurador-geral da República, Augusto Aras, oficializou a morte simbólica da Lava Jato.

O defunto é um daqueles personagens complexos, cuja perda é lamentada, mas cujos podres todos comentam no velório. Aliás, os maus hábitos da vítima, notadamente a hýbris do ex-juiz Sergio Moro e de procuradores de Curitiba, foram em larga medida responsáveis por seu passamento.

Se o magistrado tivesse se comportado como a lei preconiza, não haveria margem para as contestações que acabaram por minar o prestígio da operação e poderão reverter algumas de suas condenações. E é assim que tem de ser. O devido processo legal, que inclui o direito de não ser julgado por um juiz documentadamente parcial, é ponto inegociável no Estado de Direito.

O que torna o ocaso da Lava Jato especialmente lastimável é o fato de que não teria sido difícil chegar a resultados muito próximos aos que ela gerou sem que o magistrado estabelecesse um relacionamento promíscuo com a acusação. Os esquemas de corrupção eram reais, e as leis da física e o mecanismo das delações premiadas teriam sido mais do que suficientes para encontrar as provas.

O problema com a corrupção é que ela funciona bem. Na verdade, é a segunda melhor forma de organização da sociedade. É menos eficiente do que um sistema no qual tudo ocorra de acordo com regras impessoais, mas é superior a um regime no qual tudo fica sujeito ao capricho de autoridades ou, pior, a um no qual as “concorrências” se resolvem à bala. É por funcionar que é difícil acabar com ela.

Ao deixar que a Lava Jato morra de morte melancólica, o Brasil perde mais uma oportunidade de fazer a transição do time das republiquetas para o de países um pouco mais sérios. Quem sabe tenhamos mais sorte na próxima vez.

Publicado em Hélio Hélio Schwartsman - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Secretário de Pazuello com cadeira no CFM é o elo entre Bolsonarismo e a classe médica

APESAR DE SE DIZER uma instituição “apartidária”, o Conselho Federal de Medicina tem entre seus conselheiros mais influentes um secretário do governo de Jair Bolsonaro. O ginecologista Raphael Câmara, tido como membro da ala ideológica do governo federal, acumula o cargo de conselheiro do CFM e de secretário de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde.

Não bastasse a proximidade entre o presidente da República e o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, o secretário Raphael Câmara, representante do Rio de Janeiro, é descrito internamente por médicos que participam das reuniões do conselho como o responsável por fazer a ponte entre o governo Bolsonaro e o órgão, informando o executivo federal das discussões e debates que rondam o conselho, além de pressionar seus colegas de jaleco para evitar criticar o presidente e suas ações no combate à pandemia.

Apesar de ter assumido um cargo dentro do Ministério da Saúde em junho de 2020, Câmara não solicitou afastamento das funções de conselheiro. Não é ilegal manter os dois cargos, mas médicos que integram o órgão relatam que sempre foi uma questão de ética pedir licença do conselho ao assumir um cargo público, para evitar possíveis conflitos de interesses. “Como coordenar uma autarquia independente com membros do governo fazendo parte das decisões?”, questiona uma das fontes ouvidas pela reportagem.

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Fraga

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