A qualidade da morte

O BRASIL sempre foi socialmente demarcado: ricos, classes médias, pobres e miseráveis. Politicamente, nunca. Antes era a geleia geral em que nada se definia ou demarcava, as classes se misturavam como nas novelas da Globo. Nem o PT conseguiu fixar o nós e o eles tão repetido por Lula e seguidores. Não esqueçamos que o PT elegeu Lula e Dilma duas vezes cada um, trazendo na arca de suas alianças políticos de todas as classes, ou seja, manteve a geléia geral, indistinta e difusa.

Jair Bolsonaro conseguiu a façanha de demarcar o Brasil. Não foi original, replica o modo Lula do nós e eles – embora o intelecto do Capitão não chegue a tamanha abstração; para ele é eu e meus filhos e tudo isso daí, que são os que ficam na frente, a atrapalhar o caminho da família-quadrilha. Sem o alcance ideológico de um Hitler ou de um Mussolini, Bolsonaro conseguiu o mesmo: dividir o Brasil entre os bolsonaristas e os antibolsonaristas.

E qual a diferença entre uns e outros? Não é política, ideológica ou religiosa, é de pauta. Os bolsonaristas acreditam que serão salvos pelo Capitão – ou morrem com urros de amor ao líder, como os companheiros que Stálin mandava matar. Os antibolsonaros sabem que com o Capitão é morte certa. No Brasil de hoje a escolha é só a da qualidade da morte, porque o Capitão irá nos matar a todos. E ele terá a melhor das atenuantes, a do crime por omissão, por ser inepto e inútil.

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Mural da História

17 de agosto de 2010 

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Padrelladas

Diário da Pandemia

Enquanto falta anestesia nos hospitais para as vítimas do Coronavírus nós, moradores deste condomínio, estamos todos anestesiados.

Levanto à noite para beber água. Vou até a cozinha: saio do quarto, atravesso o corredor, e tudo é silêncio. Um silêncio criminoso como se o país estivesse mergulhado em paz. Como se não estivéssemos em guerra.

Bebo meu copo d’água em silêncio. Cercado por um silêncio tão pesado que me vejo abandonando a proteção da trincheira, abrindo a porta e, à maneira de Caetano Veloso em “Araçá Azul”, gritando a plenos pulmões: “Silêncio! Silêncio!” – e só o silêncio responde. Todos estão anestesiados. Estão todos deitados. Dormindo profundamente.

Procura-se Malária. Será condecorado como herói quem a encontrar. Temos grande estoque de comprimidos para tratamento dessa doença. Mostre que você é um bom brasileiro e pegue Malária. O Governo agradece.

O pó oriundo da raspagem de chifre vacum do grande rebanho mocorongo não funciona no combate ao novo Corona vírus. Erguer a embalagem para que Deus possa ler o que está escrito na caixinha me parece também coisa chegada a uma mocoronguice.

FRASES QUE FIZERAM HISTÓRIA – Ao contrário de “Senta a pua” e “A cobra vai fumar’, a expressão “Calma que o Brasil é nosso” não foi criada por um brasileiro.

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Blogolismo

FAZER BLOGUE é vício, nocivo como qualquer vício. Cria a dependência de sempre publicar. Da dependência vêm os efeitos, físicos, emocionais e sociais. São as dores no corpo, costas, mãos, braços, ombros e suas artroses, tendinites, epicondilites e bursites. Vive-se na ansiedade de chegar ao texto final, apurado em pelo menos quinze tentativas, de que não raro resultam oito linhas. O japonês do haicai e Dalton Trevisan produzem com a naturalidade de quem solta o arroto acidental – prerrogativa dos gênios.

Entre o emocional e o social transitam o imperativo de atacar, o receio de ofender e a ressaca moral do auto-julgamento – somados à revolta de quem não gosta do que lê e daquele que simplesmente não entende. Vício, digam-nos os alcoólicos anônimos, é luta contra a dose diária. O vício não tem cura, está presente, à espreita, volta a qualquer momento. Quem faz blogue é blogólico, almeja ser anônimo. Segue a dose diária, as mãos a tremer e o peito a palpitar para o texto que luta para emergir.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário, Sem categoria | 1 comentário
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Decisões diferentes em processos iguais?

Desde o início da pandemia, o ministro presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou habeas corpus a pelo menos quatro investigados que pediam a soltura por motivos de saúde.

O mesmo ministro beneficiou com a prisão domiciliar, Fabrício Queiroz e estendeu à sua esposa Márcia, mas ambas não se enquadram nas hipóteses do Código de Processo Penal, pois estavam foragidos da Justiça, não tem mais de 80 anos e nem grave enfermidade.

Queiroz asilado na casa do advogado, fazia churrasco, peixadas e festas com mulheres de Brasília. Seu advogado, circulava no Planalto com ternos bem cortados e a desenvoltura de quem conseguiu a suspensão de multas do governo, contra a sua ex-mulher, no valor de 41 milhões de reais.

Queiroz era o faz tudo da família dos bolsonaros, soprava velinha do bolo, pescava junto e sempre estava à tiracolo para resolver alguma coisinha.

Segundo investigações, o chefe do escritório do crime no Rio de Janeiro teria repassado à Queiroz, cerca de 400 mil reais.

Dentre outros fatos investigados, ele é suspeito do esquema da rachadinha na Assembleia Legislativa carioca, pois ele e família assessoraram o então deputado Flávio Bolsonaro (número 1), o valor suspeito dos repasses é de 1,2 a 2 milhões de reais.

Ainda por cima, no STJ, o processo de Queiroz foi decretado segredo de justiça, algo também raro de acontecer.

A defesa de Queiroz alegou o risco da Covid-19 no presídio.

Um coletivo de Advocacia em Direito Humanos impetrou que buscava o benefício para pessoas presas por terem cometido crimes sem violência. é necessária demonstrar de maneira individualizada e concreta que o preso preenche alguns requisitos. Processo indeferido.

Menos sorte que o Queiroz teve o rapaz que furtou dois frascos de xampu, de dez reais cada e apesar do delito sem violência, sua prisão domiciliar foi negada por não ser a primeira vez que roubava, sentença do ministro Felix do STJ e confirmada pela ministra Rosa Weber do Supremo Tribunal Federal (STF).

Pelo conceito de jurisprudência os casos semelhantes devem ter decisões semelhantes, mas o que explica isto então?

Aos amigos a jurisprudência, e aos inimigos os rigores da lei?

No direito dos poderosos a jurisprudência é diferente? Consultar uma bola de cristal?

A propósito, neste ano abre um vaga no Supremo, com a aposentadoria compulsória do Ministro Celso de Mello, e nem sei por que me lembrei disto. Decisões diferentes em processos iguais?

Publicado em Claudio Henrique de Castro | Deixar um comentário
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O profeta da distopia

E aí está nosso amigo Eric Arthur Blair de novo no topo da lista dos mais vendidos, com 1984 e A revolução dos bichos. E angariando leitores jovens. Coitado do George Orwell, não ficou sabendo que sua distopia escrita em 1948, com a figura onipresente do Big Brother, iria gerar o reality show de maior sucesso de todos os tempos. Seus herdeiros – se é que os tem – merecem caminhões de royalties pelo mundo afora.

Mas o combativo autor (1903-50), entre muitos outros livros geniais, escreveu um que deverá ser leitura obrigatória no Day After – ou no Day Now – da peste covidiana. Down and Out In Paris and London, publicado em 1933, lançado também no Brasil como Na pior em Paris e Londres, e esgotado – atenção editoras! O livro é uma obra-prima da literatura da fome e da pobreza, muito melhor que Fome, que deu muita comida e dinheiro ao norueguês Knut Hamsun, inclusive o polpudo prêmio do comercializador da dinamite, Alfred Nobel – o sobrenome lembra “nobre”, mas está bem longe disso.

Na pior em Paris e Londres é um trabalho de reportagem do jovem Orwell que se deixou resvalar para a pobreza extrema – e isso não exigia grande esforço na época – a fim de relatar o que viveu na carne. O grande charme da literatura da fome e miséria é que nós a desfrutamos de barriga cheia, aquecidos debaixo de um teto seguro e – o mais importante de tudo – a milhares de quilômetros de distância daquele tipo de situação. Regozijemo-nos ao ler este trecho de boca cheia:

“Meu dinheiro evaporou-se – de oito francos para quatro francos, para um franco, para vinte e cinco centimes; e vinte e cinco centimes é inútil, não dá para comprar nada, exceto um jornal. Passamos vários dias a pão seco e então passei dois dias e meio sem absolutamente nada para comer. Foi uma experiência brutal.”

Mas esqueçam, por favor, o que falei de estetizarmos a experiência da fome e do desabrigo a salvo de qualquer risco real. A devastação da pandemia faz agora de todos nós candidatos a dinossauros. Quem sabe não estaremos lendo o Na pior de Orwell apenas como mera literatura? E sim, de uma maneira bem mais prática e concreta, como um manual de sobrevivência.

Publicado em Roberto Muggiati - branca7leone | Deixar um comentário
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There’s no business like show business

Bispa Sônia.  © Diácono Joyce

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Hoje! – Tantas Lisonjas Que Sentiu-se Nua

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

Perto de Desejo e Obsessão (Trouble everyday, 2001), 9 Canções é fichinha. Enquanto o longa de Michael Winterbottom exibe uma noção vaga e etérea de um relacionamento movido a sexo, Claire Denis opta pelo obscurantismo ao mostrar a consistência de um amor carnal pesado, doentio. Se o assunto gera inúmeras possibilidades e leituras, evidente que o que difere uma diagramação de outra é o percurso a se seguir dentro do campo dessa sexologia filmada. E, nesse caso, Denis não faz concessões no seu road body lento e indigesto de conotações bem cáusticas. (Omelete)

2001|França|100 minutos|Direção de Claire Denis|Vincent Gallo, Béatrice Dalle, Alex Descas, Nicolas Duvauchelle, Florence Loiret Caille

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Russa

nu_grapinya. PhotoSiht Russian Awards

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Mural da História

12 de junho|2009

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A filha do chefe da Casa Civil e a falta de jeito do governo de Jair Bolsonaro

A Casa Civil é um ministério que serve para evitar vexames como este da nomeação da filha do chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, em um cargo de gerência na Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS). Na noite desta quarta-feira ela desistiu de ocupar a função, porém já foi criado o estrago político.

Claro que o perfil de um ocupante da Casa Civil exige que ele saiba de antemão que um negócio desses não poderia acabar bem. O próprio processo acarreta tamanho desgaste que nem com a desistência pode ser resolvido. Este é um caso em que voltar atrás não passa um atestado ético: o que fica é a imagem do flagrante de ilegalidade.

A nomeação sequer deveria ter sido cogitada, pelo simples fato de que a moça é filha do ministro Braga Netto. Embora o governo Bolsonaro já tenha um histórico lamentável em matéria de verificação de currículo, nem vem ao caso suas referências profissionais, que não eram boas. Ela é formada em Design e o profissional que seria retirado do cargo é um servidor formado em Direito com especialização na FVG. O salário é de R$ 13 mil.

O fato da moça ser filha do ministro já teria encerrado a questão, ou melhor, nem teria começado se o ocupante da Casa Civil fosse mais capaz. Mas o erro é ainda mais crasso. Parece que tiveram a ideia da possibilidade de um golpe de esperteza. Havia um nepotismo cruzado. A indicação foi feita por um irmão de um subordinado de Braga Netto na Casa Civil.

Nem se pode falar em volta dos velhos hábitos, pois com Bolsonaro eles nunca saíram do Palácio do Planalto, mas o caso é de um amadorismo constrangedor, com esta falta de habilidade até para maracutaias, que já é uma marca indelével do governo Bolsonaro. Quem sabe, agora com a “espertise” do Centrão talvez possam dar ao menos uma guaribada nos malfeitos.

Um bom chefe da Casa Civil não permite que algo do tipo sequer comece, muito menos chegar ao ponto que chegou. Não é novidade no governo de Jair Bolsonaro, mas o erro prosperou. A nomeação já estava para ser assinada quando tiveram que voltar atrás. Mas a verdade é que na política, como na vida, voltar atrás em certas atitudes serve apenas para demonstrar a falta de jeito para o inconfessável.

Publicado em José Pires - Brasil Limpeza | Deixar um comentário
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Pazzo, pazzuelo

SAUDADE dos políticos inteligentes, das antigas, como José Maria Alckmin e Carlos Lacerda, para citar apenas dois. Alckmin foi vice-presidente do general Costa e Silva. Quando o presidente sofreu AVC e ficou inválido, veio a dúvida se o vice assumiria: ele não era do agrado dos militares por seu passado de político civil, ainda que apoiador do golpe. Sempre cercado pela imprensa, quando era perguntado se assumiria o governo, Alckmin respondia: “Não, eu sumo”. E sumiu, com o golpe dos três ministros militares que formaram junta de governo e elegeram presidente e vice também generais.

Lacerda merece antologia de suas respostas rápidas, cirúrgicas, com presença de espírito. Ele chamava seu líder na assembleia do Rio, Amaral Neto, de Amoral Nato. Quando discursava na câmara dos deputados, um colega pediu aparte e chamou-o de purgante. Lacerda não perdeu a fleuma: “Se eu sou o purgante, vossa excelência é o resultado”. E continuou o discurso. Com a redemocratização não apareceram políticos com esses atributos, nem mesmo FHC. Lula, Dilma, Temer nada acrescentaram. Foram da metáfora paisana do futebol ao bolodório de advogado com o intervalo da burrice explícita e cristalina.

Bolsonaro, já se sabe, tem distúrbios cognitivos e de atenção; não forma o raciocínio básico e a frase elementar com sujeito, predicado e complementos mínimos. Na semana seu general-ministro da Saúde contribuiu para a indigência intelectiva imperante. À pergunta de um repórter sobre o AI-5, Eduardo Pazzuelo respondeu: “Não sei, nunca estudei isso, nasci em 1963”. O repórter não avançou para perguntar se na escola militar o general-ministro tinha aprendido o que aconteceu em 22 de abril de 1500, quando o português desembarcou na Bahia. Pazzuelo é sobrenome italiano. É diminutivo de pazzo, louquinho.

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Playboy|1960

1967|Joey Gibson. Playboy Centerfold

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Bruna

Bruna Linzmeyer. © Jorge Bispo

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