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Os limites
Santo Agostinho disse que, entre todas as tentações do homem, a pior era a “doença da curiosidade”. Ela nos levava a especular sobre as razões da existência e os mistérios do universo, ou sobre tudo que estava além da compreensão humana e só a fé explicava. Antes de Agostinho outra autoridade, Deus, já advertira Adão e Eva a não comer o fruto da árvore do saber, para não contrair a doença da curiosidade e perder para sempre o paraíso da ignorância satisfeita. Deus, Agostinho e outros tentaram nos convencer a aceitar os limites da fé como os limites do conhecimento. Tentar compreender mais longe só traz perplexidade e angústia.
Os limites da religião e da ciência vêm se alternando desde que o primeiro hominídeo, ou o primeiro curioso, tentou explicar uma tempestade. O que era aquilo? Como se explicava? Einstein contou que a existência da força magnética foi o que despertou seu interesse pela física e, como consequência, iniciou a maior aventura intelectual do nosso tempo, com suas descobertas e teorias. E Einstein, como a ciência em geral, só estava repetindo a pergunta do nosso primitivo hominídeo das cavernas: o que era aquilo? Como se explicava? Enquanto isso, até hoje milhões de pessoas só aceitam as explicações do mundo que estão na Bíblia, no Corão e em outros textos sagrados. Dá até para comparar o número crescente de evangélicos nos seus templos, por exemplo, com o número crescente de revelações da ciência sobre a origem e o destino desta bola insignificante rodopiando pelo espaço em que nos meteram. O conhecimento perde para a fé, longe.
Botar um pastor evangélico como ministro da Educação não nos ajuda a conhecê-lo. O homem pode ser competente e tomara que seja, mas até que se saiba mais sobre os limites das suas crenças e convicções – criacionista ou evolucionista, para começar? – temos o direito de incluí-lo na longa lista de escolhas desastradas que Bolsonaro vem fazendo. E se arrependido.
Publicado em Geral
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O Capitão Corona e suas responsabilidades na pandemia do coronavírus
Gilmar Mendes tem uma longa carreira de desserviço ao Brasil, porém é preciso apontar que ele acertou ao alertar sobre a responsabilização dos militares pela desastrosa condução do governo Bolsonaro nesta pandemia, até porque não é nenhum grande mistério a posição lamentável em que ficaram as Forças Armadas pelo seu envolvimento em um governo que não tem como escapar de ficar conhecido como o mais desastroso da nossa história recente.
Acho até que o ministro do STF deu uma amenizada em seu espírito belicoso, pois colocou sua observação no plano de um alerta, quando é muito claro que já está irremediavelmente manchada a imagem dos militares brasileiros, com prejuízo inclusive à alegada fama da competência para resolver qualquer problema, como se a formação profissional de um militar tivesse um diferencial quase mágico em relação ao da população civil.
As Forças Armadas ficaram com a imagem bastante abalada, depois que o país conheceu o estilo de sargento de anedota desses generais que Jair Bolsonaro pegou como parceiros de um governo inepto e que faz qualquer negócio. Mas voltando ao que falou Gilmar Mendes, nesta terça-feira ele comentou novamente o assunto, buscando esclarecer inclusive o uso da expressão “genocídio”, que até mesmo críticos do governo vêm apontando como uma qualificação inadequada para os fatos que envolvem Bolsonaro e os militares nesta pandemia.
O ministro do STF afirmou que a expressão “genocídio” vem sendo levantada internacionalmente, pela preocupação com o avanço da doença entre as comunidades indígenas. Vejam o que ele disse:
“Como vocês sabem, estou na Europa. Participamos recentemente de um webinar com [o fotógrafo] Sebastião Salgado e a temática foi toda de ameaça aos povos indígenas. Salgado liderou um grupo apontando que o Brasil pode estar cometendo genocídio. Então é esse debate. A responsabilidade que possa ocorrer.”
De fato, dependendo do efeito da Covid-19 entre os índios, devem surgir denúncias sérias contra o governo Bolsonaro em instituições internacionais, até mesmo na forma jurídica, em tribunais que tratam de direitos humanos. Atos desse governo e posicionamentos pessoais do próprio presidente podem motivar processos não só na justiça brasileira, como em tribunais internacionais. Continue lendo
Publicado em José Pires - Brasil Limpeza
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“Não sei se imagem do Brasil é pior na saúde ou no meio ambiente”, diz Mandetta
Segundo o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, “a imagem que estamos passando para o mundo não é boa, é péssima”. “Não sei se o Brasil está passando uma imagem pior na saúde ou na área do meio ambiente”, ele disse hoje em entrevista à Rádio Gaúcha.
Ontem, o Brasil chegou aos 75 mil mortos por Covid-19 e deve chegar em breve à marca dos 2 milhões de infectados pelo novo coronavírus. Já o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, é alvo de ação de improbidade ajuizada pelo MPF que pede seu afastamento do cargo. De acordo com os procuradores, Salles age em nome de interesses comerciais, e não da proteção do meio ambiente. E tem agido para reduzir a proteção ambiental do país.
Publicado em o antagonista, Sem categoria
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O pençamento boçalnaro
O PRESIDENTE BOLSONARO defende os militares no ministério da Saúde: “são apenas 15 num total de 5.500 funcionários”. É a mistificadora e canhestra visão de mundo dele. Também vale para o seguinte: o covid mata 1.000 pessoas por dia em todo o Brasil. Não é nada, considerando que o Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes.
Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário
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Alice Ruiz, Vera Solda, Gianna Roland e Catarina Velasco, no Templo do Saboro Nossuco, em algum lugar do passado. © Anderson Tozato
Ah, o Judiciário…!
Esse eu conheço bem. Por dentro e por fora. Da cútis ao intestino. Sou bisneto, genro, sobrinho e primo de juízes. Quem não seguiu a magistratura, esteve no ministério público, como meu pai e outros tios e primos. E eu estive lá dentro durante 35 anos. Convivi com muita gente séria, decente, competente, de saudosa memória, mas também conheci muito canalha de toga, gente repugnante, patife, que avilta e conspurca a profissão. Aposentei-me com duas convicções, que tive o atrevimento de revelar a um desembargador, que fora amigo de meu pai e de meu sogro e merecia a minha consideração: uma, o crime compensa; outra, Justiça não existe – é apenas um jogo de interesse, em que o interesse maior prevalece.
Depois, tive uma experiência de dez anos como advogado com alguma militância. E despedi-me da banca com outra certeza: a advocacia é a pior das profissões. O médico, o engenheiro, o professor ou o jornalista se acerta ou erra a responsabilidade é dele, que por ela ele responde e recebe os aplausos ou as críticas. O bacharel em Direito, ao contrário, pode ter capacidade, ser estudioso, dedicado e honesto, peticionar com correção e fundamento… Pouco importa. O que disse, o que escreveu vai ser lido (ou não), examinado e julgado por terceiros, que nem sempre são capacitados, aplicados, isentos e muito menos íntegros. Às vezes, são quase meninos sem experiência da vida, filhinhos de papai, que fazem carreira com a ajuda paterna. Ou um embolorado cidadão, repleto de vícios adquiridos durante a carreira, como a arrogância, a prepotência e a petulância. Mas têm a caneta nas mãos e decidem.
Vamos agora ao caso concreto: Fabrício Queiroz, ex-assessor do ex-deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro, é um malandro de carteirinha. Coordenou, durante anos, o esquema de “rachadinha” no gabinete do chefe, aquela prática em que se contrata funcionários e assessores e deles colhe-se parte dos salários para o deputado ou outros usos indecentes e criminosos, como financiamento de milícias, construções irregulares, transações imobiliárias ou aquisição de franquias comerciais.
Condenado pela prática de movimentação suspeita de dinheiro e posse de valores não explicados, Queiroz andou desaparecido, até ser encontrado escondido na casa de Atibaia do advogado do atual senador e preso. Sua esposa, também condenada e com ordem de prisão expedida, manteve-se acoitada, enquanto o marido era recolhido à penitenciária de Bangu, no Rio. Só que Fabrício Queiroz pode ter todos os defeitos, mas tem um trunfo que poucos têm: é amigo do rei. E de um rei categorizado, com assento no Palácio do Planalto. E o rei é amigo do juiz. O juiz é candidato a uma das futuras vagas no Supremo Tribunal Federal. Daí…
Depois de passar três semanas no presídio do Complexo de Gericinó, o policial militar aposentado foi agraciado pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, com o benefício da prisão domiciliar. Justificativa: além do risco do coronavírus, ele é portador de câncer e fora operado da próstata. Fez mais o ínclito ministro: estendeu a bondade à foragida esposa de Queiroz, a fim de que ela possa “dispensar atenções necessárias” ao marido – fato difícil de acontecer em favor de quem foge para escapar de uma ordem judicial. Até porque a razão exposta não se enquadra nas hipóteses previstas no Código de Processo Penal.
Interessante é que, durante o seu refúgio de mais de um ano na bonita e pacata Atibaia, Fabrício participou de churrascos, tomou a sua cervejinha e frequentou os restaurantes da cidade sem necessitar da ajuda da mulher.
Mais interessante ainda é que a decisão de Noronha contrariou pelo menos quatro deliberações anteriores dele próprio, em pedidos com igual argumento.
A deliberação causou surpresa também ao relator do caso, ministro Rogério Schietti, posto que, segundo entendimento corrente no Judiciário, mesmo neste momento de crise sanitária, devem ser mantidas as prisões imprescindíveis para a garantia da ordem pública e da ordem econômica, da instrução criminal e da aplicação da lei penal. É o caso de Fabrício Queiroz e de Márcia Aguiar.
Só que esse Queiroz não é um Queiroz qualquer.
P.S. – E nem entrei na discussão do processo no TJ/PR contra o desembargador José Maurício Pinto de Almeida, um dos mais competentes e decentes membros da Corte estadual. Aliás, é justamente por isso que ele está sendo processado.
Yes, nós temos mandioca
Publicado em Sem categoria
Com a tag fotografia, palmeira dos índios, roberto josé da silva
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Mural da História
Publicado em Charge Solda Mural
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Pedido de impeachment assinado por Chico Buarque e outros fala em ‘atuação criminosa’ de Bolsonaro
No mais recente pedido de impeachment de Jair Bolsonaro protocolado na Câmara, Chico Buarque, CUT, UNE e uma penca de petistas do mundo do espetáculo acusam o presidente de ter uma “atuação criminosa” durante a pandemia da Covid-19.
“O presidente minimizou o problema desde que o Sars-Cov-2 (novo coronavírus), causador da doença conhecida como Covid-19, chegou ao país, ora mencionando trata-se de uma “gripezinha”, ora buscando realizar campanhas contra o distanciamento social preconizado pela Organização Mundial da Saúde como modo mais eficaz de conter o avanço da doença. Ou seja, diante da mais grave crise de saúde pública da história do país e do planeta, o Presidente da República, irresponsavelmente, oscilou entre o negacionismo, o menosprezo e a sabotagem assumida das políticas de prevenção e atenção à saúde dos cidadãos brasileiros.”
Publicado em o antagonista
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