Imprudência de Bolsonaro perante pandemia é típica de revolucionários

Conservadores não estão dispostos a sacrificar a vida humana, por ação ou omissão, em nome de um bem maior

O mais famoso epidemiologista da Suécia, responsável científico pela estratégia anticoronavírus no país, deu uma entrevista ao The Daily Show para dizer, entre outras coisas, que estava “espantado” com o número de mortos.

Esse espanto, nas palavras do doutor Anders Tegnell, explica-se pela mortandade nas casas de repouso para idosos. O que permite concluir que, se não fossem os velhos, tudo estaria dentro do razoável, o que quer que seja esse razoável.

A tese do doutor Tegnell está parcialmente certa, ou parcialmente errada, consoante a perspectiva. Está certa porque a mortalidade da população idosa em casas de repouso é a maior catástrofe global da pandemia.

Mas o famoso cientista está errado ao pôr sobre os velhos o ônus da culpa pelos erros do seu plano.

Relembro: a Suécia, ao contrário dos vizinhos nórdicos (ou europeus), optou por um “lockdown” ligeiro e confiou na disciplina dos seus cidadãos para cumprir o distanciamento social. Mas a vida rolou, mais ou menos como habitualmente. Resultado?

No momento em que escrevo, o país tem 3.225 mortes para uma população de 10 milhões. É pouco? Não é. Nos rankings da mortalidade relativa, e tomando como referência o número de mortos por milhão de habitantes, a Suécia está nos primeiros lugares. Sim, à frente dos Estados Unidos ou do Brasil.

Aliás, se a Suécia tivesse a população do Brasil, já teria ultrapassado os 60 mil mortos, transformando o país no pior exemplo mundial.

Esses números são importantes por dois motivos. Primeiro, porque a estratégia brasileira nessa pandemia me parece ainda mais radical do que a duvidosa estratégia sueca. Com uma diferença: os hospitais brasileiros não são os hospitais suecos. Quando falei em 60 mil mortos, eu estava sendo otimista, imaginando um Brasil sueco.

Mas existe um segundo motivo que me parece mais relevante. O número de mortos na Suécia se explica pela estratégia mais liberal que o governo seguiu.

E essa estratégia, suspeita minha, só foi possível num país majoritariamente não religioso, onde considerações arcaicas como “a sacralidade da vida humana” não têm o mesmo peso comunitário.

No Brasil, e sobretudo num presidente que põe Deus acima de todos, o descaso de Jair Bolsonaro perante a morte (“e daí?”, “não sou coveiro”, “não faço milagres” etc.) soa estranha vinda de um autoproclamado crente.

Cada morte deveria ser comentada com respeito. Exceto se adotarmos a velha máxima stalinista de que a morte de uma pessoa é uma tragédia, mas a morte de milhares é uma estatística.

Sem falar do óbvio: para um autoproclamado conservador, a imprudência que o governo brasileiro exibe perante a pandemia é típica de revolucionários. Porque só revolucionários estão dispostos a sacrificar a vida humana, por ação ou omissão, em nome de um bem maior.

Não se fazem omeletes sem quebrar alguns ovos, como dizia o antecessor de Stálin. No fundo, é isso que separa um conservador de um revolucionário: o primeiro não está disposto a sacrificar a geração presente em troca de um fim abstrato.

Edmund Burke (1730-1797), o pai espiritual da tribo conservadora, explicou o essencial há mais de 200 anos: o primeiro crime da Revolução Francesa não era político; era moral. E por quê?

Porque os revolucionários jogavam o sangue dos outros, reduzindo a política a uma mera aposta de cassino. Como afirmava Burke, não é possível aplaudir “um bem especulativo” que só será obtido através de “uma elevada dose de mal prático”.

É desse imperativo que emergem todos os princípios conservadores relevantes: a prudência, a humildade, o realismo, a atitude cética perante a política (e os políticos), a recusa do radicalismo —e um certo horror a “sofistas, economistas e calculadores”.

Fato: ninguém de bom senso defende que as considerações econômicas não são importantes no meio dessa tragédia. Isso seria uma forma de radicalismo bastante semelhante ao radicalismo dos que defendem a abertura completa da vida social e econômica.

Mas sociedades civilizadas procuram compromissos civilizados, preservando ao máximo a vida humana. Repito: não se joga no cassino o sangue dos outros.

A Suécia jogou e continua jogando, mesmo com todas as dúvidas sobre o vírus.

Haverá imunidade? Por quanto tempo?

Haverá consequências para a saúde dos sobreviventes? Quais?

Há casos significativos de reinfecção? Quão graves?

E, pergunta crucial, quantos têm de morrer no grande altar da “imunidade de grupo”? Aliás, será legítimo perseguir esse fim sem vacinação massiva? Qualquer político que não enfrente essas perguntas é pior que um coveiro; é um carrasco.            

       João Pereira Coutinho

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70 anos

Hoje, aniversário de Luiz Roberto Bruel, 70 anos. Fiat lux, secretário!

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O perigo vem do Paraguai

PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA vai assistir ao vídeo da reunião de Jair Bolsonaro e seu ministério, requisitada pelo STF. Augusto Aras terá a companhia de Sérgio Moro, o causador da requisição ao divulgar prints de mensagem com o presidente da República no dia de sua demissão como ministro da Justiça. O PGR toma-se de cuidados com o conteúdo do vídeo, segundo ele porque “há questões que envolvem a soberania nacional”.

O que se sabe dos vídeos não envolve a soberania, envolve a mais elementar falta de educação e decoro, com os palavrões do presidente e do ministro da Educação (sic), Abraham Weintraub (que chama de “filhos da puta” os ministros do STF), suas ameaças aos ministros presentes caso não se sujeitem ao que manda e todo o folclore que cerca um presidente maluco eleito por um povo desatinado. E a questão da soberania?

Na capital federal a palavra soberania é tão vazia de sentido quando a palavra cidadania em Curitiba. Em Brasília, a soberania punha sob segredo de Estado as despesas de Marisa Letícia em cabeleireiro, cirurgião plástico e manicure. A cultura da soberania, desde o governo Getúlio Vargas, põe sob sigilo e alheia ao povo tudo que se o povo soubesse derrubaria o governo. Aliás, assim se fazia na Rússia de Stálin e na Cuba de Fidel.

Temos que dar crédito de confiança ao PGR Aras – ainda que esta lhe falte na corporação, para cuja chefia foi escolhido fora da tradicional lista tríplice. O vídeo pode expor a loucura do presidente e a conivência cúmplice e irresponsável de seus ministros, supostamente sãos. E estimular o Paraguai a violar nossa soberania e invadir o Brasil para tirar a forra da derrota na guerra contra a tríplice aliança (Brasil, Argentina e Uruguai).

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Bolsonaro, escute: não há frases como ‘quem manda aqui sou eu’ na democracia

A gangue do presidente é boçal como um churrasco de varanda

O momento é de vigília. Bolsonaro quer incendiar o país com sua delinquência. Seus seguidores gozam do “privilégio” de fazer manifestações indiferentes à epidemia. Aproveitam-se do medo das pessoas pra falarem sozinhos. Há um ethos de milícia no ar. A gangue do Bolsonaro é boçal como um churrasco de varanda.

Se as Forças Armadas caíssem na tentação de apoiar o golpismo bolsonarista, embarcariam num dos seus priores momentos da história. Não teriam nem a desculpa da Guerra Fria dos anos 1960. Seria pura e simplesmente se transformar numa gangue de farda, como o Exército da Venezuela, que junto com Chávez e Maduro, transformaram a Venezuela num pária geopolítico, matando a esmo sua população.

Ao longo dos últimos anos, as Forças Armadas (que incluem Exército, Aeronáutica e Marinha) conseguiram um respeitável reconhecimento por parte da população, afastando-se do horror da ditadura.

Já a gangue de ethos miliciano dos Bolsonaros é candidata à lata de lixo da história. Traço dessa gangue é achar que governo (eleito) e Estado são a mesma coisa. E, no seu ethos de churrasco de varanda, Bolsonaro entende que ambos são dele.

Bolsonaro quer se passar por militar, mas não é. Sua participação no Exército foi medíocre e curta em comparação a sua vida no centrão. ​

Bolsonaro é uma criatura do pântano, o centrão no período da Revolução Francesa, local onde crescem serpentes venenosas.

Para a excelente formação dos generais brasileiros fica claro que a única coisa a fazer agora é apoiar as instituições da democracia e dizer um grande “não” a Bolsonaro e sua gangue, mostrando a esses ignorantes que na democracia não existe frases como “quem manda aqui sou eu”.

Não, o senhor não manda em nada aqui, senhor Bolsonaro. Quem manda são as instituições.

É bom explicar a esse equivocado e seus seguidores ignorantes que a democracia é um regime institucional cujo primeiro objetivo de todos é controlar o poder pelo próprio poder.

Esses ignorantes que portam a camisa da seleção brasileira para agredir a imprensa são a vergonha do país.

Enquanto esses idiotas berram frases a favor da ditadura, nós nos afogamos na pandemia.

Esses ignorantes não entendem patavina do que é que seja uma democracia.

Aliás, acho que o Ministério Público deveria processar a administração Bolsonaro e sua gangue por genocídio em massa de brasileiros. Seria de bom tom. Todo e qualquer esforço institucional para barrar essa nova gangue será bem-vindo.

Aqui vai um apelo às Forças Armadas: vocês estão tendo um momento histórico para mostrar que merecem a confiança depositada em vocês pela imensa maioria de gente decente que carrega o Brasil nas costas. Não deixem a delinquência falar mais alto. Apoiem o STF em suas decisões, o Legislativo em sua função, que assim como o STF, deve servir de contrapeso aos abusos do Executivo.

Um dos traços de profunda ignorância política é achar que alguém seja perfeito na representação do bem comum ou que alguma instituição seja plena em sua função.

Bolsonaro e seus idiotas se oferecem como salvadores da pátria. Ninguém ou nenhuma instituição merece confiança absoluta, por isso elas limitam umas as outras. Os idiotas da política não sabem disso.

Sob o olhar da filósofa Hannah Arendt (1906-1975), assistimos em cada fala de Bolsonaro e seus asseclas, à agonia da vida do espírito (a vida da inteligência, grosso modo) e ao risco da instalação de uma nova banalidade do mal: a banalidade do mal é a estupidez, a inapetência ao pensamento, a recusa de um entendimento da realidade, na sua complexidade e precariedade, e a empatia para com esta.

E como diria Lionel Trilling (1905-1975), crítico literário, nunca foi tão importante a obrigação de ser inteligente. Que a inteligência seja um antídoto à estupidez reinante. Que esmaguemos essa estupidez elevando o nível do debate.

A virtude política máxima agora é a vigília. A atenção diante do risco. Não vivemos um momento geopolítico dado a ditaduras, como na Guerra Fria, mas nem por isso podemos descartar o risco do oportunismo mau caráter dessa gangue.

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Bolsonaro perde bonde do corona

Confesso que não fiquei tão perplexo com a ida de Bolsonaro ao STF levando um grupo de empresários. Acredito que, tanto quanto eu, ele não esperava nenhuma solução para o problema que levantava: a volta às atividades econômicas.

O objetivo de Bolsonaro era mostrar que estava trabalhando pela economia. Para isso, levou uma equipe de TV e transmitiu o encontro ao vivo, para surpresa do próprio STF. Um golpe de propaganda, nada mais. Interessante como Bolsonaro consegue perder os bondes nessa luta contra o coronavírus.

Perdeu o primeiro, quando se isolou, negando a importância da pandemia, criticando o trabalho de governadores e prefeitos. Uma nova oportunidade de liderança e alinhamento se abriria para ele, no processo de volta às atividades. Compete ao presidente unir governadores e prefeitos em torno de um detalhado plano de retomada.

Dois dias antes de Bolsonaro ir ao Congresso, Angela Merkel reuniu as lideranças regionais para definir e modular um plano de volta.

Esses planos são complexos. Não adianta pedir ao Tofolli, porque ele não tem. Implicam a definição dos dados necessários, como número de casos, disponibilidade de hospitais, capacidade de testar.

Implicam também um redesenho das escolas, das fábricas, dos escritórios. Na Alemanha, técnicos foram às escolas para redefinir o espaço, inclusive determinar o novo lugar dos professores na sala.

Em alguns países, houve escalonamento de turmas escolares; em algumas regiões, normas para restaurantes ao ar livre.

Normas para o funcionamento de teatros e casas de espetáculo também estão sendo trabalhadas nos detalhes. Os intervalos, por exemplo, serão suprimidos para evitar aglomeração. O próprio futebol na Alemanha volta no dia 16, mas com portões fechados, sem plateia.

Bolsonaro até o momento apenas falou contra o isolamento. Foi incapaz de apresentar um plano, mesmo um pobre esboço, como Trump.

Essa pressa acaba se estendendo a outros setores. O governador de Brasília queria que a final do campeonato carioca fosse jogada no Estádio Mané Garrincha mesmo com um hospital de campanha instalado ali.

Não sei a que atribuir esta loucura. Nós temos uma singularidade cultural, que é a improvisação. É inegável que ela tem qualidades, no compositor que escreve seus versos num botequim, nos profissionais que driblam a falta de recursos para alcançar um certo resultado.

Na formulação de uma política nacional e solidária contra o coronavírus, é preciso liderança e capacidade de planejamento. Bolsonaro trabalha por espasmos, acorda pensando na briga nossa de cada dia, a quem vai combater e orientar sua galera a chamar de lixo.

O ministro da Saúde tem dito que o Brasil é um país diverso. Todos concordam. Mas é precisamente por ser diverso que necessita de um plano com modulações.

Basta olhar no mapa para ver quantas cidades brasileiras não tiveram casos de contaminação. Até elas precisam ser orientadas a rastrear com rigor caso apareça alguém contaminado por lá.

Na verdade, é um projeto que se enquadra nessa expressão muito usada de nova normalidade. Os Estados Unidos viveram algo parecido de longe com isso, depois do atentado de 11 de setembro.

As circunstâncias agora são diferentes. O redesenho da sociedade não se faz diante de inimigos humanos, mas ameaças biológicas que podem nos dizimar. A etapa final do planejamento seria concluída com a existência de uma vacina, acessível a toda a população.

Mas, no entanto, a existência de uma pandemia como essa abriu os olhos de muita gente para a possibilidade de outras. Algumas delas podem ser favorecidas pelo desmatamento.

Tive a oportunidade de sentir isso quando cobri a volta da febre amarela. Aparentemente, a destruição de algumas áreas de mata acabou expondo os trabalhadores agrícolas e algumas populações rurais.

Estamos trabalhando com algo muito sério para o futuro das crianças. Se não houver uma transformação cultural que nos faça pensar coletivamente e nos convença da necessidade de planos cientificamente adequados, vamos ser uma presa fácil.

Nos anos de política, lamentava que o Brasil era um país onde o principio de prevenção não pegou. Não esperava um governo que, além de imprevidente, desprezasse a ciência. Tudo do que o coronavírus gosta.

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Mural da História

13 de maio|2010

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Ova-se!

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Regina Bastos (com Betina Bruel na barriga), Beto Bruel e Manoel Carlos Karam, 1974. Foto do cartunista que vos digita

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O número e o algarismo

O DEPUTADO OSMAR TERRA, ex-ministro da Cidadania, essa redundância – os ministérios servem ao cidadão -, comenta o total provisório de vítimas do covid-19 com a falta de empatia dos bolso-adoradores: até agora são “só 10 mil mortos”. No que recebeu resposta de Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, a quem Terra pretendeu substituir: os mortos não são números, são seres humanos.

Como a anestesia campeia neste Brasil indiferente, cabe-nos apenas dizer que os dois desrespeitam Platão, o filósofo grego. O discípulo e divulgador de Sócrates ensinou que o número é a ideia abstrata, que se materializa no algarismo, a quantidade. Nessa sem-cerimônia da metafísica os dois acabaram por se confundir, número e algarismo a mesma coisa, sinônimos. Faz diferença? No Brasil, nenhuma.

Portanto, os dez mil mortos da pandemia são o número, a ideia abstrata de nossa esquecida humanidade. Os dez mil mortos da pandemia são o algarismo da desumanidade de nossos homens públicos – excetuado Mandetta. No íntimo, o ex-ministro da Saúde converge para o rigoroso platonismo. Platão, a propósito, foi quem introduziu a ideia do monoteísmo na filosofia, base da teologia católica.

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Ivo Rodrigues.  © Beto Bruel

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Ainda rumo à ilha deserta

Uma lista de discos de cantores e cantoras americanas da era clássica a levar para lá

Lembrei-me outro dia de quando os jornais perguntavam às pessoas que discos ou livros levariam para uma ilha deserta. Por que deserta, nunca entendi —a graça de um livro não está em discuti-lo depois de lê-lo? E o que é melhor do que ouvir um disco a dois? Claro, a ilha era um pretexto para que o sujeito escalasse seus favoritos em cada gênero. Só que, com a quarentena, cada um de nós está tendo realmente de construir sua ilha.

Daí, listei em coluna recente os discos de música brasileira que levaria para a hipotética ilha. Deixei claro que aquela era apenas a minha lista e instiguei o leitor a fazer a dele —que seria tão perfeita para ele quanto a minha para mim. Hoje, resolvi fazer outra, de cantores e cantoras americanos da era clássica, anos 40 e 50. E levando só um disco de cada um –nada de obras completas ou coletâneas. Aí vão.

Sinatra: “Songs for Swingin’ Lovers”. Louis Armstrong: “Satchmo Plays King Oliver”. Bing Crosby: “Bing with a Beat”. Fred Astaire: “The Astaire Story”. Mel Tormé: “Swings Shubert Alley”. Johnny Hartman: “The Voice That Is”. Nat King Cole: “Just One of Those Things”. Billy Eckstine: “Basie/Eckstine, Inc.”. Tony Bennett: “The Tony Bennett-Bill Evans Album”. Joe Mooney: “Lush Life”. Mark Murphy: “Rah!”. Matt Dennis: “Plays and Sings”. Bobby Short: “Songs by Bobby Short”. Etc.

Billie Holiday: “Lady in Satin”. Ella Fitzgerald: “30 by Ella”. Carmen McRae: “After Glow”. Doris Day: “Duet (w/ André Previn)”. Peggy Lee: “Dream Street”. Sarah Vaughan: “Vaughan & Violins”. Lee Wiley: “Night in Manhattan”. Anita O’Day: “Drummer Man”. Julie London: “Sophisticated Lady”. Dinah Shore: “Dinah Sings, Previn Plays”. Mabel Mercer: “Merely Marvelous”. Blossom Dearie: “Soubrette Sings Broadway”. Jeri Southern: “When Your Heart’s on Fire”. Judy Garland: “Alone”. Rosemary Clooney: “Blue Rose”. Etc. etc.

Lembre-se: esta é apenas a minha ilha. Mas você será bem-vindo a ela.

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Marina Solda, a Paleta da Vida

© Sandra Solda

”O que nunca morre é espaçotempo/Mas
pode chamá-lo de Mamãe/Quem nunca
abandona esta mulher/O Céu e a Terra
fecunda/Suave é o seu poder/Sempre
e sempre a nos amamentar/Desça – ela
estará lá/ Suba – ela tomará no colo.
(Lao Tsé, O Tao Feminino)

Marina Solda, natural de Itararé-SP, “Santa Itararé das Artes”, ela mesma uma grande artista, mãe de outros tantos grandes artistas; as tintas e tons e cores de sua paleta-vida “como palavras de sua alma rica”, sensível, enternurada, oriunda de descendentes de imigrantes, que foi morar em Curitiba e lá se tornou conhecida, amada, vencedora, personalidade cultural de destaque.

Marina da Conceição Nunes Vidal, filha da dona Alzira Nunes e do popular “Marinheiro”, irmã do boêmio Tio Jannys da Cantina do Tio de Itararé. Marina Solda, mais de 1000 (mil) telas já pintadas e algumas vendidas para o exterior, duas para a Itália. Exposições individuais:

Assembléia Legislativa do Paraná – Curitiba – Acrílico sobre tela de linho e óleo sobre tela de linho. Coletiva no Museu Alfredo Andersen. Coletiva na Galeria Andrade Lima e Escola de Arte. Cursos de desenho – desenho livre, desenho da figura humana, xilogravura, aquarela, cerâmica, escultura e pintura. Homenageada pela Câmara Municipal de Curitiba, importante cidade onde residiu por muitos anos, pelos trabalhos realizados nos mais diversos campos como Arte, Política (assessoria parlamentar qualificada), Educação e Jornalismo.

Artista plástica revisionista, Marina Solda evidencia em suas obras a ruptura com os conceitos tradicionais da arte, propondo uma nova linguagem artística, uma espécie de Revisionismo, posição ideológica preconizando a revisão de uma doutrina política dogmaticamente fixada.

A Artista Plástica Marina Solda expôs as telas “Arte Contemporânea Sem Fronteiras” no Espaço Cultural da Assembléia Legislativa do Paraná. Paulista de Itararé, onde é muito querida, morou na capital paranaense por mais há mais de 50 anos. Suas obras expressionistas são pintadas com tinta especial importada, e o diferencial dessas obras é que elas são expostas sem molduras, possibilitando ao comprador emoldurar a tela ao seu estilo. A exposição que fez em Curitiba foi parte das homenagens ao Dia Internacional da Mulher, ocorrendo a convite da deputada Cida Borghetti (PP).

A artista Marina Solda foi noticia no “Journal of the Senate” em janeiro de 2001, para orgulho do Clã dos Fanáticos de Itararé que têm na como a mais importante personalidade feminina de destaque, valorada na arte da histórica cidade da batalha que não houve, mas de uma batalha que ainda há para cultuar seus artistas como o mote “Sempre Haverá Itararé” por intermédio deles, entre os quais se destacam nomes como Maestro Gaya (itarareense que é nome de rua em Curitiba), Armando Merege, Rogéria Holtz, Jorge Chuéri e o próprio Luiz Antonio Solda, filho ilustre da Marina e o mais importante e premiado cartunista brasileiro. Como diz Fábio Luciano no site www.itarare.com.br:

“Marina Solda Itararé nasceu em 18 de junho de 1935 em Itararé, e faleceu em /Curitiba, dia 20 de fevereiro, 2009. “Artista de Itararé, Dona Marina, não nos deixa a sós, deixa na veia artista um belo traço de Itararé para o mundo(…) Luiz Solda cartunista e blogueiro de teclado e mouse cheio.”

Agora que a Pintora Marina Solda é uma estrela de Itararé no céu da saudade, seu nome ficará marcado pela paleta da vida que ela rebrilhou com suas tintas de presença marcante, matriarca de um clã forte e de nomes ilustres, pessoas inteligentes, criativas, porque, afinal todos os descendentes da Martina têm a quem puxar, por assim dizer; dela e do próprio patriarca da Marina, o popular Marinheiro que desenhou as matemáticas ruas de cacau quebrado de Itararé, a grande beleza urbana da Cidade Poema de Itararé.

Itararé costuma dar valor para os que a promovem em verso e prosa, artes e reinações de qualidade humanitária e ética, embora a melhor saída para os artistas de Itararé seja a Estação Rodoviária da cidade, capital artístico-cultural do sudoeste paulista, metade do caminho entre Curitiba e Sampa. Marina Solda foi o maior nome de Itararé nesse sentido. Que Itararé lhe reconheça o mérito, e lhe dê o nome de uma rua ou mesmo de uma Escola de Artes, porque Curitiba, que sempre abrigou muito bem os “andorinhas sem breque de Itararé (quem nasce em Itararé é “Andorinha”), certamente saberá testemunhar oficialmente a importância de Marina Solda, para lhe dar um nome de Rua. Já pensou, Rua Artista Marina Solda?. Afinal, quem é bom já nasce luz, e, tirando de letra, Marina Solda literalmente pintou e bordou. Essa foi a sua marca, a sua lavra, a sua passagem brilhante por este Planeta Vida.

Silas Correa Leite

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Millôr

Ricardo Moraes – Folha Press

Quero apenas repetir que minha relação com a arte é diferente. Pra mim, artista tem que sofrer. Ser anão, como Lautrec, cortar orelha como Van Gogh, contrabandear armas como Rimbaud, morrer na miséria como Grosz. Cara que, como eu, ganha dinheiro com o que faz pode ser, e é, chamado de tudo, menos de artista. Millôr Fernandes 

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Vai lá!

Aqui!

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Escárnio

Comportamento que demonstra desdém por algo ou alguém.

Definição de escárnio no dicionário da internet. No futuro será acrescentado o exemplo: presidente Jair Bolsonaro dizendo que no dia em que o Brasil atingirá a cifra de 10 mil mortos pelo coronavírus – e no dia seguinte àquele em que morreram 741 brasileiros na pandemia – dará churrasco, com pelada de futebol, na residência oficial do Alvorada. (Quando perguntado sobre o isolamento social – que ele não respeita -, o presidente completa, com desdém, que a cifra de convidados pode chegar aos 3 mil.)

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