Um pouco mais de ‘Última Hora’

Outro dia, falei-lhes de ‘Última Hora’, jornal impresso que fez sucesso nos anos 50/60, modernizou a imprensa brasileira e foi uma das grandes escolas de jornalismo no Brasil. Fiz parte da Edição Paraná e tenho orgulho disso. Hoje, para suavizar um pouco as atuais desgraças nacionais (Bolsonaro, Weintraub e coronavírus), volto ao tema.

‘UH’ era um jornal interessante, que ganha destaque sobretudo nessa época em que a imprensa escrita está sendo substituída pelas versões on-line e pelos sites e blogs de notícias e de opinião. E que as empresas jornalísticas pouco respeito e consideração têm pelos profissionais que as mantêm vivas. Dizem que o sucesso de ‘UH’ se deveu ao apoio dos governos Getúlio, JK e Jango. Bobagem. Houve apoio sim, mas o sucesso se deveu à qualidade do jornal, da direção que o conduzia, do pessoal que o fazia e da aceitação popular.

E isso tudo porque ‘Última Hora’ era um jornal de jornalista. Samuel Wainer, que era o diretor e dono do veículo, era jornalista – um dos melhores da sua geração. Eis o segredo do negócio. Ele sabia escrever e escrevia bem. Sabia também como tocar uma publicação da dimensão de ‘ÚH’, como escolher a equipe e como traçar o percurso. Fez de ‘Última Hora’ o primeiro jornal de dimensões nacionais, sediado do Rio e em São Paulo, mas com edições diárias de Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Niterói, Campinas, Bauru, Santos e ABC paulista. Samuel queria um jornal popular, mas moderno e dinâmico, um jornal da cidadania. Ele nascera voltado para a política, mas avançou em todos os setores, do social ao cultural, do artístico ao esportivo e policial. E conquistou o público com um projeto editorial e uma diagramação diferenciados. Além disso, tinha colunistas de prestígio nacional, como Stanislaw Ponte Preta, Antônio Maria, Adalgiza Nery, Vinícius de Moraes, Nelson Rodrigues, Paulo Francis, João Saldanha, Jô Soares, Ricardo Amaral e Arapuã.

Wainer sabia, sobretudo, valorizar os seus comandados. Conhecia as redações e sabia das dificuldades dos jornalistas no desempenho de suas atividades. Pagava bem, muito mais do que os demais veículos do gênero. E era capaz de atitudes no mínimo surpreendentes. No final do ano de 1963, na época do reajuste salarial, concedeu, sem discussão, aumento a seus funcionários. Em Curitiba, no entanto, os demais jornais não concordaram com o pleito da classe. O pessoal entrou em greve. A equipe de ‘Última Hora’, que não tinha mais o que reivindicar, entrou também. Em solidariedade aos colegas. Por ordem da direção. Isso nunca acontecera e jamais acontecerá.

Samuel não era contra as faculdades de jornalismo. Mas nunca deu importância a elas. Era do tempo em que elas não existiam. Certa feita, recebeu em sua sala um candidato a emprego. Trazia um diploma na mão. Wainer encarou o jovem e fez-lhe apenas uma pergunta: “Você quer mesmo ser jornalista?”. E, ante a resposta afirmativa, disse-lhe Samuel: “Então, vá para casa, guarde esse diploma numa gaveta, e volte aqui dentro de 30 dias, sem o diploma”.

A sucursal de Curitiba também teve as suas histórias. Uma delas envolveu o decano Luiz Geraldo Mazza. Depois que deixou o ‘Diário do Paraná’, que ajudara a fundar, foi ser secretário de ‘UH’, edição paranaense. Tinha todos os requisitos necessários a um secretário de redação de então: mau-humor, dor no fígado, hemorroidas, calo e unha encravada. Miguel Salomão, que mais tarde viria a ser secretário do Planejamento de Jaime Lerner no governo do Estado, era correspondente do jornal no litoral. Um dia, veio a Curitiba e trouxe um texto escrito, mas teve receio de entregá-lo pessoalmente ao Mazza. Como o secretário estava ausente no momento, aproveitou para deixar as laudas sobre a mesa dele e desceu do mezanino-redação e ficou batendo papo com o pessoal da expedição, no térreo. Mazza chegou, subiu e assumiu a sua mesa. Lá embaixo, Miguel Salomão prendeu a respiração. No exato momento, ecoou o brado de Luiz Geraldo: “Quem foi que escreveu esta merda?!” Salomão saiu de fino e embarcou no primeiro trem para Paranaguá.

P.S. – Eu sabia que iria esquecer nomes na relação de pessoal de ‘UH’ Paraná que publiquei semanas atrás. Pois esqueci. E gente que não poderia ter sido esquecida, como Ronald Osti Pereira, Nelson Faria, Rafael Munhoz da Rocha e José Augusto Ribeiro. As minhas desculpas aos que ainda estão entre nós. Aos que já se foram, a minha saudade.

Publicado em Célio Heitor Guimarães - Blog do Zé Beto | Deixar um comentário
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Nazismo para idiotas

O PRESIDENTE enche-se de direitos e furores quando o STF chega perto do gabinete do ódio, criado pelo filho 02, instalado no Planalto e financiado por nossos impostos. Abraham Weintraub, ministro da Educação, compara a ação do STF contras o gabinete do ódio a uma suposta perseguição a seus avós, judeus alemães, noite dos cristais, quando o nazismo fechou lojas de comerciantes judeus na Alemanha.

A falta de imaginação da armada bolsoignara é tocante. Mas é eficiente, pois funciona junto aos convertidos, e o presidente governa para os convertidos. Ele não é um missionário em busca de conversões; é um cruzado que vem para dizimar os infiéis, um fundamentalista islâmico que decepa cabeças de xiitas. O bolsonarismo opera no princípio de que sua intolerância exige tolerância e aceitação passiva.

Se o STF funciona como uma Gestapo contra o gabinete do ódio, a que se compara o gabinete do ódio?  Compara-se ao lado ideológico do nazismo, aquele liderado por Joseph Goebbels na propaganda e pelo doutor Alfred Rosenberg, na educação. Rosenberg, apesar do nome judeu, foi o comissário para a educação e a ideologia do partido nazista – o equivalente a Abraham Weintraub, nosso ministro da educação.

Analisar bolsonaros, bolsoignaros e bolsonazis é gasto inútil de fosfato. São primários, perigosos e devem ser contidos. Se possível, com o rigor que a democracia exige, devidamente extirpados, antes que extirpem a democracia, como desejam. O bolsonarismo é a versão  daqueles manuais americanos que explicam o difícil para os simples: Nazism for dummies. Nazismo para idiotas.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Deixar um comentário
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Fake news: o inquérito do STF pode chegar até a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro

Complicações muito sérias podem às vezes surgir de modo inesperado. Os bolsonaristas aprontaram bastante durante a campanha eleitoral, com mentiras e ataques desonestos aos adversários, abusando do uso de notícias falsas e manipulações absolutamente imorais e até criminosas, tomando gosto depois pela coisa.

Tanto é que após a eleição de Jair Bolsonaro não conseguiram parar com o emporcalhamento das redes sociais e o uso da comunicação como meio de pressão contra quem não atendesse aos interesses do bolsonarismo. Foi neste embalo que chegaram aos ataques contra ministros do STF.

Pois este exagerado método de tentar obter tudo por meio de pressão teve um efeito reverso, levando a um inquérito que pode mergulhar na movimentação da onda que levou Bolsonaro ao poder, um impulso que sabe-se que exigiu águas muito sujas, mas que até agora não era possível investigar.

Pois no inquérito do STF que investiga as fake news, o ministro Alexandre de Moraes determinou a quebra de sigilos bancário e fiscal de Luciano Hang, o empresário bolsonarista dono das Lojas Havan.

A mesma medida será aplicada a Edgard Corona, dono da maior rede de academias de ginástica da América do Sul, a Smart Fit, além de Reynaldo Bianchi Junior e Winston Rodrigues Lima.

A quebra de sigilos bancário e fiscal vale para o período de julho de 2018 a abril deste ano, que acaba pegando parte fundamental da campanha eleitoral de Jair Bolsonaro à Presidência. É provável que a investigação avance por onde não se esperava, alcançando resultados muito além do objetivo do inquérito.

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Cobaias bozonázicas

EUFÓRICO, Jair Bolsonaro anuncia que os EUA irão doar 2 milhões de comprimidos de cloroquina ao Brasil. A Organização Mundial da Saúde desaprova o tratamento com o remédio. Os países europeus também. No mundo, digamos, civilizado, só os presidentes dos EUA e do Brasil palpitam com insistência no uso da cloroquina. Mero achismo, pois nenhum dos dois é conhecido pelo equilíbrio e pela serenidade nas decisões.

 Os grandes laboratórios dos EUA adotam há décadas a prática de utilizar populações do terceiro mundo para testar medicamentos antes de ofertá-los ao público norte-americano, que é protegido por leis e controles de qualidade. Portanto, Trump faz o mesmo de sempre. E os brasileiros, agora com Bolsonaro, serão ainda mais os mesmos de sempre. Bolsonaro, sempre abjeto na sujeição aos EUA, nos promove a cobaias.

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Moraes autoriza acesso da PF a mensagens de alvos do inquérito contra fake news

Nos mandados expedidos hoje no inquérito sigiloso, Alexandre de Moraes autorizou a apreensão de computadores, tablets, celulares e outros equipamentos eletrônicos eventualmente usados para compartilhar ataques aos ministros do STF.

O ministro autorizou que a Polícia Federal acesse as arquivos contidos nos aparelhos, como conversas e mensagens trocadas por WhatsApp.

“Fica autorizado, desde logo, à autoridade policial o acesso aos documentos e dados armazenados em arquivos eletrônicos apreendidos no local de busca, contidos em quaisquer dispositivos”, diz o despacho do ministro. Moraes também citou artigo do Código de Processo Penal que permite a coleta de “qualquer elemento de convicção” na busca e apreensão.

Os alvos também deverão prestar depoimento à Polícia Federal em até 10 dias.

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Ligações indesejáveis

Desde janeiro de 2020 está valendo o “não me perturbe” das ofertas ao consumidor feitas pelas instituições financeiras sobre créditos consignados.

Este sistema impede o assédio comercial por meio do site “naomeperturbe.com.br”. Basta você cadastrar os números dos seus telefones fixos e móveis.

Você pode escolher se quer bloquear apenas instituições financeiras ou todo o setor bancário ou ainda bloquear as teles e qualquer outra empresa de telemarketing de uma só vez.

O bloqueio valerá por um ano, depois tem que ser renovado.

Acontece que o telemarketing continua a todo vapor, mesmo depois de você se cadastrar para impedir o incômodo.

Caso ocorra a infração por parte de algum correspondente de instituições financeiras, os bancos serão obrigados a aplicar sanções. Se não o fizerem, ficam sujeitos a multas que variam de R$ 45 mil a R$ 1 milhão. Neste caso a reclamação pode ser feita no site da Febraban: “portal.febraban.org.br”.

No Paraná há também o bloqueio pelo site do Procon: www.bloqueio.procon.pr.gov.br

Este vale para todo e qualquer tipo de assédio de empresas ou teles por tempo ilimitado. O tempo estimado para fazer o cadastro é de apenas 2 minutos.

Para reclamar do assédio das teles, que vem ocorrendo neste período de pandemia, mesmo depois de se cadastrar no site naomeperturbe, você pode reclamar no site da Anatel: “anatel.gov.br/consumidor/reclamacao”.

Se a insistência for de instituições financeiras, você faz a reclamação no site do Banco Central: bcb.gov.br/acessoinformacao/registrar_reclamacao.

Outra opção é no site “reclameaqui.com.br”, no site do Procon do seu estado e no site nacional: “consumidor.org.br.”

A “teoria do desvio produtivo” protege o consumidor pelo fato de você desperdiçar seu valioso tempo de lazer ou hora de trabalho. As empresas de telemarketing podem responder pela sua perda indevida de tempo. Se você provar que bloqueou as ligações e que sofreu a insistência do assédio comercial, poderá pedir na Justiça a indenização por dano moral.

Serviço: Para bloquear:
naomeperturbe.com.br
www.bloqueio.procon.pr.gov.br
Caso não funcione o bloqueio:
consumidor.org.br
reclameaqui.com.br
portal.febraban.org.br
anatel.gov.br/consumidor/reclamação
bcb.gov.br/acessoinformacao/registrar_reclamacao
www.procon.pr.gov.br

Publicado em Claudio Henrique de Castro | Deixar um comentário
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Globo repudia campanha de intimidação a William Bonner

A Globo divulgou nesta terça-feira (26) uma nota de repúdio a uma campanha de intimidação ao jornalista William Bonner, registrada nos últimos dias.

A nota cita o uso indevido do CPF do filho do jornalista por um fraudador que inscreveu o jovem no programa de auxílio emergencial do governo a pessoas vulneráveis que perderam renda na pandemia. O próprio Bonner denunciou o fato publicamente na semana passada, em sua conta no Twitter, e seus advogados alertaram a Caixa para a fraude e apresentaram notícia crime ao Ministério Público Federal.

Falhas no sistema de checagem do benefício tornam possível a ação de estelionatários. No caso do filho de Bonner, sua renda familiar nem permitiria a concessão do benefício. Mas o site da Dataprev informava que o pedido fraudulento havia sido aprovado. Alertada pelos advogados de Bonner, a Caixa suspendeu o processo de pagamento, que se daria numa conta virtual criada para o estelionatário.

A nota divulgada hoje pela Globo informa que o jornalista e uma de suas filhas também receberam mensagens de WhatsApp, originadas de número telefônico com o prefixo 61, de Brasília, com dados fiscais sigilosos dele e da família. E declara apoio da empresa ao jornalista na busca e na punição dos responsáveis pelo desrespeito ao sigilo previsto na Constituição.

Leia a íntegra da nota da Globo:

A Globo repudia a campanha de intimidação que vem sofrendo o jornalista William Bonner e se solidariza com ele de forma irrestrita. Há dias, um fraudador usou de forma indevida o CPF do filho do jornalista para inscrever o jovem no programa de ajuda emergencial do governo para os mais vulneráveis da pandemia, para isso se aproveitando de falhas no sistema, que não checa na Receita Federal se pessoas sem renda são dependentes de alguém com renda, fato denunciado publicamente pelo próprio jornalista que apresentou notícia crime junto ao Ministério Público Federal no Rio de Janeiro.

Agora, tanto o jornalista quando a sua filha receberam por WhatsApp em seus telefones pessoais mensagem vinda de um número de Brasília com uma lista de endereços relacionados a ele e os números de CPFs dele, de sua mulher, seus filhos, pai, mãe e irmãos, o que abre a porta para toda sorte de fraudes.

A Globo o apoiará para que os autores dessa divulgação de seus dados fiscais, protegidos pela Constituição, sejam encontrados e punidos. William Bonner é um dos mais respeitados jornalistas brasileiros e nenhuma campanha de intimidação o impedirá de continuar a fazer o seu trabalho correto e isento. Ele conta com o apoio integral da Globo e de seus colegas e está amparado pela Constituição e leis desse país.

Publicado em Fábio Campana - Política|cultura e o poder por trás dos panos | Deixar um comentário
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População pede que Zambelli diga os números da Mega Sena

A deputada bolsonarista Carla Zambelli, ex-Femen, disse ontem numa entrevista a uma rádio que a Polícia Federal começaria a fazer operações contra governadores e prefeitos. Numa coincidência de matar astrólogo do coração, a PF amanheceu hoje na casa do governador Wilson Witzel, que se tornou desafeto de Bolsonaro.

Os poderes de vidente de Carla impressionaram a população. Ela tem o mesmo poder de premonição que seu padrinho de casamento Sérgio Moro, que não apenas sabia como escolhia os dias para as operações da Polícia Federal que deveriam ser secretas. Agora, a população quer que Carla, a vidente, diga os números da próxima Mega Sena. Ou pelo menos o dia em que esse circo infernal de palhaços psicóticos chegará ao final.

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10 Bugigangas de quarentena

1.
Lado bom da quarentena: ao cuidarem da própria vida, a vida alheia sossega um pouco.
2.
Quarentena: esse teste-drive doméstico da Eternidade.
3.
Ao se aproximarem, Bozonaro e o Centrão enfraquecem a quarentena e a ética: eles são contra o distanciamento da propina.
4.
Esqueçam as hipotéticas ilhas. A coisa é aqui e agora: que livros e filmes levar para uma quarentena deserta.
5.

A quarentena é passageira, mas não no transporte coletivo.
6.
Na quarentena, acho que vai faltar preguiça. Muita demanda para um corpo só.
7.
Pela exaustão com seus enfant terribles durante a quarentena, há mães que já anseiam por um novo tipo de licença-maternidade: seis meses sem filhos.
8.
Fazer aniversário em quarentena é uma festa para a qual o coronavírus não foi convidado.
9.
Noé passou 40 dias numa arca. Jesus passou 40 dias no deserto. Quarentena em casa eles tirariam de letra.
10.
Na quarentena, domingo virou o dia de descansar de tanto descanso.

3 ANAGRAMAS EM QUARENTENA

#1
Saque fim. Eca!
#FiqueEmCasa

#2
Cronos viu ar:
#Coronavírus

#3
Só local? Nem sai, tio!
#IsolamentoSocial

Publicado em fraga | Com a tag , , | Comentários desativados em 10 Bugigangas de quarentena
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Witzel: “A interferência anunciada pelo presidente está oficializada”

A assessoria de Wilson Witzel enviou a O Antagonista a seguinte nota, na qual o governador do Rio de Janeiro comenta a Operação Placebo, que realizou busca e apreensão em doze endereços, incluindo sua residência oficial, a casa onde morava antes de ser eleito e o escritório em que atua sua esposa:

“Não há absolutamente nenhuma participação ou autoria minha em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal. Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará. A interferência anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada. Estou à disposição da Justiça, meus sigilos abertos e estou tranquilo sobre o desdobramento dos fatos. Sigo em alinhamento com a Justiça para que se apure rapidamente os fatos. Não abandonarei meus princípios e muito menos o Estado do Rio de Janeiro”.

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No creo en brujas, pero…

O FÜHRER constroi sua Gestapo. Jair Bolsonaro encheu-se de postura de estadista ao anunciar ontem, com serenidade e surpresa, que soube da investigação da Polícia Federal do suposto envolvimento do governador do Rio, Wilson Witzel, em fraudes no sistema de saúde estadual. O presidente diz que foi informado pela imprensa. Mentira descarada. Por quê? Porque em circunstâncias normais – um governo FHC, Temer, Dilma, Lula – o presidente seria informado por alto; se o fosse pela imprensa não haveria comoção.

Jair Bolsonaro expeliu o ministro Sérgio Moro porque este não o informava nem permitia que fosse informado das investigações da PF no Rio de Janeiro – onde, não por acaso e por causa disso, seu filho senador e assessores-parceiros eram investigados. Com Bolsonaro e o GSI por trás, a PF do Rio pode virar polícia política. O presidente passou por cima do próprio ministro da Segurança, competente para a supervisão institucional do órgão. Logo será a de São Paulo. Primeiro Witzel, depois João Dória, arquinimigos de Bolsonaro.

O presidente soube antes e foi informado antes. Os indícios estão claros. Primeiro, na serenidade, que o presidente não atinge nem sob anestesia geral. Segundo, porque o fato foi comemorado e anunciado um dia antes pela deputada Carla Zambelli, a Gleisi Hoffmann de Jair Bolsonaro. O fato de um governador do Rio ser investigado por fraude não é motivo de surpresa. Inocente ou culpado, qualquer governador do Rio sujeita-se a presunção de culpa, que só pode ser apagada por robusta prova em contrário. O passado revela que governador do Rio é bandido por natureza.

A investigação de Wilson Witzel não é abusiva, pois foi requerida pelo ministério público e autorizada pela justiça. Embora tenha intimidade perigosa com o procurador-geral da República, Jair Bolsonaro ainda não decide sobre a independência funcional dos procuradores. No modo como Jair Bolsonaro subverte a ação política e conduz o Brasil ao risco da ditadura e da guerra civil, investigar um governador não assusta. Assusta, sim, o presidente vender sua imagem de santidade e desinteresse. Ele ainda não tem sua Gestapo. Mas já seleciona os agentes.

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Bolsonaro, o presidente negacionista que afundou o país

O Brasil caminha a passos largos para tornar-se um país isolado internacionalmente, em um mundo que exige condução totalmente diferente do que se fez até a explosão internacional da crise do coronavírus. Até agora Jair Bolsonaro e sua equipe de alucinados não entenderam como tudo mudou depois do Covid-19. A capacidade de lidar com o combate ao coronavírus pesa na integridade física de cada nação e também influirá e muito no futuro de seu povo. Somos observados com rigor, do mesmo modo que aqui, do Brasil, olhamos para os outros países tendo como foco obrigatório esta crise sanitária.

O governo Bolsonaro já perdeu o respeito internacional a partir da estúpida desumanidade do presidente, mas sua credibilidade também desce até a sarjeta quando se observa suas ações práticas. Na reunião de 22 de abril a crise do coronavírus não esteve na pauta de discussão, a não ser na sugestão do uso da mortandade para fazer “passar a boiada”, conforme o espantoso senso de oportunidade do ministro Ricardo Salles, dizendo que o governo tira proveito do desespero causado pelo Covid-19 para eliminar leis e regulamentos de proteção ao meio ambiente, aproveitando que os brasileiros estão concentrados na enorme quantidade de contaminados e mortos.

Já o chamado Posto Ipiranga de Bolsonaro, o inacreditável ministro Paulo Guedes, que levou quase duas semanas para ser convencido por membros de sua equipe, ainda em março, que a proliferação do vírus pelo mundo e sua chegada ao Brasil exigiam uma política econômica diferente do mero enxugamento de gastos. Na espantosa reunião em que Bolsonaro lançou raivosamente perdigotos em todos o colegas de governo, Guedes apareceu com a proposta da liberação de cassinos, como sendo um grande impulso para a economia.

Bem, a forma de trabalho que se viu nesta reunião nem dando seus resultados, como o fechamento dos Estados Unidos ao Brasil, anunciado ontem pelo governo americano. Vários outros sinais do descrédito desse governo adoidado de Bolsonaro podem ser observados, além de que é provável que outros países também fechem as portas, depois de Donald Trump ter apontado várias vezes o Brasil como um risco sanitário e finalmente decretando o país como um lugar infectado.

São vários os sinais de sérias complicações internacionais para o Brasil. Nesta segunda-feira o tradicional jornal britânico The Telegraph publicou uma matéria sobre Jair Bolsonaro e seu governo, com o título “O homem que quebrou o Brasil”. No centro da classificação de Bolsonaro pelo jornal britânico está o monstruoso perfil pessoal e político do nosso negacionista. O relato do jornal é trágico, de um governo em implosão política e um país com um vírus fora de controle. Segundo o The Telegraph, o Brasil é hoje considerado “o novo epicentro da pandemia, registrando médias mais altas do que em qualquer outro lugar do mundo”.

É enorme o impacto negativo de reportagens como estas para o governo Bolsonaro. E esta tem sido a tônica do tratamento que a imprensa internacional vem dando à situação atual do Brasil, principalmente depois das atitudes lamentáveis do presidente em meio à dramática crise do coronavírus e os sérios problemas políticos que já fazem parte do cotidiano e que envolvem toda sua família, com suspeitas inclusive de ligação com milícias paramilitares.  O jornal americano The Washington Post já chegou a chamar Bolsonaro de “pior presidente do mundo”, por causa da sua posição quanto ao Covid-19.

Outros jornais importantes também fizeram críticas a este comportamento condenável. Em editorial publicado no final do mês passado, o jornal Financial Times, também da Inglaterra, reconhecido como uma das publicações econômicas mais influentes no mundo, relacionava Bolsonaro ao que seus antecessores fizeram de ruim, classificando o atual presidente como parte de um “circo de horrores”. Para o diário britânico, o Brasil vive uma crise tripla, na saúde, na economia e na política. O jornal também usou a imagem do médico e o monstro, ressaltando que com a crise do Covid-19, a faceta de monstro tomou a gestão Bolsonaro.

O editorial trazia o título “A autodestruição do Trump tropical”, falando inclusive da demissão de Luiz Henrique Mandetta e Sergio Moro, dois ministros importantes que saiam em momentos delicados. Até então, segundo o jornal, havia uma tolerância de elites econômicas em relação ao governo brasileiro, sustentadas na confiança em Paulo Guedes, ainda conforme o Financial Times, considerado um “adulto na sala”. Bem, como o mundo viu no vídeo liberado pelo STF, o ministro da Economia revelou-se como um dos piores da turma da balbúrdia no fundo da sala.

Ainda mais grave para o governo Bolsonaro é que essas publicações são de veículos que, como se diz, estão todos os dias na mesa de dirigentes importantes do mundo todo, tanto os poderosos da política quanto os da iniciativa privada. E qualificá-los como “esquerdistas” servirá apenas para fake news muito bobocas, compartilhados por idiotas manipulados. A maioria é conservadora, sendo uns poucos de posição liberal, claro que não de um liberalismo como o de Paulo Guedes e tipos parecidos, “liberais” que mesmo hoje, em pleno século 21, ainda estão em busca de um Pinochet para chamar de seu.

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Vertiras & Mendades

JAIR BOLSONARO saiu ontem em passeata, ministro Augusto Heleno, do GSI, a tiracolo. O mote era a acusação de abuso de autoridade pelo ministro Celso Mello, no divulgar o vídeo reunião do ministério denunciada pelo ex-ministro Sérgio Moro. Uma nota brandia o teor da lei de abuso da autoridade sobre o crime de revelar fatos sob sigilo de Estado, como a reunião do ministério. Portanto, o ministro Celso Mello teria cometido crime.

Quem não tem QI de bolsoignaro e alguma memória se pergunta: não foi isso exatamente que fez o então juiz Sérgio Moro com peça de autos sobre a Lava Jato? Lembram? Aquela que foi divulgada entre o primeiro e o segundo turnos das eleições; aquela que ajudou a eleger Jair Bolsonaro; aquela que levou Sérgio Moro ao ministério da Justiça – do qual saiu, diz ele agora, por não impedir investigação policial de verdades incômodas a Jair Bolsonaro, filhos e amigos.

Nesta hora o blogueiro puxa um George Orwell, no 1984, sobre as variantes do mesmo fato, que se transformam em verdades específicas conforme o interessado; aquilo que é verdade para um é mentira para seu inimigo, e vice versa. E o senador dos EUA (Hiram Johnson, sempre ignorado), na sua clássica afirmação de que na guerra a primeira vítima é sempre a verdade. Estamos em guerra e a mentira campeia. Só não vêm os que preferem a cegueira. E a guerra.

Se o ministro Mello cometeu crime, Moro também o fez. Se Mello prejudica Bolsonaro, Moro beneficiou Bolsonaro. Na campanha, Bolsonaro extraiu as verdades que o elegeram; no governo chama de mentiras as verdades que o prejudicam. Portanto, a manipulação da verdade está a serviço da guerra e do estado autoritário. FHC declarou ontem que os militares voltaram ao poder e estão gostando dele. No momento são os generais. Logo chegam o cabo e o soldado.

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Donaldo Trump fecha os Estados Unidos ao Brasil

Os Estados Unidos vão fechar as portas para o Brasil. O governo americano anunciou neste domingo que a partir do próximo dia 29 irão barrar a entrada de pessoas vindas do Brasil por causa da pandemia do novo coronavírus. O decreto de Trump impede a entrada de estrangeiros que tenham passado 14 dias no Brasil.

Já faz algum tempo que Trump vem falando da situação do Brasil frente ao coronavírus, apontando erros na condução do enfrentamento do problema. No final do mês passado, ele afirmava estar preocupado com o crescimento da contaminação em nosso país. “No Brasil, o número de casos é muito, muito alto”, ele disse em uma entrevista. “Se você olhar os gráficos, quase todos apontam para o alto”.

Na semana passada, Trump já avaliava proibir voos do Brasil aos Estados Unidos. “Não quero que as pessoas venham aqui e infectem o nosso povo”, ele avisou. Agora, finalmente aplicará a medida, que deve prejudicar bastante o Brasil, mesmo porque é muito provável que outros países sigam o exemplo dos Estado Unidos, selando a imagem brasileira como um país infectado.

E não tem como deixar de dar razão para qualquer governo estrangeiro que não aceite mais contacto com gente do Brasil durante a pandemia. Com a irresponsabilidade criminosa do presidente Jair Bolsonaro em relação ao combate ao coronavírus, nosso país foi criando a imagem internacional de um país que está tendo pouco cuidado com esta doença durante a maior crise sanitária mundial em décadas.

Bolsonaro vem se esbaldando, nas suas provocações irresponsáveis no meio de uma pandemia que preocupa governantes de todo o mundo. Por isso, em relação ao coronavírus até já foi chamado em editorial pelo jornal The Washington Post de “o pior presidente do mundo”. Neste domingo, ele saiu por Brasília provocando aglomerações e ainda levou junto o ministro interino da Saúde. Este sujeito sem noção — o pior presidente que este país já teve — faz isso sem se dar conta de consequências como esta porta na cara, dada por Trump.

O preço pode ser muito alto com esta imposição de distanciamento, que como eu disse, pode ser agravada com outros países tomando a mesma medida. Bolsonaro sabotou o esforço de governadores e prefeitos, que mais conscientes dos riscos se empenham para um controle da contaminação e a diminuição no número de mortes, procurando até mesmo jogar contra eles a população.

>O presidente mais que brinca com o perigo: ele também zomba da dor de milhares de brasileiros que perdem entes queridos, na condição desesperadora causada por uma doença que não permite nem que se chegue perto dos que sofrem.

O resultado foi uma assustadora quantidade de contaminação e mortes pelo Covid-19, com pelo menos mil óbitos por dia, sem que até agora se tenha qualquer prenúncio da tão esperada curva. O Brasil já é o segundo país no mundo em número de contaminados, atrás apenas dos Estados Unidos, que agora nos fecha as portas.

Desde o início das contaminações e mortes, Bolsonaro age como um desequilibrado, criando aglomerações, espalhando desinformações e ataques contra a necessidade do isolamento social. Pois o Brasil vai entrando agora internacionalmente em um isolamento compulsório.

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“Boiada” defendida por Salles em reunião inclui anistia a desmatadores e demissão de fiscais

Levantamento feito por O Globo mostra que, entre as recentes medidas tomadas pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, estão a demissão de fiscais, anistia a desmatadores e submissão do Ibama às Forças Armadas na Amazônia.

Durante a reunião ministerial de 22 de abril, cujo vídeo foi divulgado na sexta-feira passada, Salles afirmou: “A oportunidade que nós temos, que a imprensa […] está nos dando um pouco de alívio nos outros temas, é passar as reformas infralegais de desregulamentação, simplificação, todas as reformas que o mundo inteiro, nessas viagens [a] que se referiu o Onyx [Lorenzoni], certamente cobrou dele. […] Nesse aspecto, eu acho que o Meio Ambiente é o mais difícil, de passar qualquer mudança infralegal em termos de […] instrução normativa e portaria, porque tudo que a gente faz é pau no Judiciário no dia seguinte.”

E ainda: “Precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de Covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas.”

Entre as medidas tomadas na “boiada” de Salles, está o despacho assinado pelo ministro que reconhece como áreas de ocupação consolidadas as áreas de preservação permanente (APPs) desmatadas até julho de 2008. Na prática, ficam permitidas as atividades agropecuárias nessas regiões.

“Outra mudança adotada na área ambiental foi a reestruturação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável por pela gestão de unidades de conservação em todo o Brasil”, diz a reportagem.

O governo federal reduziu de 11 para cinco o número de gerências do órgão que é responsável por 334 unidades em todo o país. Uma portaria abriu a possibilidade de que as gerências pudessem ser ocupadas por pessoas de fora do órgão.

Com isso, das cinco gerências do ICMBio, “apenas uma é ocupada por um agente de carreira do órgão”. As outras quatro estão sob o comando de policiais militares.

No dia 14 de abril, Salles demitiu o então diretor de fiscalização do Ibama, Olivaldi Azevedo, após operações do órgão contra garimpeiros que atuavam em terras indígenas. Olivaldi foi o primeiro de uma série de exonerações no setor de fiscalização do Ibama.

Além disso, como noticiamos, Jair Bolsonaro decretou a segunda operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na Amazônia. O decreto determinou que Ibama e ICMBio ficassem subordinados às Forças Armadas durante as operações.

Em nota, Ricardo Salles afirmou: “Sempre defendi desburocratizar e simplificar normas, em todas as áreas, com bom senso e tudo dentro da lei. O emaranhado de regras irracionais atrapalha investimentos, a geração de empregos e, portanto, o desenvolvimento sustentável no Brasil.”

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