VAMOS DEVAGAR no escracho de Rafael Nogueira, o novo presidente da Biblioteca Nacional. Sem dúvida, o cara pisou na bola ao dizer que Caetano estimula o analfabetismo quando letras de suas músicas caem no Enem.

NOGUEIRA apenas errou de cantor: se acusasse Djavan acertaria na mosca. Felizmente nenhum estudante brasileiro precisou examinar os versos “Açaí, guardião/Zum de besouro, um imã/Branca é a tez da manhã”.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

© Shiko

Publicado em elas | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Saudades do Brasil

Uma medida do AI-5 foi pôr censores nos jornais. Não havia internet. Como fariam hoje para censurar a rede?

No dia em que o Flamengo se tornou campeão da Libertadores, cruzei no avião com um homem vestido com a camisa do time. Apenas nos olhamos, mas nos sentíamos unidos pela mesma tensão e esperança. Naquele momento, senti uma estranha saudade do Brasil. A seleção brasileira já não empolga como antes; o lugar foi momentaneamente ocupado pelo Flamengo.

Mas o futebol não era meu objeto de saudade, mas sim a política. Vim me perguntando na viagem de Natal para o Rio como era difícil encontrar essa sensação de unidade nacional, sobretudo em tempo de paz.

Quando digo unidade, não quero dizer unanimidade. Mas algo que congregue as pessoas para além de suas escolhas singulares. A última vez que senti isso foi no movimento pelas Diretas. A partir daí, a sensação foi escapando aos poucos.

É um pouco ingênuo acreditar nessa possibilidade. A política americana em alguns momentos conseguiu unificar os dois grandes partidos pontualmente, em temas bem definidos. Hoje, com Trump, esse sentimento deve estar se esvaindo também lá. Digo também lá porque aí as perspectivas são de confronto, com os atores se pintando para a guerra.

O Chile é uma espécie de arma que os contendores escolheram para o seu duelo. De um lado, a esquerda pedindo manifestações como a chilena; de outro, o governo de extrema direita acenando com o AI-5 e preparando-se para uma repressão sem limites, camuflada sob um nome bastante complicado: excludente de ilicitude, cuja tradução real é liberar a porrada.

Dentro desse quadro radical, uma tênue centelha do passado comum reaparece nas reações que surgem sempre que se fala de novo no AI-5. Elas têm sido rápidas e bastante amplas no mundo relativamente restrito dos que se interessam por política. Mostram não só um vigor democrático, mas apontam para uma unidade nacional contra estados de exceção.

Tenho várias razões pessoais para não acreditar num novo AI-5. A principal delas é ser velho o suficiente para conhecer as condições daquela época e as que existem hoje.

Uma das medidas do AI-5 foi introduzir pequenos grupos de censores dentro dos jornais. Não havia internet. Como fariam hoje para censurar a rede? Não me refiro apenas às dificuldades técnicas, mas aos gigantescos transtornos culturais e econômicos.

Naquele tempo, vivíamos numa Guerra Fria simbolizada pelo Muro de Berlim. Embora o governo ainda respire os ares da Guerra Fria, e o muro não tenha caído para uma parcela da esquerda, a verdade é que os tempos são outros.

O movimento pelas Diretas, com seu potencial unificador, foi basicamente contra um resquício da ditadura. Qualquer novo ato ditatorial, creio eu, poderá reviver seu espírito, uma vez que, apesar de todas as divergências, estamos de acordo em preservar o sistema democrático.

É possível olhar o que se passou no Chile de forma diferente: estudar o que aconteceu e buscar soluções menos dramáticas. O número de pessoas que ficaram cegas parcial ou totalmente supera duas centenas.

O ultraliberalismo tende a trazer enormes dificuldades para a vida das pessoas. Sem sensibilidade política, não há chances de racionalizar a economia. Da mesma forma, os governos de esquerda tendem a quebrar o país com a ilusão de que dinheiro cai do céu.

Uma ampla frente contra o fantasma da ditadura está no horizonte imediato, pois ela se manifesta toda vez que falam de AI-5. Mas ela ainda não é articulada o bastante para intervir na base da instabilidade. Propor uma agenda social aos liberais e uma racionalização econômica à esquerda.

Não deixa de ser estranho falar sobre AI-5 nesse começo de dezembro. Não é que me sinta aprisionado na máquina do tempo. Mas era como se conversasse com sua tela, com pessoas que ainda estão com a cabeça em 13 de dezembro de 1968.

Para não ficar triste, posso entender isso como uma maravilha da tecnologia estar voltando atrás para dizer: não pensem nisso, vocês vão durar pouco tempo. E os adversários não serão mais os gatos pingados do passado, mas multidões enérgicas como a torcida do Flamengo.

Publicado em Fernando Gabeira - O Globo | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Bolsonaro acusa Leonardo DiCaprio de financiar os Beatles

Encantado com a denúncia de que os Beatles foram criados para implantar o comunismo, o presidente Jair Bolsonaro apresentou evidências de que Leonardo DiCaprio financiou o grupo. “A Polícia Civil do Amapá apresentou hoje uma sólida denúncia que mostra como Leonardo DiCaprio financiou George Soros que repassou verbas para Patati e Patatá para que, por intermédio de Jean Wyllys, se criasse o Rock and Roll”, explicou o presidente.

A informação foi confirmada por Dante Mantovani, novo presidente da Funarte. Segundo Mantovani, Jorge Vercillo é um agente infiltrado da KGB que veio para introjetar uma nova escala musical capaz de subverter os sensíveis ouvidos das crianças produzindo conexões neuronais que estimulam a masturbação compulsiva. “O ritmo da masturbação acaba entrando em sintonia com a bateria de Ringo Starr. O baterista, como se sabe, entrou para a banda por causa isso. Isso faz com que as crianças, subliminarmente, fiquem hipnotizadas pelas músicas dos Beatles e, com isso, se tornem comunistas. Isso tudo é um plano para que o PT volte ao poder em 2020”, concluiu.

Diversas correntes de Whatsapp foram disparadas explicando que a canção “A Day in The Life” é um mantra satânico que induz as crianças ao hábito comunista de ler jornais.

Humor acima de tudo. Golden shower em cima de todos

Publicado em Renato Terra - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Correndo o risco

caneta2leminski-SL272330Apagando o lápis de um Polaco. © Vera Solda

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

absolut-HENDRIX-doisJames Marshall “Jimi” Hendrix,  Johnny Allen Hendrix. Seattle, 27 de novembro de 1942, Londres, 18 de setembro de 1970.

Publicado em absolut | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

ROBERTO CARLOS puxou ovação ao ministro Sérgio Moro durante o show na Ópera de Arame – que não é ópera nem feita de arame, mas quem se importa, vem da prefeitura que criou as ruas da Cidadania, que sediam mais lojas que algo que remeta ao imponderável objeto da cidadania.

A OVAÇÃO não revelou petistas, apesar de Roberto, nos 50 anos anteriores, não ter externado a menor opinião política. Seja pela lírica melosa de um ídolo, seja pela dureza seletiva do outro, ali estavam os eleitores da República de Curitiba, que graças a Moro e Lula elegeram o Mito.

SEMPRE DESLUMBRADOS, os Moro fotografaram com o Rei. Moro divulgou a foto, na legenda sempre o amor incontido por quem “Mora com ele”: “programa romântico com a esposa”. “Esposa”, assim Moro tuitou a ida à Wire Opera House, a versão tolo-ufanista nas placas de indicação viária.

EM visita de Estado ao Brasil, acompanhado da  imperatriz, o Xá da Pérsia a apresentava como “minha mulher”. E o que isso tem a ver com o “esposa” de Moro para Rosângela? Simples: Farah Diba não chegaria aos pés de Rosângela Moro na majestade do porte e na força de sua presença.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Publicado em Jornal Bananão | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Dos homicídios contra as mulheres no Brasil, 28,5% ocorrem dentro das residências. Nos últimos dez anos, neste tipo de crime, a taxa de assassinatos por arma de fogo cresceu 29,8%. A violência contra as mulheres está aumentando ao invés de diminuir (Fórum de Segurança Pública – 2019).

Esse tipo de violência está naturalmente baseada na desonra, descrédito e menosprezo à dignidade e ao valor da mulher como ser humano. Não se trata de mero aborrecimento na vida da vítima, mas acontecimento que produz abalo psicológico e influência altamente negativa à personalidade da mulher.

Em 2017 mais de 221 mil mulheres procuraram delegacias de polícia para registrar agressões sofridas (lesão corporal dolosa) em decorrência de violência doméstica. Este número, entretanto, pode estar em muito subestimado, já que muitas vítimas têm medo ou vergonha de denunciar.

O que a elite do Direito tem feito para estudar e dar soluções a tudo isto?

Em países, juridicamente civilizados, as pós-graduações públicas e privadas estariam estudando seriamente o problema e propondo soluções legislativas e políticas. Os tribunais e órgãos estatais teriam respostas mais rápidas e direcionadas para a questão. Haveria intensas campanhas em escolas e nos meios de comunicação e debates públicos.

No Brasil, além da profunda omissão das elites econômicas, políticas e jurídicas, o problema é levado para baixo dos tapetes institucionais, ou seja, ele parece não existir.

Além da baixa produção legislativa que enfrente o problema, a comunidade jurídica ainda não atentou para esta epidemia.

A América Latina é a região mais letal para as mulheres no mundo: na região acontecem 9 feminicídios por dia. No Brasil a média é de três a cada 24 horas.

Afirma-se que a legislação no Brasil é avançada. Balela! Os processos são intermináveis – e isso se traduz impunidade, o que reforça a tenebrosa cultura machista. As respostas são lentas e na maior parte das vezes, posteriores, ao feminicídio.

Essa epidemia de violência contra as mulheres pode ser erradicada com políticas públicas e medidas judiciais efetivas – mas não acontecem nem uma, nem outra. Resultado: aumentam os números da violência contra as mulheres.

Ser mulher eleva o risco de morte no Brasil. A cada 11 minutos acontece um estupro e 1 homicídio a cada duas horas. Mais: são cinco espancamentos a cada dois minutos, 503 vítimas de agressão por hora (Instituto Patrícia Galvão: 2017). Admitir níveis altíssimos de violência contra as mulheres é a negação de seus direitos. O Direito, do papel ou da palavra, deve alterar esta realidade.

Publicado em Claudio Henrique de Castro | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Fraga

Publicado em fraga | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

parceria-impossívelClark Gable & Natalie Portman.

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

DESEMBARGADOR JOÃO PEDRO GEBRAN, do TRF-4, que manteve o retrabalho da juíza Gabriela Hardt no caso do Sítio de Atibaia, começa a causar prejuízos. Coisa aparentemente simples, aquilo de dizer que Lula não precisava ter registro de imóveis para ser dono do sítio, pois “quem usa é dono”.

Os sem teto e os sem terra vão deitar e sambar com essa jurisprudência. Agora o desembargador deu força aos sem livro. E prejuízo para os que têm muitos livros. Meu caso, que emprestei a obra completa de Carlos Zéfiro ao advogado Nunes de Lima, que teima em não devolver.

Com a maior cara de pau de advogado de porta de lava jato, o doutor lembra o voto de “quem usa é dono”. O livro, portanto, é dele, como os pedalinhos são dos netos de Lula. Mas o pilantra não conta com minha astúcia, como dizia o Chapolin Colorado. Logo entrego que ele não leu, só olhava as figuras.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Cogito ego sum

ego

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Genuflexão

O fascínio de Witzel pela violência de Estado é proporcional ao seu ardor futebolístico

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, foi à loucura com a virada de 2×1 do Flamengo no Riverplate, que garantiu ao time carioca o título de campeão da Copa Libertadores da América 2019.

Não satisfeito com os urros de torcedor, Witzel adentrou o gramado e se ajoelhou diante do goleador Gabigol. Indiferente, o herói da partida retribuiu com um frívolo aperto de mão e seguiu reto, sem se sensibilizar com a devoção fervorosa da autoridade.

O Flamengo é o time do coração de milhares de cariocas que vivem em comunidades carentes, localidades que têm sofrido na pele a política de mirar na cabecinha do atual governador.

Mortes colaterais se multiplicam pela cidade, com crianças e trabalhadores atingidos por balas perdidas em meio ao fogo cruzado, ou por ações precipitadas de uma polícia treinada para matar.

O fascínio de Witzel pela violência de Estado é proporcional ao seu ardor futebolístico. Mas muitos dos jogadores que fizeram sua alegria em campo moraram, ou têm parentes que ainda moram nas quebradas, becos e vielas onde o governador promove a limpa.

No dia seguinte ao jogo, o desfile dos campeões em carro aberto correu de forma pacífica, até o fatídico encerramento, quando o cortejo se viu obrigado a entrar numa via estreita, nas cercanias do monumento a Zumbi dos Palmares, transformando a comemoração em batalha campal.

Você pode responsabilizar a paixão pelo esporte, o excesso de álcool e o improviso do cerimonial pelas cenas que se seguiram, com bombas de efeito moral, corre-corre, desmaios, pedras arremessadas contra a guarda e policiais mirando os fuzis na direção da massa, mas isso não atenua a sensação de descontrole, pânico e tristeza.

O destempero dos agentes de segurança era tamanho que um carro da polícia em ré desesperada atropelou um companheiro de tropa. E em meio ao salve-se quem puder que pontuou o fim da festividade, como não pensar no que teria ocorrido caso o projeto de excludente de ilicitude estivesse valendo? A rajada de metralhadora contra a multidão de flamenguistas seria aceitável?

O desprezo de Gabigol por Witzel é proporcional ao desdém de Witzel para com os milhões de Gabigols anônimos que lotaram as ruas no domingo. A genuflexão do governador diante do ídolo e a mira da metranca na direção dos herdeiros de Zumbi evidenciam a sinuca de bico da atual política de segurança pública do estado.

Em zonas altamente povoadas, como a comunidade da Maré e a do Alemão, é impossível pôr em prática o plano de eliminação cirúrgica dos maus elementos, defendido pelo governador. O resultado é o recorde histórico de 1.546 mortes em confrontos com a polícia neste ano.

Existe um projeto de reestruturação do país baseado na truculência e no genocídio. Triunfa a ideia de que a defesa de direitos humanos é uma fraquejada dos ideólogos de esquerda, que acabou por promover o caos social e o avanço do crime.

O partido três oitão do presidente é o símbolo máximo dessa nova ideologia. Idolatra-se Gabigol, ao mesmo tempo em que se passa o cerol nos que não tiveram o mesmo talento, ou sorte, do jogador.

Weintraub promete enfrentar a crise no ensino acadêmico queimando as plantações de maconha que alega existirem nas universidades públicas. E planeja dar um fim aos laboratórios de química que, segundo ele, processam anfetaminas para regar a mente corrompida dos estudantes.

Nas artes, pretende-se eliminar o mimimi identitário por meio da exaltação da cultura branca, judaico-cristã. Nega-se o racismo e, na família, o problema se reduz a ignorar aqueles que não gozam com o abençoado papai e mamãe.

A liberdade de expressão tem servido de álibi para o exercício da ofensa e do preconceito, e as redes insociáveis, sem uma regulação eficiente, têm ajudado a cultivar a mentalidade agressiva e virulenta, abraçada por parte do eleitorado nas mais diferentes classes sociais.

A força bruta varrerá Sodoma do mapa e o Brasil cumprirá o ideal da bandeira, transformando-se numa nação ordeira e disciplinada.

Se o PIB der sinal de vida e o desemprego, alguma trégua, grandes são as chances de ver essa visão de mundo perpetuada. Defensor do estado mínimo, o ultraliberal Paulo Guedes operaria bem num superestado de exceção regido pelo AI-5. O ministro sonha com o Chile debaixo do chicote de Pinochet.

Enquanto seu lobo não vai, fica a admiração pela reação espontânea e simbólica de Gabigol à reverência de Nero.

Publicado em Fernanda Torres - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Todo dia é dia

foto-máquina-216-72Talita do Monte, Teresina, Piauí. Foto de quem estava lá

Publicado em Todo dia é dia | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter