O vice presidente Hamilton Mourão, na recente viagem aos EUA. Ninguém duvida, é da formação militar. Um exemplo, um só. O general Ernesto Geisel, um dos presidentes da ditadura militar, até o fim da vida foi leal a Agildo Barata, seu colega de escola militar e participante da Intentona Comunista dos anos 1930. A ponto de, com outros ex-colegas, recolher dinheiro para a família do ex-capitão Barata. Essa coisa de lealdade é interessante e tem lá suas conveniências. Por exemplo: se Bolsonaro sofrer impeachment, Mourão renuncia ao mandato? Durante o impeachment, se Bolsonaro for afastado, ele convoca o jipe com o cabo e o soldado para apoiar o presidente? Questões em aberto.
De imediatolembro do garoto aqui do prédio, torcedor fanático do Paraná Clube. Conversávamos no elevador, ele sempre triste com a rotina inelutável de derrotas do time, eu, conformado, torcedor por lealdade ao filho, paranista incurável. O garoto insistia: “Vou com o Paraná até o fim”. E completava: “Mas o fim está próximo”. O Paraná não acabou, continua com a rotina inelutável de derrotas. Quem mudou foi o garotinho. Hoje é advogado recém-formado, arrogante e sabe-tudo como todos os advogados recém-formados. E torcedor nojentinho do Coritiba, onde revive a rotina inelutável de derrotas. A lealdade com o Paraná Clube foi total. Até o momento em que achou que o Coritiba fazia mais o seu gênero.
João Gilberto teve sua música lançada em todos os formatos existentes na era dos discos
João Gilberto ganhou em segunda instância seu processo contra a gravadora Universal, sucessora da EMI-Odeon, onde gravou seus três primeiros LPs, lançados entre 1959 e 1961, por royalties não recebidos. Ainda cabe recurso e João Gilberto, 87 anos, terá de se transformar em Matusalém para ver os R$ 173 milhões que a Justiça determinou a seu favor.
O processo consistia no cálculo dos discos vendidos e dos efetivamente pagos ao cantor. Segundo a gravadora, João Gilberto, por não ser um campeão de vendas e seu prestígio ter declinado com os anos, teria direito a receber por cerca de 60 mil LPs.
Mas o cálculo passou a incluir outras variáveis. A obra de João Gilberto na Odeon somou 39 fonogramas —que não saíram apenas nos três LPs. Foram também comercializados em formatos hoje esquecidos, mas que, antes do CD, eram os vigentes no mercado e todo mundo usava.
Esses formatos eram os discos de cera, de 10 polegadas, com uma faixa de cada lado, em 78 r.p.m., que existiram até 1963; os discos de vinil, de 7 polegadas, em 45 e 33 r.p.m., com uma ou duas faixas de cada lado, chamados compactos simples ou duplos; e os LPs propriamente ditos, de vinil, de 12 polegadas, em 33 r.p.m., com seis faixas de cada lado. João Gilberto teve cada um de seus 39 fonogramas lançado em todos esses formatos e em várias edições, como se nota pelos diferentes materiais das capas e pelo design dos selos. Sem contar as edições internacionais —o LP argentino de “Chega de Saudade”, por exemplo, chamou-se “Basta de Nostalgias”— e a inserção desses fonogramas em antologias de bossa nova ou temáticas (como a do LP “João Gilberto interpreta Tom Jobim”), aqui ou lá fora.
Pegue agora tudo isto e transporte para a era do CD, onde, em toda parte, exceto no Brasil, esse material circulou vastamente nos últimos 30 anos. E acrescente alguns zeros àquele cálculo dos 60 mil.
Já alcançaram o objetivo, que era impedir a minha eleição
Faz um ano que estou preso injustamente, acusado e condenado por um crime que nunca existiu. Cada dia que passei aqui fez aumentar minha indignação, mas mantenho a fé num julgamento justo em que a verdade vai prevalecer. Posso dormir com a consciência tranquila de minha inocência. Duvido que tenham sono leve os que me condenaram numa farsa judicial.
O que mais me angustia, no entanto, é o que se passa com o Brasil e o sofrimento do nosso povo. Para me impor um juízo de exceção, romperam os limites da lei e da Constituição, fragilizando a democracia. Os direitos do povo e da cidadania vêm sendo revogados, enquanto impõem o arrocho dos salários, a precarização do emprego e a alta do custo de vida. Entregam a soberania nacional, nossas riquezas, nossas empresas e até o nosso território para satisfazer interesses estrangeiros.
Hoje está claro que a minha condenação foi parte de um movimento político a partir da reeleição da presidenta Dilma Rousseff, em 2014. Derrotada nas urnas pela quarta vez consecutiva, a oposição escolheu o caminho do golpe para voltar ao poder, retomando o vício autoritário das classes dominantes brasileiras.
O golpe do impeachment sem crime de responsabilidade foi contra o modelo de desenvolvimento com inclusão social que o país vinha construindo desde 2003. Em 12 anos, criamos 20 milhões de empregos, tiramos 32 milhões de pessoas da miséria, multiplicamos o PIB por cinco. Abrimos a universidade para milhões de excluídos. Vencemos a fome.
Aquele modelo era e é intolerável para uma camada privilegiada e preconceituosa da sociedade. Feriu poderosos interesses econômicos fora do país. Enquanto o pré-sal despertou a cobiça das petrolíferas estrangeiras, empresas brasileiras passaram a disputar mercados com exportadores tradicionais de outros países.
O impeachment veio para trazer de volta o neoliberalismo, em versão ainda mais radical. Para tanto, sabotaram os esforços do governo Dilma para enfrentar a crise econômica e corrigir seus próprios erros. Afundaram o país num colapso fiscal e numa recessão que ainda perdura. Prometeram que bastava tirar o PT do governo que os problemas do país acabariam.
O povo logo percebeu que havia sido enganado. O desemprego aumentou, os programas sociais foram esvaziados, escolas e hospitais perderam verbas. Uma política suicida implantada pela Petrobras tornou o preço do gás de cozinha proibitivo para os pobres e levou à paralisação dos caminhoneiros. Querem acabar com a aposentadoria dos idosos e dos trabalhadores rurais.
Nas caravanas pelo país, vi nos olhos de nossa gente a esperança e o desejo de retomar aquele modelo que começou a corrigir as desigualdades e deu oportunidades a quem nunca as teve. Já no início de 2018 as pesquisas apontavam que eu venceria as eleições em primeiro turno.
Era preciso impedir minha candidatura a qualquer custo. A Lava Jato, que foi pano de fundo no golpe do impeachment, atropelou prazos e prerrogativas da defesa para me condenar antes das eleições. Haviam grampeado ilegalmente minhas conversas, os telefones de meus advogados e até a presidenta da República. Fui alvo de uma condução coercitiva ilegal, verdadeiro sequestro. Vasculharam minha casa, reviraram meu colchão, tomaram celulares e até tablets de meus netos.
Nada encontraram para me incriminar: nem conversas de bandidos, nem malas de dinheiro, nem contas no exterior. Mesmo assim fui condenado em prazo recorde, por Sergio Moro e pelo TRF-4, por “atos indeterminados” sem que achassem qualquer conexão entre o apartamento que nunca foi meu e supostos desvios da Petrobras. O Supremo negou-me um justo pedido de habeas corpus, sob pressão da mídia, do mercado e até das Forças Armadas, como confirmou recentemente Jair Bolsonaro, o maior beneficiário daquela perseguição.
Minha candidatura foi proibida contrariando a lei eleitoral, a jurisprudência e uma determinação do Comitê de Direitos Humanos da ONU para garantir os meus direitos políticos. E, mesmo assim, nosso candidato Fernando Haddad teve expressivas votações e só foi derrotado pela indústria de mentiras de Bolsonaro nas redes sociais, financiada por caixa 2 até com dinheiro estrangeiro, segundo a imprensa.
Os mais renomados juristas do Brasil e de outros países consideram absurda minha condenação e apontam a parcialidade de Sergio Moro, confirmada na prática quando aceitou ser ministro da Justiça do presidente que ele ajudou a eleger com minha condenação. Tudo o que quero é que apontem uma prova sequer contra mim.
Por que têm tanto medo de Lula livre, se já alcançaram o objetivo que era impedir minha eleição, se não há nada que sustente essa prisão? Na verdade, o que eles temem é a organização do povo que se identifica com nosso projeto de país. Temem ter de reconhecer as arbitrariedades que cometeram para eleger um presidente incapaz e que nos enche de vergonha.
Eles sabem que minha libertação é parte importante da retomada da democracia no Brasil. Mas são incapazes de conviver com o processo democrático.
Estive no MON assistindo um dos momentos mais sérios da arte paranaense. A homenagem prestada ao Euclides Coelho de Souza, sua esposa (falecida) Adair Chevonika e Mirian Galarda – os três fundadores do Teatro Dadá, na década de 60. Ponto alto foi o lançamento do livro que contém a pesquisa da jornalista Dinah Ribas Pinheiro, mostrando o que é o Teatro Dadá, e o jogo de cintura para escapar da perseguição do regime ditatorial que tomou conta do país.
Bolsonaro dá sinal de render-se ao bom senso com o propósito de demitir Vélez
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) vai enfim mostrando a disposição de se livrar de problemas que ele próprio criou para seu governo.
Na quinta-feira (4), deixou de ser refém da ladainha contra a “velha política”, ao iniciar uma rodada de encontros com dirigentes de partidos representados no Congresso com vistas à negociação da essencial reforma da Previdência.
No dia seguinte, indicou, ainda que de forma um tanto dúbia, a intenção de demitir o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez —providência óbvia que havia rechaçado na semana anterior. “Está bastante claro que não está dando certo”, afirmou agora. “Segunda (8) é o dia do fico ou não fico.”
Que não fique. Difícil recordar uma nomeação ministerial mais desastrada que a de Vélez. Não que ele tenha sido o primeiro despreparado a assumir uma pasta crucial em Brasília; outros, porém, tiveram o bom senso de se cercar de técnicos experimentados ou, ao menos, de manter alguma discrição.
O professor colombiano de filosofia chegou por vias tortas ao MEC. Noticiava-se que a escolha recairia sobre Mozart Ramos, de passagem bem avaliada pela Secretaria de Educação de Pernambuco, quando Bolsonaro decidiu dar ouvidos a pressões da bancada evangélica no Congresso.
O nome de Vélez obteve o respaldo do escritor direitista Olavo de Carvalho e foi associado ao movimento Escola sem Partido, que se propõe a combater a difusão de teses de esquerda em salas de aula. O ideário tresloucado logo se transformaria em caos administrativo.
Sem experiência em gestão pública, o ministro trouxe mais neófitos, entre olavistas e ex-alunos, para sua equipe. Instalou-se na pasta uma confusa disputa pelo poder entre militares e ideólogos, levando a uma espiral de demissões.
Em vez de cuidar dos enormes desafios do ensino básico nacional, Vélez se dedica a uma pauta obscurantista que inclui patrulhar o Enem e retirar menções a ditadura militar dos livros didáticos.
É evidente o potencial de estrago que tamanho desgoverno pode produzir num ministério fundamental, dono do segundo maior orçamento da Esplanada, de R$ 136,8 bilhões neste ano. Esse não constitui o único estorvo no primeiro escalão, contudo.
Na minúscula pasta do Turismo, que dispõe de pouco mais de R$ 1 bilhão, Marcelo Álvaro Antônio cria embaraços crescentes para a administração, dados os sinais de seu envolvimento com o esquema de candidaturas de fachada do PSL, revelado por esta Folha.
Reporta-se agora que, após 30 dias de investigação, a Polícia Federal coletou testemunhos e documentos que implicam Álvaro Antônio no escândalo. Nesta sexta (5), o presidente disse que “ainda não é o caso” de tomar uma medida quanto à permanência do auxiliar.
Não parece haver muito a esperar, porém —outro expoente do PSL ligado aos laranjas, Gustavo Bebianno, já deixou a Secretaria-Geral da Presidência. Bolsonaro fará bem em apressar a remoção do entulho que atravanca seu governo.
Livro, escrito pela jornalista Dinah Ribas Pinheiro, narra o itinerário de um dos mais importantes grupos de teatro de bonecos do Paraná. Foto Divulgação
Hoje, das 10h às 14h, no Pequeno Auditório do MON, acontece o lançamento do livro TEATRO DE BONECOS DADÁ – UMA TRAJETÓRIA NA POLÍTICA E NA ARTE, de Dinah Ribas Pinheiro. O livro, construído no formato de abecedário e com uma linha do tempo cronológica, narra todos os assuntos relacionados à história do grupo Dadá, como a luta política, o exílio e, claro, seus trabalhos com teatro de boneco. A entrada é franca e contará com sessão de autógrafos da escritora.O livro será vendido no local.
O Teatro de Bonecos Dadá atuou durante 50 anos ininterruptos (de 1964 a 2014), realizando mais de 100 montagens. Fundado, na década de 60, por Euclides Coelho de Souza, Adair Chevonika e Mirian Galarda, foi um dos precursores do gênero de Teatro de Bonecos em Curitiba. Caracterizado por forte luta política, o grupo foi exilado no Perú e Chile, nos anos 70, por conta da Ditadura Militar. Em suas montagens sempre priorizaram autores democratas e libertários. Dentre suas principais peças, destacam-se: Chapeuzinho Vermelho, em uma versão revisitada e não maniqueísta; O Sonho do Pongo, de José Maria Arguedas; A Nuvem Apaixonada, baseada em um conto de Nazin Hikmet; O Burrinho Vermelho, de Jean-Loup Temporal e Dadá Vence o Diabo, de Germán List Arzubide.
Para a escrita do livro, Dinah Ribas Pinheiro se utilizou de folhetos, documentos, recortes de jornais, certidões, convites, programas de espetáculos e, sobretudo, de horas de conversas e entrevistas com Euclides Coelho de Souza, um dos fundadores do grupo.
Por meio de verbetes, pode-se acompanhar a trajetória do grupo em suas peças, seus parceiros, suas lutas pela construção de políticas públicas de cultura, suas criações, que conversavam com a arte e a educação, bem como todos os embates políticos que viveram.
A construção do livro começa a se dar em 2015, quando, a pedido de Euclides, Dinah começa uma larga pesquisa sobre o grupo, com o qual teve seu primeiro contato em 1974.
TEATRO DE BONECOS DADÁ – UMA TRAJETÓRIA NA POLÍTICA E NA ARTE revela um panorama inédito do grupo destrinchando suas facetas, criações e proposições em meio século de história relacionada à arte das marionetes. Um documento importante e preciso para, através da história, revelar os tempos atuais.
SOBRE DINAH RIBAS PINHEIRO
Dinah Ribas Pinheiro é carioca, passou a infância e a adolescência em Urussanga, Santa Catarina, e vive em Curitiba desde 1969. Formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, na turma de 1972, trabalhou nos jornais Diário do Paraná e Correio de Notícias, nas revistas Panorama e Quem. Foi assessora de Comunicação da Fundação Cultural de Curitiba, da Escola do Teatro Bolshoi e do BRDE -Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul. É personagem do livro Jornalismo Cultural – Um Resgate – junto com as jornalistas Adélia Maria Lopes, Marilú Silveira e Rosirene Gemael, autoria de Selma Sueli Teixeira, publicado em 2007. Em 2012 lançou A Viagem de Efigênia Rolim nas Asas do Peixe Voador, sobre a artista popular e contadora de históras Efigênia Rolim.
SERVIÇO:Lançamento do livro TEATRO DE BONECOS DADÁ – UMA TRAJETÓRIA NA POLÍTICA E NA ARTE, de Dinah Ribas Pinheiro – Hoje! – das 10h às 14h – Pequeno Auditório do MON – (R. Mal. Hermes, 999 – Centro Cívico – telefone: 3350-4400) Entrada Franca, mediante retirada de convite na bilheteria do MON –
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