Só na segunda (19) ele poderá voltar a receber um de seus defensores. Depois de depor nesta quarta (14), no processo do sítio de Atibaia, Lula voltará a ser recolhido e ficará isolado, de quinta (15) a domingo (18), na sala em que cumpre pena na Polícia Federal.
Por causa do feriado, as visitas da família e de amigos, sempre às quintas, foram canceladas. Na sexta, a PF emenda o feriado e fica fechada —nem os advogados podem entrar. Só na segunda (19) ele poderá voltar a receber um de seus defensores.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestará depoimento pela terceira vez na Justiça Federal do Paraná nesta quarta-feira (14) –só que, agora, à substituta do juiz Sergio Moro, Gabriela Hardt.
É a primeira vez que Lula depõe depois de ser preso e também a primeira vez que irá encontrar Hardt, que assumiu os processos da 13ª Vara Federal de Curitiba na semana passada, depois que Moro aceitou o convite de Jair Bolsonaro (PSL) para ser ministro da Justiça. O depoimento está marcado para as 14h.
Aliados esperam que o ex-presidente aproveite o momento para se manifestar sobre a indicação de Moro ao ministério e questione a imparcialidade do juiz, que deve pedir exoneração até o fim do ano.
“De alguma forma, ele vai passar uma mensagem ao país”, afirmou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que viajou a Curitiba para acompanhar o depoimento. Para ele, o processo está “desmoralizado” depois que Moro aceitou o convite de Bolsonaro para o ministério.
Bolsonaro já declarou que Lula irá apodrecer na cadeia e afirmou ser favorável ao fim da progressão de pena –medida que afetaria o ex-presidente, detido desde abril.
Réu na Operação Lava Jato, Lula será interrogado na ação sobre o sítio de Atibaia (SP), que era frequentado pelo petista e sua família e que, segundo o Ministério Público Federal, pertencia de fato ao ex-presidente.
Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro nas obras do sítio, que foram feitas a seu pedido e pagas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht, segundo a denúncia. Os valores teriam sido custeados com dinheiro desviado de contratos na Petrobras.
Lula nega a acusação, diz ser perseguido juridicamente e afirma nunca ter sido proprietário do sítio, que está em nome dos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna.
Militantes que pedem a libertação do ex-presidente devem se concentrar em frente à Polícia Federal, onde Lula está detido depois de ter sido condenado em segunda instância, por corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex do Guarujá.
Depois, o grupo segue à Justiça Federal, onde ele será interrogado. Alguns deputados petistas, assim como o ex-presidenciável Fernando Haddad, que irá visitá-lo pela manhã, também devem viajar a Curitiba.
Mas, ao contrário dos depoimentos anteriores, não está prevista a realização de grandes atos, nem são esperadas numerosas caravanas de outros estados.
“Não é fácil ficar mobilizando a toda hora; a gente vem de um processo de eleição”, disse Lindbergh.
O esquema de segurança em torno da sede da Justiça Federal também foi reduzido: apenas um pequeno trecho na avenida Anita Garibaldi, no entorno do prédio, ficará bloqueado para carros. O bloqueio começará somente após a chegada da escolta da PF e deve durar até o término do interrogatório.
Além de Lula, prestará depoimento nesta quarta o pecuarista José Carlos Bumlai, que também é réu, acusado de pagar parte das obras iniciais no sítio.
O ex-presidente ainda responde a outro processo na Justiça Federal do Paraná, sobre a compra de um terreno que seria destinado ao Instituto Lula –além da ação do tríplex, na qual foi condenado em segunda instância e contra a qual recorreu aos tribunais superiores.
É tanto que pode ser jogado no vaso, atirado pela janela ou despejado no mar
Uma operação da Polícia Federal, na semana passada, em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, descobriu R$ 3.000 em dinheiro atirado num vaso sanitário. O suspeito, ex-funcionário da Cemig, apavorou-se e tentou se livrar da grana —e logo onde. O esquema em investigação se referia a uma propina de R$ 30 milhões envolvendo o Ministério da Agricultura durante o governo Dilma. Por sorte, o tal suspeito era um peixinho. Fosse ele a se livrar dos R$ 30 milhões, teria entupido o sistema de esgotos da cidade.
Também outro dia, em mais uma operação da PF, esta em Rio Bonito, região metropolitana do Rio, um deputado atirou pacotes de notas altas pela janela de seu apartamento. Não foi o primeiro no gênero. Em 2015, sempre fugindo da PF, outro bacana de uma estatal já havia atirado dinheiro pela janela de um apartamento em Recife. É o que Geddel Vieira Lima teria feito em Salvador com seus R$ 50 milhões, se precisasse. E o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, idem, se livrando de sua mala de R$ 500 mil pela janela daquele táxi.
Os cariocas ainda se lembram dos milhares de notas de R$ 100 e R$ 50 que apareceram boiando na Urca, em 2016. As pessoas caíam na água e voltavam com dinheiro para fazer o supermercado pelo mês inteiro. Supõe-se que foi despejado de algum iate ancorado na baía, cujo proprietário se julgava prestes a levar uma geral. E quem não se recorda dos 100 mil dólares encontrados na cueca do assessor de um deputado do PT, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em 2005? Só não foram vazados num toalete porque a polícia abotoou o sujeito a tempo.
O povo lê essas notícias e fica perplexo. Com que então o dinheiro drenado pela corrupção é tão sem tamanho que sai literalmente pelo ladrão, jogado na privada, atirado pela janela ou despejado no mar?
A corrupção rebaixa o valor do dinheiro. É o pior que se pode fazer contra ele.
A situação atual no hospício é seguinte: os esquerdistas aloprados se refugiaram nas cavernas torcendo pelo “vai dar merda”. Os ensandecidos da direita, que saíram dali, dizem que merda já deu faz tempo – obra dos outros, e o melhor agora é limpar tudo na base do safanão. Enquanto isso, a ninguenzada olha e se pergunta se vai sobrar algum no fim do mês para a cervejinha.
No pós-feriado, mais precisamente na segunda-feira que vem, começa a transição do governo Beto Richa/Cida Borghetti para Ratinho Jr. Não há antagonismos graves entre os dois grupos políticos e tudo leva a crer que será tranquila.
O que os dois grupos devem ao Paraná, na verdade, é transparência com os números reais das contas do estado. Depois que o ex-governador Beto Richa fez do Ajuste Fiscal um programa de governo, com aumento de impostos e congelamento de salários do funcionalismo, as informações são vagas. O Paraná vive na base do “tô rico/ tô pobre”.
Com planos mirabolantes de modernizar o estado apresentados durante a campanha, o novo governo de Ratinho Jr tem de abrir o jogo logo e na sinceridade. Porque ninguém vai aguentar a conversa de herança maldita para recusar reivindicações nos próximos meses. PelamordeDeus!
Antes da 1ª Guerra, maioria dos óbitos nos conflitos era por epidemias com ectoparasitas como vetor
O presidente da França, Emmanuel Macron, em seu discurso por ocasião do centenário do armistício que pôs fim à Primeira Guerra Mundial, queixou-se de demônios do passado que estariam ressurgindo na forma de nacionalismo e ameaçando mais uma vez colocar a história num curso trágico.
Não há dúvida de que o nacionalismo, que era ruim cem anos atrás, continua ruim hoje, mas, ao traçar comparações históricas de grande envergadura, é preciso estar atento para não fechar os olhos para as diferenças que marcam cada um dos períodos. Dados quaisquer dois momentos da história, sempre haverá mais diferenças do que semelhanças entre eles.
Há demônios e demônios, e, se alguns ressurgem, outros parecem ter sido exorcizados. Algo pouco destacado nas efemérides da Primeira Guerra é que ela foi o primeiro conflito envolvendo grandes exércitos em que a maior parte das baixas foi provocada pelos combates propriamente ditos e não por doenças.
Em guerras anteriores, a maioria dos óbitos era causada por epidemias que têm ectoparasitas como vetor, a exemplo do tifo. Exalta-se o papel do general Inverno na derrota de Napoleão na Rússia, mas o marechal Piolho foi muito mais decisivo. Estima-se que, para cada soldado francês morto no campo de batalha, quatro tenham sucumbido a patógenos transmitidos por insetos.
Essa tendência só se inverteu na 1ª Guerra com a introdução de esquadras sanitárias, compostas por pelotões de barbeiros e brigadas de lavanderia. Já citei aqui Jeffrey Lockwood, que conta essa história em detalhes. Seu “Soldados de Seis Pernas” ganhou edição brasileira.
Precisamos sempre apontar os riscos que corremos, como fez Macron, mas sem deixar de destacar o que funcionou, como é o caso da adoção de medidas básicas de higiene —uma revolução sanitária que já salvou milhões de vidas. Não basta evitar o erro; é preciso também insistir nos acertos.
Esperança vs experiência –Joaquim Levy, brevíssimo ministro da Fazenda de Dilma, que rejeitou sua política de austeridade, deixa diretoria do Banco Mundial, em Washington, para ser presidente do BNDES no governo Bolsonaro.
Voltar ao governo é como o segundo casamento na definição do doutor Samuel Johnson: “a vitória da esperança sobre a experiência”. Viúvo e assediado por pretendentes, Johnson não casou novamente.
Se o primeiro casamento foi feliz, o segundo dificilmente será igual; e se foi infeliz, tentar de novo é imprudência ou tolice. Levy foi infeliz no casamento com Dilma.
A consistência do consistente – Na entrevista ao Fantástico o juiz sub ministre Sérgio Moro aceita o afastamento de ministros desde que a prova seja “consistente”.
Não podia ser da mesma consistência da prova de que Lula é dono do sítio de Atibaia ou que é dono do triplex, aceita pelo então juiz Sérgio Moro?
A consistência que bate em Chico é a mesma que bate em Francisco. A menos que o consistente do ministro seja mais consistente que o consistente do juiz.
Sem alarde, senadores incluíram na pauta de hoje a votação de projeto que altera a inelegibilidade dos políticos condenados pela Lei da Ficha Limpa antes de 2010, quando ela foi criada. Contrariando o entendimento já firmado pelo Supremo, os parlamentares querem que, nessas situações, em vez dos oito anos sem direito a concorrer a cargo eletivo, seja aplicada a pena prevista nas leis anteriores. Márlon Reis, ex-juiz e um dos idealizadores da Ficha Limpa, considera um “retrocesso”. “A mudança praticamente anistia quem cometeu irregularidades antes.”
O requerimento de urgência para análise do projeto estava tramitando no Senado desde dezembro de 2017. Sem barulho, foi aprovado no último dia 7. Com isso, será apreciado diretamente no plenário, sem passar por nenhuma comissão temática.
Antes da Lei da Ficha Limpa, os prazos de inelegibilidade variavam. Nos casos de abuso de poder econômico, por exemplo, eram três anos a partir da data da eleição.
Autor do projeto, o senador Dalírio Beber (PSDB-SC) diz que o texto vai garantir que quem teve decisão judicial transitada em julgado à luz da lei anterior tenha decretação de inelegibilidade por três anos, segundo lei da época.Coluna do Estadão
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