Papa tango

TEM a história do primeiro sutiã, que as mulheres nunca esquecem. Hoje não mais; a maioria não usa ou despe sem a menor cerimônia; para facilitar alguns vêm com o fecho na frente, outros são de elástico, sem armação, vestidos e despidos como as calças jeans. Comigo foi a primeira viagem de avião, mesmo agora viajado e tresviajado. Ainda molecão, virgem dos ares, embarquei no teco-teco paulistinha, precursor de nossa indústria aeronáutica que não evoluiu. Passado o susto e o terror com a rápida subida daquela lata de sardinha, veio o deleite . Passado o susto e o terror com a rápida subida daquela lata de sardinha, veio o deleite da paisagem. Para rematar, captei no espaço o primeiro fascínio pela linguagem quando o piloto despachou para não sei onde: Papa Tango Charlie Mac Victor. Era o prefixo do avião – PT-CMV – que às vezes, já velho, flagro-me a recitar sozinho na rua.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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