Patriarca dos Batistas abatia gado em campo aberto nos anos 1950

José Batista Sobrinho, fundador da JBS, que volta ao comando após prisão do filho Wesley

José Batista Sobrinho, 84, começou a comprar e vender gado nos anos 1950, em Anápolis (GO), onde ganhou o apelido de Zé Mineiro. Ele iniciou as operações de abate de bois no município, em 1953: um animal por dia. Pouco tempo depois, Zé Mineiro passou a ser o fornecedor de carne para toda Anápolis, que à época consumia de 25 a 30 bois diariamente. Os abates passaram a ocorrer no abatedouro municipal.

Em 1957, o movimento de construção de Brasília atraiu o jovem empresário que, sem condições de montar um abatedouro, matava os animais em campo aberto mesmo.

Zé Mineiro aproveitou o incentivo de Juscelino Kubitschek, que dava quatro anos de isenção fiscal a fornecedores, para ampliar sua atividade na nova capital.

Passou a fornecer às empresas que atuavam na construção da cidade, mantendo o fornecimento até 1966.

A partir daí, as coisas mudaram, inclusive com a chegada de carne de fora da região de Brasília e a exigência de frigorífico com SIF (Serviço de Inspeção Federal). Zé Mineiro comprou o seu primeiro frigorífico com SIF em 1969, em Formosa (GO).

“Daí para a frente, a coisa foi acontecendo e a meninada cresceu e foi tomando conta, disse o empresário em entrevista à Folha em 2012.

José Batista Júnior, filho mais velho, assumiu o frigorífico de Formosa, enquanto Wesley Batista, então com 15 anos, assumia outro em Luziânia (GO), que abatia 260 cabeças por dia.

O passo seguinte foi um frigorífico em Anápolis: 1.200 bois por dia. Depois vieram Barra do Garças (MT), Goiânia (GO) e muitos outros.

No início dos anos 2000, a empresa abatia cerca de 6.000 animais diariamente, capacidade ampliada poucos anos depois com a ajuda do BNDES, de onde saiu o suporte financeiro para a compra de vários frigoríficos.

Em 2005, a empresa passou a se chamar JBS (iniciais do nome de Zé Mineiro) e iniciou a internacionalização, com a compra da Swift Argentina. Em 2006, com 21 unidades no Brasil e 6 no exterior, a JBS tinha capacidade para abater 22 mil animais por dia.

Em 2007, abriu capital e continuou as aquisições internas e externas. Comprou a Swift & Company nos Estados EUA e na Austrália e entrou no segmento de carne suína.

Em 2009, a empresa surpreendeu o país com dois negócios: a incorporação do Bertin Ltda., o segundo maior frigorífico do país, e a entrada no segmento de lácteos. Ao mesmo tempo, comprou a americana Pilgrim’s Pride, que permitiu sua entrada no segmento de frangos no mercado dos EUA.

Nos últimos anos, Zé Mineiro estava distante do processamento de carnes, voltado mais para a pecuária -um serviço mais calmo, apesar de ainda cumprir expediente na empresa diariamente. Folha de São Paulo

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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