Pé no chão e olho para frente, Lula

Concordo plenamente com o articulista Hélio Schwartsman, da Folha de S. Paulo: o Brasil precisa perder a mania de querer uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. É uma ideia fixa dos governantes brasileiros, especialmente de Lula e dos petistas. Bastou Luiz Inácio voltar ao poder para a intenção voltar à baila.

Sejamos francos e objetivos: o que fará o Brasil no CS da ONU? Ou, por outra, o que a presença de nosso país na CS da ONU trará de bem para o Brasil, além de inflar o ego do presidente, de ministros e de hierarcas do Itamaraty – como cita Schwartsman? Qual o benefício para o cidadão brasileiro? Rigorosamente, nenhum. Ao contrário – como esclarece o jornalista –, se aparentemente oferece maior protagonismo mundial ao Brasil – o que é pura bobagem –, conferirá ao país a necessidade de dispender recursos, financeiros e humanos, que já são parcos, em caso de crises externas. Além do que, obrigará o Brasil – que se dá bem com todo o mundo –, a tomar partido em encrencas internacionais, indispondo-se com a parte contrária.

Hélio observa ainda, coberto de razão, que, com a passagem de Jair Bolsonaro  pelo governo, o Brasil “deu sinais inequívocos de que não é uma democracia suficientemente estável para integrar o CS”. Naquela triste oportunidade, expusemos ao mundo, entre outras baboseiras, um ministro das Relações Exteriores capaz de orgulhar-se de queimar um bom pedaço da Amazônia, a título de demonstração de soberania (!). E entregamos a garimpeiros genocidas a brava nação yanomami.

Têm países que compõem, de forma permanente, o Conselho de Segurança da ONU que não mereciam estar lá? Possivelmente sim – incluindo até os EUA de Donald Trump –, mas o que se vai fazer? Conseguiram a sua cadeirinha, já estão lá, paciência.

Já o Brasil de Lula III tem coisas bem mais importantes para tratar no momento. Por exemplo, esquecer Bolsonaro e fazer com que o Brasil se esqueça dele, que, mesmo fora do país, continua incomodando. É preciso deixar o capitão Messias com a justiça. O Judiciário saberá o que fazer com ele e com os atos por ele praticados contra o Brasil e os brasileiros.

Olhe para frente, Luiz Inácio. A campanha eleitoral já passou. Você venceu. Por isso, mãos à obra. Chega de discurso e de promessas irrealizáveis. A hora é de trabalho, o tempo é curto e todo cuidado é pouco. Inclusive com companheiros no seu entorno.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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