Pensão, só a alimentícia

SÉRGIO MORO negociou com Jair Bolsonaro uma pensão para a família caso fosse morto no cargo de ministro da Justiça. Temia a vingança de condenados do petrolão organizado. Não precisava. Morto em atentado, o Congresso aprovaria a pensão a toque de caixa, dada a comoção nacional. Portanto, não teria problema. No primeiro ano do curso de Direito ensina-se a diferença entre a lei e o privilégio: a lei é geral e impessoal e o privilégio é particular e pessoal. Afinal, na república morto no cargo só o general Carlos Bittencourt, ministro da Guerra que ao reagir ao assassino, recebeu as punhaladas destinadas ao chefe, presidente Prudente de Morais.

MUITA INGENUIDADE isso de pedir pensão ao presidente que mal conhecia e cujo caráter viria a conhecer. Ao falar de faca em casa de esfaqueado, Moro deixou munição estocada, que Bolsonaro usou contra ele ao comentar o pedido. Político usa conservar a maldade no frizer. José Sarney entregou o pedido que Bresser Pereira lhe fez quando nomeado ministro: dispensa às quintas para ir ao analista, em São Paulo. Pedir a pensão lembra as atitudes pequeno-burguesas de Lula no alavancar empresas dos filhos, sítio para a família, triplex para a mulher, como o espírito da boquinha, que Anthony Garotinho identificou nos membros do PT.

O MINISTRO sobreviveu no governo, mas ainda corre risco de vida, não pelos delinquentes que condenou, mas pelos delinquentes com quem trabalhou. O gabinete do ódio começou o assassinato de caráter de Sérgio Moro. Daqui ao bolsonazi armado é um passo. O ex-ministro perdeu a proteção da PF, tomada de assalto por Carlos Bolsonaro, o investigado que nela comandará a investigação de si mesmo, do pai e do irmão. A menos que aceite cargo em governo estadual, Moro vai precisar de segurança particular, serviço muito caro. Ainda pode se filiar ao Podemos, sonho do dono do partido, que pagaria a segurança.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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