Poetas, menestréis, conjes

ALICE RUIZ repudia o uso de verso de Paulo Leminski por Sérgio Moro em discurso de campanha. Diz que não há nada mais distante que um e outro, Leminski e Moro. Roberto Requião declama versos de Sidónio Muralha até dormindo, levanta sonâmbulo para ir ao banheiro dizendo “calar não calo…se caráter custa caro, pago o preço”. Leminski e Muralha estavam mortos quando recitados por seus menestreis.

A viúva de Leminski interpreta o poema para divergir de Moro. A viúva de Sidónio, a médica Helen Butler, nunca reclamou do recitador Requião. Podia até discordar, mas sabia que a palavra escrita tem vida própria e quem a lembra lhe dá sobrevida. Requião foi o grande divulgador de Muralha. Por que Moro não pode divulgar Leminski?

Se dependesse dele e da Conje, Moro usaria os versos de Muralha, aqueles do caráter caro, que caberiam na sua prédica moralista. Acontece que estes têm direitos de imagem de Roberto Requião. Alice Ruiz podia meditar sobre isso. Como as conjes vieram à berlinda, louve-se a de Moro, que contribui nas glosas ao marido.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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