Os poetas brasileiros com quem eu estaria só e muito bem acompanhado
Minha bagagem para a ilha deserta está ficando impossível. Agora pedem que eu revele os livros de poetas brasileiros que levaria para lá. Tudo bem, mas desde que não me cobrem por não levar este ou aquele. As ilhas desertas são individuais, ou não seriam ilhas, nem desertas. E permitam-me citar só poetas que já partiram para seus parnasos particulares.
Falando em Parnaso, iriam Olavo Bilac, claro, e o pândego Emilio de Menezes, de quem Oswald de Andrade foi ingrato discípulo. Os simbolistas Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens. Mario Pederneiras, pioneiro do verso livre, com “Histórias do meu Casal” (1906). Hermes Fontes, com “Apoteoses” (1908), vide as piruetas tipográficas de “A Taça”. Augusto dos Anjos, com seu “Eu” (1912). Gilka Machado, a maior de todas, com “Cristais Partidos” (1915). Raul de Leoni, com “Luz Mediterrânea” (1922). Ribeiro Couto, com “Poemetos de Ternura e Melancolia” (1924).
Ronald de Carvalho, com “Toda a América” (1926). Felipe d’Oliveira, com “Lanterna Verde” (1926). Manuel Bandeira, com “Libertinagem” (1930). Raul Bopp, com “Cobra Norato” (1931). Murilo Mendes, com “História do Brasil” (1932). Augusto Frederico Schmidt, com “Canto da Noite” (1934). E um poeta que nunca precisou publicar: Ismael Nery.
Cecília Meirelles, com “Vaga Música” (1942). Drummond, com “A Rosa do Povo” (1945). Vinicius de Moraes, com “Poemas, Sonetos e Baladas” (1946). Dante Milano, com “Poesias” (1948). Jorge de Lima, com “Invenção de Orfeu” (1952). Ferreira Gullar, com “A Luta Corporal” (1954). Mario Faustino, com “O Homem e sua Hora” (1955). Alphonsus de Guimaraens Filho, com “Sonetos com Dedicatória” (1956).
Paulo Mendes Campos, com “O Domingo Azul do Mar” (1958). Cassiano Ricardo, com “Jeremias sem Chorar” (1964). João Cabral de Melo Neto, com “A Educação pela Pedra” (1966). Não, a poesia não acaba aqui. A mala é que já não quer fechar.