Por que tanto porque?

Rogério Distéfano – O Insulto Diário

Quer morar em Portugal? Boas de ida. Já morei e não gostei, lá tem muito português. Agora piorou, tem muito brasileiro. Antes da Revolução dos Cravos, Lisboa, Coimbra e o Porto odiavam os brasileiros que chegavam para estudar medicina.

Depois veio a invasão dos dentistas brasileiros, que nem estudavam medicina como os de Portugal, chamados ‘estomatologistas’, porque estômato é boca. Hoje os portugueses sofrem da nova doença europeia, a turismo fobia.

Essa fobia vem da intrusão do estrangeiro no sossego e nos costumes locais. Os brasileiros chegam em Portugal para morar e começam a comprar casas, falar alto, jogar bituca na rua, deixar o cocô do cachorrinho no plástico, nas calçadas.

Brasileiros e brasileiras pegam as raparigas e os gajos. Tem ainda a invasão dos paneleiros, as nossas bichas, loucas e sãs. Chegam a questionar a origem do dinheiro dos brasileiros, como se portugueses não tivessem enriquecido a Inglaterra com o ouro de Minas.

Pra não dizer que não falei de flores, já que comecei com os cravos, duas coisas, duas apenas,  me levariam de volta a Portugal: o frango assado com esparregado de espinafre e o ‘porque’, um só, nada desses ‘por que, por quê, porque e porquê’ que atrasam o Brasil.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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