Preta pretinha

Sinuca de bico essa da nomeação do próximo ministro do STF. Ou vai Flávio Dino, o ministro da Justiça, em campanha desabrida ao cargo, que lá fará comícios e arrasará com ironias os colegas, ou um os assessores jurídicos de Lula no Planalto – o terrivelmente petista para se contrapor, em minoria, aos dois terrivelmente bolsonaristas que votam na contramão do senso comum e da ortodoxia jurídica. É que Lula, ao quitar a promissória nomeando Cristiano Zanin, seu advogado na Lava Jato, ficou sem cartas para jogar no tribunal. Fossem apenas os candidatos de dentro do governo seria fácil acomodar, sempre se pode criar mais um ministério para o preterido.

Mas Lula tem o complicador da jurista negra, que não tem sequer a benção de Janja. A jurista negra é exigência cada vez mais insistente do lobby feminista. Forte e legítima, não só pelo que as mulheres representam socialmente, como pela massa crítica que trazem da exclusão histórica, com mais forte razão no caso dos negros. Uma coisa que seria pobre não tivesse o claro estigma: sai a loira Rosa Weber e não vem para seu lugar outra mulher para disfarçar a escandalosa minoria feminina. Nem mesmo a jurista negra, daí a explicitude da cor no movimento feminista. Como Lula vai resolver? Pelos antecedentes, gerais e particulares, da pior maneira.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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