De olho nas estrelas

Meu amigo Vilmar Farias entusiasmou-se com o lançamento do Telescópio Espacial James Webb. E teve razão para isso. O TEJW foi lançado no Natal, da base Kourou, na Guiana Francesa, e se encontra em plena atividade. É uma complexa parafernália, que sucede o Hubble, lançado de 1990 e que ainda orbita a uma distância de 570 mil km da Terra. O Webb tem como destino um ponto cósmico a cerca de 1,5 milhão de km da Terra e pretende ver aquilo que o Hubble não consegue ver.

Vilmar espera que ele possa se aprofundar na viagem rumo ao passado e enxergar as galáxias primitivas de até 100 milhões da anos após o Bang Bang. Torce que aprofunde as pesquisas sobre a evolução do Universo. Por exemplo: o novo telescópio tem a capacidade de captar a radiação infravermelha, que o Hubble não consegue. Mais: com seus espectrógrafos poderá sondar a atmosfera de exoplanetas de porte terrestre que estejam na zona habitável de estrelas próximas. São mais de 300 elementos independentes dobrados numa condição de origami.

O entusiasmo de Vilmar é justificado e compartilho dele. Muito provavelmente, o Webb revelará novidades sobre a origem da civilização humana e até poderá comprovar que não estamos sós no Universo. Precatai-vos, ETs!

Vale acrescentar que o artefato, desenvolvido pela NASA, pela Agência Espacial Europeia (ESA) e pela Agência Especial Canadense (CSA), atingiu a sua órbita no final de janeiro. Sua vida é limitada pela distância do Ponto de Lagrange L2, além da órbita da Lua e fora do alcance de qualquer nave tripulada atualmente disponível, o que impedirá a manutenção do telescópio.

O alvo inicial do Webb será a estrela HD 84406, situada aproximadamente a 241 anos-luz da Terra.

Difícil dizer o que o novo telescópio revelará nos próximos 10 anos (período previsto para a sua atividade), mas ele, com certeza, nos surpreenderá.

John Mathers, cientista sênior do projeto, que conquistou o Prêmio Nobel em 2006, recorda que, durante toda a história da astronomia, os estudiosos pensaram que o universo funcionava de uma forma, enquanto que novas descobertas mostraram o contrário. Acrescenta que o próprio Einstein errou ao imaginar que o universo tinha uma idade infinita. Mathers confessa que não sabe o que irão encontrar, mas diz que é exatamente essa a coisa mais empolgante de trabalhar com um telescópio como o Webb.

O físico norte-americano Michio Kaku garante que faremos contato com uma civilização alienígena muito em breve, graças, sobretudo, ao avanço que fazemos na astronomia.

Meu amigo Vilmar prefere ficar com a opinião de Carl Sagan: “O Universo não parece nem benigno nem hostil, mas meramente indiferente às preocupações de criaturas tão insignificantes como nós.”

Resta-nos, como criaturas insignificantes, aguardar e torcer pelo sucesso do nova e poderosa luneta. Já o meu amigo extraterrestre, sobre o qual lhes tenho falado de vez em quando, acha graça (se ele for capaz de achar graça) que estejamos procurando lá fora o que já está aqui, entre nós.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Célio Heitor Guimarães e marcada com a tag , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.