Quem com ferro fere…

JÁ IA LONGE a passividade dos lúcidos e equilibrados diante da loucura bolsonara das fake news, das ameaças às instituições, das injúrias e calúnias contra gente limpa, tudo culminando com a marcha de domingo à noite contra o STF, em que os desvairados carregavam archotes, como a Ku Klux Klan, a organização racista dos EUA.

O Supremo acordou, ainda que nas vozes esparsas de dois juízes, um deles, Celso Mello, a entoar um improvável canto de cisne, acossando a insânia do presidente da República ao requisitar o vídeo da reunião em que os ministros agiram sem o bridão da compostura e da língua culta. Melhor não se animar com o STF, que juízes surprendem para pior.

O presidente da República tanto atiçou suas milícias que a resposta começa a surgir. (Um parêntese: é a primeira vez na história republicana que um presidente abona milícias criadas por filhos e apoiadores contra o restante do país que discorda de sua política). Quem alimenta jumentos colhe patadas. E elas começaram.

Em menos de uma semana ocorreram enfrentamentos de rua em São Paulo. Em Curitiba, protestos nada amigáveis no Centro Cívico, um sutil recado ao governador, que faz de conta ser neutro face à loucura do presidente a quem apoia. Agora surge o anonymous, equivalente local do grupo internacional que já inspirou filme contra regime totalitário.

Se as milícias, os políticos que operam no limiar da criminalidade e o gabinete do ódio ofendem e denigrem, a resposta vem na altura: o anonymous divulgou dados pessoais dos chefes de células e agentes bolsonaros. Quanto atacada com golpes baixos, a democracia acaba por revidar no nível. É correto? Que o diga pariu os filhos e o ódio.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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