Receita para a felicidade

Entre alcançar objetivos ou aproveitar a jornada, filósofo prefere a segunda alternativa

Qual a receita para a felicidade? Alcançar seus objetivos ou aproveitar a jornada? Adam Adatto Sandel, autor de “Happiness in Action” (felicidade em ação), defende a segunda alternativa.

Adatto Sandel é um jovem filósofo, filho do professor estrelado de Harvard Michael Sandel. A influência do pai é visível não só na preferência pela ética da virtude aristotélica como ainda no que parece ser a vontade de restaurar uma espécie de comunitarismo, admirável, mas que também tem algo de retrógrado, quase religioso.

O ponto central de Adatto Sandel é que nossa sociedade, obcecada com a realização de metas e tomada de assalto por algoritmos que promovem esse produtivismo, perdeu de vista a ideia de que a felicidade, a boa vida, consiste em mergulhar em atividades que sejam intrinsecamente gratificantes, notadamente aquelas que derivam seu significado de três virtudes especiais: domínio de si mesmo, amizade e conexão com a natureza.

O autor ilustra suas ideias recorrendo a exemplos de personagens da literatura, filmes e séries, o que é sempre interessante para atrair o leitor menos familiarizado com as asperezas da filosofia. Ele também utiliza seu caso pessoal. Adatto Sandel é um sério praticante de flexões. Ele já deteve e disputa o recorde mundial do maior número de flexões por minuto.

Na superfície, perseguir um recorde poderia ser visto como exemplo acabado de produtivismo, mas o filósofo mostra como a rotina de exercícios que ele mantém para perseguir o título o põe em contato com as três virtudes, transformando uma tarefa meio boba em algo intrinsecamente gratificante.

Descobri, com alguns meses de atraso, que morreu Valder R. Arruda, um bom amigo e um dos mais talentosos cientistas brasileiros. Valder é um dos responsáveis pelo que parece ser nada menos do que a cura da hemofilia B e por reabilitar as terapias gênicas, que enfrentaram turbulências.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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