Réquiem pelos brasileiros assassinados

Não batam em bumbos, não toquem cornetas. Permitam à chuva chover de mansinho. Perdemos o amigo no meio da festa, no meio da noite, no meio da vida.

Não quero falar do amigo que estava tão distraído. Quero falar do silêncio que caiu dentro de nós. Não deixem que esse silêncio perpetue nossa dor.

Estava um dia tão claro. A manhã, alegre como devem estar as manhãs. O sol resolveu aparecer e lançou delicados raios contra a paisagem. Você como que estava ali, pressentia você por perto e me alegrei de uma maneira muito particular, que em sua casa você devia estar também acordando e amando também cada pedaço. Então, fiquei na cama, os braços em torno de mim. Bebia o sol e tudo ao redor. Um perfume de delícias corria na alma. Você como que estava ali, e eu me abraçando abraçava o amor de você, me amava.

Não podia, entretanto, impedir a notícia que corria pelo fio dos telefones.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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