Samuel e a Força de Vontade

Samuel chegou do trabalho e assim que colocou os pés em casa, Sara, a esposa, o encarou com uma expressão de desdém e falou:
– “Teu amigo Moishe Bloom finalmente parou de fumar”.
Samuel deu de ombros, sem demonstrar interesse, e ela continuou:
– “Imagine só… Alguém que fumou 3 maços por dia durante 20 anos, de repente decidiu abandonar o vício! Isso é o que eu chamo de força de vontade, uma coisa que, ambos sabemos, você definitivamente não tem”.
Mas Sara ainda não tinha acabado:
– “E isso não é tudo. Aquele teu amigo bêbado, o Bernardo Levy, entrou nos AA e finalmente desistiu da bebida. Outro exemplo do tipo de força de vontade que você não tem!”.
Depois desse segundo comentário Samuel achou que já era hora de mostrar que estava aborrecido e respondeu:
– “Estamos falando em força de vontade, certo? Então você vai ver… A partir de hoje vou dormir no quarto de hóspedes. Vou te mostrar que não preciso tocar em um fio de cabelo de você!”
E Samuel manteve a palavra, até que uma noite, depois de estar dormindo sozinho há mais de uma semana, acordou com uma batida na porta do quarto, e gritou:
– “O que você quer? Me deixe dormir em paz”.
E Sara respondeu:
– “O Moishe Bloom voltou a fumar”.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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