Selma

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Cinebiografia do pastor protestante e ativista social Martin Luther King, Jr (David Oyelowo). Filme mostra as históricas marchas realizadas por ele e manifestantes pacifistas em 1965, entre a cidade de Selma, no interior do Alabama, até a capital do estado, Montgomery, em busca de direitos eleitorais iguais para os negros. Indicado ao Oscar nas categorias melhor filme e canção original. Vencedor do Oscar de melhor canção original (‘Glory’). Foi indicado também na categoria melhor filme. EUA, Reino Unido. 2015, Direção de Ava DuVernay.

Não vai além do discurso

A diretora Ava DuVernay fornece um retrato curioso, mas pouco desenvolvido, de Martin Luther King Jr. em “Selma” (título no original). Engajado na luta contra a discriminação dos negros, King é mostrado como um estrategista. Ao mesmo tempo em que afirma, diante de seus companheiros de combate, preferência por decisões impopulares a arriscar vidas, King estimula protestos pacíficos que podem suscitar reações violentas nos opositores — e, quando isto acontece, faz uso dos flagrantes de brutalidade para revelar ao mundo como os negros estavam sendo relegados a um tratamento desumano na década de 1960. Não parece haver propriamente uma contradição entre discurso e prática por parte de King — que, de forma alguma, bate na tela como um calculista maquiavélico. DuVernay, porém, insinua certa complexidade na abordagem do personagem histórico que não é encorpada ao longo do filme, que destaca a reivindicação do direito de voto do cidadão negro simbolizada por uma marcha pelo Alabama, de Selma até Montgomery.

Uma condução mais convencional predomina no decorrer da projeção, a exemplo da utilização previsível da trilha sonora (de Jason Moran), qe, ontudo, não chega a ser grandiloquente. Mas, apesar do academicismo da produção, o líder (assassinado aos 39 anos, em 1968) não desponta como figura destituída de traços interessantes, em especial no que se refere ao seu talento como orador. Em boa medida, o mérito é de David Oyelowo, em excelente interpretação injustamente esquecida na corrida ao Oscar — “Selma” concorre nas categorias filme e canção (“Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn). Tom Wilkinson também surge em ótimo desempenho como o presidente Lyndon B. Johnson, exposto (de modo polêmico) como político que resiste bastante diante dos apelos de King. Ainda no elenco estão Oprah Winfrey, Tim Roth, Giovanni Ribisi e Cuba Gooding Jr.

Daniel Schenker – O Globo|4|2|2015

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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