Exército coloca 960 homens para desocupar acampamento bolsonarista

Neste momento, 960 homens de três unidades do Exército — a Polícia do Exército, o Batalhão de Guarda da Presidência e o Batalhão de Cavalaria de Guarda — trabalham na remoção do acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército que começou há 70 dias. A força-tarefa foi decidida em reunião ontem à noite entre o ministro da Defesa, José Múcio, o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

A decisão da remoção imediata dos acampados foi tomada depois da determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes, que deu 24 horas para que as autoridades dessem fim ao acampamento. Na quarta-feira da semana passada, em almoço dos três comandantes das Forças Armadas com o ministro Múcio, o general Júlio César de Arruda, comandante do Exército, deixou claro ao ministro que o Exército não estava disposto a atuar na remoção dos acampados. Naquele momento, Múcio assentiu, convencido de que a saída dos bolsonaristas seria gradativa e espontânea.

Lula decidiu pela intervenção após ver PM tomando água de coco com vândalos.

O presidente Lula decidiu determinar a intervenção no Distrito Federal depois de ver cenas em que policiais do DF faziam selfies e compravam água de côco enquanto vândalos invadiam o Congresso. O presidente estava em Araraquara para prestar solidariedade às vítimas das enchentes que desabrigaram centenas de pessoas e fizeram 16 mortos quando recebeu a informação de que havia uma manifestação de bolsonaristas próxima ao Congresso. A notícia evoluiu para a invasão do local e logo depois para a tomada do Supremo e do Palácio do Planalto pelos vândalos.

Por telefone, o presidente falou com o ministro da Justiça, Flávio Dino, o ministro da Defesa, José Múcio, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, além de ministros do STF e dos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Dino foi o primeiro a defender a decretação da intervenção federal, mas o presidente só tomou a decisão depois de ver, pelo celular, as cenas em que policiais do DF confraternizavam com os radicais.

Segundo um dos presentes à visita do presidente à Araraquara, porém, o que mais deixou Lula indignado em relação à forma como as forças de segurança reagiram ao episódio foi o que ele considerou a inexplicável demora na retirada dos invasores dos prédios do Congresso, do STF e do Palácio do Planalto.

Os episódios de ontem serviram para reforçar os pedidos pela cabeça do ministro da Defesa. Segundo um interlocutor de Lula, até ontem, o presidente não havia manifestado nenhuma intenção de demitir o ministro, cujo nome pode não ter sido a primeira opção do presidente, mas é o que “mais se aproxima do que ele quer”. Num momento em que as Forças Armadas sofrem críticas da esquerda e da direita, uma eventual saída de Múcio — bem visto pelos militares— pode causar ao governo mais problemas que a sua permanência.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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