Ticiana Vasconcelos Silva

Tenho um caso de amor com a minha inteligência. Vá lá que não sou grandes coisas na vida, o que é uma burrice, mas e daí? Isso não determina minha qualidade de pensamento. Muito pelo contrário. Tudo o que passei, passo e passarei uso para pensar. Também não me considero inteligente a ponto de me considerar inteligente. Certas coisas penso bem. Outras, nem tanto. E muitas me vencem. Minha mente permanece ávida por pensamentos. Todos os dias meus pensamentos vêm em forma de questionamento.

Pra que questionar a vida, né? Coisa desnecessária, irão dizer. Mas, para mim, comum. Penso sempre, por exemplo: que ciclo infernal de acordar e dormir sem fim. Pode parecer besteira, mas já pararam pra pensar? Ou será que eu penso coisas bizarras? Não me parece estranho achar que dormir e acordar todos os dias seja uma obrigação a mais. Talvez seja. Mas eu não me conformo com este tal de ciclo. Por isso, durmo e não quero acordar. Tenho que dormir e não quero ir pra cama. Uma criança birrenta, praticamente. Acho que sou mesmo uma criança descobrindo o mundo a cada hora através do pensamento. Investigo e questiono.

Gostaria de apenas aceitar. Mas não é da minha índole. Ir além é ter sempre um cisco no olho para destravar. Elucidar o olhar. Através do pensamento. E quando não houver mais questionamento, questionar o vazio. Sempre há o que pensar. E olhar para a mente é descobrir o sono. Hora de dormir.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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