Todo dia é dia de poeta

Síndrome

Sinto-me admirando a liberdade dos pássaros

(aves rapi-sônicas
botam ovos malignos na mesa das crianças
e engolem as pipas ingênuas),
contemplando o colorido feliz das florestas
(edifícios cinzentos, de sombras frias,
proibem-te de ver o sol
e só permitem que vejas um amigo
se tiveres um binóculo),
adorando os cristalinos rios
(os velocipides. coitados,
são fugitivos dos viciados em combustíveis,
dentro das velocidades embriagadoras).
Amando os quadrúpedes
fugitivos do circo e do chumbo
(vidas apagando-se
nas patas dos quadrúpedes de ferro)
e comendo o feijão que plantei
nos alqueires da vida.
É a dança na bola de cristal
dos sitios e das megalópolis.
Não posso parar o mundo!
Alberto Cardoso
do livro Poenau, Poesia e Proesia, 1988

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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