Governo Bolsonaro extermina futuro das crianças

pandemia da Covid-19 aprofundou a crise na educação, mas não a forjou. Escancarou a tragédia de uma área negligenciada por um governo incompetente e mal-intencionado. Não é por boa-fé que um presidente da República, em três anos de mandato, conta quatro ministros da Educação; quatro presidentes do FNDE, o fundo que banca as políticas públicas do setor; e cinco presidentes do Inep, o órgão responsável por monitoramento e avaliação do sistema educacional, além da aplicação do Enem, porta de entrada dos jovens no ensino superior.

À luz do atual escândalo, está claro que exterminador do futuro de crianças e adolescentes brasileiros é o veneno que mistura desmonte institucional, violação à laicidade do Estado, tráfico de influência, corrupção e propina em barra de ouro.

Jair Bolsonaro nunca escondeu ser motor de destruição da educação, da cultura, do meio ambiente. Elegeu-se para, em aliança com líderes evangélicos, militares, grileiros, lobistas das armas, levar a nocaute direitos humanos, instituições democráticas, reputação diplomática, pactos civilizatórios consagrados. Na educação, indicou, segundo declaração do próprio titular da pasta, o pastor presbiteriano Milton Ribeiro, um par de religiosos sem cargo no governo para intermediar o acesso de prefeituras aos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, sob a gestão de aliados do Centrão.

A parceria público-privada de pilhagem do Estado já tinha sido identificada pela CPI da Covid, tanto no gabinete paralelo de formulação da política pública de saúde quanto nos intermediários ilegítimos da compra de vacinas. A comissão parlamentar apresentou ao país o reverendo Amilton Gomes de Paula, da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, uma entidade social batizada como órgão público.

O religioso conseguiu uma reunião no Ministério da Saúde para a empresa Davati oferecer ao governo 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca, imunizante que já era alvo de acordo do laboratório estrangeiro com a Fiocruz. O reverendo Amilton logrou em quatro horas o que a Pfizer levou meses para conseguir.

Flávia Oliveira

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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