Um Brasil sem Millôr

(Millôr Fernandes, 1924-2012)

Algo que não dá para entender é a ausência da ironia do Millôr Fernandes na internet: o perfil @millorfernandes no Twitter congelou em 10/2014, no facebook em 5/2015. Já o acervo no Instituto Moreira Salles não oferece a abundância de conteúdo e a facilidade de acesso que tinha o desaparecido site dele no UOL.

“No Brasil, o passado não passa.” (Millôr Fernandes)

Num Brasil bolsonarizado, a crítica mordaz do nosso maior humorista e filósofo não pode faltar: tudo que o Millôr Fernandes produziu contra os canalhas e os corruptos permanece atualíssimo. Mesmo morto, Millôr ainda é um implacável adversário contra esse governo incapaz, desumano e golpista.

“Quem se curva diante dos opressores mostra o traseiro para os oprimidos.” (Millôr Fernandes)

Por que o Millôr não está acessível e atuante nas redes? Por que sua opinião não vibra e influi nos dias de hoje? Por que desperdiçar um pensador da sua envergadura? Por que seu imenso patrimônio está tão oculto e inativo? Por que os curadores não devolvem o Millôr ao Brasil?

“Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.” (Millôr Fernandes)

Vivo estivesse, Millôr seria um inimigo mortal dos fascistas, dos nazistas, racistas, homofóbicos, negacionistas, terraplanistas, do genocida. Vivo, seria uma esperança na defesa dos direitos, uma força a mais nas manifestações pelo #ForaBolsonaro. Mas a arte genial do Millôr não morreu. Sua obra é que podia ser melhor administrada.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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