Uma mulher que dará brilho ao TJ/PR

Houve tempo em que uma única mulher compunha o Judiciário paranaense – a pioneira e respeitada magistrada Dra. Lílian Lopes Teixeira. Atuou em inúmeras comarcas do Estado, integrando, inclusive, o então Tribunal de Alçada do Paraná. Desistiu da carreira para não atrapalhar a trajetória do irmão, Lauro Lima Lopes, que chegou a desembargador.

Na década de 1970, nove eram as magistradas em atividade no Paraná. Hoje, segundo o site do TJ/PR, são 271, em total de 790 juízes. Como desembargadoras, têm-se apenas 16, do total de 145. Continua enorme, portanto, a desigualdade de gênero entre os julgadores paranaenses, mas elas estão avançando e conquistando o lugar que merecem.

A partir desta sexta-feira (27/01), uma nova magistrada tomará assento no TJ/PR, sucedendo a recém aposentada desembargadora Regina Helena Afonso de Oliveira Portes – a Dra. Ana Cláudia Finger. E isso é motivo de júbilo para todos nós e engrandecerá sobremaneira o egrégio Tribunal de Justiça do Paraná.

Embora ainda jovem, a Dra. Ana Cláudia não só preenche as condições constitucionais para o cargo de julgador(a), de notável saber jurídico e reputação ilibada, como vai além pela dedicação, seriedade no serviço, competência, caráter, generosidade e senso de justiça.

Não é fácil a missão de julgar os cidadãos, nivelar as desigualdades, enquadrar os poderosos, deslindar questões de milhões de reais, enfrentar advogados sagazes e nem sempre atentos aos princípios da ética, da moral e da decência; e integrantes do Ministério Público e servidores muitas vezes incapazes ou negligentes. A Dra. Ana Cláudia Finger, no entanto, está preparada para isso.

Sabe que o juiz é um ser humano como outro qualquer. Com qualidades e defeitos. Só que com a distinguida atribuição de julgar a todos nós, e normalmente com excesso de trabalho. Sabe, também, que esse poder não provém dos céus. Nem está impregnado do dom divino. A ele (ou a ela) cabe, simplesmente, aplicar a lei, fazendo-a prevalecer nos entreveros e quando os direitos são desrespeitados. Para tanto, o juiz deve reunir conhecimento e ter isenção, discernimento e autoridade. Continuará sempre, porém, um ser humano.

Para a Dra. Ana Cláudia valeram a sólida formação familiar, os anos de dedicação ao magistério universitário, a prática da advocacia com correção e eficiência, e, particularmente, as lições colhidas como discípula dos mestres Drs. Romeu Felipe Bacellar Filho e Renato Andrade.

Foi quando a conheci. Ela era ainda uma menina, recém formada, mas com muitos sonhos na cabeça e uma vontade imensa de aprender. Formamos dupla por algum tempo, aprendemos juntos e praticamos o bom Direito. Foi uma honra ter tido Ana Cláudia como companheira. Quando resolvi pendurar as chuteiras, ela seguiu em frente. No caminho, encontrou Márcio Augusto, da estirpe dos Nóbrega Pereira, que lhe deu amor, carinho e o que ela mais precisava na vitoriosa trajetória. Como boa palotinense, orgulhou a mãe Maria de Lourdes, o saudoso pai, o Dr. Genésio, a irmã Ana Paula e as sobrinhas queridas. Agora, orgulhará o egrégio Tribunal de Justiça do Estado, como honrou a secção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil, que a indicou com expressiva votação para o Palácio da Justiça.

Segue adiante, minha querida amiga, e que Deus continue iluminando os seus passos e a sua vida.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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