Estava procurando alhos e encontrei bugalhos preciosos: essa maravilha de edição de O Mistério da Prostituta Japonesa & Mimi-Nashi-Oichi, do brilhante Valêncio Xavier, com capa do Miran e apresentação de Leminski, editado pela Módulo 3, em 1986. É mole? Leminski o apresenta como Valêncio Monogatari, ou o Minotauro da Cinemateca. E ele era isso mesmo. Vivia no labirinto misterioso de sua literatura visual, fotográfica, cinematográfica. Tive um breve mas intenso contato com ele. Trabalhava na Gazeta do Povo e ele me entrevistou, por telefone, sobre umas fotos minhas de Havana Velha. Ficamos quase uma hora ao telefone e Valêncio me contando sobre uma namorada cubana que tiveva em Paris.
Passados uns dias me liga de novo querendo saber sobre um filme que eu gostasse, para publicar no jornal. Tinha sido a última vez que eu falara de Dodeskaden, do Kurosawa, que comentei outro dia aqui na Pocilga. Isso há uns 12 anos. Disse que era nipomaníaca, adorava a cultura japonesa, e ele então me mandou essa beleza de livro. Sem dedicatória, nada, mas firmou nisso nossa amizade virtual. Anos depois o encontrei na Fnac, mas ele não me reconheceu. Nossa relação havia ficado naquele minúsculo quarto da prostituta japonesa. Arigatô, Valêncio Monogatari! Arigatô, Soruda san!
Lina Faria. 6|12|2008