Vícios e virtudes

UM TELECATCH, ontem na Câmara dos Deputados. Ao som de cachaceiro e ladrão dos bolsonaristas contra Lula, ali presente para a celebrar a reforma tributária, teve deputado esbofeteado pelo colega que, no auge da irritação, chamou um terceiro de viadinho. Como fica isso? Fica igual, já aconteceu e vai acontecer de novo. Por que? Ora, porque a câmara dos deputados não é o parlamento inglês, em que os adversários dirigem-se uns aos outros como “learned coleague”, meu culto colega. Semana que vem o ofensor assina o projeto de lei do viadinho ofendido ou do esbofeteado. É gente sem vergonha, como o casal de Lindomar Castilho.

Aqui os debates começam com ladrão, avançam pelo viadinho e terminam em bofetão, quando não atingem temperaturas de puxar peixeira e mauser, mais cenográficas que reais, pois existe a polícia legislativa, que não controla leis bandidas, sim políticos esquentados. Nosso poder legislativo, todo ele, do Oiapoque ao Chuí, é local de tolerância, onde impera o ambiente de “zona” e tudo é aceito como normal. Daí “Casa de Tolerância”, sinônimo antigo para bordel, como o deputado Carlos Lacerda chamou a câmara de seu seu tempo, mais como força de expressão – ele conhecia os vícios do legislativo e as virtudes dos bordéis. Bordel? Ora, é o velho puteiro de guerra.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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