Publicado em Comédia da vida privada | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

O borogodó das mulheres mais velhas

Por que algumas mulheres têm tanto borogodó e outras são só o ó do borogodó?

“Por que o borogodó da Brigitte incomoda tanto?” foi o título da minha coluna na Folha, em 6/9/2019, após o então ministro da Economia, Paulo Guedes, fazer um comentário grosseiro a respeito da aparência da primeira-dama da França:

“O Macron quer fazer uma intervenção no Brasil porque chamaram a mulher dele de feia… O presidente falou que a mulher do Macron é feia. O presidente falou a verdade, ela é feia mesmo. Mas não existe mulher feia, existe mulher observada do ângulo errado. E fica essa xingação”.

Muitos leitores, na época, ficaram indignados com a grosseria do ex-presidente e do ex-ministro e me escreveram dizendo que achavam Brigitte Macron uma mulher muito interessante e com bastante borogodó.

Mas, afinal, o que é o tal do borogodó?

No meu novo livro, “A Arte de Gozar: Amor, Sexo e Tesão na Maturidade”, apresento uma pesquisa inédita que fiz com 100 homens e mulheres sobre o significado do borogodó na cultura brasileira.

Ninguém conseguiu definir direito o que é borogodó, mas todos souberam dizer quando alguém tem (ou não tem) borogodó. Daí o seu doce e irresistível mistério.

Estou buscando criar uma definição que sintetize as características mais citadas na minha pesquisa, mas confesso que ainda sinto falta de algo inclassificável:

Borogodó = carisma + poder de atração + autenticidade + leveza + bom humor + um algo a mais sem qualquer explicação

Carisma seria, então, o melhor sinônimo de borogodó?

Após entrevistar homens e mulheres sobre o tema, acredito que o borogodó é uma qualidade ainda mais rara e preciosa do que o carisma. Estou chegando à conclusão de que, no Brasil, o borogodó é um verdadeiro capital.

O borogodó, para uma atriz de 65 anos, é uma espécie de poder inexplicável, uma luz natural que vem de dentro, como uma graça divina.

“O melhor exemplo de mulher com borogodó é Brigitte Macron. Ela tem 70 anos, é casada com um homem 25 anos mais novo e nunca deixou de ser uma mulher poderosa, inteligente, elegante, autêntica, independente, corajosa. A Brigitte nunca deixou de ser ela mesma, nunca precisou se exibir ou se esforçar para chamar atenção. É natural, está no DNA dela”.

Para ela, “o segredo do borogodó é não ter vergonha de ser você mesma”.

“Todo mundo gosta de mim de graça. Sempre fiz sucesso com homens e mulheres de todas as idades. Não tenho vergonha de estar mais velha, mais gorda, mais flácida, mais pelancuda e com muito mais rugas, estrias e celulites. Acho que a liberdade, a alegria e a coragem de ser eu mesma é o meu maior borogodó.”

Seu marido, um fotógrafo de 40 anos, disse que a atriz é “a rainha do borogodó”.

“Minha mulher tem 65 anos, mas tem muito mais borogodó do que muitas garotinhas, porque o borogodó não depende do colágeno nem da bundinha durinha. Ela chega em qualquer lugar e naturalmente rouba a cena, ilumina todo o ambiente, contagia com suas risadas gostosas, inteligência e alegria de viver. Ela brinca o tempo todo com os próprios defeitos, faltas e imperfeições. Sabe o que me dá mais tesão? Ela sabe rir dela mesma e me faz dar risadas até mesmo nos momentos mais difíceis.”

Ele adora fotografar “mulheres inteligentes e interessantes que, apesar de mais velhas e consideradas fora do padrão, têm um baita borogodó”; e odeia trabalhar com “mulheres que, apesar de jovens e perfeitas de corpo e rosto, são só o ó do borogodó”.

“Trabalho com mulheres lindas que são arrogantes, nojentas, exibidas, narcisistas, desagradáveis e insuportáveis. Aquele tipo de mulher que deve se perguntar o tempo todo: ‘Espelho, espelho meu, será que existe alguém com mais borogodó do que eu?’. Sabe qual é o paradoxo do borogodó? Se uma mulher se achar cheia de borogodó, pode ter certeza de que está diante de uma chata sem um pingo de borogodó. Ela é, na verdade, só o ó do borogodó.”

Sei que você deve estar se perguntando agora: “Será que eu tenho borogodó?”. Se depois de ler sobre o paradoxo do borogodó você responder que sim, é provável que não tenha. Se responder que não, também não deve ter, pois os outros já teriam dado provas do poder do seu borogodó.

Agora, se você responder que não sabe, talvez faça parte do universo das raras pessoas encantadoras que têm esse tal de borogodó. Ou será que você é só “o ó do borogodó”?

Publicado em Mirian Goldenberg - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

No Bacacheri…

© Vera Solda

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

O plano do PT sem Marina

Izabella Teixeira seria o nome do PT para o Meio Ambiente, mas está no BNDES.

A crise entre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, seu colega das Minas e Energia, Alexandre Silveira, a Petrobras e o senador Randolfe Rodrigues, fez o PT sonhar em ocupar a pasta. Desde o ano passado, o PT queria a ex-ministra Izabella Teixeira no posto, não Marina.

Enquanto Lula organizava seu ministério, a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, tentava emplacar Teixeira no Meio Ambiente e defendia que Marina Silva ocupasse outra função, menos executiva. Perdeu.

Izabella Teixeira está no Conselho de Administração do BNDES, função considerada tampão. Petistas ouvidos pelo Bastidor acreditam que Izabella Teixeira é respeitada entre ambientalistas e consegue se equilibrar entre a vontade do governo promover desenvolvimento social e econômico e a preservação ambiental.

A articulação não levava em conta o fato de Marina ser um símbolo internacional da luta pelo meio ambiente no Brasil e da retomada da política ambiental após a destruição promovida por Jair Bolsonaro.

Por enquanto, diz um auxiliar de Lula ao Bastidor, o presidente não quer ouvir falar em mudança.

Publicado em O Bastidor | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

As carpas na Casa de Chá

A Casa de Chá que tenho, aqui na cidade de Kyoto, é muito frequentada. Só fecha na segunda-feira; aproveito a folga para escutar Chet Baker num vinil riscado e dormir até mais tarde. Acendo o abajur, juntas e confusas, as carpas no grande aquário no canto do meu quarto. Tantas vezes, tantas, como agora, eu as pego me olhando, as carpas devassando o que em mim tem sido pesada âncora de ferro. E o que pesa tanto na âncora? Não conseguir responder à seguinte pergunta:

— Se a vela já estava acesa antes que a primeira vela se acendesse, onde está o Buddah neste exato momento?

— Se a vela já estava acesa antes de estar acesa, então a carpa já estava molhada antes que a água a molhasse. Antes que houvesse cortina e vento, a cortina ondulava ao vento. Antes que houvesse os olhos, olhos já viam carpas, cortinas, aquário e viam a vela acesa antes de estar acesa. E que fogo é este que queima sem queimar? O Buddah, neste momento, está dançando em torno de um fícus: tem vezes é invisível o Buddah, que celebra as Bodas de Saïs em torno do fícus; outras vezes é uma folha o Buddah e dá cinco voltas em torno do fícus. O vento não deixa a folha cair no chão, mas faz com que ela adentre a capela de Santa Ana e paire na água da pia batismal.

— Mas que lugar é este onde a vela está acesa antes de estar acesa e a carpa molhada antes de estar molhada?

— Este lugar é quando eu contemplo pura e serenamente os objetos.

(Dedico à Iara Teixeira)

Publicado em Fernando José Karl | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Mestre da Vida – 2006

Aquele Sérgio que nos fazia rir é este Mercer que choramos agora. Aquele domador de palavras, autor e ator de performances impagáveis! Era ironia, era poesia, era pura graça. E eis que era, de súbito, a reflexão aguda. Desvendava realidades recônditas – e também aquelas apenas turvadas por algum tipo de preconceito – com a simplicidade de quem destampa uma panela.

Descia o chicote na mediocridade, e isso era espetáculo à parte, indignação e chiste compondo números memoráveis, de que os amigos todos lembramos com detalhes , mas sem saber repetir. Como reproduzir atuações como aquelas!? E era encantado com as idéias. “Toda a força às idéias”. De quem , ou de onde viessem , idéias faziam brilhar seus olhos, ele que era uma usina de idéias. E que idéias! ´É dele o inesquecível “Eu quero votar para Presidente”, que embalou o movimento pelas diretas em 1984. Também dele, como tantas outras memoráveis, a campanha do “Lixo que não é Lixo”, de 1989, que ajudou a projetar Curitiba no imaginário ecológico do mundo. Sua contribuição à publicidade e à cultura da cidade, caudalosa e relevante, bem que merece resgate.

E era generoso. Com aqueles dentes grandes e desalinhados entre si mas quase sempre sincronizados em em um sorriso escancarado e cativante, era o primeiro a alertar os amigos sobre filmes, peças de teatro, livros, artigos de jornal, restaurantes, qualquer coisa boa que passasse por ele. Coisas de ver, ler, ouvir ou comer. Comer era de grande relevância na roda de glutões que fomos , ainda mais quando ele se afastou do álcool. Ouvir também era fundamental , posto que era nosso professor de jazz , ele que sabia tudo de jazz e quase tudo de música em geral. Tirava umas canções do piano, mas era quando tocava seu bandoneon inexistente que mais nos encantav. Pura mímica, puro ilusionismo, e a gente jurando que ouvia de verdade os grandes tangos que tirava daquele bandoneon imaginário.

Sem esquecer as impagáveis paródias de milongas que ele compunha, e que eram só para rir, para castigar a mesmice que espreita o cotidiano. E havia também o cantinfleio, termo que criou para descrever aquele falar rápido e surreal do inesquecível Cantinflas, que imitava com muita graça, ainda mais quando se fazia necesário explicar o inexplicável. Aquele nosso querido Mercer! Sim, era também um ator. Mas bem me lembro dele como pensador. Mestre, mestre Mercer, nosso professor de vida.

Publicado em Geral, Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Sem jornalismo não há revolução

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Mural da História

13-3-2011

Publicado em Charge Solda Mural | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Cláudio Paiva

© Claudio Paiva

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Casamento com sexo

O advogado que representa o filho e a irmã de Gugu Liberato na disputa de herança com as duas filhas e a mulher do apresentador, perguntou em audiência quantas vezes ela, Rose Miriam transava com Gugu. A coisa ferveu quando o juiz indeferiu a pergunta como impertinente, abusiva e desrespeitosa.

Acalmados os ânimos, Rose Miriam pediu para responder: “quando dava vontade”. O advogado, vendo os honorários escaparem de suas mãos, insistiu: “quantas vezes por semana e por mês”. Nessa hora cabia perguntar ao advogado quantas vezes ele transa com sua mulher, se ainda o faz, ou se ambos ainda têm vontade.

Na hora me veio a aula de Direito Romano, a frase do jurista Ulpiano: “nuptiae non enim concubito sed consensu facit“. O casamento está na decisão de conviver, não no tesão pelo cônjuge, poderíamos traduzir hoje. Aliás, no fim do Império, os maridos transavam com homens e esqueciam suas mulheres – como se disse do falecido Gugu.

Esse advogado não estudou em boa faculdade de Direito. Sabe nada. Tanto sexo no casamento faz mal à saúde.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

A volta do parafuso

Esta noveleta de Henry James (1898) é um clássico da literatura de terror, e teve uma ótima adaptação para o cinema (“Os Inocentes”, Jack Clayton, 1961 – aqui, uma boa e informativa crítica de Colm Tóibín: http://bit.ly/SXIoxz). É a história de uma governanta que vai cuidar de um casal de crianças (10 e 8 anos) numa mansão assombrada pelos fantasmas de um casal de criados que, quando vivos, estavam fazendo tudo para perverter o garoto e a garota. A governanta vê os fantasmas; as crianças parecem não vê-los, e tudo conduz a um desfecho trágico.

Já correu um Açude Velho de tinta a respeito desse livro, que é um dos grandes exemplos do que a gente chama “o fantástico todoroviano”. A teoria de Tzvetan Todorov é de que uma história legitimamente fantástica é aquela que permite o tempo inteiro duas leituras: uma leitura sobrenatural (os fantasmas existem de fato) e uma leitura realista (tudo não passa de um delírio provocado pela sexualidade reprimida da governanta). As duas leituras estão entrelaçadas, e qualquer pessoa que queira defender uma delas encontrará numerosas pistas ao longo do texto.

Um aspecto que se discute menos sobre esta pequena grande história é que James foi um dos primeiros e melhores formuladores da teoria que hoje chamamos “Não Mostrar o Monstro”. Quando queremos assustar o leitor, é melhor a abordagem indireta, que sugere mas não afirma, implica mas não descreve, deixa tudo à imaginação do próprio leitor. Amigo de Robert Louis Stevenson, James talvez tivesse em mente, ao escrever, o clássico “Dr. Jekyll e Mr. Hyde” que o amigo publicara em 1886, e onde a natureza exata das perversidades de Mr. Hyde não fica bem clara.

Diz James, no prefácio à edição de Nova York de “A Volta do Parafuso”: “Já vimos, em ficção, uma forma magnífica de malfeito ou, melhor ainda, de mau comportamento, atribuída, vemo-la prometida e anunciada como se fosse pelo bafo quente do Abismo – e então, lamentavelmente, reduzida ao âmbito de alguma brutalidade específica, uma imoralidade específica, uma infâmia específica retratada. (…) [Para evitar isto,] basta tornar bastante intensa a visão geral que o leitor tem do mal, calculei – e essa já é uma tarefa charmosa – e sua própria experiência, sua própria imaginação, sua própria compaixão (pelas crianças) e horror (dos falsos amigos delas) lhe fornecerão, de forma satisfatória, todos os pormenores.

Faça-o pensar no mal, faça-o pensar por si, e você estará livre das frágeis especificidades”. O que é induzido e sugerido se multiplica em um milhão de fantasias de horror nas mentes de um milhão de leitores. E cada horror será personalizado.

Publicado em Braulio Tavares | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Agora é que são elas…

leminski-70-anos-solda

6 Capítulo 17/Página 81

O mordomo irrompeu e anunciou:
— O corpo está sendo velado na capela. E os senhores e senhoras presentes podem se servir a partir de agora.
A voz de Norma ainda ecoava naquele salão, quando todos largaram os copos, se levantaram e, com velocidades variadas, se encaminharam para os fundos da casa.
— Coitada, sofreu tanto, um comentava.
— Para morrer, basta estar vivo, arriscou uma damamais filosófica.
— Quem diria? Tão moça e tão cheia de vida.
— Descansou, afinal.
— Pelo menos, não sofreu.
— Cantava tão bem.
— Quando chega a hora, minha filha.
— A vida é assim, quando chega na metade, já estamos no fim.
E lá fomos nós atrás do cadáver de Norma, na capela toda iluminada e florida. Tantos gerânios! Ela era louca por gerânios.

Trabalhávamos na Exclam Propaganda, Curitiba, Polaco e eu. Ele estava escrevendo o seu primeiro romance, entusiasmado. Nunca mostrou nenhum esboço, nada. Um dia, chegou de manhã e disse:
— Soldinha, fiz uma homenagem pra você no meu livro. E nada mais falou. Eu também não falei nada, apenas dei uma risada, escancarada, mais faceiro que mosca em tampa de xarope. Leminski foi quem me ensinou a abraçar as pessoas. Quando nos conhecemos, ele disse, depois de um abraço, meio acanhado que eu dei nele:
— Não é assim que se abraça os amigos, Soldinha. Venha cá. E me deu um abraço de quebrar as costelas, olhando nos meus olhos.

A homenagem, só vi depois, no livro impresso, da Brasiliense. Um haicai meu, sem nenhuma menção ao cartunista que vos digita. Amigo é pra essas coisas. Ou não?

a vida passa assim
na metade
já estamos no fim

(1978)

(livro “69” – com Antonio Thadeu Wojciechowski – 1980, Editora Beija-Flor)

Publicado em Sem categoria | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Imperdível!

O documentário conta como Michael J. Fox saiu de uma base do exército canadense para alcançar o estrelato na Hollywood dos anos 1980. Além de sua vida pública, o filme mostra sua batalha privada, incluindo os anos seguintes ao seu diagnóstico com mal de Parkinson aos 29 anos. – 2023.

Publicado em Cinema | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Liberdade ainda que prisioneira

A Estátua da Liberdade se chama, oficialmente, Estátua da Liberdade Iluminando o Mundo. Ela foi oferecida, em 1886, à América pelos franceses e construída num dos acessos ao porto de Nova York. O escultor Frédéric-Auguste Bartholdi projetou-a para ter 91,5 metros desde a base do pedestal até a ponta da chama do facho. O pedestal é de granito e cimento, a figura, com 45,3 metros, é feita de chapas de cobre colocadas sobre uma estrutura de ferro e aço. Foi Gustave Eiffel, o mesmo da torre famosa, que a construiu. E ela fica lá servindo de cartão postal, inerte, mal iluminando suas próprias redondezas.

O mundo, mesmo, permanece meio que no escuro, no caos dos homens-bombas e dos atentados terroristas em geral. Nem sei por que conto isso. Talvez porque pouca gente consiga transpor a Porta de Jade, penetrando no Jardim das Delícias e conquistando os segredos da vida perene e satisfatória.

Não sabia como continuar o parágrafo anterior e parei. Acho que estava enveredando por caminhos difusos e comprometedores. Ou talvez apenas um pouco íngremes e cheios de musgos. Agora, respiro um pouco e tento engrenar.

Seria o amor espera e busca? Busca e espera? Um delivery sem mapa definido para a área de entrega? Um pedido de carinho que se pode fazer às quatro da manhã invernal, quando o ar treme de frio e solidão, com entrega prazerosa e imediata? Ou você pede a Estátua da Liberdade com batatas fritas e um refri? E dorme em meio a sonhos tumultuados de aviões que não levantam voo porque são feitos de madeira aglomerada que de desfaz em serragem quando tocada?

E a estátua chega de manhã, coberta de glórias passadas, com o fogo do facho apagado e murchos os lauréis que enfeitam a cabeça. “O amor é a estopa da natureza bordada pela imaginação”. Adicione um pouco de querosene e breu à estopa devidamente dobrada, prenda cuidadosamente na boca do balão, acenda e cante… noite de junho, céu estrelado, balão subindo, clareando a escuridão…

*Eu sou assim mesmo, não adianta.

Publicado em rui werneck de capistrano | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

© Jan Saudek

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter