A coisa

OS PARANAENSES reelegeriam Bolsonaro e Ratinho no primeiro turno, na pesquisa que nos leva do desespero ao terror. Bolsonaro e Ratinho reeleitos, dá para entender, são coligados e aliados, embora o primeiro seja adversário e inimigo de Lula e o outro não seja nem uma coisa nem outra. Os suicidas cívicos dirão que Bolsonaro é uma coisa e Ratinho é outra coisa, seja a coisa que for. Resgatamos aqui as sábias palavras da doutora Rosângela Moro: Bolsonaro e Ratinho, a mesma coisa.

Este texto confuso só serve para demonstrar a força, a utilidade e o valor da palavra ‘coisa’: ela pode ser neutra e pode ser contundente; depende, como poucas na língua, do adjetivo e do advérbio. Por exemplo: coisa ruim, coisa inútil, mesma coisa, outra coisa. Tanto que se inventou o masculino para agrado daqueles que não querem ofender o idioma adjetivando a coisa: coiso, como no caso de Jair Bolsonaro – que caberia nos aliados não inimigos dele.

O Insulto, que é apenas adversário, jamais inimigo de advérbios e adjetivos, amante desvairado da língua, não irá ofender o idioma com isso de coiso. Na política, e só para fins políticos, continua usando a coisa, desta vez enriquecida com o advérbio e o adjetivo, sem prejuízo do diminutivo: coisa ruim, coisa ordinária, coisa insignificante, coisa do demônio, outra coisa, coisica – e sem dúvida o mesma coisa e o outra coisa. E jamais ofende a me*da pondo-a em companhia da coisa.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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