Lula assume comando das Forças

Arruda dera seguidas mostras de insubordinação à autoridade presidencial

Lula tem feito apelos à pacificação do país e é um conciliador. Mas esse perfil não pode ser confundido com falta de autoridade. Foi o que o presidente deixou claro ao assumir seu papel de comandante supremo das Forças Armadas e determinar a exoneração do general Júlio César de Arruda da chefia do Exército.

Arruda dera seguidas mostras de insubordinação à autoridade presidencial, desde que impedira o desmonte do acampamento de terroristas em frente ao QG do Exército, na noite de 8 de janeiro, com a segurança do DF já sob intervenção federal. Arruda esticou a corda e peitou Lula, achando que ficaria por isso mesmo. Não ficou.

Lula o substituiu pelo general Tomás Ribeiro Paiva, comandante militar do Sudeste. Na quarta-feira (18), com a crise em torno de Arruda em ponto de fervura, Paiva aproveitou cerimônia interna com a tropa para fazer uma defesa da legalidade e do respeito às eleições (o discurso foi divulgado nas redes sociais do comando). Três dias depois, Paiva seria nomeado o sucessor de Arruda.

A defesa da legalidade é bem-vinda, mas só pode ser considerada extraordinária diante do cenário de anômala partidarização das Forças Armadas no Brasil. Convém lembrar que Paiva foi chefe de gabinete de Eduardo Villas Bôas, o general tuiteiro que, em abril de 2018, pressionou o STF na véspera da votação do habeas corpus de Lula. O resto você sabe.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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