A primeira vítima

Israel tem que refletir sobre o bloqueio à Faixa de Gaza e não ceder às exigências de retaliação contra civis, pois essa traz consequências piores. Não demora começa-se a compará-lo ao cerco do Gueto de Varsóvia, quando os judeus foram encurralados pelos nazistas e conduzidos a campos de concentração. Até a imagem do garotinho judeu com os braços levantados diante dos soldados alemães será resgatada, na foto imortalizada pela memorabilia do Holocausto. O problema da História está em sua tendência a se repetir, seja como farsa, seja como tragédia. Até agora ninguém se lembrou da comparação entre as duas situações. E quando se lembrar, de acordo com sua preferência, amplifica semelhanças e oblitera diferenças. A objetividade, a qualidade ideal da verdade, é sempre a primeira vítima. Até a vingança tem prazo de validade, sob pena da aniquilação recíproca.

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Flecha corajosa

Um dia
Ser levado
Pela ousadia
Viver
Do atrevimento
Dia após dia
No rigor da coragem
Entre supostas
Miragens
De perseverança
Um dia ser atingido
Pela audácia
E morrer à sombra
De uma flecha corajosa

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O inocente Lobisomem

Ainda espero por um filme em que, ao ser morto com a bala de prata, ele verta uma lágrima na cena final

Por motivos diferentes, andei tratando aqui de duas figuras pouco aceitas em sociedade: o conde Drácula e Jack, o Estripador. De fato, eles têm poucas qualidades que os redimam. Os dentes de Drácula geraram uma galeria de mulheres-vampiro, que só descansaram quando tiveram cravada uma estaca no meio do decote, e Jack esfaqueou outras tantas com rigor cirúrgico. Com isso, o cinema nunca lhes concedeu um filme a favor. Mas há um colega deles que paga por crimes de que não tem culpa: o Lobisomem.

Para começar, ele não pediu para ser lobisomem. Na história original, passada no País de Gales, Lawrence Talbot, bom sujeito, honesto, gentil e opaco, é mordido por um lobo em certa noite de lua. Basta isto para que, sob a tal lua, cresçam-lhe pêlos, garras e dentes e ele se torne metade homem, metade lobo. Daí, apenas por ter estraçalhado um ou dois para se defender, precisa ser morto com uma bala de prata ou a golpes de uma bengala com cabo de prata.

O lobisomem clássico do cinema foi Lon Chaney Jr, em “O Lobisomem” (1941). Para transformá-lo, usaram o “stop-motion”, a filmagem interrompida para cada aplicação da maquiagem. Mas, calçado e vestido até o último botão, ele só se tornava um lobo nas partes visíveis, o rosto e as mãos. Ao voltar a si, não precisava nem fazer a barba.

John Landis, em “Um Lobisomem Americano em Londres” (1981), foi mais realista. Quando David Naughton vai se transformar, seu corpo inteiro se contrai e se repuxa, os membros se tornam patas, as roupas vão sendo destruídas e ele fica de quatro e em pêlo —com o que, ao passar o efeito, está nu, claro.

Mas esses filmes, para mim, têm um problema. Em ambos, o lobisomem morre ameaçador e rosnando. Sou contra. Um dia, espero que, em seu último instante de vida, ele verta em close uma lágrima —chorando seu triste destino, para provar que não se reconhecia naquela pele de lobo.

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Bah!

A violência aumenta cada vez mais: hoje, de manhãzinha, fui assaltado por uma dúvida.

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12 Desenhistas de Humor

Massao, Angeli, e o cartunista que vos digita no Teatro Paiol, outubro, 1975, exposição “12 Desenhistas de Humor”, durante a temporada da peça “Bicho de Sete Cabeças”, de Manoel Carlos Karam. © Nélida rettamozo, a Gorda

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Na moldura

Giselle Hishida. © Lyrian de Oliveira

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Jerry Hall. © TaxiDriver

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Mural da História – 2010

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Até os ministros apoiam

O Bastidor já noticiou que, entre as propostas do Senado que atingem o Supremo Tribunal Federal, uma não encontrará grandes obstáculos na casa.

Trata-se da PEC das Decisões Monocráticas, que veda a possibilidade de um único ministro decidir pela suspensão da eficácia de lei ou ato normativo com efeito geral ou que suspenda ato dos presidentes da República, do Senado, da Câmara ou do Congresso. Também limita pedidos de vista nos tribunais superiores.

Parlamentares receberam recados de que ministros do STF respaldam a matéria, que é tratada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), como algo racional.

É diferente da PEC que estabelece mandatos para integrantes do STF. Nesse caso, ainda falta consenso e um acordo que viabilize a votação pelo Senado. Hoje, as chances são pequenas.

A ideia inicial era analisar os textos em novembro. Ao menos é o que esperta a oposição. A base lulista discorda.

O Congresso vive um momento de tensão com o STF: parlamentares dizem o tribunal avançou sobre temas do Poder Legislativo, como aborto, marco temporal para terras indígenas e porte de maconha para consumo próprio.

conflito com o Supremo é uma questão de estratégia eleitoral de longo prazo. A intenção do senador Davi Alcolumbre, um dos líderes do movimento, é garantir votos para a eleição para presidente do Senado, em 2025. Para isso, é importante cativar a simpatia da oposição, em especial a bancada bolsonarista, que antagoniza com o Supremo.

Pacheco trabalha para que o aliado seja eleito. Já sonhou com uma cadeira no STF, mas quer se cacifar para a disputa pelo governo de Minas Gerais, em 2026.

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Ideias

Travessa dos Editores|Ideias|Dezembro|nº 170 |Ano XII

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Indo e vindo

albert-nane© Albert Nane

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Flagrantes da vida real

For export. © Maringas Maciel

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Trovinha – segundo um “acadêmico” curitibano

crisântemo branco –
sequer um grão de poeira
ao alcance dos olhos.

Matsuo Bashô (1644-1694)

Versos de abertura (hokku) de uma sessão de kasen (seqüência de 36 estrofes) realizada na casa de Sonome (1664-1716), discípula de Bashô residente em Osaka. A sessão se deu em novembro de 1693. Tradicionalmente, o hokku é uma peça de saudação, augurando o bom andamento da sessão de poesia.

Neste caso, o poema foi dirigido à anfitriã do encontro. Bashô provavelmente viu a flor e, atraído por sua branca pureza, examinou-a cuidadosamente, não conseguindo encontrar sequer um ponto de sujeira. Claramente, Bashô fez um contraponto ao waka de Saigyô (1118–1190), que diz: “Sobre o espelho/Tão límpido e brilhante/ Um simples grão de poeira/ Salta aos olhos./ Assim é o mundo”. Trocando “espelho” por “crisântemo branco”, os versos resultantes exaltam os sentimentos puros e a refinada elegância de Sonome.

É um poema simples, mas que faz parecer que não existe nada no mundo além de um crisântemo branco. Sonome respondeu com os seguintes versos: “Jogo água sobre as folhas do momiji (bordo)./ No céu, a lua matinal.”. O kigo (termo de estação) é shiragiku (crisântemo branco) e a estação é outono.

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…Dessa mente confusa, dessa existência confusa, dessas mal-traçadas linhas de viver creio que só me resta mesmo uma conclusão a que durante anos e anos me recusei por orgulho e vergonha — sou, por natureza e formação, um humorista. 

Millôr Fernandes, do livro Lições de um Ignorante, 1967|José Álvaro Editor|Rio de Janeiro

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