Flagrantes da vida real

Segura no alicate que eu vou tirar a escada! © Maringas Maciel

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Teatro de Ocupação

Cansei de existir
Mas estudo, trabalho, luto para não
Repetir
A dose.
Morrer é passar de ano?

Luto para não me ferir
Mais do que me fere a existência
De ser
Um homem.
Viver é reparar dano?

Existo para inquirir
O nojo, o horror da vida, a cruz
Do medo
Da fome.
Escrever é baixar o pano?

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Mural da História – 2004

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A língua muda, mas devagar

Sanha persecutória sobre uso de palavras revela autoritarismo e ignorância sobre dinâmica linguística

A professora Jan Alyne, da Universidade Federal da Bahia, está sendo acusada de transfobia por ter dito que a aluna Liz Reis parecia estar “chateado”. Liz nasceu homem e se identifica como mulher, mas não possui marcadores visíveis do sexo feminino. Ademais, era a primeira vez que ia à aula da disciplina, que teve início um mês antes do episódio.

O termo transfobia designa medo, intolerância, rejeição, aversão, ódio ou discriminação contra pessoas transgêneros. Basta um mínimo de sensatez para perceber que o termo “chateado” direcionado a uma mulher trans está muito longe disso.

Trata-se de um dos graves problemas do movimento identitário, que se baseia na ideia de uma rede difusa de poder que age a partir de cada indivíduo por meio dos usos inconscientes da linguagem. Essa ideia de que a opressão está contida em toda interação, o que gera politização paranoica sobre cada faceta da vida, assume ares de religião puritana.

Cada palavra ou ato do cotidiano é ocasião para dar glórias a uma causa política e, também, para apontar o pecado dos hereges. O de Jan Alyne foi usar um adjetivo no masculino, o suficiente para que fiéis desencadeassem um processo inquisitório.

Entretanto o ambiente universitário não combina com dogmas. Alunos e professores precisam se sentir livres para se expressarem, sem medo de macularem a fé alheia.

Assim como no caso da demanda pelo pronome neutro, usa-se sempre o argumento de que a língua é viva, logo, mutável. Mas as mudanças ocorrem paulatinamente ao longo do tempo pelo trabalho de escritores e, principalmente, pela dinâmica popular, que consagra determinados termos e construções gramaticais através do uso disseminado.

Alterações na língua, portanto, não podem ser impostas goela abaixo. Caso contrário, trata-se de autoritarismo com laivos puritanos, e quem se diz defensor de liberdades individuais —como a sexual e a de gênero, por exemplo— não pode aceitar esse mecanismo persecutório sem cair em flagrante contradição.

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Meu regime

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O irritante guru do Méier

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Arte é intriga

Ordem numérica – Acrílica sobre tela|40x50cm. Niça Romano dos Santos, São Paulo, SP- 1999. Arte de Viver, Poesias e Pinturas. Janssen-Cilag

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Faça propaganda e não reclame

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Nego Pessoa

Carlos Alberto Pessoa (Nego Pessoa) (1942-2017) – De Irati, onde nasceu, tornou-se um personagem de Curitiba. Foi cronista de jornais, revistas, rádios e TVs. Apaixonado por futebol, deixou diversas obras sobre o tema: era um apaixonado torcedor do Fluminense. Publicou também Modos & Modas e Travessas & Travessias, este último em parceria, sobre as ruas em que circulava a pé todos os dias.

Dezenas de autores, todos já falecidos, não demonstraram interesse em participar da Academia Paranaense de Letras por diversos motivos: porque achavam que a entidade não os representava (por motivos estéticos, ideológicos ou por diferenças pessoais com acadêmicos), por proibição estatutária (caso da presença feminina), por viver longe do Paraná, por timidez do escritor ou por desinteresse da própria Academia em estimular possíveis candidaturas. Sem esquecer que o limite de 40 membros sempre se mostrou um permanente limitador. Entre esses, selecionamos dezenas de nomes que fizeram parte da vida científica e cultural do Paraná, sem passar pela nossa instituição. Exceto Júlia Wanderley, autora de artigos e textos diversos, mas sem obra em volume, os demais tiveram livros publicados. Outros nomes podem ser sugeridos.

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Queijos, vinhos e mulheres: um leque de feelings

Um amigo conseguiu um Apotegma por preço bem razoável. Disse-me que já estava procurando faz tempo. Só havia encontrado Sofismas em liquidação, mas estavam com péssimo aspecto. Muito pior do que qualquer Estultice de primeira linha. Não há razão, ele me segredou, para que não se procure Sandices nestas feiras de roupas de inverno. Elas são fabricadas em cidades frias do Sul e, geralmente, se fazem acompanhar de Escólios, Apodos e Tergiversações. Nunca vi ninguém comprando tudo junto. É necessário que se examine os tecidos, os padrões, os estilos. Leviandades casam bem com Ponderações, embora alguns torçam o nariz. Acham que Subterfúgios cabem melhor na receita, mesmo não sabendo explicar.

Aí, justamente, se abre um leque de feelings: Hipérboles, Jactâncias, Preponderâncias, Postulações e, em menor grau, Suscetibilidades. Posso dizer que já fui grande consumidor de Sicofantismo e Tonitruações. A diferença é que vivia num clima temperado e a safra deles era sempre farta e com preço correto. Hoje prefiro Salamaleques em molho de Simulacros que, frise-se, não são muito fáceis de se obter. Acontece que refinei o paladar e os anos de estrada aconselham não tentar Tresvarios com Lisonjas, queijos, vinhos e mulheres. Sempre haverá alguém para nos lembrar do nível de Remoques em que chegamos. Teremos que engolir Blasonarias, Deambulatórios, Embelecadores, Garabulhas e Imiscibilidades. Melhor eu ficar falando de Pirilampos — insetos da ordem dos coleópteros que apresentam órgãos fosforescentes na parte inferior dos segmentos abdominais.

Ah, que belos nomes eles têm! Vaga-lume, caga-lume, caga-fogo, cudelume, luzecu, luze-luze, lampíride, lampírio, lumeeira, mosca-de-fogo, noctiluz, pirífora, salta-martin, uauá.

*Rui Werneck de Capistrano vai de bazófia e blasonarias

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Ministério da Defesa repassou R$ 1 bi para aliados de Bolsonaro

Orçamento duplamente secreto. Com articulação do general Braga Neto, o governo de Jair Bolsonaro usou ao menos R$ 1 bilhão do caixa do Ministério da Defesa, em 2021 e 2022, para irrigar o apoio de aliados no Congresso. Os parlamentares beneficiados direcionaram as verbas a seus redutos eleitorais por meio do Calha Norte, programa que faz repasses para obras de infraestrutura no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Braga Neto fez a gestão de um mecanismo que driblou a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) para barrar o orçamento secreto, considerado inconstitucional. Entenda a manobra.

O senador Davi Alcolumbre, articulador do orçamento secreto, foi o maior beneficiado na lista que inclui 24 senadores e deputados do centrão. Segundo levantamento com base em uma tabela da Defesa à qual o UOL teve acesso via LAI (Lei de Acesso à Informação), Alcolumbre indicou R$ 264 milhões em verbas do Ministério da Defesa (26% do total) a seus redutos eleitorais. O senador afirmou que apoia os investimentos da pasta “segundo os critérios legais e transparentes”.

Queda de avião no Amazonas mata 14 pessoas. O piloto que comandava o avião que caiu em Barcelos, no Amazonas, no sábado (16), tinha grande experiência no trajeto e também no uso da aeronave. O relato é da irmã de Leandro Costa de Souza, a médica Leidiane Costa Nobles.

Piloto, copiloto e 12 passageiros morreram na queda, durante o pouso no aeroporto de Barcelos. Chovia muito na hora. Segundo Leidiane, o piloto somava mais de 6 mil horas de voo naquele tipo de aeronave, e fazia a rota várias vezes por mês.

Bandido e refém com filhos caem no choro. No centro do Rio, Adriana Correia, 41 anos, planeja voltar ao trabalho nesta semana após viver uma experiência traumática de sequestro em fábrica de resistências elétricas. Um grupo armado havia invadido um banco ali perto e, na fuga, um dos homens fez Adriana refém.

“Ele disse para eu não correr, que ele me matava. E os policiais pediam o tempo todo para ele me deixar sair. Eu senti como se eu fosse morrer, tive um pressentimento de morte, só pensava na minha filha de 13 anos, que poderia ficar sozinha se acontecesse algo comigo.” Segundo a Polícia Militar, três assaltantes foram presos. Leia aqui.

Bolsa Família chega hoje para as vítimas do ciclone. O governo federal abriu uma exceção e antecipou o pagamento do Bolsa Família para as milhares de vítimas de chuvas e inundações do Rio Grande do Sul. As famílias que são beneficiárias do auxílio em 97 cidades gaúchas atingidas pela catástrofe ambiental já podem movimentar os valores a partir desta segunda (18) pelo aplicativo do programa.

Nos demais estados, o calendário de pagamento do Bolsa Família começa hoje e segue até o dia 29, em cronograma de acordo com o NIS (Número de Identificação Social). O programa é composto por seis diferentes tipos de benefícios. Veja o calendário.

Museu no Rio muda a vida de apenados. O Museu Memorial Pretos Novos, no Rio de Janeiro, foi incluído pelo Tribunal de Justiça na lista dos locais que recebem apenados cumprindo serviços comunitários. Dez meses depois da decisão, percebe-se que este lugar especial, cercado de cultura e respeito, beneficia quem cumpre penas com novos conhecimentos e ferramentas para a vida.

Reportagem de Ecoa conta quatro histórias de ressocialização, entre elas a de Ana Paula, vendedora que faz ali mais horas do que as cinco combinadas, semanalmente. Porque ela gosta de estar no refúgio. Um jovem apenado achou que varreria a rua no museu, mas foi convidado para fazer um curso de arqueologia.

Tênis de mesa leva o Brasil às Olimpíadas. Em Cuba, jogando no Campeonato Pan-Americano, as equipes brasileiras de tênis de mesa masculino e feminino conquistaram no domingo (17) as vagas para os Jogos Olímpicos de Paris, no próximo ano.

No masculino, a fase final do torneio teve a participação de Brasil, Estados Unidos, Canadá e Chile. Na equipe feminina, a conquista das vagas foi sofrida, escreve Demétrio Vecchioli.

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Nós autistas

Letícia Sabatella assume sofrer de autismo, em uma das vertentes do espectro, a intolerância ao barulho. Receba minha gratidão pelo diagnóstico do transtorno comum, que trato com janelas e portas vedadas – impotentes diante dos recalcados que pilotam motos e carros barulhentos.

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Portfólio – 2009

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Flagrantes da vida real

Arte é intriga (Millôr Fernandes) – © Maringas Maciel

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Brácula

Brácula é um vampiro gigantesco e sedento. Tem 507 anos e já teve outros nomes. Através dos tempos, vem sugando os desvalidos que encontra pela frente. E desvalidos não faltam em torno do seu palácio. Desde a era moderna, Brácula acrescentou um novo hábito às suas tradições sugadoras: se tornou um vampiro esportivo – sem ser esportista.

Pouco se sabe sobre o instinto sedento de Brácula. Porém, das suas investidas no pescoço das pobres vítimas, um dossiê começa a se formar. Porque, diferente dos vampiros clássicos, Brácula age às claras, em público, até exibicionista é.

As evidências comportamentais mais conhecidas desse monstro, explorador das forças e energias de atletas, são sazonais: ele hiberna por dois anos e se ergue do palácio quando se anunciam, alternadamente, as olimpíadas e os jogos pan-americanos. Aí, sejam onde forem os eventos, Brácula surge garboso nos ares televisivos e nos céus das campanhas publicitárias.

Todo flamante em sua capa embandeirada, sobrevoa estádios, quadras, canchas, piscinas. À espreita dos incautos brasileiros vencedores das provas. Pairando no ar, intensifica a sua aura institucional. Magnético em seu poder aproveitador, hipnotiza participantes e platéias. Aguarda que os pódiuns se encham das suas potenciais vítimas. Brácula baba de expectativa.

A partir da entrega de medalhas e troféus, em todas as modalidades, Brácula se atira na direção de atletas e jogadores vitoriosos. Crava neles seus pontiagudos caninos oficiais. Da jugular dos campeões, individuais ou equipes, retira todo o brilho e glória conquistados por eles. Brácula bebe tudo de todos e assim se exalta.

Sua figura cresce e, embora pareça que os flashes e holofotes focam os esportistas, é Brácula quem se destaca nas imagens, nas locuções, nas páginas da mídia. Em pouco tempo de competição, infla de ufanismo e se apossa da estatística dos prêmios. As vítimas, sugadas, ainda estão em cena, têm o ouro, a prata e o bronze pendurados no pescoço, mas o valor já não lhes pertence mais.

O repugnante dessa chupação de esforços pessoais é que Brácula jamais fez nada para tornar suas futuras vítimas mais fortes, melhor preparadas, não dá a elas um mínimo de condições para competir. Pelo contrário: Brácula tem preferência pelos anêmicos, pelos esquálidos, pelos subnutridos.

E sua sede vampiresca recai exatamente sobre os atletas mais solitários e desamparados, os sem clubes, sem patrocínio. Apetite maior ainda lhe despertam os da periferia, os corredores de pé no chão, os maratonistas vermifugados, gente que vence por uma sobre-humana determinação pessoal. Gente que treina por conta e risco, que sofre na carne o abandono do esporte amador no país. E na hora em que essas vocações atléticas teriam seu merecido lenitivo, surge Brácula, impávido colosso, e chupa seu vital reconhecimento. O resto é a rotina da rapina.

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