Com as joias na botija

Em mensagem recolhida pela PF, o coronel Mauro Cid queixa-se a Fábio Wajngarten que Jair Bolsonaro o “arrastava para a lama.” Sempre a mesma coisa: o cara só sente a lama quando ela chega no queixo; quando o investimento na sabujice desde a entrada no governo dá com os burros n’água, flagrado com as joias na botija. Até lá eram só risos, piadas, viagens com a mala (e as joias) do chefe feito carregador de aeroporto. Claro, mais a nomeação para o comando de batalhão no apagar das luzes do governo, o caminho para o generalato. Feio fazer isso com Bolsonaro. Com ele sempre foi sujeira previsível e explícita. Antes havia a atenuante da honra militar – que o coronel deixou cair na lama.

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PIF-PAF de Millôr renova o humor e a crítica

Lançada poucas semanas depois do golpe militar, a revista “Pif-Paf” abre o ciclo da imprensa alternativa que atuou corajosamente na frente de resistência à ditadura. Editada por Millôr Fernandes, que mantinha coluna com o mesmo título na revista “O Cruzeiro” desde meados dos anos 1940, a nova publicação tinha entre seus colaboradores Jaguar, Claudius, Fortuna, Ziraldo e Sérgio Porto. A irreverência desses mestres do humor político não seria tolerada pelos militares, e a revista fechou no seu oitavo número, depois de ameaças e prisões. Millôr vaticinou o fim da revista numa finíssima peça de humor e provocação: “Se o governo continuar deixando circular essa revista (…) dentro em breve estaremos caindo numa democracia”.

A imprensa alternativa, também chamada de nanica num contraponto à chamada grande imprensa, foi uma marca registrada da luta contra a ditadura militar. Geralmente editados em formato tabloide (29 cm x 38 cm), os jornais alternativos mantiveram acesa a chama da resistência ao arbítrio, denunciando a violência, os abusos e o arrocho salarial. Alguns tiveram vida curta, mas outros bateram recordes de edições e de tiragem, sobrevivendo por vários anos. “O Pasquim” foi o que mais durou, ao lado de “Opinião” e “Movimento”.

Criada por jornalistas, muitas vezes agrupados em cooperativas, a imprensa alternativa desenvolveu uma linguagem informal e criativa. Tinha muita opinião, mas também trazia importantes reportagens sobre temas proibidos. Resistiu com coragem ao cerco da censura e às seguidas ofensivas dos órgãos de segurança. No final dos anos 1970, foi vítima das ações terroristas desencadeadas pelos agentes da repressão. Redações e bancas de jornais foram destruídas em atentados a bomba.

Entre os muitos títulos da imprensa nanica, que iam do humor à política, da contracultura à denúncia dos abusos, da luta pela modernização dos costumes à divulgação dos movimentos sociais, destacaram-se “Versus”, “CooJornal”, “Em Tempo”, “Hora do Povo”, “Repórter”, “Brasil Mulher”, “Lampião” e “Tição”.

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Arquivos emplacados do Fraga no impecável Solda Cáustico

Lançamento da 2ª edição do Punidos Venceremos (pela briosa e saudosa Editora Codecri, a do memorável Pasquim), na Feira do Livro de Porto Alegre/1981. Mario Quintana, muito mais engraçado que muitos humoristas (inclusive este autor), elevou a fila de autógrafos às alturas. Como se vê, éramos jovens – ambos! (Flagrante do fotógrafo e amigo Daniel Andrade)

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Flagrantes da vida real

Sandálias Crocs, um clássico. © Maringas Maciel

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Cansaço

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Mural da História – 2013

A despeito de Leminski: Polaco Oco ou Rascunho Casmurro?

Rascunho teve época nazista, com matérias que não se limitavam a comentar autores, queriam sua eliminação, como quando estampou em título garrafal: Sebastião Uchoa Leite insiste em fazer poesia: Para com isso Sebastião! Rejeitado pela reação ética de muitos leitores, Rascunho passou a limpo essa fase, mas agora tem recaída (embora precavida porque rescaldado) com a matéria sobre Leminski.

A tentativa de “matar” Leminski tem a precaução de se armar com uma análise argumentativa e digna de Marcos Pasche, revestida porém por um tratamento editorial raivoso e despeitado. Na capa do jornal, em vez de foto do autor (como é regra do jornal), uma ilustração bisonha e um título trocadilhesco que, no afã de depreciar Leminski, deprecia o jornal: Polaco Oco. Nas páginas centrais, um título raivoso e grotesco como a ilustração que estampa:  Sobraram apenas os óculos e o bigode.

Acrescente-se que sobraram também os milhares de leitores que já sabiam de cor poemas de Leminski, aos quais agora vão se somando outros milhares. O título original de Pasche decerto foi transformado em subtítulo: Toda poesia de Paulo Leminski revela uma obra datada, vazia e repetitiva. Rascunho manipulou a edição do artigo de forma a “matar” toda a obra de Leminski, enquanto o próprio articulista ressalva que sua poesia tem “brilhantes lances de criatividade”.

Cheguei a sugerir a Alice Ruiz que a poesia de Leminski, dispersa e em edições esgotadas, precisava de uma antologia, pois temia que a publicação de sua poesia integral pudesse resultar num livro de preço distante da moçada leitora. Mas a obra saiu compactada com bom preço e, assim, os leitores podem ter visão geral e suas próprias preferências, apesar das muitas baixices e inocuidades do poeta. Como, porém, seus leitores são afetivos e argutos como Leminski foi, isso não o matará, ao contrário. Ele não se queria  Deus perfeito, embora, sim, se dedicasse espertamente a criar a imagem de  um “pop star  literário” (o que não é crime nem é anti-ético).

É engraçado (ou é desgraçante) que os mesmos que reclamam da literatura não ter mais leitores, não suportam quando algum autor faz sucesso, como aliás detestam os livros de auto-ajuda que, porém, sustentam a indústria editorial, até para que possa também publicar livros outros.

Esperemos que, na onda (que bela onda, Paulo, nós que te amamos estamos tão felizes por você) na onda do sucesso de Toda Poesia venham também a antologia, e a reedição de Vida, contendo as biografias de Jesus, Basho, Cruz e Sousa e Trotsky, primorosas pela agudeza amorosa com que foram escritas. E que o Catatau continue a encantar quem gosta de vanguardices, e que os Anseios Crípticos continuem a ser exemplos de visão criativa, com menos ou mais leitores mas sempre a configurar um escritor que não pode ser despeitosamente reduzido a óculos e bigode.

Leminski trouxe à poesia um frescor jovem, uma feição pop, uma aura cult, e, principalmente, uma atitude de vida, que vão continuar encantando os leitores de mente clara e coração aberto. Não será com dois títulos casmurros que matarão Leminski, embora ele esteja morrendo de rir. 

Solda, grato por repercutir o artigo sobre Leminski. Hoje, com as redes sociais, não precisamos mais ficar esperando a boa vontade de editores de jornais para publicarem ou não as manifestações de leitores. Rascunho diz que publicará o artigo na edição de maio. Veremos. Talvez usem como desculpa para não publicar o fato de já ter sido publicado nas redes sociais… eximindo-se assim de conceder opinião a uma matéria tão manipulada e tão descaradamente pautada pelo despeito. Leminski não tinha só talento para se promover e criar a própria lenda (o que, aliás, não é nem inconstitucional nem anti-ético, é apenas uma escolha), como também tinha o dom de provocar os medíocres, invejosos e preconceituosos. Viva Leminski! Domingos Pellegrini

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Fufuca 4 x 4

O PP do Maranhão, que é comandado pelo deputado federal André Fufuca, pagou R$ 70 mil em 2022 a uma empresa que tem como sócia uma funcionária que esteve lotada em seu gabinete de 2020 a fevereiro deste ano.

Na prestação de contas do partido ao Tribunal Superior Eleitoral consta que o PP pagou R$ 10 mil por sete meses à Pereira Acessórios LTDA – que, segundo registros, pertence a Antonio Carlos Santos Pereira e a Norma Suely Rodrigues Pereira.

Segundo registros da Câmara, Norma atuou no gabinete de Fufuca como secretária parlamentar com um salário que não chegava aos R$ 3 mil. Em março, de acordo com Diário Oficial da Assembleia Legislativa do Maranhão, ela foi nomeada para um cargo na casa.

Nas notas fiscais emitidas pela Pereira Acessórios LTDA, os gastos do PP são justificados com aluguel de uma Pickup 4×4 Ford Ranger. A empresa foi o principal destinatário dos recursos do PP maranhense em 2022.

Procurados, o deputado e o PP do Maranhão ainda não se manifestaram. O espaço segue aberto.

O caso de Norma não é o primeiro do tipo no gabinete do líder do PP na Câmara. Recentemente, o jornal O Globo mostrou que o futuro ministro do governo Lula emprega um secretário parlamentar que é dono de uma empresa que presta serviço a uma cidade cujo prefeito é Fufuca Dantas, pai do parlamentar.

Como mostrou O Bastidor, o deputado pode assumir o Ministério dos Esportes no lugar de Ana Moser. A ideia do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é que a pasta seja cedida ao seu partido junto com a Secretaria Nacional de Prêmios e Apostas.

 A sugestão ocorre em meio ao interesse do PP não assumir um ministério sem dinheiro para entregar “na ponta”, nas prefeituras e, em última instância, ao eleitor no dia a dia.

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Mural da História – 2009


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Россия

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O home office é a morte do tesão

A convivência conflituosa provocou o aumento de divórcios na pandemia

Apesar de ter entrevistado centenas de homens nos últimos 30 anos, confesso que preciso enfrentar alguns obstáculos para escrever mais sobre a sexualidade masculina. Os homens, especialmente os de mais idade, foram educados para não falarem sobre sentimentos, sofrimentos, medos, vergonhas e inseguranças. Se, muitas vezes, não falam sobre essas questões nem com os amigos e cônjuges, por que iriam se abrir com uma antropóloga?

Mas, para minha sorte, alguns gostam e até precisam falar sobre questões mais íntimas. Só para dar um exemplo: acabei de fazer uma pesquisa sobre o significado do carro na cultura brasileira. Entrevistei 20 homens que falaram mais de duas horas sobre a paixão pelo automóvel. Nas nossas conversas, eles falaram, também, sobre o impacto provocado pela pandemia e pelo home office em suas vidas amorosas e sexuais.

“O home office é a morte do tesão“, disse um músico de 59 anos.

“Comecei a namorar uma psicóloga no fim de 2019. Em março de 2020 veio a pandemia. Como não dava para ficar indo e voltando da casa dela, ela me convidou para morar com ela. Imagine dois desconhecidos, convivendo 24 horas por dia, em um apartamento de quarto e sala? A sala virou seu local de trabalho e ela passava o dia inteiro dando consultas remotas. Ela falava muito alto e reclamava que meu violão atrapalhava seu trabalho.”

Apesar das brigas e discussões, os dois “ainda” estão juntos.

“Foi muito conflituosa a convivência, mas foi também um aprendizado. Acabamos construindo uma intimidade e um companheirismo que nunca tive com minha ex-mulher em um casamento de 20 anos. Passamos por situações dramáticas. Ela perdeu o pai com Covid, entrou na menopausa, teve depressão. Eu fiquei sem dinheiro porque todas as aulas que eu dava foram canceladas, ela bancou todas as despesas da casa.”

O tesão dos namorados “foi para as cucuias”.

“Nos três primeiros meses de namoro estávamos no maior love, transando todos os dias, às vezes mais de uma vez por dia. Com a pandemia, a lua de mel acabou. A pandemia somada ao home office foi a maior prova de fogo do tesão. Quase todos os casais que conheço se separaram. Acho que quem não se separou nem perdeu o tesão na pandemia tem chance de ficar junto até morrer.”

Em 2021, o número de divórcios no Brasil bateu o recorde. Como contou um sociólogo de 65 anos, a intimidade excessiva dentro de casa provocou brigas, discussões e queixas que antes não existiam.

“Antes da pandemia, o pior momento do meu dia era ir e voltar do trabalho. Desperdiçava horas da minha vida em congestionamentos infernais. Em casa, sou muito mais produtivo, concentrado e criativo, não perco tempo com reuniões inúteis. Mas conviver 24 horas por dia com minha mulher foi o fim do respeito, da compreensão e do sexo.”

Depois de 40 anos de um casamento “feliz até a pandemia”, ele se divorciou.

“Fiquei desesperado com a pandemia, estressado, exausto, com medo de perder o emprego, com falta de grana e problemas de saúde. E, apesar da pandemia e do pandemônio, das centenas de milhares de mortes, inclusive de amigos e familiares, minha mulher reclamava o tempo inteiro que eu não queria mais transar. Ela não compreendia a situação, ficava me cobrando o tempo todo, desconfiada que eu estivesse sendo infiel, não aceitava que um homem da minha idade pode não querer mais sexo. Me xingava de brocha, impotente, inútil, queria que eu tomasse Viagra.”

Para ele, algumas mulheres, mesmo inconscientemente, reproduzem e fortalecem o machismo.

“Nem todos os homens querem ser imbrocháveis. Homens também têm o direito de não querer mais sexo. Podemos ter outras prioridades, projetos e prazeres.”

Como o músico e o sociólogo, outros homens falaram sobre as vantagens e desvantagens de trabalhar em casa. E, também para eles, a pandemia foi — e ainda está sendo em alguns casos— uma prova de fogo para os casamentos. Mas, para o mal ou para o bem, o home office veio para ficar. Só não tenho certeza se o tesão vai voltar.

Publicado em Mirian Goldenberg - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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Aqui, lá, em qualquer lugar…

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Bom dia, do Plural Curitiba

Hoje, quarta, 6 de setembro. Nesse dia, em 1822, Leopoldina já tinha assinado a Independência fazia quatro dias. Mas como a História é contada pelos homens, amanhã é Dia da Independência.

O Tio do Zap clama por Ratinho

Chitãozinho lançar alguém a presidente pode parecer brincadeira, mas não é. O pessoal do sertanejo é muito forte. Domina as rádios, boa parte da tevê e são os reis do interior com seus shows caríssimos. Portanto, quando o tio da Sandy fala que Ratinho podia/devia ser presidente e a galera vai ao delírio, é melhor não encarar como piada.

Mas também é preciso ver qual é o paladar desse pessoal para a política. Tipicamente, os sertanejos acompanham o populismo de direita. E Chitãozinho já foi chamado de “Tio do Zap” pelo próprio sobrinho, Júnior Lima, por insistir em votar em Jair Bolsonaro.

Evidente que o apoio a Ratinho não viria da universidade ou do Chico Buarque. Mas é bom ficar de olho na aproximação do governador com o agro e com o discurso da humildade que cai tão bem para o moço de Jandaia, apesar dos depósitos do pai na Suíça.

Assine o Plural.

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Alvarenga e Ranchinho

 

O Drama de Angélica

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Em Abadânia

Debaixo de uma catedral de folhas,
sem saber (nem precisar) quem a erguera,
sob a anêmona do vento nas folhas
e o que respira agora pela primeira
vez, eu me deito, contemplando as folhas,
a espinha reta de encontro à madeira
dura, encerada, de um banco,
manhã já alta.
Em meio a tantas folhas
o coração, livre de escolhas,
a um só tempo cheio e nulo.
Nada me falta enquanto arfarem as folhas.
Não aqui, nem no futuro.

Revista Coyote, Londrina, verão, nº 26

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Laura Lovet. © Zishy

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