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Uma noção bem periférica suspensa no centro

O buda passou distraído
Na minha calçada
Falando ao celular
Sabe-se lá com quem
É meu ponto aquele
Meditar, isolar toda imagem e fluxo de pensamento
E só
Coisa pouca
Quando chegava lá na casa de praia
Era tanto vento e sol
A gente corria de biquíni
Uma vez teve aquele golfinho morto
O mar devolveu
Um fim de tarde e a gente ficou olhando
Ali, onde aquela menina morreu afogada
No dia do aniversário
Os macacos loucos se agitando dentro da mente
Nesses galhos vários galhos
O buda, pois bem: o buda
Distraído na calçada lá de casa
Falando, falando, falando
Eu cheguei nele com tudo
Passa essa porra desse celular, seu budinha do caralho
Passa agora! Bora! Bora! Bora!
Desliga essa porra aí
Era um buda jovem
Estava lá no fundo dos olhos
Por trás daquela veste de garota distraída falando ao celular
Falando, falando, falando
Encontrei ele na calçada de casa
Aí, peguei e matei

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Mural da História

Paulo Leminski, Rogério Dias e o cartunista que vos digita, década de 1980. Foto de Francisco Kava

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Ivan, o terrível

Anuncio a quem lê e curte meus poemas e traduções, que na noite da próxima terça-feira, dia 30 de abril (véspera de feriado), no Wonka Bar (Trajano Reis, 326 – Curitiba), farei espetáculo de poesia no Porão Loquax, projeto idealizado pela incansável Ieda Godoy, originalmente sob a curadoria do poeta, professor e tradutor Mario Domingues.

Posteriormente, sob a batuta do poeta e fotógrafo Ricardo Pozzo, com o nome de Vox Urbe, o projeto seguiu apresentando poetas da cena curitibana e nacional, e marcando época na poesia da cidade.

Agora, voltando ao nome de Porão Loquax, com o Pozzo e o jovem poeta e editor Yohan Barcz na curadoria, o projeto retornou na terça passada, celebrando a obra do poeta, prosador e professor Paulo Venturelli, que lá esteve presente para acompanhar leituras de suas obras por vários de seus admiradores (alguns deles ex-alunos como eu).

Estou muito feliz então de ser a próxima atração desta nova fase do Porão Loquax. Farei um espetáculo com poemas meus, de amigos vivos e mortos, e vou propor um jogo poético de surpresa (o que será, vocês vão ter que ir lá conferir…). O Wonka abre às 20h e a apresentação deve começar por volta das 21h. Apareçam e ajudem a manter vivas as chamas da poesia!

Ivan Justen Santana

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

Um ex-detetive de homicídios passa por um tratamento revolucionário para Alzheimer quando é chamado para reexaminar um brutal caso de seu passado. À medida que novos elementos surgem, uma complexa teia de mentiras se revela

A Teia|Sleeping Dogs|2024|Austrália|EUA|110 minutos|Direção de Adam Cooper

Russell Crowe … Roy Freeman|Karen Gillan … Laura Baines|Marton Csokas … Joseph Wieder|Tommy Flanagan … Jimmy Remis

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Inverno curitibano

Enéas Lour, Beto Guiz, Luis Mello, Chico Nogueira, Fernando Marés e Mário Schoemberger no Café do Teatro, em algum lugar do passado. © Beto Bruel

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Fraga

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Maringas Maciel, autorretrato.

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Mural da História – 2018

© João Urban – década de 80

Solda, por Jaguar – Quem tem currículo tem medo; Solda não, é uma das poucas exceções. Nasceu em 52, em Itararé, interior de São Paulo, onde, segundo o Barão do mesmo nome, travou-se a maior batalha que não houve da História.

Por razões ainda obscuras mudou-se com mala e cuia de chimarrão para a capital do Paraná quando tinha 13 anos . Não esperou a maioridade para entrar em cena no primeiro teatro que lhe apareceu pela frente, onde fez de tudo; foi autor, ator, sonoplasta, músico, cenógrafo, faxineiro, bilheteiro e cartazista, tendo inventado o teatro do eu sozinho.

Mas como esqueceu de ser também espectador, foi à falência por falta de público. A gente se conheceu em 74, no Primeiro Salão de Humor de Piracicaba, eu como jurado, ele como um dos concorrentes premiados.

Daí pra frente dedicou-se a atividades subversivas e anti-sociais, cartum, literatura e propaganda, não necessariamente nesta ordem. Voltou em 92 ao seu torrão natal, para a mostra “100 anos de Itararé“ e constatou que Aparício Torelly, o Barão de Itararé, estava certo: a tal famosa batalha não houve mesmo.

Na verdade o fato mais importante que aconteceu na cidade foi ele, Solda, ter nascido lá. Voltou à base e só não se naturalizou curitibano para não magoar sua avó. Sempre pensei que Solda era codinome e não sobrenome. Só agora fiquei sabendo que se chama, na carteira de identidade, Luiz Antonio Solda. “Solda“, ensina o dicionário, “ligar, unir com solda, por fusão parcial obtida por maçarico.”

Pois é, pensei que era a solda das múltiplas coisas que ele faz.

Seu cartum fatalmente teria que desaguar nas letras. Ele é um cartunista de letras. Nuvens de letras pairam sobre os calungas que desenha, jorram da telinha da tevê, se derramam dos chapéus, das gavetas, dos livros entreabertos, de todos as fendas, buracos e orifícios.

Seus textos são cáusticos e certeiros como o de outro grande cartunista que também escrevia primorosamente, o Fortuna. São ao mesmo tempo absurdos e lógicos. E vice-versa. E não me pergunte por quê, leia o Solda que você vai saber do que estou falando. Quer que eu mostre o pau depois de matar a cobra ? Segure este hai kai : “é só entrar no banheiro / levar um choque no chuveiro / e sair limpo / pra se sujar o dia inteiro.”

Foi amigo e parceiro – de trabalho e mesa de bar – do maior poeta do Paraná, quiçá do Brasil, Paulo Leminski, invejado por todos os alcoólicos anônimos por ser notório. Quando Leminski morreu de cirrose Solda parou de beber quando, muito pelo contrário, deveria estar bebendo em dobro, por ele e pelo Leminski. Mas ainda pode se redimir. Estou guardando o seu lugar na turma do funil. (Jaguar) 

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O ‘apoio’ a Prates

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, não é vítima somente dos bombardeios que vêm do Palácio do Planalto contra a sua gestão na estatal. Internamente, ele também enfrenta oposição de diretores nomeados por ele, ligados a petroleiros sindicalizados.

A permanência de Prates no comando da Petrobras deve-se, principalmente, ao ministro Fernando Haddad (Fazenda), apesar da pressão feita por Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil). Mas a permanência, como mostrou o Bastidor, não é garantida.

Prates não conta mais com o apoio irrestrito da FUP (Federação Única dos Petroleiros), nem da Anapetro (Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários), que têm forte ligação com o PT.

As notas públicas recentes da FUP, mesmo em defesa do presidente da estatal, deixam margem para interpretações de que uma eventual saída não teria forte oposição da federação.

No ápice da crise entre Prates e Silveira, a FUP criticou o “espancamento público do presidente da Petrobras”, mas não citou o ministro de Minas e Energia, responsável pelas maiores críticas públicas ao petista.

Os petroleiros também foram contrários à posição de Prates em relação à distribuição de dividendos extraordinários. O governo queria usar os recursos para investimentos, Prates defendia a distribuição aos acionistas.

A FUP se alinhou ao Palácio do Planalto. Disse que as cifras estavam altas e que a gestão da empresa “não pode ficar refém do jogo do mercado financeiro, frustrado pelo não pagamento”, além de elogiar a decisão do governo de ter um representante do Ministério da Fazenda no conselho de Administração para “dar equilíbrio às decisões”.

Ontem, o conselho de Administração da estatal decidiu distribuir aos acionistas 21,95 bilhões de reais, referentes a 50% do valor avaliado para os dividendos extraordinários. A solução não foi considerada pelo governo e pelos petroleiros como a ideal, mas sim como a menos traumática.

Na gestão Prates, a Anapetro e a FUP chegaram a levar à CVM (Comissão de Valores Imobiliários) uma denúncia de supostas informações privilegiadas e da possibilidade de manipulação do mercado após uma entrevista do presidente da Petrobras.

Assim como o governo, os petroleiros cobram do petista investimentos na transição energética, retomada da indústria naval com conteúdo nacional e mudanças mais efetivas na política de preços dos combustíveis. Sem uma mudança de postura, a pressão sobre Prates continuará.

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Poesia em compota


o grego sólon
acreditava que nenhum homem
devia ser considerado feliz
senão depois de morto

eu creio
que nenhum homem
deve ser considerado feliz
antes de morrer de rir

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Parágrafo sem travessão

Bateu no travessão. Ricochetou. Barbara Black, Ph. D., from Cambridge, insiste, no outro lado da linha, em afirmar que meu parágrafo tem significados profundos na atual conjuntura cultural. O sumiço dele, bem no meio de um texto, acredita ela, tem tudo a ver, pelo viés do falecido estruturalismo, com as falaciosas tendências que procuravam conteúdo psicológico em documentos da Segunda Guerra Mundial, com penosa negligência dos fatos circundantes que os circunstanciam. Se um olho pisca, o outro acompanha por simples questão de educação? Ou ambos estão presos à ‘realidade do piscar’? Comicamente consciente, retruquei.

Disse a Barbara que meu parágrafo apenas havia ido a uma espelunca de má reputação lá em Araucária. Ela me puxou as orelhas, pelo telefone, e falou com entusiasmo: You are amazing! I’m really surprise! Completou, em bom inglês, que eu mesmo, autor, não alcançava a importância do fato, embora fictício, dentro da realidade mais crua da atual dinâmica cultural mundial. Um parágrafo sumindo num texto, afirmou ela, adiciona um refrão obsedante ao que chamaríamos de ‘nova literatura’ ou ‘circunsliteratura’. Aquela que envolve o leitor nas entranhas da linguagem viajeira.

E o solta no meio do furacão da vida, sem lenço nem pára-quedas. Declinei do convite para fazer palestras na tão famosa universidade alegando estresse de terceiro grau. Além do que, o parágrafo em questão não apresenta sinais de recuperação depois do porre. Desliguei o telefone, educadamente, com um suave ‘Good bye, Miss Barbara!’

Logo a seguir, fui à procura do parágrafo para tirar satisfações. Não o encontrei. Aliás, não encontrei nem o próprio texto de onde ele fugiu. Fiquei imaginando que estudo tão significativo Barbara Black, Ph.D., irá fazer sobre isso. Como disse sabiamente Jaccques Ellul, Ph.D., ‘significados não-intencionais são ambíguos’.

*Rui Werneck de Capistrano Não é Bobo Nem nada

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Massaro Miamoto

Mitsuko Tottori é a nova presidente da aérea Japan Airlines, onde começou como comissária de bordo, as aeromoças de antigamente.

Só a American Airlines não mais tem aeromoças, pois preserva as que começaram com Wilbur e Orville Wright, os irmãos que, pela mania de grandeza dos gringos, teriam inventado o avião, os voos de passageiros e de quebra as aeromoças, na época stewardesses, ou flight attendants. Volta e meio enfrento essas, hoje aerovelhas – ou flying spinsters -, gordas, azedas e mal comidas servindo comida ruim a bordo, que não se aposentam nem que o avião despareça no mar, atingido por mísseis russos, ucranianos ou de Israel. Deixei de ver vantagem no funcionário de chão de fábrica que sobe na vida para ser presidente, até dono da empresa. Aprendi com o maringaense Massaro Miamoto, que virou dono de revendas da Honda desde que teve perda total da magrela em acidente mobilístico, como aprendemos com o delegado de trânsito de Curitiba.

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© Jan-Saudek. The Mandolin Lesson (1994)

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