O irritante guru do Méier

Não me perguntem como consegui, mas esta é a carta-renúncia de Sir Ney: ”Os recalques e o desrespeito dos humoristas se desencadeiam contra mim. Não me acusam, me gozam. Não me combatem, me ridicularizam. E não me dão cinco anos de governo. Tenho dormido dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante para realizar alguma coisa. Nada mais vos posso dar depois da moratória e da conversa ao pé do rádio. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, eu volto para o Maranhão. Escolho esse estado para estar longe de vosco. Meu fiasco vos manterá desunidos e meu fracasso será vossa bandeira de fuga. Ao riso respondo com o pendão. E aos que pensam que me gozaram respondo com outra gozação. Serenamente dou o último passo pra Academia e saio da história para cair na vida.”

*(1988, Quando Sarney lutava para permanecer mais um ano no governo). Millôr Fernandes – Millôr Definitivo, A Bíblia do Caos, 5ª Edição, página 415.

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Arceidat?

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MON promove mesa-redonda sobre o artista Bispo do Rosário

Divulgação

O Museu Oscar Niemeyer (MON) realizará uma mesa-redonda sobre a exposição “Sonoridades Bispo do Rosário”, com a presença do curador Luiz Gustavo Carvalho; da diretora do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, Raquel Fernandes, e da artista paranaense Fernanda Magalhães. Aberta ao público e gratuita, a atividade acontecerá no miniauditório, no dia 20/7, às 19h.

A exposição, em cartaz na Sala 6 do Museu Oscar Niemeyer, reúne mais de 100 obras. A mostra coloca o legado de Arthur Bispo do Rosário em diálogo com outros artistas cujos processos criativos foram influenciados por ele e pela convivência com a Colônia Juliano Moreira, onde passou a maior parte da vida como interno. São eles: Antônio Bragança, Stella do Patrocínio, Leonardo Lobão, Paulo Nazareth, Marlon de Paula, Rick Rodrigues, Eduardo Hargreaves, Fernanda Magalhães e Guilherme Gontijo Flores.

Além de discutir aspectos importantes de seu universo criativo, a mesa-redonda abordará também as relações existentes entre a obra e o território onde a mesma foi criada – a Colônia Juliano Moreira, um dos maiores hospitais psiquiátricos do Brasil, hoje transformado no Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea. A conversa evoca ainda o papel fundamental que têm os museus na ressignificação de territórios através da arte.

Celebrado e reconhecido postumamente no Brasil e no exterior, num processo incomum, ausente de formação acadêmica, Bispo do Rosário produziu a partir de materiais inusitados, transformando sua genialidade em instalações surpreendentes, comparáveis à obra de Marcel Duchamp ao mostrar que a arte é possível também a partir da simplicidade de objetos do cotidiano.

Evocando os aspectos sonoros e poéticos presentes na obra do artista, os diversos objetos, instalações, colagens, assemblages e estandartes presentes na exposição dialogam com obras visuais, performáticas e poéticas de outros artistas que integram a exposição, deixando evidente o impacto de seu legado no cenário da arte contemporânea.

Arthur Bispo do Rosário (1909-1989) foi interno da Colônia Juliano Moreira (RJ), um dos maiores hospitais psiquiátricos do país no século passado, durante boa parte de sua vida. Carregou vários estigmas de marginalização social ainda vigentes em nossa sociedade – negro, pobre, louco, asilado em um manicômio – e conseguiu, na sua genialidade, subverter a lógica excludente proposta, a partir da sua obra.

Serviço: Sonoridades Bispo do Rosário – mesa-redonda|Dia 20/7, às 19h|Miniauditório do MON (subsolo) – Aberta ao público e gratuita

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Mural da História – 2020

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Imperdível!

trespassing-capítulos-2Nos anos 1960, Ingmar Bergman mudou-se para a pequena ilha de Fårö no Mar Báltico cercando seu novo lar de muito mistério e onde, entre outras coisas, seu filme PERSONA foi ambientado em 1966. Poucas pessoas conheciam a localização exata do lugar, mas após a morte de Bergman a ilha ficou conhecida do público.

Em Trespassing Bergman nos juntamos a Michael Haneke, Claire Denis, Martin Scorsese e outros grandes diretores para visitar a ilha, a Meca da história do cinema, segundo o diretor mexicano Iñárritu. A cinemateca deixada por Bergman é analisada tanto crítica quanto carinhosamente. Seriam os filmes, vistos pelos olhos atuais, um mero produto do seu tempo ou eles ainda têm o mesmo valor humano e artístico?

Não é qualquer um que divide suas opiniões conosco: Ang Lee, Isabella Rossellini, Harriet Andersson, Zhang Yimou, Francis Ford Coppola, Takeshi Kitano, Wes Anderson, Robert de Niro, Martin Scorsese e Ridley Scott são apenas alguns que conhecemos. Esta aventura até Fårö valeria a pena para ouvir Woody Allen revelar que Bergman, em seus últimos anos, precisava acalmar-se assistindo filmes ordinários antes de poder dormir. Ou Lars von Trier explicar seu relacionamento complicado e frustrante com o homem que ele amava, mas do qual nunca obteve reconhecimento.

Trespassing Bergman|Cinemateca de Ingmar Bergman|Documenário|Jane Magnusson, Hynek Pallas|Suécia|2013|12 capítulos|45m cada|Legendado

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O uso das palavras obscenas

Desmedido eu vivo com medida
Amigos, deixai-me que vos explique
Com grosseiras palavras vos fustigue
Como se aos milhares fossem nesta vida!

Há palavras que a foder dão euforia:
Para o fodidor, foda é palavra louca
E se a palavra traz sempre na boca
Qualquer colchão furado alivia.

O puro fodilhão é de enforcar!
Se ela o der até se esvaziar: bem.
Maré não lava o que a árvore retém!

Só não façam lavagem ao juízo!
Do homem a arte é: foder e pensar.
(Mas o luxo do homem é: o riso).

Bertolt Brecht
(Tradução de Aires Graça)

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Charmaine. © IShotMyself

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Ainda a inteligência artificial

O avanço da chamada IA, aqui tratado semanas atrás, começa a preocupar gente graduada. Em longa entrevista para a Folha de S.Paulo, o ministro do Superior Tribunal de Justiça Ricardo Villas Bôas Cueva afirma que a inteligência artificial já causa danos às pessoas e oferece riscos muito grandes. E, em assim sendo, necessita de urgente regulamentação. Ele é mestre pela Universidade Harvard (EUA) e doutor pela Universidade Johann Wolfgang (Alemanha) e preside uma comissão responsável por sugerir um projeto de lei para tratar do tema.

Segundo Cueva, a IA já está presente em nossas vidas: “nas contratações de serviços, na obtenção de benefícios, na busca de emprego, ao obter um seguro ou um empréstimo, no reconhecimento facial”. E exemplifica: “tem o viéis discriminatório que os algoritmos desenvolvem dependendo da base de dados que é usada. No reconhecimento facial, isso é comum. As bases de dados não são suficientemente amplas para contemplar todas as etnias e tipos físicos. Isso gera erros graves que levam a prisões injustas ou até mortes”.

Cita também o caso das contratações. “Grandes empresas analisam currículos por meio da inteligência artificial. Mas, pelo fato de as mulheres, no passado, não terem tido tantas oportunidades, elas acabam sendo consideradas num padrão inferior”. E aduz que “por sermos um país muito desigual, com um racismo estrutural muito arraigado, o medo é que a inteligência artificial cristalize ainda mais essas estruturas antigas”.

Já para Battista Biggio, professor associado da Universidade de Cagliari (Itália) e uma das principais referências no assunto, o grande perigo são os ataques de manipulação da IA nas categorias de evasão, envenenamento, roubo de modelo e interferência da privacidade, quando tenta confundir o sistema, manipular dados, fazer a chamada “engenharia reversa” da tecnologia, criando uma espécie de clone, ou vazando informações sensíveis que eventualmente o robô tenha absorvido. Ele acha que ainda não existem ferramentas para os hackers atacarem as IAs. Mas também acha que eles logo as encontrarão, sobretudo ao perceber os benefícios financeiros trazidos.

Pessoalmente, embora não seja especialista na questão, estou com o ministro Ricardo Villas Bôas Cueva. É preciso ficar de olho nas máquinas “pensantes” e regulamentar com urgência, seriedade e eficiência o seu funcionamento. Hajam através de hackers, por erro ou por iniciativa própria, elas representam um risco de enormes consequências. O importante, como preleciona o ministro do STJ, é que “haja transparência, explicabilidade, inteligibilidade e auditabilidade do algoritmo”. E, sobretudo, “a pessoa tem o direito de saber que está sendo tratada por um algoritmo, tem direito a uma explicação sobre como funciona esse algoritmo, tem direito de auditabilidade”, além do direito de exigir requisitos mínimos de segurança.

Ainda que isso possa causar profunda decepção, como aconteceu com o nosso Mário Montanha Teixeira Filho, aqui confessada, quando descobriu que a sua (nossa) saudosa Elís Regina, no comercial da Volks, não passava de uma recriação artificial da IA.

Publicado em Célio Heitor Guimarães | Deixar um comentário
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Pequeno canalha

O pior canalha é o pequeno canalha. O anão moral. Medíocre, dissimulado, frustrado, morre de inveja dos que têm atributos que lhe faltam, o que é muito comum. Perdedor em tudo e inconformado com a sua sina de perdedor faz-se canalha para purgar os pequenos demônios da inveja que corroem suas entranhas.

É capaz de cometer todas as pequenas perversidades que conhece para sublimar o sofrimento que o destino biológico lhe impõe. A falta de neurônios acompanhada da indigência cultural do meio são condições ideais para o surgimento do pequeno canalha.

Um homem sem atributos, fisicamente mal dotado, de inteligência mediana, desagradável no aspecto e na voz metálica, compreende a sua limitação e se rebela contra todos que lhe pareçam mais aquinhoados pela sorte.

Imaginem um professor de literatura que almeja a glória do grande escritor. Ele tenta realizar seu sonho, escreve contos e os transforma em livro. Espera aplausos e o máximo que colhe é a indiferença. Agastado com as críticas que lhe revelam a absoluta falta de talento, devolve na mesma moeda. Transforma-se em crítico e produz laxativas apreciações sobre a literatura alheia.

Tenta mais uma vez. Produz um romance. Vira motivo de chacota. Seus personagens são pífios, tão vazios e desinteressantes quanto ele. Vai à loucura e chega a pensar no suicídio. Mas o pequeno canalha não tem coragem nem dignidade para tanto. Logo atribui ao mundo as suas mazelas. Ou seria a síndrome de Adison a responsável pela sua falta de inspiração? Não. A síndrome de Adison só explica a impotência sexual e manchas na pele que parecem vitiligo.

Fracassado, aposta tudo em relatos sobre a vida doméstica e as agruras de sua mãe no segundo casamento. Quer provocar lágrimas, só consegue o riso dos poucos leitores que imaginam a pobre senhora em esforços para cumprir os deveres sexuais exigidos por um marido de hábitos toscos da vida rural. Há nobreza no sofrimento dessa mulher que se submete de todas as formas para garantir proteção ao filho.

À noite, insone, atormentado, pergunta-se porque é assim piegas e medíocre. Põe em dúvida sua convicção religiosa. Deus não pode ter sido tão cruel ao lhe dar menos em tudo, do tamanho do pênis aos neurônios da região frontal.

O pequeno canalha sofre. Gostaria de se diferenciar na multidão. Ser reconhecido por algo que só ele tenha produzido. Nada. Aos poucos só é notado pelas pequenas canalhices que cometeu. Resta-lhe a fuga. Covarde para encerrar sua grotesca participação de forma definitiva, procura um lugar onde possa parecer mais culto para satisfazer o pequeno ego com as glórias da província. E se distrai em exercícios para conceber um epitáfio que lhe louve na morte o que gostaria de ter realizado em vida.

Revista Ideias 2011

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Mural da História – 1982

Correio-de-Notícias-1982

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A mãozinha do diabo no corpo

Somos levados a supor que todos os eventos levam ao homem e são destinados a subservir as nossas necessidades. Esquecemos que o antropocentrismo é um antro de perdição, um saco de gatos escaldados. A razão nos faz obliterar o conjunto da obra: a natureza. Só na nossa imaginação as coisas são belas ou horrorosas, ordenadas ou confusas. A natureza é impassível. Ela flui. Autorizamos deformidades numa rocha ou numa árvore só porque elas não se prestam aos fins que desejamos. Instituímos o belo como sendo saudável. O feio como enfermidade. Você cata na praia só as conchinhas que acredita serem perfeitas. Perfeitas para quê? Para enfeite imperfeito.

O vinho corre em minhas veias. Estou em paz totalmente preparado para a guerra. Música no ar.

Pulo para o capítulo voltairiano. Sabe-se que a moral da época, século XVIII, permitia que uma dama acrescentasse um amante à sua ménage, se fosse feito adequadamente, respeitando a hipocrisia da Humanidade. A marquesa du Chatelet, com 28 anos, mulher de um insípido marquês, escolheu um gênio da época: Voltaire, de 40. Mas passavam o tempo, juntos, só em estudos e pesquisas. Óó, cupido, pra longe de mim! Bendito Castelo de Cirey!

Dulce est disipere in loco. Doce é perder o juízo de vez em quando.

Minha profissão é dizer o que penso, disse Voltaire, com o diabo no corpo. Il avait le diable au corps! A minha é desdizer o que os outros pensam. Ou o que penso que os outros pensam. O significado da palavra entusiasmo, que vem do grego, é emoção das entranhas, agitação interior. Voltaire pergunta: quantos graus existem nas nossas afeições? E responde: Acordo, sensibilidade, emoção, perturbação, surpresa, paixão, arrebatamento, demência, furor, raiva. Mas os meus amigos, diante de qualquer fato, diante do belo, do bom, do perturbador, não se perturbam e soltam um único, sonoro e definitivo: ducaralho! Em suma, o mundo assim se resume — sem sumo! Enlouqueço um pouco. Doce é. Docemente o vinho desce.

O Sol tenta ir dormir e pisca. Estrelas sentem agitação nas entranhas. E caem.

*Rui Werneck de Capistrano tem o diabo no copo

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Engolindo muitos sapos

A ala da bancada do PT mais crítica ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “tem engolido muito sapo”, na definição de uma importante liderança do partido na Câmara.

“Há quanto tempo você não vê a Gleisi criticá-lo?”, questiona o petista. Antes das bem-sucedidas votações de pautas econômicas no Congresso – arcabouço fiscal, PL do Carf e reforma tributária –, Haddad era alvo de críticas de colegas de partido de manhã, à tarde e à noite. Batiam por ver nele um possível candidato à sucessão de Lula em 2026.

O prestígio de Haddad, que já era grande com Lula, aumentou junto ao Centrão, em especial com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com o mercado. Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (12) mostra que o ministro conta com o apoio de 65% dos agentes financeiros.

Antes do sucesso, as pancadas no ministro vinham especialmente da presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PT-PR), e dos deputados como Lindbergh Farias (PT-RJ) e Jilmar Tatto (PT-SP). Antes das aprovações das matérias, os parlamentares criticaram duramente a proposta do novo arcabouço.

O texto dividiu a bancada petista e só com a entrada do governo federal no jogo os deputados votaram unanimemente a favor. O Bastidor noticiou que o governo chegou a pedir explicitamente que deputados marcassem reuniões com o ministro para demonstrar apoio.

Mas, desde as sucessivas vitórias no Congresso, as críticas públicas ao ministro cessaram. A bancada petista abandonou os ataques a Haddad para bater exclusivamente no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

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Tempo

Paulo César Pereio e Mariza Dias Costa, no Bar do Jeremias, em algum lugar do passado. Foto de Orlando Pedroso

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