Correndo o risco

Tiago Recchia, por ele mesmo.

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Tempo

vera-vanessaWanessa Jansen, no show de João Cláudio Moreno, em homenagem a Luiz Gonzaga, na inauguração do Parque Lagoa do Norte, Teresina, 2012. © Vera Solda

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Flagrantes da vida real

Enéas Lour, também conhecido como Lejambre. © Maringas Maciel.

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Sessão da meia-noite no Bacacheri

Em 1962, o diretor francês François Truffaut conduziu uma série de entrevistas com Alfred Hitchcock, publicadas num abundante livro ilustrado, que tornou-se algo como a bíblia dos cineastas. O objetivo de Truffaut era restaurar Hitchcock como artista, um autor, ao invés de um simples mestre de cerimônias. O documentário de Kent Jones, que usa as gravações de áudio daquelas conversas com novas entrevistas com Martin Scorsese, David Fincher, Wes Anderson e outros, não é menos evangelista, argumentando que o livro de Truffaut deveria ser revisto e valorizado junto com seus filmes.

O documentário certamente serve como visão encantadora. Embora a maioria dos cineastas já conheça o texto do livro, é incrível ouvir o áudio daquelas trocas, e as novas entrevistas que aumentam a importância do filme são divertidas, eruditas e de um frescor entusiasmante

Hitchcock/Truffaut|Gênero: Documentário Diretor: Kent Jones|Duração: 79 minutos|Ano de Lançamento: 2015|País de Origem: EUA|França

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Mural da História – 2010

Metaformose|Uma odisséia sobre o imaginário grego. Cartaz sobre foto de Lina Faria|Grupo Delírio Cia. de Teatro

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Amadurecimento

Lula amadurece. Devagar, temperatura tépida na estufa. Prepara-se para ficar maduro. Ou Maduro, para deixar claro. Primeiro, tenta proteger Maduro com eleições supostamente livres na Venezuela; assim cresce no concerto da Europa, como vem fazendo desde que Bolsonaro falou mal da mulher de Macron. Agora, com delicadeza, arma seu grande e harmonioso concerto com o STF. Outrora patrono desconfortável de Sérgio Moro, o STF é todo Lula, por enquanto excetuados os dois ministros terrivelmente bolsonaristas. Lula e o STF, é a mesma coisa, diria a conge deputada sobre o marido e Jair Bolsonaro (palavras proféticas, cujo alcance ela não atinou até hoje).

Depois do julgamento/execução de Bolsonaro todo mundo é Moraes, que ainda será ungido como o candidato palatável da Faria Lima e do lulismo desencantado (José Dirceu já conspira nas sombras). Lula amadurece como Maduro fez ao ter a corte suprema da Venezuela nas mãos. Aqui não haverá tanta entrega, pois a latitude e o preço são outros. O amadurecimento é orvalhado nas lágrimas de crocodilo de Lula sobre a agressão a Alexandre de Moraes em Roma; um xingamento calculado, de nível ligeiramente superior aos de Jair Bolsonaro, secundado pelo ministro da Justiça, que azeita seu acesso ao STF. Lula quer o que Bolsonaro não conseguiu: ministros terrivelmente lulistas.

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Prendi questa mano, zingara…

Eu tinha (possuía) a cama, um bloco de notas e uma caneta. Criado-mudo ou mesinha de cabeceira, não tinha. Nós quatro, numa noite mais caliente, ou calda, participamos de uma orgia sem precedentes na história das fantasias caseiras. Sei que a cigana me enganou.

Disse que eu seria um escritor famoso antes que o galo cantasse. Mas ele foi para a panela quando ainda nem estava al primo canto e eu ainda escrevia sonetos de pés quebrados e mãos tortas. Qual não foi minha surpresa, na manhã seguinte, ao fazer uso dos apontamentos daquela longa noite de envolvimento com o bloco de notas e a caneta, quando descobri que ali estava o esboço de algo que poderia chamar de conto. Enrubesci lendo algumas passagens. Gelei lendo outras. Tinha, além do alto teor de sensualidade, uma linguagem rangente e pegante. Duvidei da possibilidade e tentei imaginar o que havia rolado na noite anterior para que o resultado fosse tão luxuriante. Nuvens carregadas de esquecimento e ressentimento invadiram minha mente. Choveu forte sobre variantes, variáveis, conceitos, ponderações. Para amainar o frisson coloquei um pseudônimo e engavetei.

Profissionais altamente qualificados, no entanto, logo descobriram a farsa e quiseram publicar — e o fizeram — a todo custo numa revista literária de categoria. Uma caixa de supermercados desmaiou ao ler no ônibus. Um corretor de seguros tentou se jogar da sacada da empresa – por sorte não havia sacada. Todas as anchovas fêmeas de um cardume entraram no cio ao mesmo tempo. Um rio subiu a serra e desaguou na nascente. Os membros de um coral começaram a cantar atirei um pau no gato no meio de La traviatta.

Rupert Updergraff comeu duas orelhas do seu cachorro de estimação. Enfim, a repercussão da leitura do conto foi o que foi. Hoje, graças ao bom deus, sou apenas um mediano vitrinista no Braz. Estou consciente de que não se deve cutucar a imaginação com vara longa. Escrevo estas simples memórias sem me lembrar muito bem do que aconteceu. Rechaço blocos de notas e canetas para uma relação duradoura.

*Rui Werneck de Capistrano é autor de vários textos. Inclusive esse.

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Mal de Alzheimer

O Alzheimer, doença de Alzheimer (DA) ou simplesmente Alzheimer, é uma doença degenerativa atualmente incurável mas que possui tratamento. O tratamento permite melhorar a saúde, retardar o declínio cognitivo, tratar os sintomas, controlar as alterações de comportamento e proporcionar conforto e qualidade de vida ao idoso e sua família. Foi descrita, pela primeira vez, em 1906, pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, de quem herdou o nome.

É a principal causa de demência em pessoas com mais de 60 anos no Brasil e em Portugal, sendo cerca de duas vezes mais comum que a demência vascular, sendo que em 15% dos casos ocorrem simultaneamente. Atinge 1% dos idosos entre 65 e 70 anos mas sua prevalência aumenta exponencialmente com os anos sendo de 6% aos 70, 30% aos 80 anos e mais de 60% depois dos 90 anos.

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Fraga

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© Jan Saudek

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Mural da História – Cúpula do Clima|2020

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Dvojakt – 1930

© Alois Zych

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O simbolismo e os limites da toga

Concordo em número, gênero e grau com a opinião da jornalista Dora Kramer, titulada “Toga requer recato” e publicada na Folha de S.Paulo. Ela estranha a conduta de juízes que extrapolam limites do cargo, e tem absoluta razão. Juiz não faz comentários políticos; julga. Juiz não legisla; decide.

Dora observa que, ao contrário do que simboliza o próprio cargo de ocupam e as funções que exercem, juízes hoje “transitam por festividades brasilienses, frequentam eventos patrocinados, opinam fora dos autos, utilizam-se em sessões de linguagem imprópria, vão e vêm como celebridades”.

“Celebridades”! É isso aí. Grande parte da magistratura nacional acha-se e comporta-se como celebridades. Não são. Ocupam cargos de elevada importância na vida pública nacional. São imprescindíveis e merecem o apoio e o respeito da população. Mas, para que isso aconteça, devem limitar a sua atuação aos seus gabinetes e aos processos que lhe são submetidos a julgamento. Na Corte Suprema do país, a missão dos senhores togados é defender a Constituição e fazê-la ser cumprida. Ou seja, assegurar a higidez do Estado de Direito. Caso contrário, a coisa se complica.

Dora Kramer, assim como todos nós, reconhece “a posição corajosa e o combate permanente dos tribunais superiores aos arreganhos autoritários”, sem os quais “o Brasil poderia ter sido vítima, talvez não de um clássico golpe de Estado, mas de um retrocesso institucional cujas consequências são previsíveis num país que já viveu os males da ditadura”.

Pois isso, pontua a articulista, causa estranheza a conduta de magistrados que vão além dos limites de seus cargos e de suas funções. Não devem nem podem agir como políticos. É o mínimo que se espera do decoro exigido pela toga.

Já tratei disso aqui anteriormente. Ao promover a justiça, sanar conflitos e zelar pelo cumprimento da lei, é admirável e digna de louvor a função do Poder Judiciário. No entanto, ele não é divinizado nem se compõe de semideuses, como imaginam alguns.

Na qualidade de filho de promotor de justiça, neto de escrivão, bisneto, sobrinho, primo e genro de magistrados e, sobretudo por haver servido por trinta e cinco anos ao poder togado, posso garantir que os homens de toga são seres humanos como outros quaisquer. E, como tais, sujeitos a defeitos, erros, tentações e malfeitos. A atividade confere a seus integrantes certas prerrogativas, mas em razão do cargo e não por dádiva dos céus, e por isso não são eles imunes à responsabilidade e punição.

E, em assim sendo, devem, sobretudo, conter a língua publicamente.

O recente episódio envolvendo o ministro do STF Luís Roberto Barroso é um exemplo disso. Barroso esteve presente numa reunião de estudantes e ali, tomado de forte emoção, fez um discurso como se estivesse num comício político. E, ante a reação contrária de parte da plateia, saiu-se com essa pérola: “Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”.

O “nós” aí é muita gente, excelência. Sobretudo em se tratando de integrante da mais alta corte de justiça do país. Eu até poderia ter dito isso, porque sou um simples cidadão eleitor. Vossa Excelência não.

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Faça propaganda e não reclame

apple-laranja-e-maçã

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“Versos Íntimos” de Augusto

É o soneto mais conhecido de Augusto dos Anjos e um dos mais populares de nossa língua. Não é um soneto impecável como os dos parnasianos. Como toda obra de Augusto, é o registro sismográfico de emoções intensas e idéias espantosas. Vai, num salto, do abismo ao Everest, e volta, e vai de novo. O primeiro quarteto, por exemplo. Nada me tira da cabeça que Augusto primeiro imaginou dizer: “Ninguém assistiu ao formidável enterro…” Mas o verso estava quebrado. Faltava uma sílaba. Ele poderia ter colocado um rípio (palavra “tapa-buraco”) qualquer e ter dito: “Se ninguém assistiu…” ou “Pois ninguém assistiu…” Mas optou pelo: “Vês?” E conseguiu muito mais impacto.

Em geral, quem faz versos rimados prepara primeiro os últimos. Augusto queria dizer: “Somente a ingratidão – esta pantera – / foi tua companheira inseparável!”. Usou como preparação “formidável” (adjetivo supérfluo, pouco enriquecedor) para efeito de rima. Mas rimar “pantera” com “quimera”, monstro real e monstro imaginário (neste caso um sinônimo de “sonho, fantasia”) é um belo achado.

Eu acho que “Acostuma-te à lama que te espera!” é um dos maiores decassílabos (e um dos mais amargos conselhos) da poesia brasileira. Por mim o soneto acabava aí. Felizmente ele prossegue e nos derruba ao chão com outra verdade de 200 toneladas: “O Homem, que, nesta terra miserável, vive entre feras, sente inevitável necessidade de também ser fera”. A “fera” é uma rima além-do-sonoro para a dupla “pantera/quimera” do quarteto anterior. E essa repetição monótona de sufixos em adjetivos grandiloquentes (“Formidável! Inseparável! Miserável! Inevitável!”) acaba nos impondo, pelo exagero, a sensação de verdades definitivas, esmagadoras.

O verso do cigarro no primeiro terceto parece ter entrado apenas para rimar com o “escarro” que Augusto planejou para o verso seguinte. Mas… dêem uma geral, vejam como cigarros e fósforos aparecem em toda a obra do poeta, que nem sei se fumava ou se apenas se maravilhava com esses pequenos e mortais milagres químicos. E o “toma” (como o “Vês?” inicial) restaura o tom coloquial, “íntimo”, que o poeta tanto empregou, para desconforto dos puristas do seu tempo. O desfecho do soneto, então, pode não ser impecável (o verso “Se a alguém causa inda pena a tua chaga” é mera preparação), mas é inesquecível, com seus pares complementares e/ou opostos: mão/boca, beija-escarra, afaga-apedreja.

A poesia de Augusto, reconhecidamente difícil, tem seus momentos fáceis, como este. Não digo “fáceis” com desdém. Fácil porque cheio de imagens vívidas, que o leitor assimila no mesmo instante. Imagens com poder de choque, de comunicar verdades poderosas e sofridas. Um desabafo de revolta e de autoafirmação nietzschiana, que ainda hoje, cem anos depois, é recitado em mesas de bar por motoristas, mecânicos de oficina, comerciários, bêbados anônimos cujas mãos e bocas acendem o mesmo fósforo e fumam o mesmo cigarro.

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