Abby Visser. © Zishy

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Até breve, amigo Mazânek

Com o falecimento de Renato Mazânek, neste sábado, dia 03, a televisão e o rádio do Paraná perderam um dos seus grandes pioneiros e eu perdi um amigo querido.

Renatinho era um azougue, um pioneiro por natureza, com uma mente criativa como poucos e um trabalhador incansável.

Décimo terceiro filho de uma família de origem polonesa, Renato Mazânek nasceu em Rio Negro, na divisa do Paraná com Santa Catarina, mas escolheu Curitiba não apenas para plantar as suas raízes, mas, sobretudo, para “fazer arte”, nos seus diversos sentidos.

Desde muito cedo, Mazânek sentiu-se atraído pelo rádio e pelas coisas eletrônicas. Era um ouvinte apaixonado. Aquele aparelhinho o fascinava. Pela forma e conteúdo. Enquanto o pai semeava escolas no Norte Pioneiro do Paraná, o pequeno Renato se apegava cada vez mais ao invento de Marconi.

Em Santo Antônio da Platina, Mazânek chegou a fazer um teste para locutor da Difusora Platinense, mas o início da aventura estava marcado para acontecer na Capital do Estado, no 7º andar do Edíficio do IAPAC, na Rua Cândido Lopes, onde um grupo liderado pelo comunicador Nicolau Nader montava aquela que viria a ser a Difusora Ouro Verde, uma das mais importantes emissoras de rádio do Paraná, no ar até hoje. Renatinho passou a dedicar-se 18 horas por dia à Ouro Verde. Queria aprender tudo, do acervo musical à parte técnica, ainda que enormes fossem as dificuldades na época. Aprendeu. E como aprendeu!

Quando Nagibe Chede resolveu fazer a primeira demonstração da televisão em Curitiba, com convidados especiais, no topo do Edifício Tijucas, e se deu conta da ausência do funcionário escalado para a direção de TV, não teve dúvida e bradou: “Chamem o Renatinho!”

Renato Mazânek, o Renatinho suplicado por Nagibe Chede, então em atividade na Rádio Emissora Paranaense, do outro lado da Praça Osório, onde era um pouco de tudo: operador de som, locutor, programador, discotecário, chegou correndo e assustado ao Edifício Tijucas. Nunca fizera aquilo. Só recebeu uma orientação básica do técnico Olavo Bastos e mãos à obra. O Dr. Nagibe ficou-lhe eternamente grato e nunca mais abriu mão de Renatinho.

Depois daquela noite de diretor de TV improvisado, Mazânek aprendeu fazendo e ensinou aprendendo. Foi técnico de som, sonoplasta, contrarregra, iluminador, maquinista, inventou programas, pintou cenários, montou a equipe técnica, ensaiou garotas-propaganda, coordenou comerciais, conduziu encenações teleteatrais com uma única câmara e tudo “ao vivo”, em meio a uma parafernália de fios, cabos, microfones e um calor infernal debaixo de panelões de lâmpadas de 1.000 watts, no espaço minúsculo de uma quitinete. E assim Nagibe Chede concretizou o seu sonho – a TV Paranaense, Canal 12, hoje RPC, afiliada da poderosa Rede Globo de Televisão.

Mas Renato Mazânek não foi apenas testemunha ocular da história da televisão do Paraná. Ele fez parte dessa história, ajudou a construí-la. Assim como já fora importante personagem da história do rádio paranaense e estaria, em seguida, presente na trajetória da publicidade nesta Terra dos Pinheirais.

No rádio, Mazânek ainda atuaria nas AMs Guairacá, Independência, Clube Paranaense e Iguaçu. Na TV, dirigiu comercialmente a Iguaçu, Canal 4, hoje integrante do SBT. Na publicidade, fundou e manteve durante vários anos a agência Teorema.

Sua derradeira missão ficou incompleta: a criação, juntamente com outro inesquecível sonhador, Euclydes Cardoso, do Instituto da Comunicação e da Memória. Mas deixou escritos e publicados dois livros da maior importância: “Ao Vivo e Sem Cores” e Ondas Curta e Média sem Delongas”.

Com o falecimento de Renato Mazânek, aos 84 anos de idade, o Paraná perdeu uma das suas mentes mais criativas, artífice de incontáveis ideias que a TV, o rádio, a publicidade e a administração pública não foram capazes de aproveitar nos últimos tempos.

Deixou duas filhas maravilhosas e netos muito queridos. Segue em paz, meu bom amigo. No Céu, você terá toda a liberdade para colocar em prática toda a sua criatividade. Até qualquer hora.

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Fraga

Antigamente o pessoal ia com Deus. Agora já prefere Uber.

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Elas

Heléne #1, signed Jan Saudek bottom right, black-and-white photograph, 40 x 30.5 cm, fractionally damaged (Šm) © Jan Saudek, 1935

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Elizabeth Destéfanis (Betinha), Rogério Dias, o cartunista que vos digita e Vera Prado,  no velho Cometa. © Lina Faria

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O CPF que incrimina

Diz a terceira lei de Newton que a toda ação corresponde reação igual e contrária. Arthur Lira vinha poderoso como condestável da república, chantageando Lula, exigindo favores do Tesouro para sua banda parlamentar e, dia desses, no auge do autoritarismo, determinou a demissão do senador Renan Calheiros Filho do ministério. A família Calheiros não pode ser perdoada porque impôs humilhante derrota ao não eleger os candidatos a senador e governador de Alagoas apoiados por Lira. Aqui a ação e a reação. Que continuam com a cobrança da demissão de Renan, filho de outro Renan, a nêmesis de Lira.

No mesmo dia, um raio fulminante da PF prende ex-assessor de Lira e mutreteiro com verbas do orçamento secreto. O local do crime, óbvio, Alagoas. A sujeira respinga em Lira, a favor de quem, diria Deltan Dallagnol no Roda Vida, não milita a presunção de inocência. Dizem agora que foi retaliação do governo. Pode ser, apenas quanto ao momento, porque não há condições de em um dia levantar fraude de R$ 8 milhões, sendo R$ 4 milhões ainda no cofre do suspeito. Lira exime-se do problema com defesa auto condenatória: “cada qual responde por seu CPF”. É que corrupto não dá recibo com CPF. Lira sabe.

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Memória

19 de abril|2018

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O Bandido Que Sabia Latim

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Fraga

© Orlando Pedroso

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Crianças

dia-das-crianças© Ricardo Silva

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Salles perde força

O desejo do deputado Ricardo Salles (PL-SP) de ser candidato a prefeito de São Paulo em 2024 ficou mais distante com o acordo feito entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Valdemar Costa Neto.

Como mostrou o Bastidor, será Bolsonaro quem baterá o martelo sobre o nome do PL que vai disputar a prefeitura do Rio de Janeiro. Sem Flávio Bolsonaro, dois militares são favoritos: Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e Casa Civil, e Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde.

A prevalência da opinião de Bolsonaro no Rio, no entanto, não deve refletir na escolha do PL em São Paulo. O nome preferido do ex-presidente e dos bolsonaristas do partido é Salles. Mas o deputado não conta com a simpatia de Valdemar e do diretório municipal da legenda. Consideram o parlamentar de extrema-direita.

Essa ala do partido avalia que a candidatura de Salles tem potencial para chegar ao segundo turno, mas seria derrotada por Guilherme Boulos (PSOL). A tese é que o eleitor de centro da capital paulista normalmente pende para a esquerda em uma disputa direta com um candidato de direita.

As opções para o PL com a ausência de Salles são apoiar o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), considerado de centro, ou lançar um nome mais moderado, como o do senador astronauta Marcos Pontes.

Salles tem pedido tempo para se viabilizar. Relator da CPI do MST, o deputado considera a comissão o palco ideal para desgastar a imagem de Boulos e se cacifar como o principal adversário da esquerda em São Paulo. Ele ainda tenta convencer o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) a apoiá-lo.

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Faça propaganda e não reclame

Criação de Eugênio Thomé e Solda. Umuarama Propaganda, década de 1990.  © J.R.Duran

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Quando a discórdia reina, reina sobre o quê?

Zapetrape, zapetrape, zapetrape, zapetrape… Lá vem o Hidrópota Esclarecido no seu passinho miúdo, direto para o mais aconchegante sofá deste mundo. O copo companheiro ele deposita bem ali na mesa de centro, que não está assim tão centralizada. Lúcido, conciso, coordenado, o Hidrópota Esclarecido mede tudo com água fria e transparente: a guerra no Iraque, o muro da Cisjordânia, a moral do vizinho, o preço do pão. Vaso de flor é um copo, sinceridade feminina são dois goles, alegria é um litro.

Remédio infalível para a tristeza, elixir curativo para filosofias orientais mal digeridas, elemento catalisador para pugnas matrimoniais… Bem ali, ao alcance da mão, o copo d’água espera. E o Hidrópota Esclarecido reina sobre todas as discórdias que, qual aliens perdidos em Nova York, se refugiam nos pubs, nos bares chiques, nos mais sujos botecos. E embebedam-se de uísque, cerveja e, tardiamente, de rum e gim.

Enquanto ele se refestela no sofá e dita regras, baixa éditos, explica o caos primeiro do Universo como tempestade em copo d’água. Ah, sabia que Vênus, a bela mulher que nasceu numa tela de Boticelli, era a deusa do Amor? Ah, e a deusa do casamento, sabe quem é? É Juno, uma víbora. E o copo no ar – um brinde aos fantasmas da mitologia.

Mulher deixa o marido para seguir o amante, marido foge da mulher para ficar sozinho, casais separam-se voluntariamente, mulher odeia, mas suporta marido por trinta anos, casais vivem Guerra dos Cem Anos sob o mesmo teto, mulher e marido vivem juntos como se o outro não existisse, marido dorme na sala, homem tem amante, mas vive bem com a mulher, mulher casa por interesse pecuniário, homem promete para a amante que vai se separar da mulher, mulher espera no escuro, com revólver, o marido que chega bêbado… Ah, uma pausa refrescante… Ahgua! Zapetrape, zapetrape, zapetrape… o périplo do Hidrópota Esclarecido do sofá à torneira, da torneira ao sofá. A volta ao mundo em torno da torneira.

Ah! Um homem publicou anúncio em busca de uma esposa. Recebeu 1.788 cartas de homens… que ofereciam as suas.

*Rui Werneck de Capistrano só bebe cerveja

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Sabático no casamento

Para o meu relacionamento dar certo eu faço planos de ter tempo comigo

Dormir em quartos separados, morar cada um em sua casa, abrir a relação, incorporar uma marmita de casal. O que não falta são opções para um relacionamento funcionar. Li sobre pessoas que decidiram levar para o ambiente doméstico uma prática disseminada no corporativo, o sabático. Sem perder a convivência ou o vínculo afetivo, é uma pausa do outro por tempo determinado.

Há anos, tomo meu sabático em pílulas. Meu marido viaja daqui a algumas horas. Sei que depois de uns dias terei saudade, a geladeira estará vazia, sobreviverei graças ao advento do delivery, mas neste momento eu já planejo mentalmente meus dias de férias de nós dois. De não ter que conjugar o pronome nós, de não pensar se ele quer isso ou aquilo. É tudo eu, é tudo pra mim, é tudo sobre mim. E se eu ainda amo meu conge, e lá se vão quase 11 anos, e se ainda adoro fazer tudo com ele quando estamos juntos, é porque tenho muitos momentos com a pessoa que me faz a criatura mais feliz de Copacabana: eu mesma.

Não faz tanto tempo que descobri que eu era a minha melhor companhia. E só consegui isso ao encarar o medo de ficar comigo mesma, ouvir no silêncio os traumas que me atormentavam e enfrentar o desconforto de ser quem eu sou, sem poder me esconder em abraços que não são meus. Tive que acolher os meus defeitos e minhas falhas e aprender a carregar o fardo de todas as escolhas que fiz, de um jeito que ele se acomodou e ficou mais leve. Às vezes, ainda me inquietam e, nessas horas, é quando eu mais preciso ficar só.

Fico sozinha também para reencontrar a mulher que eu aprendi a gostar tanto de ser e que às vezes se perde nas preferências divididas de uma vida a dois. Preciso do meu espaço, dos meus momentos, da minha entrega aos meus desejos, para poder transbordar nessa relação que me salvou de viver à base de Miojo e cerveja, que mantém a geladeira abastecida, a cama quentinha, meu coração tranquilo e que me arranca as minhas melhores risadas. Ele respeita meu tempo comigo mesma, que pode ser uma caminhada na praia, um almoço no meio da semana, uma viagem de dez dias. Eu fico só para ficar ainda melhor a dois.

E lá se vai meu conge, enquanto renovo meus votos comigo mesma. Quero cheirar meus livros, deitar atravessada na cama, acordar sem pressa, almoçar sozinha, abrir uma garrafa de vinho só para mim. Quero pedir um único sabor de pizza, maratonar uma série que ele jamais assistiria, para depois admitir que era ruim, mas que gostei mesmo assim. Encontro amigos que são só meus e pra quem ele não tem paciência, passo mais tempo na academia, perco horas numa farmácia, ouço meu Djavan, arrumos meus armários, vejo fotos antigas.

Tem gente que faz ménage, faz mais um filho, faz concessões. Para o meu relacionamento dar certo eu faço planos de ter tempo comigo. Quero cometer mais erros, me perder sozinha em ruas desconhecidas, ligar para ele do meio de uma plantação de girassóis e dizer que senti sua falta. Quero continuar com essa saudade de nós quando sou apenas eu.

Publicado em Mariliz Pereira Jorge - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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