Meu tipo inesquecível

Amy Winehouse. © Bryan Adams

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Gato no telhado

© Ricardo Silva

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Revista Ideias|Travessa dos Editores|Março 2019|#209

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A rainha careca

De cabeleira farta
de rígidas ombreiras
de elegante beca
Ula era casta
Porque de passarinha
Era careca.
À noite alisava
O monte lisinho
Co’a lupa procurava
Um tênue fiozinho
Que há tempos avistara.
Ó céus! Exclamava.
Por que me fizeram
Tão farta de cabelos
Tão careca nos meios?
E chorava.
Um dia…
Passou pelo reino
Um biscate peludo
Vendendo venenos.
(Uma gota aguda
Pode ser remédio
Pra uma passarinha
De rainha.)
Convocado ao palácio
Ula fez com que entrasse
No seu quarto.
Não tema, cavalheiro,
Disse-lhe a rainha
Quero apenas pentelhos
Pra minha passarinha.
Ó Senhora! O biscate exclamou.
É pra agora!
E arrancou do próprio peito
Os pêlos
E com saliva de ósculos
Colou-os
Concomitantemente penetrando-lhe os meios.
UI! UI! UI! gemeu Ula
De felicidade
Cabeluda ou não
Rainha ou prostituta
Hei de ficar contigo
A vida toda!
Evidente que aos poucos
Despregou-se o tufo todo.
Mas isso o que importa?
Feliz, mui contentinha
A Rainha Ula já não chora.

Moral da estória:
Se o problema é relevante,
apela pro primeiro passante.

Do livro “Bufólicas”, Editora Globo
São Paulo|2002.

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Flagrantes da vida real

Aquele beijo que te dei. © Maringas Maciel.

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Apparício Torelly

O erro do governo não é a falta de persistência, mas a persistência na falta.

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Furto famélico

O primeiro casal, Janja & Lula, muda para o Alvorada, o laguinho existente dos tempos de Juscelino recomposto com água e carpas frescas. Das que lá existiam, as moedas desapareceram na bolsa da ex-primeira dama e os peixes no bucho do então primeiro marido. O primeiro marido de antes chamava de ladrão o primeiro marido de agora.

Levar as moedinhas e sumir com as carpas também é coisa de ladrão, mas não dá cadeia. Chama-se furto famélico, o crime do faminto, que age sob estado de necessidade. Sim, porque quem furta moeda e comida está na pindaíba. E a primeira família de antes vinha com uma fome que nem te conto.

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Gente de Itararé

koti-doisKLaus Kotti, o Lendário Chucrobillyman.

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Nossa “Cadimia”

letraset

César Marchesini, o Baxo, foi ao oftalmologista, para exames de rotina. O médico o colocou naquela maquininha moderna, cheia de lentes, e de cara, perguntou: Que letra é aquela? E o Marchesini: Helvetica bold, claro!

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© Jan Saudek

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Mural da História

31 de outubro|2008

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Revista Time apresenta Bolsonaro como um pet da extrema direita dos EUA

“O ressurgimento de Jair Bolsonaro na Flórida é um espetáculo bizarro, mesmo para um estado com uma longa história de refúgio para personagens excêntricos.”

Reportagem da centenária revista Time, uma das mais importantes dos Estados Unidos, trouxe o autoexílio do ex-presidente em Orlando. Em resumo: ele aparece como uma figura patética, que se tornou destino de peregrinações de ultraconservadores brasileiros e é tratado como um pet pela extrema direita trumpista.

“Um mês atrás, ele estava liderando o quinto maior país do mundo. Agora, está vagando pelos supermercados da Flórida, comendo frango frito sozinho e sendo adulado por apoiadores no portão de uma casa modesta, de propriedade de um campeão de luta livre, em um condomínio fechado ao sul de Orlando”, afirma a Time.

Entre as oferendas calóricas oferecidas pelos brasileiros que vão visitá-lo, a revista destaca “cestas de pães, morangos, flores e Nutella”. Os peregrinos, contudo, não buscam a iluminação, mas selfies.

Não à toa, Jair escolheu a Flórida como abrigo, Estado que reúne um bom naco da rica extrema direita brasileira, latino-americana e estadunidense. E enquanto foge da Justiça brasileira por medo de ser preso pelo seu papel no planejamento de um golpe de Estado, o ex-presidente vem sendo adulado em meio a um ambiente trumpista. A revista destaca, inclusive, as conexões entre o deputado federal Eduardo Bolsonaro e os ultraconservadores norte-americanos, como Steve Bannon.

E insere a declaração de Jimmy Levy, um ex-concorrente do American Idol, popular entre o público trumpista por participar de comícios antivacina, em um evento realizado para Bolsonaro na Flórida: “Só quero dizer muito obrigado por tudo, na América somos muito gratos por você”, disse. “Todo mundo que é patriota na América está com os patriotas no Brasil.”

Por fim, a reportagem mostra que o cruzamento entre o bolsonarismo e o trumpismo gera uma crise não apenas ética, mas também estética.

“Em um evento organizado em sua homenagem por um grupo conservador de expatriados brasileiros, Bolsonaro sentou-se sob os holofotes em um pequeno palco em um shopping center em Orlando, empoleirado em uma poltrona roxa ao lado de um pufe felpudo e uma única flor. Vídeos postados por pessoas em uma pequena multidão de fãs, em sua maioria brasileiros-americanos, que pagaram até US$ 50 para ver Bolsonaro, o mostram envolto na bandeira brasileira, cercado por pessoas rezando por ele e sendo tocado por músicos”, afirma a revista.

Essa imagem tosca e, portanto, mais inofensiva do que Jair realmente é, pode lhe ser útil considerando que há um grupo de deputados e senadores democratas defendendo que Joe Biden o deporte de volta ao Brasil sem esperar o resultado do pedido de visto de turista que ele solicitou.

Afirmam que ele tem usado o território norte-americano para incitar seus seguidores a atos antidemocráticos no Brasil, como a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do STF em 8 de janeiro.

Bolsonaro está, neste momento, há 37 dias sem foro privilegiado. Por isso é um “espetáculo bizarro” que ainda não exista um pedido de prisão preventiva em seu nome por aqui.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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Em Brasília…

© Tiago Recchia

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Um mergulho na escrevivência de Conceição Evaristo

O que está no centro do debate é escrever o que se crê

Pensei muito se eu, uma mulher branca, deveria ousar escrever uma resenha sobre este livro primoroso da autora mineira Conceição Evaristo. A resposta veio quando, já ao final da obra, reli a dedicatória: “Este livro é oferecido a todas as pessoas que se enveredam pelos caminhos da paixão e que, mesmo se resfolegando em meio a muitas pedras, não se esquecem do gozo que as águas permitem”. Me senti autorizada.

Conceição criou o conceito Escrevivência para: “Agarrar a vida, a existência e escrevê-la em seu estado de acontecimentos”. Escrevivência que é também: “Vivência e criação, vivência e escrita”. Escrevivência que possibilita que “um corpo quase desfalecido de dor se recupere na contação da vida”. Me identifiquei tremendamente. Além de autoficcionista, faço parte de um grupo de autoras que afirmam ter mais clareza de suas extensões no mundo a partir do que narram sobre si mesmas.

Me lembrei ainda do que disse Grada Kilomba sobre o seu livro magistral “Memórias da Plantação“: “Escrever foi, de fato, uma forma de transformar, pois aqui eu não sou A OUTRA, mas sim eu própria. Não sou o objeto, mas o sujeito. Eu sou quem descreve minha própria história, e não quem é descrita. Escrever, portanto, emerge como um ato político. Um ato de tornar-se”.

Pensando em objeto e sujeito, acho interessante que o protagonista deste “Canção para Ninar Menino Grande” não seja de fato um protagonista. Fio Jasmin, homem preto, belíssimo, de moleira aberta (portanto, sem juízo) e dilacerador de corações, só existe porque pôde ser contado, sonhado, desenhado e maldito a partir de vozes, gritos, soluços e canções de mulheres pretas que puderam tocá-lo até que sua carne, tal qual sua identidade, desaparecesse.

E é a história delas, como habitavam este planeta antes, durante e depois da chegada do maquinista disposto sempre “a encontrar algum corpo de mulher para experimentar o sabor da cidade”, o verdadeiro material que nos importa do livro, o conteúdo que nos conecta (e a todas elas também, entre si) e o que nos conduz, ao final, à alguma elucidação (que nos entorpece de uma compaixão possível) sobre o comportamento de um homem que não sabia e não podia amar.

O verdadeiro “fio” é o que interliga a esposa de Jasmim à moça dos pezinhos de Cinderela à senhorita que esperava ansiosamente pela chegada de um noivo à beldade liberta que insistia em nadar pelada em um rio à virgem viciada em carícias e à lésbica que pode ceder um outro aconchego ao desbravador de delícias e dores. E assim, sucessivamente, foram elas que contaram suas solidões até que uma mulher pudesse contar todas a Conceição Evaristo.

Então sabemos o motivo que levou um homem preto a desguarnecer de afeto tantas moças românticas, apaixonadas e ardentes. Se elas se sentiam, logo depois de se deitar com Jasmim, tremendamente injustiçadas, enganadas e sem esperança, era porque ele próprio carregava dentro de si um imenso vazio. Era ele o buraco castrado, a ferida aparente. Era ele próprio, que impossibilitado de ser o príncipe no teatrinho da escola primária, teria feito um acordo ambivalente com seu ego: seria ele o rei intocável branco de todas elas, seria ele o corpo preto vassalo de todas elas. Ele, despedaçado, rejeitado, à procura do que é ser um homem. Ele feito objeto, acreditando que o seu corpo era para servir, para usar, fosse para orgasmos, fosse para fazer filhos. E assim, sem saber como poderia ser pouco ou demais, acabou dando a algumas delas (e isso renderia outro livro maravilhoso da autora) somente o que já queriam sem poder enunciar: uma vida livre.

Só pensamos o corpo jovem, atrevido, invejado por outros homens e desnudado de Fio Jasmim a partir do prazer, da dor, da solidão e até da finitude da vida de tantas mulheres que puderam amá-lo e esperá-lo.

Neste livro poético, forte, trágico, erótico, com duas narradoras que são tantas e um protagonista que teme justamente jamais sê-lo, o que está no centro do debate é escrever o que se crê: “Vem daí a minha invenção, pois a canção é minha também”.

Publicado em Tati Bernardi - Folha de São Paulo | Deixar um comentário
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