Sessão da meia-noite no Bacacheri

Tendo alcançado uma carreira invejável com a qual poucos poderiam sonhar, a renomada maestrina/compositora Lydia Tár (Cate Blanchett), a primeira diretora musical feminina da Filarmônica de Berlim, está no topo do mundo. Como regente, Lydia não apenas orquestra, mas também manipula. Como uma pioneira, a virtuosa apaixonada lidera o caminho na indústria da música clássica dominada por homens.

Além disso, Lydia se prepara para o lançamento de suas memórias enquanto concilia trabalho e família. Ela também está disposta a enfrentar um de seus desafios mais significativos: uma gravação ao vivo da Sinfonia nº 5 de Gustav Mahler. No entanto, forças que nem mesmo ela pode controlar lentamente destroem a elaborada fachada de Lydia, revelando segredos sujos e a natureza corrosiva do poder. E se a vida derrubar Lydia de seu pedestal?

Cate Blanchett, Nina Hoss, Noémie Merlant|2022| 2h 38min / Drama, Musical|Direção de Todd Field

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Três perguntas para Paulo Cesar Basta

Médico e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, Paulo Cesar Basta coordenou uma pesquisa encomendada pela Unicef sobre a desnutrição de crianças indígenas em oito aldeias yanomanis.

1 – Como é a morte por desnutrição de uma criança yanomami?

Ela pode ocorrer em questão de dias, se, por exemplo, a criança tiver um quadro de diarreia acompanhada de vômito intenso. Isso acelera o processo de desidratação e você pode perder a criança de um dia para o outro, porque, em geral, nas aldeias não há socorro próximo nem pessoas treinadas para procedimentos elementares de assistência. Existem 370 aldeias yanomamis no Brasil e só 78 têm postos de saúde.

Mas o padrão mais comum é de uma morte mais lenta e insidiosa. Como não há nas aldeias coleta de lixo, sistema de esgoto nem água potável, o chão onde as crianças engatinham está contaminado e a água que elas bebem muitas vezes vem de lagos com todo tipo de resíduo humano e animal. Além disso, com a invasão dos garimpeiros, a oferta de comida tem ficado cada vez mais escassa.

O que acontece, então, é que uma criança, nascida com peso normal, depois que é contaminada pelos micro-organismos do solo ou da água e tem a sua primeira diarreia, sofre uma perda de peso significativa e não mais se recupera — ao contrário do que acontece em ambientes onde existem condições básicas de nutrição e assistência médica, ela não recupera mais seu peso.

A partir daí, por causa do acesso limitado à proteína, essa criança deixa de formar tecido muscular, deixa de reservar nutrientes para o crescimento dos ossos e articulações, e vai guardar os pouco nutrientes disponíveis para concentrar na preservação dos seus órgãos vitais. A criança vai tentar utilizar esses poucos nutrientes disponíveis para preservar a sua vida. Com isso, o corpo vai sendo consumido.

2 – Como esse processo afeta a aparência e o comportamento da criança?

Ela vai ficando apática, não corre, não brinca, não sai mais da tipoia da mãe. A coloração da pele vai mudando, ficando amarelada e às vezes acinzentada. O cabelo vai ficando ralo, e mais claro.

Algumas crianças das aldeias yanomamis parecem uns indiozinhos louros. Esse é um indicador de desnutrição grave — e que hoje, século 21, só está presente na África Subsaariana. Você só vai encontrar crianças com esse grau de desnutrição em países da África Subsaariana.

3 – Esse grau de desnutrição é o mais alto já observado entre os yanomamis no Brasil?

Os nossos dados revelam que esses indicadores de desnutrição estão estabilizados nesse patamar há pelo menos 15 anos.

O problema na terra yanomami não começou no governo Bolsonaro. Ele se acentuou no governo Bolsonaro porque o governo Bolsonaro, além de negar o acesso regular aos serviços de saúde, fomentou a invasão de garimpeiros no território.

Quase 20 mil garimpeiros entraram lá nesses últimos quatro anos e degradaram ainda mais a situação: contaminaram os rios, devastaram as áreas de floresta e provocaram a escassez do pescado, da caça e dos produtos de coleta.

O que houve agora no governo Bolsonaro foi um recrudescimento, uma violência adicional. Mas o estado, a nação brasileira, tem uma dívida histórica para com os povos originários —e esses indicadores de desnutrição e mortalidade que vemos pelo menos desde 2008 expressam isso de uma forma escancarada.

A Etiópia é aqui

Os pesquisadores Paulo Cesar Basta e Jesem Douglas Orellana, da Fundação Oswaldo Cruz, coordenaram uma equipe que percorreu oito aldeias yanomamis nos estados de Roraima e do Amazonas entre os anos de 2018 e 2019. O trabalho, financiado pela Unicef, teve como objetivo pesquisar as causas sociais da desnutrição de crianças nessas regiões.

Das 304 crianças indígenas menores de cinco anos examinadas por Basta e sua equipe, metade já havia feito tratamento para pneumonia nos últimos três meses e mais de 30% haviam tido diarreia nas últimas 48 horas. Perto de 61% do total apresentavam “severa baixa estatura para a idade”; 48%, baixo peso; e 67%, anemia.

Esses dados, afirma Basta, confirmam que a situação nutricional das crianças yanomamis é a mais grave já reportada em toda literatura científica nacional e uma das mais dramáticas também em escala mundial.

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© Jan Saudek

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Millôr Fernandes

Venho sendo cercado por telefonemas, recados eletrônicos e fáquicis, tentando me cooptar pra apoio à manifestação pró CINEMA, dia 28, na Cinelândia. Apenas pela posição física deste quadrado (não tenho ilusão), há sempre tentativas de transformá-lo na “Voz do Povo Aflito e Desamparado”, e no “Último Hálito da Liberdade”, na “Tribuna Sem Medo e Sem Vergonha”, e por aí. Mas se entro nessa, adeus! Millôr vira um chato comum, deixa de ser um chato personalizado. Pô, já não basta o tempo do meu deinde philosophare desperdiçado com a inacreditável mediocridade e mutretariedade da administração carioca?

Mas, afinal, abro exceção pra panfletagem do cinema com o poema gráfico do curitibano Solda e do não menos curitibano, cineasta Sylvio Back(*). O grafismo é homenagem a 60 diretores de cinema mortos nos últimos 12 anos e augura que o cinema propriamente dito não entre na mesma fria.

Quero apenas repetir que minha relação com a arte é diferente. Pra mim, artista tem que sofrer. Ser anão, como Lautrec, cortar orelha como Van Gogh, contrabandear armas como Rimbaud, morrer na miséria como Grosz. Cara que, como eu, ganha dinheiro com o que faz pode ser, e é, chamado de tudo, menos de artista.

*Madrugador inveterado, todo dia abro minha janela pra ver o sol surgindo no horizonte e, um pouco mais abaixo, mas não menos brilhante, correndo pela praia, Sylvio Back, o atleta que veio do frio”.

Millôr Fernandes, Jornal do Brasil, 23/4/92

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Lula assume comando das Forças

Arruda dera seguidas mostras de insubordinação à autoridade presidencial

Lula tem feito apelos à pacificação do país e é um conciliador. Mas esse perfil não pode ser confundido com falta de autoridade. Foi o que o presidente deixou claro ao assumir seu papel de comandante supremo das Forças Armadas e determinar a exoneração do general Júlio César de Arruda da chefia do Exército.

Arruda dera seguidas mostras de insubordinação à autoridade presidencial, desde que impedira o desmonte do acampamento de terroristas em frente ao QG do Exército, na noite de 8 de janeiro, com a segurança do DF já sob intervenção federal. Arruda esticou a corda e peitou Lula, achando que ficaria por isso mesmo. Não ficou.

Lula o substituiu pelo general Tomás Ribeiro Paiva, comandante militar do Sudeste. Na quarta-feira (18), com a crise em torno de Arruda em ponto de fervura, Paiva aproveitou cerimônia interna com a tropa para fazer uma defesa da legalidade e do respeito às eleições (o discurso foi divulgado nas redes sociais do comando). Três dias depois, Paiva seria nomeado o sucessor de Arruda.

A defesa da legalidade é bem-vinda, mas só pode ser considerada extraordinária diante do cenário de anômala partidarização das Forças Armadas no Brasil. Convém lembrar que Paiva foi chefe de gabinete de Eduardo Villas Bôas, o general tuiteiro que, em abril de 2018, pressionou o STF na véspera da votação do habeas corpus de Lula. O resto você sabe.

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Lula achou que fosse golpe mas não se preocupou porque nada organizado por Bolsonaro dá certo

Em sua primeira entrevista após a posse, Lula disse que achou que estava sofrendo um golpe, mas se lembrou quem era o mandante e só esperou o quebra-quebra tirar a ministra do Turismo e seus milicianos do foco das atenções.

Lula defendeu aumentar a meta da inflação, por isso estendeu o tempo da entrevista. Ele até perguntou se Natuza Nery tinha tempo para fazer com ele uma vistoria imobiliária na Granja do Torto.

Críticos disseram que Natuza não colocou Lula contra a parede, mas ela se defendeu dizendo que depois da depredação do palácio do Planalto não havia mais paredes.

Lula também disse ser contra uma CPI para apurar os atos de 8 de janeiro. “Melhor não. Depois aparece mais uma Simone Tebet para a gente ter que colocar no governo”, disse.

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Reco & Álvaro

A tatuagem íntima desmascarou Daniel Alves. O craque insistia que não havia cometido estupro em banheiro na Espanha. As versões eram contraditórias: em uma estava sentado na privada (!) e a suposta vítima entrou sem avisar; na seguinte estava vestido, foi só o tempo de balançar o bingolim depois do xixi e se mandou da boate. A moça, suposta vítima, derrubou a argumentação de Daniel: estava nu, ficou 15 minutos no banheiro (deve ser banheiro misto, tem disso na Europa, exato para facilitar a sacanagem) e ela identificou a tatuagem na virilha, que vai do meia avançado ao centro avante do boleiro boludo.

Nós admiradores respiramos aliviados ao lembrar o rosto de Álvaro Dias tatuado no lombo do senador Jorge Kajuru. Como Álvaro tem no decoro sua segunda, talvez a única, natureza, assim que Kajuru levantou a camisa para exibir o lombo, Álvaro mandou parar. O exibicionista podia encarnar um Daniel Alves e baixar a cueca, mostrando a tatuagem do ‘reco’, aplicada ao bingolim dos tarados. É tatuagem retrátil. Na hora do vamos-ver revela o texto completo

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Anais_L. © IShotMyself

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Só no forévis!

meu-tipo-inesquecível--MussumAntônio Carlos Bernardes Gomes, mais conhecido como Mussum (1941/1994), músico, humorista e ator.  Fez parte d’ Os Originais do Samba e dos Trapalhões. © Myskiciewicz

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Ridendo castigat mores

Retícula sobre foto de Millôr Fernandes

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São Paulo

Viaduto-Dr.-Arnaldo-72Esperando Godot. Viaduto Dr. Arnaldo, São Paulo.  © Orlando Pedroso

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Portfólio

pastel-quente

By Solda e Tiago Recchia

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O chapéu mais bonito da cidade

© PhotoSightRussianAwards

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Sônia Braga

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