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O diploma da democracia

Lula venceu uma longa jornada, da prisão ao seu terceiro mandato, e a democracia venceu a mais dura batalha desde a redemocratização

Foi uma longa jornada a do presidente Lula desde a prisão até o dia de ontem, em que recebeu o diploma do seu terceiro mandato à frente dos destinos do país. Foi uma longa jornada também para a democracia brasileira, que venceu a sua mais dura batalha desde a redemocratização. Por isso, a diplomação dos eleitos Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin foi mais do que um ritual da Justiça Eleitoral. Foi um desagravo à democracia. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, recebeu palmas de quase um minuto ao entrar, fez um fortíssimo discurso de recados contundentes, o presidente diplomado falou com o coração e a razão, e avisou que aquela era a celebração da democracia. Tudo teve um significado muito além do protocolo.

Foram anos duros demais. O pacto político brasileiro, assinado na Carta Política de 1988, enfrentou um ataque sem trégua. Usando o poder da cadeira de presidente, Jair Bolsonaro conspirou diariamente contra a democracia, com discursos dúbios, ameaças explícitas, mobilizações e uma ampla rede de milícia digital. Seus seguidores ainda estão nas ruas, perturbando o direito de ir e vir e na semana passada Bolsonaro voltou a fazer discurso golpista. As Forças Armadas permitiram que ele deixasse no ar a ideia de que havia uma espada sobre as nossas cabeças. Esse tempo tenebroso começa a acabar.

Dia de sol, chuva e vento em Brasília. Ar de recomeço. O país se prepara para dentro de alguns dias ver o ato oficial do início do mandato de Lula. Nem se sabe se haverá entrega da faixa presidencial pelo governante que sai. Pouco importa. Já se sabe que Lula a envergará.

A luta, como sempre, continua. Ainda é preciso vigiar. A ameaça de golpe esteve entre nós por tempo demais para não se temer suas raízes. Uma parte importante foi prometida ontem pelo ministro Alexandre de Moraes. Identificar responsáveis pela organização e manutenção dos atos antidemocráticos e pelos ataques à democracia. Chamou-os de “extremistas criminosos”. Disse que eles atacam a democracia tentando tirar a credibilidade de seus instrumentos.

“Esses extremistas, autoritários, criminosos não conhecem o Poder Judiciário brasileiro. O Poder Judiciário brasileiro tem coragem. O Poder Judiciário tem força. O Poder Judiciário tem serenidade e altivez”, disse Alexandre.

Era uma resposta aos muitos e violentos ataques sofridos pelos tribunais superiores, e pelos próprios ministros. Mas Moraes mesmo disse que aquela diplomação ia além do reconhecimento da legitimidade da vitória de uma chapa. “Essa diplomação atesta a vitória plena e incontestável da democracia.”

Há muitas armadilhas no meio do caminho. Tenho dito aqui que o campo está minado. Ontem antecipei no blog logo cedo o reforço que cada ministério receberá dos recursos que foram conseguidos pela PEC da Transição. Ela deve ser aprovada na quarta-feira. Com ela o governo que chega desarma uma das minas, o orçamento inexequível feito pela atual equipe econômica.

Há outros riscos que podem ser criados pelo próprio governo Lula, se ele não entender a conjuntura. O futuro governo não pode desorganizar a economia, nem demolir marcos que foram conquistados. A Lei das Estatais protege as empresas públicas da interferência político partidária que já foi tão nociva. Foi feita no governo Temer, e é um indiscutível avanço. Mudar a política de preços da Petrobras é, na prática, aumentar o subsídio à gasolina, o que beneficia principalmente a classe média. Se Lula errar na economia, de novo a democracia estará em risco. Agora tudo ficou mais perigoso, porque a extrema-direita não é apenas um adversário político. É um inimigo da democracia.

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Condenado na Lava-Jato, Bendine faz lista de indicações para o Banco do Brasil

A transição de Lula fez um personagem da que andava submerso voltar a circular nos meios políticos. Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil que foi condenado por corrupção em decorrência da Lava-Jato, tem se movimentado politicamente para influenciar na escolha do futuro presidente do banco estatal.

A movimentação se dá em duas frentes. De um lado, Bendine procura executivos do banco para dizer que, se quiserem se manter nos cargos ou mesmo serem promovidos a diretores, precisam falar com ele.

Nessas abordagens, ele diz que está com cacife alto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porque, apesar de ter sido preso e condenado e mesmo assim não ter feito delação premiada.

Bendine foi presidente do Banco do Brasil de 2009 a 2015. Deixou o banco para assumir a presidência da Petrobras, nomeado por Dilma Rousseff já em meio às investigações da Lava-Jato.

Acabou preso pela própria operação em 2017, acusado de receber R$ 3 milhões em propina da Odebrecht para ajudar a empreiteira a rolar uma dívida no Banco do Brasil. Foi solto em 2019 por decisão liminar do Supremo Tribunal Federal. Em 2020, foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região a 6 anos e 8 meses de prisão por corrupção passiva. Bendine recorre da sentença em liberdade.

Outra forma que Bendine adotou para influenciar na escolha para o BB é frente receber para “entrevistas de emprego” alguns interessados em serem indicados para a diretoria, vice-presidências e para a própria presidência.

As conversas acontecem em seu apartamento em São Paulo ou na casa que ele tem em Sorocaba, a 100 km da capital. Nessas ocasiões, ele diz que está compondo uma lista para enviar para o próprio Lula, que vai escolher pessoalmente o time do banco.

Pelo estatuto do BB, nem o presidente e nem os vice-presidentes precisam ser funcionário do banco. Já os diretores tem que ser escolhidos entre funcionários do banco. Todas as indicações precisam passar pelo conselho de administração.

Mas os candidatos ao BB que estão recorrendo a Bendine correm o risco de se decepcionar. Apesar de toda a movimentação e do lobby, aliados bem próximos de Lula com quem conversei dizem que ele não terá influência nenhuma na escolha. Lula, aliás, procura uma mulher para a presidência do banco.

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Bolsonaristas tentam invadir PF e vandalizam Brasília após prisão e em dia de diplomação de Lula

Após Moraes mandar prender indígena, apoiadores de Bolsonaro depredam e colocam fogo em veículos

Uma ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), contra um indígena bolsonarista acabou em atos de violência nesta segunda-feira (12) em frente à sede da Polícia Federal e em vias de Brasília, horas após a diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A PF cumpriu o mandado de prisão temporária contra José Acácio Serere Xavante e o conduziu até a sede da corporação. O pedido foi da PGR (Procuradoria-Geral da República), que apontou o indígena como um dos integrantes dos atos antidemocráticos na capital federal, atiçados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

José Acácio participou, entre outros atos, de um em frente ao hotel onde Lula está hospedado durante a transição. O local teve a segurança reforçada após o início do confronto dos bolsonaristas com a polícia, e a praça dos Três Poderes foi fechada.

Com a presença do preso no prédio da PF, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir o local.

Após serem repelidos pela polícia, os manifestantes foram para outras vias da cidade e atearam fogo em ao menos dois ônibus e em carros. Eles ainda depredaram postes de iluminação e tentaram derrubar um ônibus de um viaduto.

Vestidos com camisas amarelas e bandeiras do Brasil, os manifestantes também quebraram veículos que estavam estacionados próximos ao prédio da PF.

Policiais que estavam no local reagiram e houve tumulto no local. Bolsonaristas arremessavam pedras, e bombas de efeito moral foram jogadas para tentar conter a depredação.

Os manifestantes se espalharam também por outros pontos da região central de Brasília, bloqueando vias com pedaços de concreto, cones e, em ao menos um ponto, com um ônibus incendiado. O trânsito de veículos na Esplanada dos Ministérios, na Praça dos Três Poderes e outras vias da região central foi restrito.

A Polícia Militar tentou conter os bolsonaristas com bombas de efeito moral. Além de equipes do Batalhão de Choque e da Forças Tática, um helicóptero também foi usado para procurar manifestantes em áreas escuras. O Governo do DF não informou se houve prisões.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), repudiou a violência dos manifestantes e a atribuiu a uma “minoria raivosa”.

“A depredação de bens públicos e privados, assim como o bloqueio de vias, só servem para acirrar o cenário de intolerância que impregnou parte da campanha eleitoral que se encerrou”, escreveu em rede social.

“As forças públicas de segurança devem agir para reprimir a violência injustificada com intuito de restabelecer a ordem e a tranquilidade de que todos nós precisamos para levar o país adiante”, completou.

Bolsonaro não havia se manifestado até a publicação da reportagem. Ele chegou a fazer três postagens à noite em sua conta no Telegram, mas nenhuma sobre os atos violentos de apoiadores, apenas exaltando ações de governo.

O ministro da Justiça, Anderson Torres, afirmou em rede social no final da noite que a PF estava em contato com a Secretaria de Segurança Pública do DF, “a fim de conter a violência e a restabelecer a ordem”, e que a situação estava sendo normalizada. “Tudo será apurado e esclarecido”, afirmou.

Em relação à prisão do indígena que culminou nos atos, a PF disse que ele estava acompanhado de advogados. “Todas as formalidades relativas à prisão estão sendo adotadas nos termos da legislação, resguardando-se a integridade física e moral do detido” disse a PF, em nota.

O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que estava dialogando com o Governo do Distrito Federal e que em nenhum momento Lula foi exposto a risco. “A segurança do presidente Lula está garantida.”

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Brasil terá de saber usar a lei europeia antidesmatamento

Ainda que a motivação da UE possa ser protecionista, também interessa ao país deter devastação de seus biomas

Líderes europeus veem com alívio as promessas do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, na área ambiental, em especial o resgate do combate à devastação da Amazônia. Isso não impede que avance na União Europeia (UE) uma legislação dura para barrar a importação de produtos oriundos de áreas de desmatamento ilegal, cujo maior alvo é o Brasil.

Na última terça-feira, representantes da Comissão Europeia, do Conselho e do Parlamento europeus chegaram a um acordo sobre a nova lei, que parece talhada sob medida para atingir produtos brasileiros. Ela afetará apenas a produção de áreas desmatadas a partir de 2020, segundo ano do governo Jair Bolsonaro, quando a devastação amazônica ganhou velocidade. Não haverá, porém, como contornar a investida europeia, que mistura a preocupação genuína com o meio ambiente ao conhecido protecionismo.

Caberá aos exportadores brasileiros, entre eles grandes empresas globais, se precaver na exportação para a UE de mercadorias como soja, carne bovina, madeira, café, couro, óleo de palma, móveis, chocolate, papel e carvão vegetal. Terão de comprovar que nada disso vem de área de desmatamento ilegal, sob pena de arcar com pesadas multas. Serão exigidas até as coordenadas geográficas das regiões de produção. O Parlamento Europeu sugere que as próprias companhias investiguem o DNA dos produtos para garantir a origem.

Mais do que uma nova lei, a UE decidiu criar uma política rígida para que a Europa deixe de contribuir para a destruição do meio ambiente em todo o mundo. O bloco estima que a área devastada no planeta entre 1990 e 2020 foi maior que a europeia e que o Continente foi responsável, com seu consumo, por 10% da devastação. Mas isso não significa que implantar mecanismos confiáveis de rastreamento da produção seja má ideia. Ao contrário.

Eurodeputados tentaram, sem sucesso, incluir no projeto outros biomas ameaçados além das florestas tropicais, como as savanas e o Cerrado, onde o Brasil produz a maior parte dos grãos que exporta. Em algum momento, é certo que ele também seja alvo. A Comissão Europeia avaliará, depois de dois anos, a extensão das regras a outros biomas de grande biodiversidade ou estoque de carbono que poderia ser liberado para a atmosfera. Quem exporta para a UE a partir do Centro-Oeste do Brasil e de regiões adjacentes precisa se preparar desde já para comprovar que não se vale do desmatamento ilegal para produzir.

Por óbvio, interesses protecionistas se aproveitam do ambientalismo para impedir que Brasil ou Argentina concorram com a agricultura europeia de pequena escala e baixa produtividade. São as mesmas forças que não desejam que entre em vigor o acordo de livre-comércio Mercosul-UE. É verdade, também, que o impacto da medida nas emissões de gases tende a ser pequeno. Os países europeus fariam mais em prol do planeta se promovessem uma transição mais rápida para a energia limpa, reduzindo drasticamente o consumo de carvão, gás natural e petróleo.

Mesmo assim, é do interesse do Brasil cumprir com toda regra que contribua para reduzir o desmatamento. É preferível explorar os milhões de hectares disponíveis no Brasil sem derrubar uma árvore a não poder entrar no mercado europeu. Preservar o meio ambiente é também mais importante para nosso futuro do que as denúncias de protecionismo

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Mistura pacífica?

Inúmeros indicadores dão provas de que a cor da pele nos distingue no dia a dia

Uma inquietação acrescida de desconforto costuma se apossar de mim toda vez que uma sentença supostamente proferida com a melhor das intenções soa fora de contexto.

Foi assim quando ouvi um futuro ministro de Estado falar sobre pobreza e exclusão social e afirmar que “somos uma mistura pacífica”, mas ele tem “medo que esse tempo de paz esteja se exaurindo”.

O fato de o racismo no Brasil por muito tempo ter sido velado não significa que a convivência interracial tenha sido pacífica em algum momento da nossa história. Da abolição (quando os ex-escravizados começaram a viver na mendicância), passando pela Lei da Vadiagem (que incriminou “negros desocupados”), até a oposição às cotas raciais, sobram exemplos de violência, opressão e desrespeito a direitos dos afrodescendentes.

Para além das implicações psíquicas, inúmeros indicadores dão provas de que a cor da pele nos distingue no dia a dia. Tanto que, em solo nacional, um negro tem 2,6 vezes mais risco de ser assassinado do que um não negro.

Talvez a evidência mais escandalosa do racismo à brasileira esteja nos resquícios escravocratas revelados pelos números ligados ao dito trabalho análogo à escravidão. Na análise do componente racial, 80% das pessoas encontradas nessas condições são autodeclaradas pretas ou pardas.

Pelas estatísticas do Ministério do Trabalho e Previdência, em 2021 foi registrada alta de 106% nos casos de flagrante dessa prática criminosa em comparação a 2020.

Em pleno DF, na semana passada 14 trabalhadores foram resgatados em condições insalubres, em alojamentos superlotados, sem água potável. Sem falar na senhora de 82 anos que o Ministério Público do Trabalho libertou no interior de SP após 27 anos de “escravidão doméstica.

Infelizmente, a realidade nacional é prova de que nós, brasileiros, sempre vivemos geográfica, social e economicamente segregados por raça. O que parece estar se esgotando é o tempo da submissão.

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Playboy|1980

1982|Ola Ray. Playboy Centerfold

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ForaBozo#

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Manifestantes convocam ato contra diplomação de Lula

Apoiadores de Bolsonaro prometem realizar protestos nesta segunda

Nas redes sociais e em grupos de mensagens, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro prometem realizar protestos contra a diplomação de Lula nesta segunda-feira (12). O assunto é um dos mais comentados na manhã deste domingo no Twitter.

Por garantia, a segurança será reforçada no Distrito Federal. A região do prédio do TSE terá um esquema especial de trânsito e de segurança durante a diplomação do presidente eleito Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin. A cerimônia está marcada para as 14 horas.

Para o evento, que marca o fim do processo eleitoral, foram convidadas cerca de 300 pessoas, entre elas os ex-presidentes José Sarney e Dilma Rousseff. Também deverão comparecer os ministros do TSE e do STF, além de parlamentares, governadores e integrantes do futuro governo.

A cerimônia tem duração prevista de uma hora. Já a posse ocorrerá no dia 1º de janeiro.

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Lírio Ferreira

árido-moviePra rever. Jonas (Guilherme Weber) é o repórter do tempo de uma grande rede de TV, que mora em São Paulo mas está rumo à sua cidade-natal, localizada no interior do nordeste. O motivo é a morte de seu pai (Paulo César Pereio), com quem teve pouquíssimo contato e que foi assassinado inesperadamente. Jonas enfrenta problemas para chegar à cidade, até que recebe carona de Soledad (Giulia Gam), uma videomaker que está fazendo um documentário sobre a água no sertão.

Ao chegar ele encontra uma parte da família a qual não conhecia até então, que lhe cobra que se vingue da morte do pai.

Direção de Lírio Ferreira, 2005|Lírio Ferreira, Hilton Lacerda, Sérgio Oliveira, Eduardo Nunes|Com Guilherme Weber, Giulia Gam, Gustavo Falcão, Selton Mello, José Dumont, Lirinha, Zé Celso e mais um monte de gente boa da melhor qualidade. 

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Playboy|1980

1983|Sandy Cagle. Playboy Centerfold

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Imperdível!

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Lula bota seu time em campo

Preocupação com a volta à normalidade institucional está expressa nas escolhas

Lula apresentou o coração de seu futuro governo com os nomes que irão ocupar Fazenda, Justiça, Defesa, Casa Civil e Relações Exteriores. Escolheu Fernando Haddad para tourear o jogo bruto do dito mercado e os poderosos lobbies de setores empresariais que não sabem fazer negócios sem uma benesse do Estado aqui e ali.

Haddad tem couro duro para administrar pressões. Fortaleceu-se e amadureceu nas três últimas eleições que disputou e perdeu. Em 2016 e em 2018, concorreu no pós-golpe contra Dilma, no auge da perseguição lava-jatista a Lula e ao PT e em meio à ascensão da insânia bolsonarista.

Em tais circunstâncias, ajudou o partido a manter a cabeça fora d’água e a recuperar o fôlego para 2022. Mesmo perdendo, agora, na campanha para governador, Haddad reforçou a votação de Lula no pedregoso território paulista. Grandes realizações nos cargos que ocupou, convicções e lealdade o trazem ao posto que poderá credenciá-lo para 2026.

A preocupação de Lula com a volta à normalidade institucional está expressa nas escolhas de Flávio Dino, para a Justiça, e de José Múcio, para a Defesa. Múcio tem dificuldades imediatas. Quebras de hierarquia e ameaças de insubordinação nas fileiras turvam a transição. Atos golpistas na porta dos quartéis são anomalia que não pode perdurar até a posse, sob pena de desmoralização.

A necessidade de desbolsonarizar a PRF, que adquiriu certa feição miliciana, e “consertar” a PF (como disse Lula) está entre os desafios de Flávio Dino. O futuro ministro já mostrou que tem tutano e habilidade política de sobra. É autor da façanha de derrotar o clã Sarney, no Maranhão.

Por fim, Rui Costa, na Casa Civil, realça a importância da Bahia na vitória de Lula. E Mauro Vieira tem as qualidades necessárias para restaurar a credibilidade do Brasil no exterior. A escalação não está completa, mas foi começo promissor. Lula bota seu time em campo. A seleção brasileira volta de Doha. É da vida. Vamos em frente.

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