O isolamento crescente de Carla Zambelli no partido de Bolsonaro

Parlamentares do PL veem um “isolamento crescente” da deputada federal Carla Zambelli no PL. Integrantes do partido, tanto da ala mais moderada, quanto de base de Bolsonaro, afirmam que a parlamentar enfrenta resistência do clã presidencial e de lideranças “mais políticas”.

O presidente do partido, Valdemar Costa Neto, também fez críticas nos bastidores sobre a postura de Zambelli. Para eles, a bronca que Bolsonaro deu na deputada em um jantar do partido, na semana passada, mostra como o clima está azedo. Eles aventam, inclusive, a possibilidade de a parlamentar deixar a sigla na próxima janela partidária.

A percepção que Zambelli tem mostrado a aliados, no entanto, é diferente. Interlocutores da deputada avaliam que ela é alvo de “ciúmes”, por ter sido a candidata à Câmara mais votada por São Paulo e uma das mais votadas do país e alegam que ela tem boa relação com Valdemar. Procurada, Zambelli disse que não iria se manifestar.

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Margareth Menezes aceita convite para assumir Ministério da Cultura de Lula

Cantora baiana deve assumir pasta, mas há reações contrariadas do PT; Emicida e Marieta Severo teriam recusado proposta

A cantora Margareth Menezes aceitou o convite do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o futuro Ministério da Cultura, a ser refundado em sua gestão. No entanto, a artista tem enfrentado resistências no setor cultural e em alas do PT.

Emocionada, a artista aceitou o convite, que partiu de uma sugestão da socióloga Rosângela Silva, a Janja, mulher de Lula. Seu nome, entretanto, não foi a primeira opção do petista. A princípio, a atriz Marieta Severo e o rapper Emicida foram procurados, mas não aceitaram a proposta. O próprio Lula sondou Severo.

Menezes integra a equipe de transição da Cultura, para a qual foi convidada depois de criticar a ausência de negros entre os responsáveis por avaliar o setor na gestão do presidente Jair Bolsonaro.

Após a vitória nas eleições, Lula vinha manifestando seu desejo de levar outra vez um símbolo ao Ministério da Cultura, para repetir o efeito da nomeação do compositor Gilberto Gil em seu primeiro mandato.

De preferência, a ideia é que fosse uma mulher ou um afrodescendente. Janja também apostava no impacto de um grande artista e, com o fracasso dos primeiros convites, defendeu o nome de Margareth Menezes, cantora negra, ícone do Carnaval baiano.

Logo que aceitou o convite, Menezes viu seu nome entrar em fritura, por não ter um passado sólido de gestora, salvo pela criação da Associação Fábrica Cultural, em Salvador.

Seus críticos, porém, manifestam admiração pela sua trajetória na música. Ao contrário de Gil, que presidiu a Fundação Gregório de Mattos —equivalente da secretaria municipal da Cultura—, em Salvador, antes de assumir o MinC, ela não tem experiência em gestão pública.

Mais próximo de Janja, o secretário nacional de Cultura do PT, Márcio Tavares, manifestou simpatia pela indicação da cantora.

O ex-ministro da Cultura Juca Ferreira e a deputada federal Jandira Feghali eram nomes da área política defendidos por militantes e gestores.

Em grupos de WhatsApp, nesta sexta-feira, cresceu a oposição de agentes culturais ao nome de Menezes. A cantora janta nesta noite, em Salvador, com amigos da área cultural.

Ela soube das manifestações contrárias e quis se informar melhor sobre o que pode enfrentar na estrutura administrativa do ministério. Depois do vazamento do convite, Lula ouviu ponderações de interlocutores sobre as dificuldades para recriar a pasta e as vantagens de um quadro técnico. As ressalvas chegaram igualmente a Janja.

O fotógrafo e produtor Luiz Carlos Barreto, que manifesta preferência por Ferreira, enviou um conselho ao PT e ao presidente Lula pelo WhatsApp. Ele confirma que defendeu, em nome pessoal, um nome técnico.

“Sou um produtor de cinema e militante em favor de um projeto cultural brasileiro. Eu acho que o Ministério da Cultura não deve ter um ministro artista. Como diz a Fernanda Montenegro, quando ela foi convidada por Sarney para ser ministra da Cultura —eu a fui sondar—, o lugar de artista é na trincheira da criatividade, não é nos gabinetes das repartições públicas, oficiais”, diz Barreto.

“Foram seis anos de demolição. Esse ministro tem que ser um grande gestor, que conheça bem as entranhas de Brasília. Não tenho nada contra Margareth. Tenho tudo a favor de Margareth. É uma pessoa extraordinária e fará muita falta na criatividade”, acrescenta o produtor.

Ventilado em redes sociais para o MinC, logo após a vitória de Lula, o nome da cantora Daniela Mercury, apoiadora de primeira hora do PT, não encontrou sustentação.

Claudio Leal

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O novo clitóris é dormir

A nova excitação é nenhuma excitação. É squirting de melatonina

Há 20 anos era impossível passar por uma banca de jornal sem ler a palavra clitóris em 9 a cada 10 capas de revistas. Talvez apenas edições automobilísticas não oferecessem o mapa do ouro para o orgasmo feminino e talvez por isso fossem esses os exemplares capitalistas mais tristes do universo.

Acho engraçado pensar nisso. Minha vida sexual começou há duas décadas e, pelo menos dentro do meu círculo de amizades da época, já ríamos desbragadamente dos parceiros que não curtissem fazer oral ou não soubessem dedilhar a nota mais aguda de uma vagina.

Esses moços desavisados, amantes do ensimesmadíssimo sexo bate-estaca, adoradores do movimento das próprias ancas em espelhos, existiam aos montes no começo do século 21, mas tivemos a honra de presenciar a abertura, o prelúdio, a inauguração de seu franco declínio. Hoje em dia, sinceramente, não conheço nenhum. Não sei se me tornei mais seletiva ou se devo dizer: muito obrigada, Capricho, Claudia, Querida, entre outras.

Acontece que a vida nunca foi fácil para os homens. E estou sendo bastante cínica. Demoraram séculos para aprender onde fica um troço escancaradamente óbvio (a não ser que depois dos 40 você tenha feito alguma cirurgia ridiculamente patriarcal, quiçá pedófila) e agora, sinto muito, vão ter que ir além. E não estou falando da internacional dedada no avizinhado ou de esfregações aladinescas em biquetas mamárias. Eu estou falando de deixar a sua mulher dormir. DOR-MIR.

Capotar, descansar, babar, desmaiar, entrar em coma induzido por esgotamento. Tomar um Miosan e desaparecer no ar. Tomar um Flanax e esquecer por dez horas das hérnias na lombar. Inexistir. O orgasmo de 2022 é não constar da lista do IBGE.

Estamos tão exaustas que membros entumecidos e línguas atrevidas já não emocionam. A trepada do século mudou seu nome para: CUIDA DA CRIANÇA e me deixa DESCANSAR. E quanto tempo será que vai demorar para os companheiros progressistas descobrirem, de novo, algo tão escancarado e óbvio?

Leite se vende em supermercado. Ou seja: você, meu amigo, tem leite. Agora deixa essa deusa dormir. E não faz barulho de propósito ao usar o banheiro. Nem ao usar o micro-ondas. Não bata portas que dizem: “Acorda, sou homem e não sei o que fazer”.

E isso vale para namorados que não são o pai da criança. Quer namorar uma gatinha com filho, LEMBRE QUE ELA ESTÁ EXAUSTA e sozinha e cagada e triste, então sugira filmes com princesas em vez de festas com DJ. O novo clitóris é tratar bem os filhos dessa mulher. O novo clitóris gosta de se esconder em travesseiros. E quem tem que enfiar a cara ali e babar até encontrar algum prazer é a própria dona do travesseiro.

Se o mercado do pornô estivesse realmente atualizado, já teriam lançado um filme de putaria com 20 mulheres lindas e nuas… dormindo. Deitadas em seios, em vaginas, em bundas. Uma suruba de roncos. Fulana abre a porta. É um encanador. Ele veio consertar um vazamento? Não, ele veio brincar com seu filho pra você dormir. A nova excitação é nenhuma excitação. É sonos múltiplos. É “squirting” de melatonina.

Se o mercado de brinquedinhos sexuais soubesse o que estamos passando, não fariam pênis com 78 rotações. Eu lá tenho agenda pra pinto de borracha que parece a garota d’O Exorcista? Todas as últimas vezes que tentei me masturbar, dormi antes de ajeitar meu braço em almofadas estratégicas para a siririca não atacar a cervicalgia. Quando sex shops forem de fato feministas, vão vender um unicórnio de dois metros de altura que faça purê de batata, lave uniforme com mancha de shoyo e conte histórias.

Antes a reclamação é que os homens gozavam, viravam para o lado e dormiam. Agora eles gozam, fazem neném, o neném nasce, e eles viram para o lado e dormem. Até o neném ter 18 anos. E a gente continua se perguntando: “E eu? E o meu prazer?”.

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Playboy|1960

1966|Kelly Burke. Playboy Centerfold

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Elas

brigitte-bardotBrigitte Bardot. © Grosby Group

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Aguardem!

antena-da-roça3Breve, nas livrarias e boas casas do ramo.

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Fim de linha

A derrota não foi apenas de Bolsonaro. Perderam também os militares que o apoiaram

O choro do presidente Bolsonaro na segunda-feira, na cerimônia de fim de ano das Forças Armadas no Clube Naval de Brasília, significa o fim de uma tentativa golpista que deu errado. Assim como deu errado a manobra do presidente peruano deposto, Pedro Castillo, preso depois de tentar fechar o Congresso e decretar “estado de emergência” no país. A perspectiva de que o mesmo aconteça no Brasil é uma assombração para Bolsonaro, que continua deprimido depois da derrota eleitoral e da frustração de seus instintos autoritários.

Não foi só Bolsonaro o derrotado. Os militares que o apoiaram também foram. Os golpistas tinham tudo teoricamente para ter sucesso: incentivo do presidente; comandantes militares que o apoiavam a ponto de imaginar deixar os cargos antes da posse de Lula, em explícito gesto de rejeição ao presidente eleito; manifestantes nas portas dos quartéis pedindo intervenção militar; parcelas expressivas do empresariado, alguns financiando bloqueios nas estradas e manifestações antidemocráticas; eleição parlamentar vitoriosa, obtendo maioria na Câmara e no Senado; governadores eleitos nos principais estados.

Ao se juntar a Bolsonaro nas manobras golpistas durante todo o governo, com honrosas exceções (demitidas), o grupo militar que o cercava enfraqueceu as Forças Armadas, não teve força para fazer as tropas saírem dos quartéis. A ameaça de intervenção militar, que voltou a pairar sobre a democracia brasileira nos últimos anos, não resistiu às instituições, que, apesar de alguns excessos, puseram em ação o sistema de freios e contrapesos que protege a República.

Ao contrário do que acontece nos governos monárquicos ou autoritários, na República o poder é dividido igualmente entre as funções estatais: Executivo, Legislativo e Judiciário. Isso Bolsonaro nunca entendeu. Sua visão autoritária do poder o levava a revoltar-se contra os limites impostos ao Executivo pelo Legislativo e pelo Judiciário. Quando se viu sem condições de impor suas vontades ao Congresso, entregou aos parlamentares parte expressiva do poder de distribuir verbas, o orçamento secreto, assim como Lula entregou-lhes à sua época o controle de estatais, originando o petrolão.

Não há indicação de que o alerta do general Villas Bôas tenha sido decisivo para o resultado do julgamento no plenário, contra a libertação de Lula. Naquela época, a Operação Lava-Jato ainda era considerada exemplar, e a maioria do Supremo a apoiava. Mas a vitória de Bolsonaro era considerada fundamental para que os militares pudessem retornar “pela porta da frente” da política. O paradoxo de apoiar um “mau soldado”, como o general Ernesto Geisel classificava Bolsonaro, é imaginar que endossar seus arroubos autoritários incondicionalmente teria como contrapartida a respeitabilidade da corporação na ação política.

Ao se transformarem em áulicos de Bolsonaro, os militares que se envolveram em sua aventura antidemocrática rebaixaram-se a seu nível, fazendo com que a corporação, bem-vista pela população, especialmente por ações sociais, de segurança pública e pela atuação da Força de Paz no Haiti, perdesse apoio de boa parte dela. Pesquisas recentes mostraram que metade da população considera que a participação de militares no governo foi prejudicial.

Bolsonaro, ao compensar os militares com benesses e vantagens salariais, reduziu-os a essa dimensão, não se empenhando em fortalecer a corporação em suas funções básicas de defesa do território nacional, com apoio a avanços tecnológicos em projetos de modernização dos equipamentos e pesquisas para transferência de conhecimento.

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Réquiem para a escrita e a leitura

Gosto de escrever. Sempre gostei. Desde os tempos em que claudicava na escrita, não dominava o vernáculo e tinha vergonha de mostrar os meus escritos para os outros. Foi quando recebi um sábio conselho de meu pai: “Escreva um diário, será uma coisa só para você, que não precisará mostrar a ninguém”.

Segui o conselho e acho que ele deu certo. Prova que estou aqui, passado dos oitentinhas, e há mais de setenta colocando uma letrinha após a outra. Então, descobri que, de carreirinha em carreirinha ou em apenas uma fase, pode-se criar tanto uma obra-prima quanto arrasar reputações. Continuo claudicando, mas devido a uma artrose, e já sem tanto constrangimento de expor-me publicamente. Aliás, como bem diz mestre Zé Beto, no fundo a gente escreve para si mesmo. A leitura dos outros é uma eventual consequência, embora todo escritor escreva para ser lido.

Escrever, como ler, não é um hábito; é um prazer, uma alegria, uma realização. Que só desfruta quem é ungido pela graça divina. Tanto é que, no princípio, a leitura e a escrita eram dominadas apenas pelos poderosos da sociedade, como os escribas e os sacerdotes. Antes disso, os povos se expressavam por meio da oralidade, de símbolos e desenhos.

Uma escrita sistematizada – revela-nos o dr. Google – somente apareceu por volta de 3.500 a.C., com os sumérios, na Mesopotâmia. Inicialmente, através de registros na argila; depois, com símbolos formados por cones e, em seguida, pelos hieróglifos no Egito.

Tudo era feito manualmente, com capricho e carinho. A máquina de escrever só surgiria em 1867, pelas mãos do tipógrafo americano Christopher Sholes. Foi construída de madeira, com as teclas presas com hastes de arame, escrevendo só em letras maiúsculas. Logo, as máquinas foram se aperfeiçoando, tornaram-se elétricas e, por fim, foram substituídas pelos teclados computadorizados.

Antes disso, por volta de 1.430, uma revolução no terreno da escrita e da leitura foi desencadeada pelo alemão Johann Gutenberg, com a invenção da máquina de impressão tipográfica, que daria origem à imprensa e ao livro.

Quer dizer, levamos séculos para aprender a ler e a escrever. E agora, de uma hora para outra, a mesma tecnologia inovadora está prestes a acabar de vez com a leitura e a escrita – tudo substituído pelo novo mundo digital. Já não se fazia contas; agora, não mais se lê, não mais se escreve – a não ser de modo resumido e cifrado – e, logo, muito logo, deixar-se-á também de falar. A máquina fará tudo isso. E o mais será enviado para as calendas.

Isso tudo, é claro, entristece-me profundamente. Mas, sou obrigado a concordar que o mundo caminha ou gira. Nem sempre para melhor, mas é inevitável. Restará, para quem ficar aqui – que já não será o meu caso –, a satisfação e a glória de haver desfrutado de um tempo de grande pioneirismo e de grandes avanços no terreno da comunicação. E aí, talvez, dê-se razão para o saudoso comunicador Abelardo Chacrinha Barbosa: “Quem não se comunica, se trumbica!!

– Tereziiiiiinha!!!!

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1966|Kelly Burke. Playboy Centerfold

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Ideias para baixar a bola

Não há conciliação possível quando se violenta o direito de ir e vir, impedindo que filhas visitem mães agonizantes, que crianças operem um olho para não ficarem cegas.

A temperatura política está muito alta. Ainda há bloqueios de estrada, invasões de câmaras municipais, ofensas a Gil no Catar, a Ciro em Miami e a Rodrigo Maia na Bahia. Houve quem se alegrasse com a contusão de Neymar.

Adianto algumas ideias para baixar a bola. Isso significa em futebol jogar com calma e jogar melhor. Quem quiser chamar de conciliação que o faça, desde que entenda o termo não de uma forma ingênua, como se as diferenças políticas fossem suprimidas por magia.

Em Minas se dizia: é preciso que as ideias briguem, mas as pessoas não. Creio que a temperatura baixará se os setores mais lúcidos da direita conseguirem explicar aos outros que a eleição acabou. Foi um processo já proclamado pelo TSE, passou por auditorias, obteve aprovação dos observadores internacionais.

Não há mais o que fazer. Quem reza diante dos quartéis precisa compreender que os militares não são surdos. Se não responderam às suas preces, é porque decidiram respeitar a escolha majoritária.

Da mesma forma, do exterior não virá ninguém, não existe nenhum tribunal cuidando das eleições brasileiras. O mais sensato é aceitar o resultado, preparar-se para fazer oposição e tentar de novo em 2026.

É preciso que a bola baixe também num campo essencial para a democracia: a liberdade de expressão. Sei que é difícil se mover na democracia com um tsunami de fake news. Mas é preciso correr os riscos. Aliás, o risco maior é entregar na mão de mentirosos a bandeira da liberdade de expressão.

O caminho alternativo para uma censura que rebaixa a democracia é garantir a liberdade e, simultaneamente, preparar-se de forma adequada para as consequências. Existe uma legislação para punir ofensas, calúnias e difamação. A saída seria aplicar a lei em processos mais rápidos e eficazes. Em vez de se preparar para a censura, a Justiça poderia se concentrar nessa tarefa.

Outra trilha nesse caminho alternativo é a educação. Nos Estados Unidos há cursos para que as pessoas se defendam de fake news, interrogando a origem das notícias, perguntando a quem interessam. Na Finlândia, essa trilha é mais ampla, na verdade uma estrada. O estudo das mídias é introduzido nas escolas primárias. As crianças aprendem a ler as notícias, estudam rudimentos de estatística para, num certo nível, não ser manipuladas pelos números. As fake news vieram para ficar. Será preciso uma reorganização social para enfrentá-las. A escolha da censura é apenas a mais fácil.

Essas duas ideias, a legalidade do pleito e a afirmação da liberdade de expressão, poderiam ser os primeiros movimentos no sentido conciliatório, um estado de espírito que não significa a paz do cemitério, mas apenas a base indispensável para o país crescer.

Existem outros aspectos de que os vencedores podem lançar mão, mais do que os vencidos. O exercício da generosidade, por exemplo. Não vale a pena polemizar quando os ânimos estão exaltados. Muito menos zombar dos que perderam as eleições e seguem inconformados.

Existe uma linha divisória entre quem ainda não aceitou o resultado e os que bloqueiam estradas e invadem prédios públicos. Não há conciliação possível quando se violenta o direito de ir e vir, impedindo que filhas visitem mães agonizantes, que crianças operem um olho para não ficar cegas.

Os radicais precisam ser isolados. O general Golbery do Couto e Silva em outros momentos históricos chegou a formular o caminho: segurem seus radicais, que eu seguro os meus. Hoje essa proposta tem muito sentido, sobretudo para os líderes da direita que, em vez de apostar no caos, deveriam trabalhar para a aceitação das normas democráticas. É a única possibilidade de sonharem de novo com o governo.

A violência, o quebra-quebra, o desprezo pelas normas embriagam os manifestantes, mas os afastam decisivamente do coração da maioria. Com a bola no chão, poderíamos atacar alguns problemas inadiáveis, o que no fundo pode ser bom para os dois times.

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Bolsonaro nomeia André Porciuncula para a Secretaria de Cultura

A menos de um mês do fim do mandato, o policial militar e ex-subsecretário de Fomento e Incentivo da pasta assumirá o cargo no lugar de Hélio Ferraz

Jair Bolsonaro nomeou o policial militar André Porciuncula para a Secretaria Especial de Cultura. A decisão foi publicada na edição desta quarta-feira (7) do Diário Oficial da União. A menos de um mês do fim do mandato, o ex-subsecretário de Fomento e Incentivo da pasta assumirá o cargo no lugar de Hélio Ferraz.

Porciuncula havia deixado a Secretaria Especial da Cultura no primeiro semestre para disputar uma vaga de deputado federal pelo PL da Bahia.

Sem conseguir se eleger, o PM, braço direito de Mario Frias, voltou à pasta em outubro na vaga de secretário-adjunto.

O novo secretário especial de Cultura chegou a se tornar alvo de representações junto à PGR e ao TCU após defender a utilização de R$ 1,2 bilhão de recursos da Lei Rouanet para financiar conteúdos armamentistas.

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Cher responde aos odiadores de plantão: F$&@-se!

A cantora e atriz norte-americana de 76 anos reagiu às críticas por namorar um produtor musical de 36 anos

No início de novembro circulou uma fotografia da cantora Cher saindo de um restaurante de mãos dadas com seu novo namorado. A notícia se espalhou rapidamente na mídia e nas redes sociais: Cher, de 76 anos, está namorando o rapper e produtor musical Alexander Edwards, de 36.

No dia 6 de novembro, uma mulher comentou no Twitter: “Eu não sei como me sentir sobre isso. Eu sou fã por tanto tempo que eu imediatamente suspeito das intenções dele com você. Nós sabemos que você é fabulosa e que as pessoas que te amam continuarão te apoiando. Quero que você seja feliz, mas sem ninguém se aproveitando de você.”

Cher respondeu com letras maiúsculas: “Haven’t you got anything else to do!? Let me explain… I don’t give a fuck what anyone thinks.”

Ou em um bom português: “Eu ligo o foda-se para o que as pessoas pensam”.

E teve mais: “Como todos sabemos, eu não nasci ontem, e eu tenho certeza de que não há nenhuma garantia. Toda vez que você faz uma escolha, você corre risco. Eu sempre corri riscos, é quem eu sou… Os odiadores irão odiar. Para eles, não importa o fato de que estamos felizes e não estamos atrapalhando a vida de ninguém”.

Ela disse que o namorado a trata “like a queen”: “Ele tem 36 anos de idade e veio atrás de mim. Eu o amo porque ele não teve medo e porque ele é gentil, hilário, inteligente, talentoso, lindo. Conversamos e rimos. Combinamos perfeitamente. Eu gostaria de ser mais nova, mas não sou. E daí? Nós nos amamos e estamos felizes”.

Como mostrei no livro “Por que os Homens Preferem as Mulheres Mais Velhas?“, realizei uma pesquisa com 52 casais em que as mulheres são, pelo menos, dez anos mais velhas do que os maridos. Algumas são 20, 30 e até mesmo 40 anos mais velhas.

O que eu encontrei?

Para os homens, as esposas são mais inteligentes, bonitas, poderosas, admiráveis, atraentes, interessantes, agradáveis, compreensivas, divertidas, atenciosas do que as mulheres mais jovens. Eles não enxergam a diferença da idade e enfatizam que valorizam a superioridade delas em comparação com as demais mulheres.

Já as mulheres sentem uma enorme vergonha pelo fato de serem mais velhas. Apesar de estarem casadas há muitos anos e receberem provas constantes de que são especiais e até mesmo superiores, elas sentem muita insegurança e medo de serem trocadas por mulheres mais jovens.

Uma jornalista, de 53 anos, disse que as próprias mulheres aprisionam as escolhas femininas: “Minha filha tem 33 anos e meu marido tem 32. Desde o início, ela foi sarcástica: ‘Seu novo filho?’. Disse que eu era uma velha ridícula com um garotão que poderia ser o namorado dela. Minha mãe me criticou: ‘Você é muito mais velha, parece a mãe dele, isso aí é só sexo casual. Ele nunca vai levar a sério’. Minhas amigas acharam que ele estava se aproveitando de mim”.

Os homens não demonstraram sentir vergonha por serem casados com mulheres mais velhas, como mostrou um bancário de 34 anos: “Minha mulher tem 56 anos, o filho dela tem 33. Quando saímos os três juntos, muitas mulheres perguntam: ‘Seus filhos?’ Ela morre de vergonha. Eu não esquento, digo só para sacanear: ‘Eu sou o filho mais velho’. Aí dou um beijo na boca dela só para provar que tenho o maior orgulho de ser o homem de uma mulher tão maravilhosa”.

Vale lembrar uma entrevista que Cher deu em 1996, aos 60 anos, para explicar que escolhia estar com os homens porque gostava deles, e não porque precisava deles.

“Um dia minha mãe me disse: ‘Querida, um dia você devia se aquietar e casar com um homem rico. E eu disse: ‘Mãe, eu sou o homem rico’”.

Em uma cultura onde impera uma ditadura da juventude, está na hora de as mulheres fazerem como Cher e ligarem o botão do foda-se para os próprios medos, inseguranças, vergonhas, culpas, estigmas e preconceitos associados ao envelhecimento. Não é à toa que o título do meu livro que fala sobre a revolução da bela velhice é “Liberdade, Felicidade e Foda-se!”.

Por que será que as próprias mulheres alimentam, reproduzem e fortalecem a velhofobia que mora dentro de todos nós?

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