Flávio Malasartes

FLÁVIO BOLSONARO, filho 01, senador pelo estado do Rio, deputado associado a Fabrício Queiroz em rachadinhas quando deputado estadual no Rio, impune até a raiz dos cabelos, faz ironia dos brasileiros que recebem R$ 400 de auxílio oficial: “Ninguém passa fome com 400 reais por mês”.

De fato, com esse valor compra-se na pastelaria água suja e azeite de esgoto para cozinhar o capim, as sobras do lixo e o que sobrar da xepa da feira, satisfatório, longe do refinamento da sopa de pedras de Pedro Malasartes. Quanto o senador e família gastam por mês em comida? Menos de R$ 400: o Senado paga tudo e o resto vem do rango do Alvorada, jogado nos R$ 25 mi secretos do cartão corporativo do pai.

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A Venezuela se arrumou… só que não!

Perigoso discurso de que há melhora econômica omite violação de direitos humanos

“A Venezuela se arrumou”, repetem por aí os líderes chavistas.

Parte da classe média e os poucos visitantes que vão a Caracas aceitam essa frase, propagandeada pelo regime, como normal. Desde a aceitação do dólar como moeda “informal” do país, voltaram a abrir restaurantes, lojas de roupa e de carros de luxo, enquanto torres começaram a subir no leste da cidade. Há até mesmo os chamados “cassinos socialistas”, que funcionam também em dólares. O mais badalado funciona no recém-reformado e mítico hotel Humboldt, no alto do emblemático Ávila.

​O discurso de que a “a Venezuela se arrumou” (“Venezuela se arregló”, em espanhol), é obviamente mentiroso. Seria possível enumerar vários fatos que desmontam a frase.

Segundo a Provea (Programa Venezuelano de Educação e Ação em Direitos Humanos), no ano passado 1.414 pessoas foram vítimas de execuções extrajudiciais, a maioria delas pelo Faes (Forças de Ações Especiais, um grupo de elite da polícia) e pelo Conas (Comando Nacional Antiextorsão e Sequestro, vinculado à Guarda Nacional Bolivariana). Falta comida e remédios para a maioria da população, já saíram do país quase 7 milhões de venezuelanos, segundo dados da ACNUR (Alto Comisionado das Nações Unidas para os refugiados), enquanto a natureza e o homem padecem a dilapidação do chamado “Arco Mineiro”, explorado sem lei nem regulamentação que garanta a saúde dos que apostam a vida aí.

Mesmo assim, o bordão vem sendo usado com frequência como parte de uma diplomacia que tem como intenção maquiar a situação em que vivem os venezuelanos, criando um discurso em que se vê uma espécie de melhora: as últimas eleições, cheias de irregularidades, mas, enfim, eleições com participação da oposição, o fato de o dólar ter criado bolhas de riqueza e de ostentação, como a do bairro de Las Mercedes, em Caracas, num momento em que há uma perspectiva de flexibilização das sanções impostas pelos EUA ao país, em troca de petróleo.

Esta última por ora é apenas uma hipótese, mas já animou a ditadura. Afinal, os EUA, que reconhecem, ainda, oficialmente, o líder opositor Juan Guaidó como presidente, deram sinais de desejar uma reaproximação econômica com o ditador do país, depois de iniciada a invasão da Ucrânia e a possibilidade de os norte-americanos precisarem do petróleo venezuelano.

Compram esse discurso países como Argentina e México, cujos líderes, Alberto Fernández e Andrés Manuel López Obrador, assumiram certa defesa do regime, e outros aliados da esquerda regional, que preferiam, por exemplo, a retomada da Unasul, em vez de fóruns como a Cúpula das Américas, esvaziada.

neste ano pela recusa dos EUA em convidar países considerados ditaduras (Venezuela, Cuba e Nicarágua), assim como os da América Central (El Salvador, Honduras e Guatemala), com quem o país do norte vive fricções por conta da imigração ilegal.

Em uma conversa com o podcast da Americas Quarterly, o editor do Caracas Cronicles, Raúl Stolk afirmou que a capital venezuelana está muito mais bonita que há alguns anos atrás, e que deixaram de ocorrer apagões e tantos sequestros na cidade. “Mais as coisas estão melhores? Claro que não. Há muito mais desigualdade. Se há alguns que podem comer nesses restaurantes caros e comprar Ferraris, a imensa maioria está ainda mais pobre. Mas é certo que desde 2019, quando o regime liberou o uso de dólares na economia popular, um certo entusiasmo tomou conta da classe média, cuja vida parece ter normalizado, embora seja uma normalização superficial”, afirmou. “Por outro lado, as pessoas se cansaram de tanta manifestação, tanto ato, que se mostraram intensos em 2014, 2017 e 2019, com a sugestão de mudança que Guaidó representou. Agora a desconexão com a política é total para os que não estão na bolha consumista. A preocupação é sobreviver”, acrescenta.

A chuva de dólares no país vem de distintas formas. Com a saída de tanta gente, principalmente depois de 2014, aumentaram as remessas. Cheios de sanções para viajar, funcionários e empresários chavistas resolvem gastar e até investir dentro do próprio país. O comércio ilegal de distintos produtos também favorece a um número significativo de gente. Os que podem sair do país e trazer produtos e moedas, também o fazem.

O regime também se aproveita, de certo modo, do abandono mediático do país. Enquanto havia protestos, Guaidó levando gente às ruas, a comunidade internacional parecia mais preocupada do que hoje. Mesmo os grandes meios de comunicação mostram um cansaço com a questão venezuelana. De certa forma, isso reforça a tese de que “a Venezuela se arrumou”.

Para a maioria dos venezuelanos, porém, não há arrumação nenhuma. A maior parte da população vive de subsídios, bolsas assistenciais de, no máximo, US$ 4, salários mínimos de US$ 2 e caixas CLAP (comida distribuída seletivamente pelo governo). A economia encolheu mais de 80% desde que Maduro assumiu, em 2013, e o bolívar foi devorado pela hiperinflação.

O caminho para uma real recuperação econômica, política e institucional levará mais tempo e não bastará dolarizar o país.

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Psicóloga da “cura gay” já recebeu outras duas homenagens na Câmara

A psicóloga Deuza Avellar é um sucesso. Nascida no Rio de Janeiro, moradora de Curitiba há quase quarenta anos ela tem no currículo duas das principais homenagens da cidade a quem se destaca nos serviços prestados à sociedade curitibana. Esta semana ela teve aprovada na Câmara de Curitiba um título de Cidadania Honorária. Mas, o Plural apurou, já foi homenageada pela Casa outras duas vezes, uma delas com o Prêmio Pablo Neruda de Direitos Humanos.

Concedido a cada dois anos, o Prêmio Pablo Neruda é destinado “a pessoas ou entidades não governamentais que tenham se destacado na luta pelo direito à liberdade ideológica, de credo religioso, de opinião, pela democracia e pela justiça”. Avellar foi homenageada com a honraria em 2014 por iniciativa da então vereadora Carla Pimentel junto a outras dez personalidades e entidades da cidade. Em 2005 ela também recebeu votos de congratulações por iniciativa do vereador Jair Cezar.

Os registros da época não indicam que houve controvérsia na aprovação dessas duas homenagens. Deuza Avellar, porém, é responsável por promover a ideia de que pessoas homossexuais podem ser convertidas em heterossexuais e que a homossexualidade é resultado de trauma, confusão sexual, abuso ou dinâmicas familiares equivocadas.

O projeto que concede a Cidadania Honorária a psicóloga – aprovado em plenário esta semana – já foi enviado ao prefeito Rafael Greca, que pode sancionar ou vetar a proposta. Ao Plural, a assessoria de Greca disse que o texto ainda não chegou a prefeitura e que, uma vez lá, será submetido à análise da Assessoria de Direitos Humanos.

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A montanha pariu um Bolsonaro

Nem os cupinchas de Jair Bolsonaro sabem se ele vai tentar dar um golpe.

Diz William Waack:

“Ao rugir para dizer que não é um rato, Bolsonaro afirmou que não vai respeitar decisões do Judiciário que considere prejudiciais. Tecnicamente anunciou um golpe, deixando claro que utilizaria as Forças Armadas como instrumento para chegar a seu objetivo político.

Dada a incompetência política de Bolsonaro, sua incapacidade de organização, ausência de planejamento e sentido estratégico, o mais provável é que o golpe acabe sendo a montanha que pariu um rato (…).

Empacado nas pesquisas e com a perspectiva de uma derrota humilhante nas urnas, ele é incapaz de vislumbrar uma saída:

“A não ser aquela que promete ser a derradeira: o salto rumo à ruptura. Bolsonaro deixou suficientemente claro que pensa nisso. Mas estaria disposto a saltar? ‘Só Deus sabe’, diz um companheiro dele de primeira hora”.

Diogo Mainardi

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Dízimo será atrelado ao preço gasolina

Comissão de pastores apresenta a proposta

Sempre fiel aos salmos bolsonaristas, uma comissão de pastores evangélicos ligados ao governo apresentou uma proposta para salvar o Brasil do comunismo e garantir as liberdades individuais.

“É preciso modernizar o cálculo do dízimo. Não podemos mais ficar com esses 10% fixos. Temos um presidente cristão que fez o que prometeu —todo mundo está empobrecendo no Brasil, menos os acionistas da Petrobras, os planos de saúde, os garimpeiros e os artistas que recebem cachês milionários das prefeituras. Tá indo tudo bem, só precisamos repartir esse pão com todos os setores que apoiam Jair Bolsonaro”, explicou o pastor Cifras Malalala, líder da comissão.

Num discurso bastante enfático, o pastor Cifras atingiu um si bemol quando defendeu a paridade do dízimo com a gasolina. “Aumentou o barril de petróleo, aumenta o dízimo”, berrou. Em seguida, apresentou a percentagem atual da contribuição mensal dos fiéis.

“Hoje a Igreja moderna abraça o dízimo flutuante. Atualmente, está em 129% do salário. Raspem suas economias porque o momento é decisivo. Aceitamos Pix, barras de ouro e vale-refeição”, explicou.

Com um tom moderado, Cifras passou a palavra para o pastor Macro Feliconômico. “Vejam que o aumento do dízimo é um fenômeno internacional. Por causa da política do ‘fique em casa, a sua alma você entrega depois’, muita gente deixou de morrer e, portanto, hoje o mundo tem mais gente desempregada em vida. Todas as igrejas terão que aumentar a sua arrecadação”, explicou.

A bispa Soma Frequentez encerrou a apresentação. “Hoje temos mais de 33 milhões de pessoas passando fome, uma inflação que corroeu o poder de compra das famílias, planos de saúde que não são mais obrigados a cobrir tratamentos que estão fora do rol da ANS. Hoje, portanto, os 10% da renda familiar média brasileira valem muito menos do que antes. É preciso modernizar essa contabilidade para não liquidarmos a única política que pode salvar a população durante o governo Bolsonaro –a reza braba”, explicou.

Terminada a apresentação, Malalala, Feliconômico e Frequentez iniciaram uma turnê que levará as novas propostas para todas as cidades bolsonaristas do Brasil. “Já acertamos os cachês com as prefeituras com o intuito de prover uma palavra de fé para quem realmente precisa: nós mesmos”, revelaram, em uníssono.

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Mural da História

Venho sendo cercado por telefonemas, recados eletrônicos e fáquicis, tentando me cooptar pra apoio à manifestação pró CINEMA, dia 28, na Cinelândia. Apenas pela posição física deste quadrado (não tenho ilusão), há sempre tentativas de transformá-lo na “Voz do Povo Aflito e Desamparado”, e no “Último Hálito da Liberdade”, na “Tribuna Sem Medo e Sem Vergonha”, e por aí. Mas se entro nessa, adeus! Millôr vira um chato comum, deixa de ser um chato personalizado. Pô, já não basta o tempo do meu deinde philosophare desperdiçado com a inacreditável mediocridade e mutretariedade da administração carioca?

Mas, afinal, abro exceção pra panfletagem do cinema com o poema gráfico do curitibano Solda e do não menos curitibano, cineasta Sylvio Back(*). O grafismo é homenagem a 60 diretores de cinema mortos nos últimos 12 anos e augura que o cinema propriamente dito não entre na mesma fria.

Quero apenas repetir que minha relação com a arte é diferente. Pra mim, artista tem que sofrer. Ser anão, como Lautrec, cortar orelha como Van Gogh, contrabandear armas como Rimbaud, morrer na miséria como Grosz. Cara que, como eu, ganha dinheiro com o que faz pode ser, e é, chamado de tudo, menos de artista.

*Madrugador inveterado, todo dia abro minha janela pra ver o sol surgindo no horizonte e, um pouco mais abaixo, mas não menos brilhante, correndo pela praia, Sylvio Back, o atleta que veio do frio”.

Millôr Fernandes|Jornal do Brasil|23/4/92

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Tempo

Denise Roman e Rogério Dias na rua 13 de Maio, esquina com Mateus Leme – Arte na Faixa do cartunista que vos digita, em algum lugar do passado © Selma Albano

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Que país é este?

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João e Maria

João é noivo de Maria. Trocam carícias no velho sofá desbotado. O retrato do pai os observa. Dona Rosinha prepara o jantar. Dalton Trevisan passa pela sala na ponta dos pés, foge do lugar comum e cai nos braços do vampiro de Curitiba. Mistério.

Tchekov e Maupassant zombam dos leitores. Trevisan, observador atento dos pormenores da realidade, se afoga. Um moço em Curitiba só tem um remédio: afogar-se. Pára a música, fecham-se as cortinas e ninguém mais toca no assunto.

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Primeiro ameaçados, agora desaparecidos

O MINISTRO da Defesa não tem a mínima noção do que aconteceu, o presidente da República disse não ter nada com isso porque os dois foram se meter onde não era chamados e o governo só mandou helicóptero para procurá-los depois que a justiça obrigou via liminar. Enquanto isso, o mundo denuncia e protesta, até em Hollywood, e o Brasil paga mais uma vez pela omissão criminosa e consciente. Se o jornalista e o sertanista estiverem mortos, os comentários das autoridades e a omissão do Estado no fazer buscas mancham de cores mais fortes o crime.

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Sucumbi à quarta onda da Covid, eu e parece que toda a torcida do Flamengo

Eu tinha medo de dormir e aprendi a me acordar dentro do sonho, quando pressentia a virada do enredo

O meu caso ocorreu numa filmagem. Testes de antígeno na chegada, todos negativos, só que um de nós positivou durante o dia e, como ator não usa máscara para trabalhar, voltei para casa em má companhia.

Não foi a primeira e, ao que tudo indica, não será a última vez. Vacinemo-nos e acomodemo-nos.

A Covid 2022 é uma licença do mundo. Nada se espera do doente, que não o isolamento e a cura. E a reclusão deve ser mesmo obrigatória, porque o corpo se transmuta numa usina de expelir perdigotos.

É abdução. Espirros pornográficos, embebidos numa coriza Foz do Iguaçu, baba alienígena que a tudo adere e contamina. Quando não mata, a Covid é uma prima grossa da gripe.

Em dezembro de 2021, a pena foi de duas semanas em regime fechado, sendo que ainda cumpri três meses de perda de olfato e risco de trombose. Passou. Agora, juram os doutos, entrarei no semiaberto em uma semana, isso se a fatiga crônica, a confusão mental e a parada cardíaca não alongarem, ou encurtarem, o processo.

Padecer de Covid é como estar vivo nos dias de hoje, você se sente mal o tempo inteiro, mas é suportável, se não pensar em demasia no que ainda pode acontecer.

AVC, cardiopatia, golpe, guerra, chacina, cataclismo climático. As ameaças concretas são tantas, e de tal magnitude, que é preciso ignorá-las para levantar da cama.

Não prego a alienação, mas aconteceu comigo. Foi depois da invasão da Ucrânia, desenvolvi uma aversão preocupante ao noticiário, aos debates, prognósticos, análises e previsões.

Sêmele, mãe de Dionísio, foi pedir a Zeus que se mostrasse a ela em todo seu esplendor e morreu torrada pela irradiância olímpica. É como eu me sinto, às vezes, diante da televisão, cozida pelas más novas. Não culpo a imprensa, são os fatos mesmo que estão de arrepiar.

Sem meios para barrar Putin, demover um terço da população do país da sua intenção de voto, e impedir furacões e pragas, acomodei-me a esse não futuro do presente. Fui levando, até perceber que não sonhava mais. Não se desiste do porvir impunemente. Já escrevi sobre a minha pobreza onírica aqui, que melhorou, sem voltar a ser o que era.

“Oráculo da Noite”, de Sidarta Ribeiro, faz uma breve história do sonho e da ciência do sono. A vantagem evolutiva do sonhador, explica o neurocientista, é a de experimentar sentimentos, planejar estratégias e medir riscos no ambiente seguro da mente.

O corpo inibe as sinapses de movimento, ativa as da memória e o cérebro se ocupa de treinar, de enfrentar, sentir e calcular as probabilidades de êxito ou fracasso na caça, no amor, no perigo.

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