O barulho sob sigilo

O processo que deflagrou a demissão de Monica Rischibieter da direção do Teatro Guaíra está “sob sigilo”. Ele começou com a consulta da ex-diretora à Procuradoria Geral do Estado (PGE) a respeito da utilização da verba da Lei Aldir Blanc fora do prazo estipulado por lei, ou seja, dinheiro que não foi gasto em 2021 sendo distribuído em 2022.

Monica questionou o que estava ocorrendo pois sabe que essa bomba pode estourar no Tribunal de Contas da União. O “sob sigilo” de agora fica mais patético porque o barulho que causou a exoneração continua fazendo estrago em todos que decidiram por ela, principalmente no chefe deles todos, o governador Ratinho Junior.

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O irritante guru do Méier

“Não digo que os críticos percam o total da poesia, mas sem dúvida perdem seu lado emocional, ao examiná-la como especialistas. Mais ou menos o que acontece aos ginecologistas em relação ao sexo”.

Millôr Definitivo|A Bíblia do Caos – L&PM Editores

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Itararé

Gruta da Barreira. © Ken Chu

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Ora, bolas!

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Ente querido

Me doeu muito o passamento do Ministério do Trabalho. Era um companheirão, quase um parente. Tão familiar que tinha o hábito de cutucar o ombro do trabalhador caso o despertador falhasse: “Acorda, Zé, vamos perder a hora.” E lá se ia – de trem, ônibus, bicicleta, carona ou a pé – a dupla mais afinada que já existiu: o empregado e o Ministério do Trabalho. Saudades eternas.

O Ministério do Trabalho pegava junto, dava duro tanto quanto o operário. Quando aparecia briga com o patrão, ficava sempre ao lado de quem só levava porrada. E assim não perdiam as lutas. Foi a primeira união estável que surgiu no Brasil, entre uma pessoa e um órgão oficial.  Exemplo tão bom e bonito de comunhão de interesses que, hoje em dia, os casais preferem mais a união estável que o casamento. O Ministério do Trabalho tinha mesmo uma queda pelos empregados. Deu a eles uma CLT, com benefícios e garantias. E apontou o dedão institucional pros empregadores: “Olha aqui, o salário mínimo é ridículo, sim, mas é o limite: menos que isso é crime!”

E assim, por décadas, vigiou a desclassificada classe patronal, apesar de não ter conseguido desridicularizar o valor do mínimo. Também foi impotente com o trabalho escravo, mas isso era da esfera da sua esforçada colega, a Justiça do Trabalho, outra moribunda dos novos tempos.

Nos últimos anos, o Ministério do Trabalho sofreu demais com o desemprego crescente. O que ajudou a definhar o finado. Mas o velório do Ministério do Trabalho começou enquanto o coitado ainda respirava, durante a campanha eleitoral. Já o enterro, assistido pela população como a um telecurso, à distância, foi doloroso. O único trabalhador que pôde chegar perto do corpo do Ministério do Trabalho foi um terceirizado, o encarregado de remover as letras do seu nome na fachada do prédio que habitava na Esplanada. Uma lápide às avessas. Quanto ao cemitério, não se sabe ao certo qual; é sabido apenas que o caixão baixou em cova rasa.

A mesma profundidade, aliás, do governo que tirou a vida do Ministério Público. Até um dia, solidário amigo. Ainda bem que nas democracias deve-se acreditar na reencarnação das ideias. Você voltará!

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Puro nonsense

O ditador português Salazar lia um jornal feito para fazê-lo acreditar que continuava no poder

Um dos contos nonsense de Woody Allen, de quando ele escrevia contos para a revista The New Yorker e os reunia em livros nos anos 70, trata de um homem maduro, solteirão, inútil, que sempre morou com a mãe e era por esta tratado como um idiota. Um dia, para massacrá-lo de vez, ela lhe revelou: “E quer saber de uma coisa? Você é anão. Eu e seu pai montamos esta casa na sua escala para você nunca perceber!”.

A ideia de armar um pequeno mundo para uma pessoa não saber que a realidade lá fora é outra me ocorreu ao ler sobre uma nova biografia do ditador português Oliveira Salazar (1889-1970), que por 40 anos condenou Portugal ao atraso, à asfixia, à pobreza e ao desprezo internacional. Trata-se de “O Ditador que Morreu Duas Vezes”, do italiano Marco Ferrari, com uma novidade em relação a outras biografias de Salazar que conheço

Como se sabe, em agosto de 1969, aos 80 anos e sem a menor intenção de pedir o boné, Salazar sofreu um acidente doméstico. Foi sentar-se a uma cadeira de diretor para ler seu jornal favorito, o Diário de Noticias, o que mais se acanalhava para agradá-lo. A cadeira virou, Salazar caiu para trás e bateu com a nuca no chão. Sofreu uma hemorragia intracraniana, não descoberta de imediato. Mas o caso se agravou, ele teve de ser operado e ficou inconsciente. Certo de que Salazar morreria e o poder não podia vagar, seu governo o substituiu por Marcelo Caetano, velho aliado.

Só que Salazar não morreu. Voltou a si e, para terror de seus homens, resistiu por 11 meses, razoavelmente lúcido. Já não governava, mas não podia saber disso, donde seus ministros o visitavam para “discutir” com ele os problemas. E —esta a novidade— toda manhã Augusto de Castro, diretor do Diário de Notícias, ia levar-lhe o jornal.

Um exemplar único, rodado só para ele, com as notícias alteradas omitindo seu sucessor, para Salazar pensar que continuava ditador. Era Woody Allen na veia.

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Avril Lund. © LePress

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Eu, Maringas Maciel

Atividade profissional: atualmente fotógrafo.
Atividades outras: de produtor a palpiteiro, brinco nas onze.
Principais motivações: inspirar, expirar, inspirar, expirar.
Qualidades paradoxais: passar desapercebido.
Pontos vulneráveis: o Coritiba.
Ódios inconfessos: gente que mente constantemente.
Panaceias caseiras: banana amassada com aveia.
Superstições invencíveis: jogar sempre os mesmos números na Mega Sena (essa superstição continua invencível, mas…).
Tentações irresistíveis: colocar o pé na estrada.
Medos absurdos: medo de nunca aprender a dizer não.
Orgulho secreto: ser um ser bom.

*Revista Ideias|Travessa dos Editores

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Alpha Blondy

 

Jerusalem

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Fraga

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Sérgio Camargo é alvo de nova ação judicial após chamar Moïse de ‘vagabundo’

O advogado Ronan Wielewski Botelho pediu à Justiça Federal no DF que suspenda a nomeação do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo.

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O preço do nazismo

deputado Kim Kataguiri disse que a Alemanha errou ao criminalizar o nazismo. Depois explicou-se, desculpando-se. Para quem acha a mesma coisa, até mesmo em nome da liberdade de opinião, aqui vai uma lembrança das boas razões que levaram os alemães a isso.

Se fosse possível esquecer o que o nazismo fez com os outros, completam-se hoje 77 anos do dia em que as sirenes de Dresden começaram a soar. Em 25 minutos, 800 aviões ingleses despejaram cerca de duas mil toneladas de bombas sobre a cidade medieval.

A “Florença do rio Elba” foi bombardeada por outros dois dias. Uma tempestade de fogo derreteu até estruturas de aço. Tudo o que poderia queimar queimou e restou uma paisagem lunar.

Os ingleses perderam apenas seis aviões e os americanos da segunda leva, um. Morreram cerca de 25 mil alemães.

(Nunca uma população civil tinha sofrido ataques de tais proporções. Em março, os americanos queimaram parte de Tóquio e em agosto jogaram duas bombas atômicas
em Hiroshima e Nagasaki)

Os alemães criminalizaram o nazismo porque, entre outros crimes, tendo iniciado a guerra, persistiu nos combates, mesmo sabendo que sacrificava seu próprio povo. A Alemanha criminalizou o nazismo por vários motivos, mas, acima de tudo, pelo mal que ele custou aos alemães.

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Noelle Monique. © Zishy

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