Vamos pastar!

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Mendonça vence ‘gincana da bajulação’ e será indicado ao STF

Bajular Jair Bolsonaro funciona? A questão ronda a cabeça dos pretendentes a ministro do Supremo Tribunal Federal desde o início do governo.

Apesar de nomes no Judiciário, Ministério Público e Poder Executivo terem se esfalfado para agradar o presidente da República na busca pelo Olimpo, paparicando-o à custa do interesse público, quem levou a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Celso de Mello, no ano passado, foi J.Pinto Fernandes, transmutado na figura de Kassio Nunes Marques, que como bem disse Carlos Drummond de Andrade, não havia entrado na história.

Deve ter sido frustrante para outros candidatos – que tentaram cair nas graças de Jair Messias através de ações e declarações que protegiam os interesses dele, de sua família e de seus amigos – ver alguém que corria por fora levando a melhor.

Desta vez, Bolsonaro deve indicar à vaga o advogado-geral da União, André Mendonça, atendendo à sua promessa de escolher alguém “terrivelmente evangélico” para satisfazer sua base religiosa conservadora – uma das responsáveis por evitar que sua popularidade, em queda, desabe. Isso, claro, se não mudar de ideia na próxima semana e se o Senado Federal não rejeitar o nome.

Leonardo Sakamoto

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Agora há dois pontos que ligam o nome de Bolsonaro ao escândalo das vacinas

O primeiro é a denúncia de Luis Miranda sobre a compra da Covaxin; o segundo é a mensagem de Dominguetti que cita o Gabinete da Presidência no caso Davati

Até o momento, e os momentos começam a suceder-se mais rapidamente, há dois pontos que ligam o escândalo na compra de vacinas pelo Ministério da Saúde diretamente a Jair Bolsonaro. O primeiro, como não canso de recapitular, é o fato de o deputado Luis Miranda, acompanhado do irmão, Luis Ricardo, funcionário da pasta, ter denunciado o esquema na aquisição da Covaxin em conversa com o presidente da República.

De acordo com o deputado, Jair Bolsonaro disse que era coisa de Ricardo Barros, líder do governo e expoente do Centrão, prometeu repassar a informação para a Polícia Federal e nada fez. A conversa com o presidente da República teria sido gravada pelos irmãos Miranda e, nela, ao que tudo indica, o presidente da República faz menção a outros deputados da base governista. A CPI da Covid precisa convencer Luis Miranda a entregar o áudio da conversa com Jair Bolsonaro, porque seria uma prova concreta do crime de prevaricação do presidente da República.

O segundo ponto surgiu ontem, com a divulgação de mensagens do improvável Luiz Paulo Dominguetti, cabo da PM que se dizia representante da Davati, empresa que estaria tentando intermediar a compra de vacinas AstraZeneca pelo Ministério da Saúde. Quando depôs à CPI da Covid, na semana passada, ele afirmou ter recebido pedido de propina de Roberto Dias, ex-diretor da pasta, em troca da assinatura do contrato. Roberto Dias, homem do Centrão, está sendo ouvido neste momento pelos senadores da comissão. No seu depoimento, Luiz Paulo Dominguetti também apresentou um áudio que implicaria o deputado Luis Miranda no esquema da aquisição das vacinas da AstraZeneca. Não era verdade e, sob ameaça de ser preso, o cabo da PM voltou atrás na história. Provavelmente, Luiz Paulo Dominguetti estava prestando um favor ao tentar desviar o foco no caso de Luis Miranda para o próprio deputado denunciante.

O celular do cabo da PM foi apreendido e, ora veja só, nele havia pelo menos uma mensagem que conecta a safadeza que estava sendo perpetrada ao Palácio do Planalto. Nela, Luiz Paulo Dominguetti afirma a Cristiano Carvalho, tido como um dos representantes da Davati no Brasil, que recebeu um “posicionamento”“Amanhã até 12h passam o e-mail a ele. Só a quantidade que não tem ainda”, disse ele. Cristiano Carvalho pergunta se a informação veio do tenente-coronel Marcelo Blanco, ex-assessor da Saúde. Dominguetti responde: “Gabinete da Presidência da República. Melhor que ele”. Em outro grupo, o cabo da PM afirma que o contrato com o governo federal, no caso de ser assinado, chegaria a render R$ 200 milhões em comissões aos intermediários. E diz a um dos seus interlocutores: “Bora reservar o Jaguar e uma casa em Brasília”.

Urge reconvocar Luiz Paulo Dominguetti e perguntar a ele qual seria o integrante do Gabinete da Presidência da República que lhe deu o “posicionamento” sobre a compra das vacinas da AstraZeneca que renderia propinas e comissões milionárias. Seria bazófia do picareta? Também é necessário entender qual seria o papel do tenente-coronel Marcelo Blanco nisso tudo. Se o cabo da PM foi “plantado” na CPI da Covid para tentar desqualificar a denúncia de Luis Miranda e empurrar o grosso da sujeira para Roberto Dias e os seus patrões, o estratagema foi de uma burrice sem tamanho. Antes, havia apenas uma história envolvendo o nome de Jair Bolsonaro; agora, existem duas. E a coisa está tomando um vulto que nenhum toma lá dá cá poderá segurar.

Mario Sabino

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“Mulher de Queiroz chora e pergunta: Qual o problema? Vão matar?”

Um dos áudios que poderá ser ouvido a partir de hoje, na estreia do podcast “UOL Investiga: A vida secreta de Jair”, é um desabafo da cabeleireira Márcia Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz, apontado como o operador do esquema ilegal de entrega de salários no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Na ocasião, Márcia desabafou com uma amiga que não aguentava mais ter Queiroz longe da casa da família no Rio de Janeiro. Em novembro de 2019, o ex-assessor de Flávio era obrigado a ficar na casa do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, em Atibaia, no interior de São Paulo.

“Só que eu também não tô aguentando. Tá entendendo? Eu tô muito preocupada com ele. A minha saúde também está abalada, tá entendendo? A gente não pode mais viver sendo marionete do ‘Anjo’. Ah, você tem que ficar aqui, traz a família. Esquece cara, deixa a gente viver a nossa vida! Qual o problema? Vão matar? Ninguém vai matar ninguém, se tivesse que matar já tinha pego um filho meu aqui, você tá entendendo? Então deixa a gente viver a nossa vida aqui com a nossa família”, desabafou Márcia.

A existência do áudio tinha sido revelada pelo jornal O Estado de São Paulo no ano passado, mas agora a coluna disponibiliza a gravação pela primeira vez. Você pode ouvir a partir de 44 minutos e 52 segundos no podcast. Na segunda-feira, a coluna publicou uma série de matérias com áudios de uma ex-cunhada do presidente e que também integram o podcast. As gravações mostram o envolvimento direto do presidente Jair Bolsonaro com o esquema de entrega ilegal de salários dos assessores em seu próprio gabinete na Câmara dos Deputados.

Juliana Dal Piva

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Diário da Crise CDL

Começa a semana. CPI cheia de possibilidades, Covaxin, propina de um dólar na suposta vacina da Astrazeneca, depoimento secreto de Wilson Witzel e investigações sobre a rede de fake news sobre a pandemia.

No início da semana, surge essa história no UOL, uma ex-cunhada de Bolsonaro retomando o tema das rachadinhas e dizendo o que muitos suspeitavam: o próprio Bolsonaro criou o sistema para uso de seus familiares com mandato.

Os dias não devem ser amenos para ele. Muita gente romantiza o poder mas a verdade é que, nessas circunstâncias, as pessoas enfrentam terremotos. Lembram-se daquele célebre desabafo: minha vida aqui é uma desgraça…? Ele reclamava da sucessão de problemas, dizia que não podia sair na rua e tomar um caldo de cana.

Vai ficar cada vez pior, na medida em que cresça o movimento pelo impeachment e surjam novas revelações na CPI. Sua base de apoio, o chamado Centrão, é conhecido como volátil, mobile como uma pluma ao vento”.

Interessante notar como há militares citados nessas complicações de compra de vacinas. Isso também está repercutindo entre os parlamentares. O Centrão sempre foi alvo de críticas duras. Agora ele vê os militares como rivais na disputa de cargos e na trama de negociatas.

É o coração das trevas? Um leitor me perguntou se estamos no coração das trevas. O tema foi mencionado por mim, citando o livro de Joseph Conrad inspirado na sua passagem pelo Congo. Pelo que estou lendo sobre o Congo dominado pelos belgas, nossa situação é menos desconfortável. Os belgas castravam e cortavam as mãos de trabalhadores relutantes.

Raul Jungmann, o ex-ministro da Segurança Pública, usou o termo “coração das trevas “para designar o Rio de Janeiro. Sua ideia era a de que o crime organizado tinha se infiltrado na política e está se tornando difícil dissociá-los.

Referia-se também ao poder das milícias que controlam território e não permitem que a democracia funcione: candidatos independentes não podem entrar na área que as milícias dominam.

Essa associação de crime e poder, milícia e governo, desmatadores e burocratas, picaretas e material básico de saúde, ela nos aproxima do coração das trevas, mas há muito o que fazer para evitar que cheguemos lá. 5|7|2021

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Lewandowski dá 5 dias para CPI se manifestar sobre adiamento de sessão com Barros

O ministro do STF Ricardo Lewandowski deu um prazo de até 5 dias para que o senador Omar Aziz (PSD), presidente da CPI da Covid, se manifeste sobre o adiamento do depoimento do líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP), previsto inicialmente para esta quinta-feira (8) na comissão do Senado.

Barros quer depor o quanto antes, sob o argumento de que a CPI tem atrasado sua defesa, o que atenta contra sua honra, no entender do próprio deputado.

Ontem à noite, como registramos, em conversa com apoiadores, Jair Bolsonaro defendeu que a CPI marque o depoimento de Barros. Segundo o deputado Luis Miranda (DEM), o presidente citou o nome de seu líder na Câmara ao ser alertado de possível esquema de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin — o que o presidente não desmentiu publicamente até agora, 11 dias depois.

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Playboy|1980

1987-Julie-Peterson1987|Julie Peterson. Playboy Centerfold

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JMB

Bolsonaro. Já reparou que, não há um minuto, em que alguém deixe de mencionar o nome Bolsonaro. É Bolsonaro, Bolsonaro, Bolsonaro e Bolsonaro – 24 horas por dia. E, quando não é Jair Bolsonaro, é Carlos Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Renan Bolsonaro.

Em função disso, decidi: não vou mais escrever ou falar Bolsonaro. Porque citar Bolsonaro é promover Bolsonaro. É exatamente o que os Bolsonaro querem. Que o nome Bolsonaro seja repetido mil vezes por segundo.

Bolsonaro, para mim, deveria ser banido do vocabulário. Eu sei, seria um enorme desafio não ter Bolsonaro no meio das conversas e frases sobre Bolsonaro. Afinal, a imprensa está viciada em compartilhar qualquer coisa relacionada a Bolsonaro. Se Bolsonaro dorme, sai nas redes sociais. Se Bolsonaro urina, dá no Jornal Nacional. Se não acontece nada com Bolsonaro, Bolsonaro continua pautando Bolsonaro.

Cheguei a mandar uma carta a um grande jornal propondo que, em vez de grafarem Bolsonaro, redigissem JMB. Como fizeram com Fernando Henrique Cardoso, que virou FHC.

A publicação continuou usando Bolsonaro, é claro. Bolsonaro vende jornal, Bolsonaro traz anunciantes, Bolsonaro é a bola da vez. Até quando se pede fora, Bolsonaro, o fenômeno continua. Se fosse fora, Messias, talvez amenizasse. Mas os cristãos, não-apoiadores de Bolsonaro, rechaçariam o não-uso de Bolsonaro no slogan.
Bolsonaro fincou-se ao linguajar como uma pulga a uma virilha. Bolsonaro e também seus neologismos, como Bozonaro, Bostonaro, Bolso, bolsominion e por aí vai.

Dizem que Bolsonaro significa fascista. Na realidade, Bolsonaro é sinônimo de Bolsonaro. Ele, Bolsonaro, sabe disso e se aproveita de ser Bolsonaro. Logo estará falando de si na terceira pessoa: “o Bolsonaro defende o uso de armas, o Bolsonaro não quer vacina contra Covid 19”.

Infelizmente, a triste repetição do nome Bolsonaro não está acontecendo apenas no Brasil. Bolsonaro está na boca do mundo. Bolsonaro é o destruidor da natureza na China, Bolsonaro é o homofóbico na França, Bolsonaro é o genocida na Argentina. O que nos leva a crer que a publicidade em torno de Bolsonaro está acontecendo em progressão geométrica.

Por isso deixei de me referir a Bolsonaro. Não aceito que um crápula como Bolsonaro seja tão famoso. Por isso, se alguém vem me falando de Bolsonaro, já corto e digo: “olha, não fica matraqueando Bolsonaro, Bolsonaro, Bolsonaro que isso é ótimo sabe pra quem? Pro Bolsonaro”.

A pessoa pode até ficar chateada por eu ser tão radical quanto a não falar Bolsonaro. Pode até ser um inimigo do Bolsonaro, vai saber. Mesmo assim, ainda mais num momento de pré-impeachment de Bolsonaro, não deve-se abrir a boca para falar de Bolsonaro. Xô, Bolsonaro!

Carlos Castelo

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‘Espero que Bolsonaro não agrida a repórter que fez a matéria’, diz Omar Aziz

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse hoje, em entrevista ao Uol, que o presidente Jair Bolsonaro colocou o Exército numa situação constrangedora após a divulgação de áudios que apontam que ele teria se envolvido diretamente em um esquema de rachadinha quando era deputado.

A matéria divulgada pelo portal nesta madrugada também diz que um coronel da reserva participava do recolhimento de salários do antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj.

Omar Aziz afirmou que “é mais uma denúncia muito séria” contra Bolsonaro e provocou o presidente da República, que costuma atacar a imprensa quando está acuado.

“É mais uma denúncia muito séria. O presidente tem facilidade para colocar alguns oficiais do Exército numa situação muito difícil, situação constrangedora. Ele [Bolsonaro] tem que dar satisfações, espero que ele não agrida a repórter que fez a matéria.”

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Como combater os desvios de recursos públicos?

O Tribunal de Contas da União – TCU constatou irregularidades em aquisições destinadas ao combate à pandemia nas três esferas de governo: União, Estados e Municípios, excetuando o Ministério da Saúde.

As principais irregularidades são: 1) Fragilidades na seleção do fornecedor; 2) Fragilidades na avaliação/pesquisa do preço de mercado; 3) Falta de transparência das compras do Covid-19; 4) Adiantamento de pagamento sem os cuidados adequados, sem exigência de garantias ou sem a devida avaliação da habilitação e qualificação do fornecedor e, 5) Ausência de justificativas e critérios para a contratação.

Resumo da ópera: desvios de recursos públicos, superfaturamento e descumprimento das regras legais de contatação.

Em nosso país além de contarmos com penas brandas e a frouxidão para os crimes de desvios de recursos públicos, temos apenas discursos, mas com propostas legislativas que esvaziam constantemente o combate à corrupção.

Em poucas palavras, no Brasil a classe política atua com bravatas e factoides.

O que os países que superaram esse problema fizeram?

A Dinamarca, por exemplo, atuou no seguinte sentido: 1) Redução das regalias dos políticos; 2) Pouco espaço para indicar cargos; 3) Transparência ampla; 4) Polícia confiável e preparada; 5) Baixa impunidade com leis que realmente punem os infratores; 6) Confiança social, as pessoas cumprem as regras de convívio social com honestidade, por exemplo nas bibliotecas não há funcionários para emprestar livros, os próprios leitores fazem isso; 7) Ouvidorias fortes e; 8) Empenho constante contra a corrupção.

No Brasil, depois de um período supostamente de combate à corrupção, sempre surgem leis facilitadoras dos desvios públicos e as falsas bandeiras da anticorrupção.

As alterações na lei da ficha limpa que, em breve, serão aprovadas pelo Senado Federal, o não funcionamento das instituições e os rompantes autoritários combinados com uma falsa sensação de combate à corrupção formam o retrato da atual situação.

A pandemia gerou grandes oportunidades para desvios de recursos públicos. A CPI da pandemia está demonstrando esses malfeitos.

O relatório do TCU deverá gerar consequências quanto aos desvios apontados.

Todavia, ainda temos no Brasil a prescrição das penas administrativas e penais que deveriam ser imprescritíveis, mas que habilmente manejadas com recursos, geram a impunidade.

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#ForaBozo!

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A cobrar de Bolsonaro um dia

Presidente pode entrar para um rol de que talvez se orgulhe, o dos genocidas reconhecidos em tribunais internacionais

Se se provar que Jair Bolsonaro, por omissão ou cálculo, foi responsável por cerca de 400 mil das quase 530 mil mortes até agora pela Covid no Brasil, ele entrará para um rol de que talvez se orgulhe: o dos genocidas oficialmente reconhecidos pelos tribunais internacionais. Fará companhia nos livros de história a, entre outros, o ugandense Idi Amin Dada, o iraquiano Saddam Hussein e o sudanês Omar al-Bashir. Já é possível, aliás, que estes, somados, tenham matado menos que Bolsonaro.

Mas a contabilidade de um genocídio comporta outros números a apurar. Há que saber, por exemplo, quantos infartos, tumores e tromboses levaram pessoas a óbito porque elas não tinham condições de sair para exames que talvez os prevenissem ou foi impossível atendê-las nos hospitais superlotados. Quantos tratamentos não foram interrompidos com resultados fatais? Quantos infelizes não agonizaram em casa, sozinhos, e só foram encontrados pelos vizinhos dias depois?

Como avaliar as doenças provocadas pelo estresse oriundo da pandemia? Ao ver Bolsonaro na TV cuspindo na nação, como conter sentimentos de medo, raiva ou tristeza, causadores de depressão, úlceras, inapetência, insônia? Quantos não aumentaram seu consumo doméstico de álcool por terem agora mais tempo e pretexto para beber e menos compromissos que os obrigassem a moderar? Quantos casamentos não terão acabado por súbita apatia sexual?

Sem playground, parquinho ou pracinha para brincar, quantas crianças não estão confinadas em casas ou apartamentos e perdendo oportunidades de socialização em períodos decisivos de sua vida? Por causa das aulas online, quantas não estão sendo submetidas ao suplício de uma câmera que talvez não se sintam à vontade para encarar?

Bolsonaro pode não estar em pessoa por trás do drama ou tragédia de cada brasileiro. Mas, de fato, está. Sua maldição paira sobre tudo isso —e sobre nós.

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