Mural da História – 2018

Teresina, passeio ciclístico. © Vera Solda

Publicado em soy loco por teresina | Com a tag , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

O bico de Pacheco

A decisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de colocar para discussão ano que vem a possibilidade de acabar com o instituto da reeleição para cargos no Executivo tem a ver, segundo um senador do PT, com o risco que ele corre de ficar de fora da disputa ao governo de Minas Gerais.

Pacheco tem se movimentado para viabilizar sua candidatura à sucessão do governador mineiro, Romeu Zema, em 2026. Além da dificuldade de encantar o eleitor de Minas Gerais, segundo suas próprias pesquisas, o ex-prefeito Alexandre Kalil, de seu partido, passou a reivindicar o direito de disputar o cargo.

É o mesmo motivo, diz o petista, que move Pacheco a querer criar um mandato para os ministros do Supremo Tribunal Federal. Segundo interlocutores do senador, ele está cansado de concorrer a mandatos eletivos. Seu sonho era ser indicado para o Supremo ou para o Tribunal de Contas da União. Não deu para ele em 2023. E as próximas vagas estão relativamente longe.

Segundo o senador próximo a Pacheco, seus gestos são tanto para tentar atrair o eleitor de Zema, que se alinha ideologicamente à direita, e garantir que o aliado, Davi Alcolumbre (União-AP), consiga se viabilizar efetivamente para sucedê-lo.

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Infalíveis como os papas

O STF entra no modo Clarence Thomas, o ministro da Corte Suprema dos EUA, que deu liminar a favor de aliados de Donald Trump quando sua mulher trabalhava como lobista deles. E que por anos recebeu presentes, hospedagem de férias, viagens no jatinho particular do amigo milionário com processos no tribunal a quem, entre outras situações de discutível transparência e idoneidade, vendeu casa de sua propriedade (sem outras ofertas e sem estar no mercado). A Corte Suprema não tem sistema de correição, no pressuposto de que, sendo o tribunal mais alto da nação, não pode ser submetido ao controle de suas ações – nem por impeachment do Congresso. Daí Thomas sempre recusar, com o silêncio obsequioso e cúmplice, dos colegas, a dar-se por impedido de julgar casos em que é visível o interesse profissional na causa. O STF envereda por esse rumo, com a sobranceria dos que se pretendem acima de qualquer suspeita.

Como o ministro Dias Toffoli, que acaba de dar liminar a caso milionário patrocinado pelo escritório de sua mulher, advogada do beneficiário. Os ministros da Corte Suprema e do nosso Supremo não são iguais às demais autoridades. Os ministros do STF não querem ser iguais por que se pretendem muito mais iguais; sem qualquer parâmetro de comparação instituem-se acima de qualquer suspeita, mínima que seja. Quem evita ser igual, acaba sendo desigual, no sentido pernicioso da desigualdade, o maior dos pecados republicanos. É isso, os ministros do STF e da Corte Suprema são iguais entre si e mais iguais, ou desiguais em relação ao resto do mundo – povo e poder constituído. A ação de Toffoli, oficializada no STF, que deu presunção de legitimidade à atuação de parentes de ministros na Corte, lembra os papas medievais, infalíveis e com decisões inquestionáveis porque levavam o atributo de dogmas e artigos de fé. Os juízes supremos repetem os infalíveis papas de antanho.

Publicado em Rogério Distéfano - O Insulto Diário | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

© Klaus Mitteldorf

Publicado em Sem categoria | Com a tag , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Mural da História – 2018

Iara Teixeira (txucarrafilha), Kátia Horn (waurá), Bárbara Kirchner (txucarrafilha), Tânia Buchmann (txucarramãe), Dóris Teixeira (txucarrafilha) e Gilson Camargo (borogodó). © Maringas Maciel (pataxó).

Publicado em nossa tribo | Com a tag , , , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

César Marchesini

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Infalíveis como os papas

O STF entra no modo Clarence Thomas, o ministro da Corte Suprema dos EUA, que deu liminar a favor de aliados de Donald Trump quando sua mulher trabalhava como lobista deles. E que por anos recebeu presentes, hospedagem de férias, viagens no jatinho particular do amigo milionário com processos no tribunal a quem, entre outras situações de discutível transparência e idoneidade, vendeu casa de sua propriedade (sem outras ofertas e sem estar no mercado). A Corte Suprema não tem sistema de correição, no pressuposto de que, sendo o tribunal mais alto da nação, não pode ser submetido ao controle de suas ações – nem por impeachment do Congresso. Daí sempre se recusar, com o silêncio obsequioso dos colegas, dar-se por impedido de julgar casos em que inexista a mínima sugestão de favorecimento da mulher, com interesse profissional na causa. O STF envereda por esse rumo, com a sobranceria dos que se pretendem acima de qualquer suspeita.

Como o ministro Dias Toffoli, que acaba de dar liminar a caso milionário patrocinado pelo escritório de sua mulher, advogada do beneficiário. Os ministros da Corte Suprema e do nosso Supremo não são iguais às demais autoridades. Os ministros do STF não querem ser iguais por que se pretendem muito mais iguais; sem qualquer parâmetro de comparação instituem-se acima de qualquer suspeita, mínima que seja. Quem evita ser igual, acaba sendo desigual, no sentido pernicioso da desigualdade, o maior dos pecados republicanos. É isso, os ministros do STF e da Corte Suprema são iguais entre si e mais iguais, ou desiguais em relação ao resto do mundo – povo e poder constituído. A ação de Toffoli, oficializada no STF, que deu presunção de legitimidade à atuação de parentes de ministros na Corte, lembra os papas medievais, infalíveis e com decisões inquestionáveis porque levavam o atributo de dogmas e artigos de fé. Os juízes supremos repetem os infalíveis papas de antanho.

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

César Marchesini

Publicado em Sem categoria | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Fraga

Publicado em fraga | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Natal e melancolia

Em minha ensandecida juventude carioca, nos “breves contra a náusea”, como chamava Clarice Lispector aos intervalos que eu dava, vez em quando, à insanidade, conheci Carlos Drummond de Andrade. Generoso ainda que circunspecto, o Poeta Maior também a reprovar o rali que fazia com meus vint’anos, ensinava: “Um dia talvez você venha saber o que é aceitação filosófica da vida”.

Foram necessários muitos anos de desassossego, até que eu viesse a aprender a lição do mestre. Não mais suicídios nem as desesperações cênicas e arrebatadoras que foram a marca de minha (primeira…) mocidade. Não bebo há 20 anos e deixei o cigarro há 13. Se sou mais feliz assim? Sem dúvida, ainda que a vida, sabemos, não dê trégua a ninguém.

Desconheço o que ganhei com a rebelião e o inconformismo ao jogar na lata de lixo alguns dos mais vigorosos anos de minha vida. Mas sei, e muito, o quanto ganho hoje com aceitar a vida de frente, a frio, e travar, a cada dia, o bom combate. Que não é fácil, isso ninguém duvida. Mas que de epifania, guerreiro leitor, a cada leão abatido, a cada rio de serpentes transposto, a cada abismo que vingo através de um salto, ainda que seja no escuro.

Tudo isso aí para lembrar as recentes estatísticas que vi na internet dando conta de que chegam a aumentar, na maioria dos países civilizados, em até 10% o número de suicídios na proximidade do Natal e do Ano Novo. Mesmo conscientes de que estas datas são sinistras convenções para aumentar, no atacado e no varejo, o consumo.

Não, senhores, não estou menosprezando suicídios nem o aumento no consumo, coisa aliás em que ora se empenha o des-governo da República, mas a chamar a atenção de que não devemos levar muito a sério os papais-noéis e os Réveillons que nos enfiam goela abaixo.

Aliás, acabo de receber da Cosac Naify um livrinho precioso: O Suplício de Papai Noel, ensaio de Lévi-Strauss que mata a pauladas a excitação natalina. Se um marciano descesse à Terra e visse o que fazem com o nascimento de Jesus, certamente pensaria que estaríamos chorando a Sua morte e o fim de tudo e de todas as coisas. Não há nada mais triste do que a tal de “Noite Feliz”. Feliz aonde? É de matar criancinha de colo – do primeiro ao último acorde.

Aproveito a data para presentear alguns amigos queridos, nem tanto pelo Natal, mas mais, muito mais, por vencer novo ano ao lado dos que prezo ou estimo. Quanto a mestre Drummond, embora os freqüentes ataques ao bronze de sua estátua, posso dizer, com todas as letras, esteja ele onde estiver, que tenho conseguido, sim, até nos fins-de-ano, -quem diria, poeta? – aceitar filosoficamente a vida.

21/12/2008 

Publicado em Wilson Bueno | 7 comentários
Compartilhe Facebook Twitter

Mural da História – 2015

Publicado em Charge Solda Mural | Com a tag | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

S.O.S Hipotipose – lutar com palavras é a luta mais sã

Noventa e nove por cento dos escritores não sabem o que é hipotipose. O 1% restante simplesmente dá de ombros. Não é doença de cavalo, já aviso. Calma. Leia isto: “Algumas vezes, na praia, começava a chover subitamente, as nuvens deslocando-se velozmente sobre o mar, como cavaleiros negros em arrasadora carga de cavalaria, os raios cortando o céu como golpes de cimitarras zangadas. As moças correriam para seus suéteres e bolsas de praia, alguém recolheria o toca-discos portátil e o álbum de 45-rpm, os rapazes ergueriam o cobertor sobre a cabeça como uma marquise e todos buscariam a segurança da calçada do restaurante mais próximo. Lá ficariam eles contemplando a praia batida pela chuva, os canudinhos de Coca-Cola, torcidos e manchados de batom, dentro das garrafas vazias”.

Você começou a entender o que é hipotipose. Talvez possa se dizer que é coisa antiga, da literatura antiga. Bem de quando as pessoas sentavam quietas numa chaise-longue e se deleitavam com os romances. No caso, esse parágrafo acima é de uma novela policial de Ed McBain. Hipotipose seria a descrição pormenorizada de uma cena, com pouca ou nenhuma análise por parte do autor. Trataria da apresentação objetos visíveis em vez de elucubrações espirituais. Acho que ela ainda é interessante pra autores que ganham por palavra — falo dos estrangeiros, claro! As caudalosas descrições ajudam a encher linguiça e produzir mais um best-seller.

Pra exemplificar, diria que Os sertões, do Euclides da Cunha, seria hipotipótico por excelência. Nota dez. E o Dalton Trevisan de hoje tiraria zero. E seria a nota máxima, pois tirar dez significa ter mãos pesadas e estilo oceânico.

Outro exemplo que tirei do livro O perfume, de Patrick Süskind. Logo no capítulo 1, segundo parágrafo, pra situar toda a ação do livro, o autor descreve assim a cena: “Na época de que falamos, reinava nas cidades um fedor dificilmente concebível por nós, hoje. As ruas fediam a merda, os pátios fediam a mijo, as escadarias fediam a madeira podre e bosta de rato; as cozinhas, a couve estragada e gordura de ovelha; sem ventilação, as salas fediam a poeira, mofo; os quartos, a lençóis sebosos, a úmidos colchões de pena, impregnados do odor azedo dos penicos. Das chaminés fedia o enxofre; dos curtumes, as lixívias corrosivas; dos matadouros fedia o sangue coagulado. Os homens fediam a suor e a roupas não lavadas; sua boca fedia a dentes estragados, seu estômago fedia a cebola e, o corpo, quando não era bem mais novo, a queijo velho, a leite azedo e a doenças infecciosas”. E vai por aí.

Uma fedentina que causa arrepio e engulho. Só não concordo com o autor quando ele diz que o fedor daquela época seria inconcebível pra nós, né? Ou será que ele disse isso de propósito, pra gente rir?

*Rui Werneck de Capistrano é autor de Nem Bobo Nem Nada

Publicado em rui werneck de capistrano | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Flagrantes da vida real

Troféu Gralha Azul – Homenagem a Rosy de Sá Cardoso. © Maringas Maciel

Publicado em Maringas Maciel | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter

Mural da História – 2014

O cartunista obsoleto que vos digita e Robert Amorim, Le Pomme de Terre (Beto Batata), Sampa, na frente do Inferno, Rua Augusta. Eu usava a camiseta (presente de Tiago Recchia) de um conhecido presidente, que, na época, ainda era negro.  © Vera Solda

Publicado em Sem categoria | Com a tag , , , | Deixar um comentário
Compartilhe Facebook Twitter