Bateu no travessão. Ricochetou. Barbara Black, Ph. D., from Cambridge, insiste, no outro lado da linha, em afirmar que meu parágrafo tem significados profundos na atual conjuntura cultural. O sumiço dele, bem no meio de um texto, acredita ela, tem tudo a ver, pelo viés do falecido estruturalismo, com as falaciosas tendências que procuravam conteúdo psicológico em documentos da Segunda Guerra Mundial, com penosa negligência dos fatos circundantes que os circunstanciam. Se um olho pisca, o outro acompanha por simples questão de educação? Ou ambos estão presos à ‘realidade do piscar’? Comicamente consciente, retruquei.
Disse a Barbara que meu parágrafo apenas havia ido a uma espelunca de má reputação lá em Araucária. Ela me puxou as orelhas, pelo telefone, e falou com entusiasmo: You are amazing! I’m really surprise! Completou, em bom inglês, que eu mesmo, autor, não alcançava a importância do fato, embora fictício, dentro da realidade mais crua da atual dinâmica cultural mundial. Um parágrafo sumindo num texto, afirmou ela, adiciona um refrão obsedante ao que chamaríamos de ‘nova literatura’ ou ‘circunsliteratura’. Aquela que envolve o leitor nas entranhas da linguagem viajeira.
E o solta no meio do furacão da vida, sem lenço nem pára-quedas. Declinei do convite para fazer palestras na tão famosa universidade alegando estresse de terceiro grau. Além do que, o parágrafo em questão não apresenta sinais de recuperação depois do porre. Desliguei o telefone, educadamente, com um suave ‘Good bye, Miss Barbara!’
Logo a seguir, fui à procura do parágrafo para tirar satisfações. Não o encontrei. Aliás, não encontrei nem o próprio texto de onde ele fugiu. Fiquei imaginando que estudo tão significativo Barbara Black, Ph.D., irá fazer sobre isso. Como disse sabiamente Jaccques Ellul, Ph.D., ‘significados não-intencionais são ambíguos’.
Mitsuko Tottori é a nova presidente da aérea Japan Airlines, onde começou como comissária de bordo, as aeromoças de antigamente.
Só a American Airlines não mais tem aeromoças, pois preserva as que começaram com Wilbur e Orville Wright, os irmãos que, pela mania de grandeza dos gringos, teriam inventado o avião, os voos de passageiros e de quebra as aeromoças, na época stewardesses, ou flight attendants. Volta e meio enfrento essas, hoje aerovelhas – ou flying spinsters -, gordas, azedas e mal comidas servindo comida ruim a bordo, que não se aposentam nem que o avião despareça no mar, atingido por mísseis russos, ucranianos ou de Israel. Deixei de ver vantagem no funcionário de chão de fábrica que sobe na vida para ser presidente, até dono da empresa. Aprendi com o maringaense Massaro Miamoto, que virou dono de revendas da Honda desde que teve perda total da magrela em acidente mobilístico, como aprendemos com o delegado de trânsito de Curitiba.
Segundo um recente relatório da Organização Mundial da Saúde – OMS, cerca de 57% dos adolescentes de 15 anos já experimentaram e 37% consumiram álcool – e um a cada dez já se embriagaram.
Em resumo, a epidemia do alcoolismo garante o ingresso dos jovens no mercado consumidor do álcool.
Quanto ao cigarro eletrônico, um a cada cinco adolescentes fumou cigarros eletrônicos, alerta a OMS. A pesquisa foi realizada em 57 países. É uma radiografia sobre o alcoolismo e o tabagismo entre os jovens no mundo.
Os cigarros eletrônicos ultrapassam os cigarros convencionais: cerca de 32% de jovens de 15 anos usaram em algum momento e 20% usaram nos último 30 dias, – o que demostra a consolidação desta dependência.
Faltam campanhas do estado esclarecendo a malignidade do cigarro eletrônico e das drogas denominadas como lícitas, mas que causam enormes prejuízos para a saúde dos consumidores e à previdência.
Cigarros eletrônicos comercializados no mercado são fortemente direcionados ao público jovem. Atualmente, 34 países proíbem sua venda, 88 países não estipulam idade mínima para venda e 74 não têm regulamentação sobre esses produtos nocivos.
A indústria do tabaco lucra com os danos à saúde dos consumidores e está usando esses produtos para pressionar as autoridades a não implementarem políticas públicas contra os cigarros eletrônicos, cigarros e bebidas alcoólicas.
Resumo da ópera: estão abertas as portas para o consumo de outras drogas. O relatório aponta que essas empresas financiam estudos para gerar e disseminar amplamente evidências falsas de que esses novos produtos reduzem os danos à saúde. Ao mesmo tempo, promovem agressivamente os cigarros eletrônicos para crianças e não fumantes e continuam a vender bilhões de cigarros.
É necessária uma ação forte e decisiva para prevenir o uso de cigarros eletrônicos, com base na crescente evidência sobre o uso por crianças e adolescentes e os danos à saúde que eles causam.
Na contramão disso tudo o Senado brasileiro abriu debate sobre a regulamentação dos cigarros eletrônicos e há um projeto de lei em curso (PL 5008/2023).
Finalmente, é preciso destacar a cultura da saúde entre os jovens, o incremento dos esportes e, principalmente, da instrução educacional pública para erradicarmos a lucrativa epidemia das drogas que abate o país e o mundo.
Hirayama parece totalmente satisfeito com sua vida simples de limpador de banheiros em Tóquio. À parte de sua rotina bastante estruturada; ele dedica-se à paixão pela música e pelos livros. Também ama as árvores e sempre as fotografa. Uma sequência de encontros inesperados revela gradualmente o seu passado; nesta reflexão comovente e poética sobre encontrar a beleza no cotidiano. Koji Yakusho ganhou o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes 2023.
Dias Perfeitos|Título Original Perfect|2023|Drama|Japão|Alemanha|123 minutos Direção de Wim Wenders
Elenco
Miyako Tanaka … Old Lady with Brush|Koji Yakusho … Hirayama|Long Mizuma … Businessman|Tokio Emoto … Takashi
Na frente esteve e está, depois ou antes. Poeta já portento de portenho, em Néstor o barroco ganha engenho e os verbos reverberam mais brilhantes. Da Frente mítico entre os militantes, aqui tem maior campo seu empenho. Da causa negra um dado a depor tenho: tratou mais que os tratados dos tratantes. Aos putos imputou novo valor. Da língua tinha humor sempre na ponta. Das classes, luta e amor, é professor. Mediu o que a estatística não conta. Territorializou do corpo a cor. Deu tom de santa a tanta tinta tonta.
Ainda ontem Lula foi aqui comparado a Joe Biden, na senilidade, na empulhação e na hipocrisia desabrida e arrogante. O que não chega a ser demérito porque é do instrumental da política, que revela pelo contraponto raro da coerência os homens públicos íntegros e coerentes. A multiplicidade e a rapidez (quase digo instantaneidade) das demandas que cercam os políticos fazem raros e preciosos os que não se movimentam como birutas de aeroporto para responder favoráveis à pressões contraditórias e inconsistentes.
Lula a cada dia acentua seu modelo Vicente Matheus, histórico e quase vitalício presidente do Corinthians – nada por acaso time de coração do presidente. Matheus era o folclórico dos rompantes do semianalfabeto bem intencionado. Poupo a memória do dirigente esportivo da comparação de caráter entre ele e o eminente torcedor. Nesse mesmo ontem Lula paramentou-se com os novos ternos de coloração viva escolhidos pela primeira dama, inclusive a sugestiva gravata com imagem de cachorrinhos.
Parêntese: o novo vestuário do presidente veio para demarcar a diferença entre Janja e Marisa Letícia, sob cuja égide Lula envergava ternos mal cortados, nos tons negros e azul escuro típicos do ambiente federal; de diferente, com notas de bom gosto arrivista, só as camisas sob medida vindas do artesão baiano, fornecidas pela mulher do hoje senador Jacques Wagner (o único judeu que aceita comparações do chefe entre Israel e o nazismo alemão). Marisa não ressignificou a roupa e a cabeça do marido; ela sempre foi fiel à origem sindical e suburbana da família.
Lula, agora, vive momento FHC, fantasiado de marido de socióloga sem obra escrita, diploma e louros da Sorbonne. Lula dorme com socióloga e acorda como um Émile Durkeim de alcova. Janja pontificou na rede sua indignação pela morte de Joca, o cão sufocado em voo da Gol. Impregnado pelo travesseiro do tálamo, Lula enverga um cachorrinho da Disney na gravata e cobra satisfações da aérea pela morte do animal. Com a mesma falsa firmeza com que cobrou menas leituras e mais ação ao ministro Fernando Haddad.
No início da tarde de quarta-feira (24), quando a sessão do Congresso Nacional ainda estava mantida para análise dos vetos do presidente Lula, as negociações caminhavam para haver somente votação do que envolvesse orçamento e LDO, a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
O anúncio de adiamento feito por Rodrigo Pacheco (PSD-MG) se deu, principalmente, pelo risco real de deputados e senadores derrubarem o veto de Lula no que diz respeito à criação de um cronograma para empenho e pagamento de emendas parlamentares.
O calendário, que foi aprovado pelo Congresso na LDO, evitaria que o governo privilegiasse aliados na distribuição de emendas em ano eleitoral. Com o veto, a articulação política combinou que os pagamentos, mesmo sem um cronograma estabelecido, seriam feitos normalmente.
O acerto tratava de liberação dos recursos na casa dos 11 bilhões de reais até abril. Não foi o que ocorreu. Até o momento, o governo pagou algo em torno de 5,5 bilhões.
O cancelamento da sessão foi acordado para que, até a segunda semana de maio, o Palácio do Planalto consiga cumprir a promessa e evitar a derrubada de outros vetos: os que tratas das emendas de comissão e do PL das Saidinhas.
Ler livros não é necessário para nossa existência.Tampouco revistas ou jornais. Tudo o que eu preciso vejo na TV. Nunca aprendi nada lendo os livros que não li, nem as revistas e jornais que passaram por mim nas mãos de outros. E continuo forte e funcional e isso é o que verdadeiramente importa. Falar em porta, as portas da minha casa nunca leram um livro e de jornais só sabem o que passaram no sovaco das pessoas. Continuam fortes e funcionais, orgulhosas de seu destino de porta.
Yorgos Lanthimos nasceu em Atenas. Estudou direção de cinema e televisão na Escola de Cinema Stavrakos em Atenas. Nos anos 1990 dirigiu uma série de vídeos para companhias de dança-teatro grego. Em 1995 dirigiu um grande número de comerciais de TV, além de vídeos musicais, curtas-metragens e peças de teatro experimental. Ele também foi um membro da equipe criativa que projetou a abertura e fechamento cerimônias dos Jogos Olímpicos de Verão de 2004 em Atenas.
Sua carreira longa-metragem começou com o filme convencional meu melhor amigo, onde ele compartilhou dirigir créditos com o mentor Lakis Lazopoulos e foi seguido pelo filme experimental Kinetta que estreou no Toronto Film Festival 2005. Seu terceiro longa-metragem Dogtooth ganhou o Prêmio Un Certain Regard no Festival de Cannes 2009 e foi nomeado para Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 83. Seu quarto filme Alps (2011) ganhou o prêmio Osella para Melhor Roteiro (Yorgos Lanthimos e Efthimis Filippou) no Festival de Cinema de Veneza 68 internacionais.
O roteiro de seu quinto filme The Lobster foi premiado com o Prêmio Internacional ARTE como Melhor Projeto CineMart para 2013, o 42º Festival Internacional de Cinema de Roterdam. O filme foi selecionado para concorrer à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2015 .
Quando falamos sobre o Teatro Margem no Teatro Guaíra (eu e Beto Bruel) citei Yorgos Lanthimos, por Dogtooth e Athina Raquel Tsangari, de Attenberg, como referência cinematogrática para teatro e a transgressão, a paixão pra seguir (re)inventando. Não é, Felipe Hirsch?
Tendo entendido que era a hora de mudanças no Brasil, o Senhor chamou o brasileiro Noé da Silva e disse-lhe: “Dentro de seis meses, farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que todo o Brasil esteja coberto pelas águas. Os maus serão destruídos, mas quero salvar os bons e justos e um casal de cada espécie animal. Vai e constrói uma arca de madeira”.
No tempo certo, os trovões deram o sinal e os relâmpagos cruzaram o céu.
Noé da Silva, ajoelhado no quintal de sua casa, chorava, quando ouviu, novamente, a voz do Senhor, que soou furiosa, entre nuvens:
– Noé da Silva! Onde está arca?!
– Perdoe-me, Senhor – suplicou o bom homem. Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas para cumprir a tarefa que me atribuístes. Primeiro, tentei obter uma licença da Prefeitura para a construção almejada, mas, para isso, além das altas taxas para obter o alvará, ainda me pediram uma contribuição para a campanha. Não dispondo do dinheiro, recorri aos bancos e não consegui empréstimos, mesmo submetendo-me a taxas de juros de 13% ao mês.
Prosseguiu Noé:
– Depois, o Corpo de Bombeiros exigiu-me um sistema de prevenção de incêndios, que consegui contornar subornando um funcionário. Só que, aí, começaram os problemas com o Ibama para a extração da madeira. Eu disse a eles que eram ordens Vossas, mas não houve jeito. Eles queriam saber se eu tinha um tal de “projeto de reflorestamento” e um tal de “projeto de manejo”. Eu ainda tentava descobrir do que se tratava, quando o mesmo Ibama descobriu uns casais de bichos que eu estava reunindo aqui no quintal. Além de aplicar-me uma pesada multa, o fiscal ainda falou em “prisão inafiançável”, e eu acabei tendo de matar o infeliz, pois para o crime de morte a lei é mais branda.
E Noé continuou falando ao Senhor:
– Aí, tentei começar a obra. Mas apareceu o CREA e taxou-me porque eu não tinha um engenheiro responsável pela construção. Depois, veio o pessoal do sindicato, exigindo que eu contratasse seus marceneiros, com garantia de emprego por um ano e demais encargos trabalhistas, fiscais e previdenciários. Como se não bastasse, chegou a Receita Federal falando em “sinais exteriores de riqueza”, e também me multou. Finalmente, chegou a turma da Secretaria de Meio Ambiente e pediu-me um “Relatório de Impacto Ambiental” sobre a área que seria inundada. Mostrei-lhe o mapa do Brasil. Então, decidiram internar-me num hospital psiquiátrico.
Noé terminou o relato ao Senhor aos prantos. Mas notou que o céu clareava.
– Senhor – indagou – não vais mais destruir o Brasil?!
– Não – respondeu-lhe a voz entre as nuvens. Pelo que ouvi de ti, Noé, cheguei tarde demais. Alguém já se encarregou de fazer isso!
Ah, Senhor! Manda aquela chuva e esquece da arca!
P.S. – O conteúdo do acima revelado não foi descoberto nos manuscritos do Mar Morto, mas nas cavas da internet. Já publiquei aqui, mas deu-me vontade de repetir. Com a minha homenagem ao autor desconhecido.
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